Sexta-feira, 31 de Julho de 2009
O PT e o Poder, ou, O Poder e o PT
Por Francisco Hugo Vieira de Freitas
O PT já nasceu dividido contra si mesmo. Como, aliás, toda a Esquerda.
A Direita não é um monólito. A Direita é o Poder. No Poder, facções se acomodam e tornam-se monolíticas. A Direita sobrevive fora do Governo, embora prefira estar Governo. Governo pode, vez ou outra, ser o anel que se perde para não se perderem os dedos.
As mais lúcidas mentes anarquistas do século XIX admitiam participação nos governos — nos legislativos —. De onde se pode incomodar, denunciar e minar o Poder.
Capitalista ou comunista, quem está no Poder tem como prioridade única permanecer no Poder. Às vezes, abrem-se, em razão dessa lógica, espaços para novos grupos, facções e interesses. Grupos, facções … por vezes oriundos da Esquerda. O processo é o de cooptação. O Poder corrompe!
O PT já nasceu dividido. No Governo, partes dele se deixaram seduzir pelo Poder. Outras não foram chamadas ou não se conformaram com a divisão das capitanias hereditárias. Admita-se até que houvesse quem, no Governo, pretendesse demolir as seculares — no Brasil — e milenares estruturas do Poder.
Permanecer no Poder não é difícil: bem dosadas, a mentira e a corrupção são suficientes.
Quando grupos, facções forçam adentrarem-se à festa do Poder com amigos e parentes sem convite, um impasse: não há lugar para todos. É a hora do “ranger de dentes”.
A Direita é capaz de um gambito — tipo entregar a peça Sarney — para proteger o Rei.
Quando o menino de Garanhuns foi alçado à Presidência, apresentaram-se à sua tutela nada menos que o Dirceu, o Mercadante, a Marta, o Eduardo…, um ou outro já com um pé na cozinha do Poder.
A Ética sempre foi estranha (alheia) ao Poder e isso se torna flagrante quando grupos que chegam ao governo com discurso ético de imediato se oferecem ao Poder.
Povo é sábio: cuida de sua vida sem aspirações de Poder. Sabe que Polícia e Justiça são instituições criadas para proteger os poderosos. E nem leram a troca de cartas entre o Freud e o Einstein sobre o assunto.
Lula aprendeu que falar em um estádio lotado de metalúrgicos não é a mesma coisa que falar em recinto fechado para executivos de montadoras: são discursos diferentes em tom e em palavras. Tornou-se competente nesse métier.
Afirmar que a Ética não é afim aos sindicatos seria uma tremenda injustiça aos mártires anarcossindicalistas, mas…
Lula não fez uma opção pela Ética. Descartar Marina Silva, Paulo Lacerda, Waldir Pires … não é bom sinal.
Só os neoliberais colhem o que não plantam.
Aos que sonham com um País mais ético — educado, seguro e justo —, é sentir muito: não foi desta vez.
Em tempo: Do Gilmar ao Jô e suas meninas, a Direita está saindo do armário, não está? Há um clima de xeque-mate. Brancas(de olhos azuis) ou pretas?
Francisco Hugo Vieira de Freitas é educador e colaborador constante do Dissolvendo No Ar.
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
A PSEUDO-FEDERAÇÃO BRASILEIRA
Quinta-feira, 30 de Julho de 2009
Há anos venho pesquisando sobre o significado da federação no Brasil. Acompanhei pela mídia no início do governo Lula as conversas de Zé Dirceu com alguns cientistas políticos a fim de se elaborar novas formas de divisão, ou subdivisão, federativa, a exemplo do que ocorre na maioria dos países. No entanto o projeto não andou.
Já não bastasse a divisão entre os Três Poderes levada ao pé da letra, o presidencialismo capenga adotado pela Constituição de 1988, os mecanismos que impedem projetos de iniciativa popular e a nossa falta de tradição em consultas populares fora do pleito eleitoral, ainda somos obrigados a conviver com essa aberração que é a pseudo-federação brasileira.
É impossível continuarmos insistindo com unidades federativas tão dispares entre si, com direitos e deveres praticamente idênticos. Essa é inclusive uma das causas de nossa baixa participação popular e empecilho a uma democracia mais avançada. Tratar como iguais o estado de São Paulo e o Piauí, ou então, e pior, o município de São Paulo e Anhangüera-GO com apenas 5 mil habitantes se configura em verdadeiro acinte a democracia.
Uma das propostas que venho formulando é a de abolir as atuais divisões administrativas (estados e municípios) e criar novas com atribuições especificas de acordo com a população e recursos de cada localidade. Assim teríamos, num exemplo aleatório, subdivisões: cidade, freguesia, região metropolitana, sede. E divisões: distritos, que seriam na verdade a federação entre as subdivisões.
Os estados no Brasil foram criados com o intuito de aplacar a sede de poder das oligarquias regionais, não levando em conta as reais necessidades da República. Ao contrário, acabou afastando da população valores republicanos. O sistema de pesos e contrapesos defendido pelos federalistas estadunidenses nunca foi aplicado no Brasil de forma a combater disputas entre facções dentro da União. Estados e Senado sempre usaram pesos e contrapesos contra as reivindicações populares, uma vez que a oligarquia nacional se manteve razoavelmente homogênea ao longo de nossa história. A federação, no caso do Brasil, é algo artificial e sintoma apenas do medo de desintegração do país após a queda do Império, uma vez que não houve participação popular na derrubada do antigo regime e os interesses oligárquicos passaram a ser o interesse do novo regime.
Estados, municípios e Senado Federal formam o mesmo lado da mesma moeda, ou seja, a dos interesses oligárquicos. O pseudo-federalismo brasileiro além de tratar como iguais os diferentes, como já citei acima, também não passa de pseudo por concentrar, de fato, poder e decisões no âmbito da União, castrando os demais entes.
Por tudo isso, acredito que o debate sobre uma reforma política necessariamente tem de ir para muito além de mera reforma eleitoral, mas sim buscar uma reforma na estrutura do Estado brasileiro, realizando concomitante a reforma eleitoral, as reformas administrativa e federativa.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 10:39 1 comentários
Quarta-feira, 29 de Julho de 2009
No Portal Luis Nassif
Questão postada no Portal Luis Nassif [http://blogln.ning.com/] pelo
Há anos venho pesquisando sobre o significado da federação no Brasil. Acompanhei pela mídia no início do governo Lula as conversas de Zé Dirceu com alguns cientistas políticos a fim de se elaborar novas formas de divisão, ou subdivisão, federativa, a exemplo do que ocorre na maioria dos países. No entanto o projeto não andou.
Já não bastasse a divisão entre os Três Poderes levada ao pé da letra, o presidencialismo capenga adotado pela Constituição de 1988, os mecanismos que impedem projetos de iniciativa popular e a nossa falta de tradição em consultas populares fora do pleito eleitoral, ainda somos obrigados a conviver com essa aberração que é a pseudo-federação brasileira.
É impossível continuarmos insistindo com unidades federativas tão dispares entre si, com direitos e deveres praticamente idênticos. Essa é inclusive uma das causas de nossa baixa participação popular e empecilho a uma democracia mais avançada. Tratar como iguais o estado de São Paulo e o Piauí, ou então, e pior, o município de São Paulo e Anhangüera-GO com apenas 5 mil habitantes se configura em verdadeiro acinte a democracia.
Uma das propostas que venho formulando é a de abolir as atuais divisões administrativas (estados e municípios) e criar novas com atribuições especificas de acordo com a população e recursos de cada localidade. Assim teríamos, num exemplo aleatório, subdivisões: cidade, freguesia, região metropolitana, sede. E divisões: distritos, que seriam na verdade a federação entre as subdivisões.
Os estados no Brasil foram criados com o intuito de aplacar a sede de poder das oligarquias regionais, não levando em conta as reais necessidades da República. Ao contrário, acabou afastando da população valores republicanos. O sistema de pesos e contrapesos defendido pelos federalistas estadunidenses nunca foi aplicado no Brasil de forma a combater disputas entre facções dentro da União. Estados e Senado sempre usaram pesos e contrapesos contra as reivindicações populares, uma vez que a oligarquia nacional se manteve razoavelmente homogênea ao longo de nossa história. A federação, no caso do Brasil, é algo artificial e sintoma apenas do medo de desintegração do país após a queda do Império, uma vez que não houve participação popular na derrubada do antigo regime e os interesses oligárquicos passaram a ser o interesse do novo regime.
Estados, municípios e Senado Federal formam o mesmo lado da mesma moeda, ou seja, a dos interesses oligárquicos. O pseudo-federalismo brasileiro além de tratar como iguais os diferentes, como já citei acima, também não passa de pseudo por concentrar, de fato, poder e decisões no âmbito da União, castrando os demais entes.
Por tudo isso, acredito que o debate sobre uma reforma política necessariamente tem de ir para muito além de mera reforma eleitoral, mas sim buscar uma reforma na estrutura do Estado brasileiro, realizando concomitante a reforma eleitoral, as reformas administrativa e federativa.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 10:39 1 comentários
Quarta-feira, 29 de Julho de 2009
No Portal Luis Nassif
Questão postada no Portal Luis Nassif [http://blogln.ning.com/] pelo
MEU COMENTÁRIO SOBRE "A PSEUDO-FEDERAÇÃO BRASILEIRA" de HUDSON L.V.BOAS
Blogger Blog do Morani disse...
31/07/09
Nada como a sabedoria, fruto de pesquisas aprofundadas de um sociólogo, como o amigo de Poços de Caldas, que se joga de corpo e alma nos intrincados meandros de uma pseudo-Federação Brasileira.
Não sou dado à pesquisas por me faltarem meios e normas de como conduzí-las, porém, concordo com tudo o que o amigo disse em seu comentário "A PSEUDO-FEDERAÇÃO BRASILEIRA".
Para se alcançar o seu pensamento, não precisamos nos ombrear aos seus conhecimentos.
Que precisa haver mudanças, não há a menor sombra de dúvida, mesmo que se use de meios drásticos e impositivos - não ditatoriais- mas, antes, é preciso mudar a " cabeça" desse nosso povo infeliz.
31/07/09
Nada como a sabedoria, fruto de pesquisas aprofundadas de um sociólogo, como o amigo de Poços de Caldas, que se joga de corpo e alma nos intrincados meandros de uma pseudo-Federação Brasileira.
Não sou dado à pesquisas por me faltarem meios e normas de como conduzí-las, porém, concordo com tudo o que o amigo disse em seu comentário "A PSEUDO-FEDERAÇÃO BRASILEIRA".
Para se alcançar o seu pensamento, não precisamos nos ombrear aos seus conhecimentos.
Que precisa haver mudanças, não há a menor sombra de dúvida, mesmo que se use de meios drásticos e impositivos - não ditatoriais- mas, antes, é preciso mudar a " cabeça" desse nosso povo infeliz.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
POSTADA NO PORTAL LUIZ NASSIF
Questão postada no Portal Luis Nassif [http://blogln.ning.com/] pelo associado João Sidney Pontes:
"Eu sou a favor de mudar o sistema bicameral para unicameral,extinguindo o senado federal, já imaginou a economia por ano para o país? Que poderia ser revertido para a educação, saúde, infraestrutura e outras áreas."
Curta resposta deixada por mim:
O problema não são apenas os bilhões que custam à manutenção do Senado Federal. Um regime democrático não é barato, no entanto é mais transparente que qualquer ditadura. O problema está sim no que representa o Senado. Numa federação como os EEUU com forte tradição de autonomia entre os entes federativos e onde a própria União foi resultado, a princípio, dos interesses políticos das Treze ex-Colônias recém independentes da Inglaterra (vale lembrar que as Treze Colônias não possuíam vínculo político entre si) o sistema bicameral, com a Câmara dos Representantes representando o povo e o Senado Federal representando os estados, faz todo o sentido. Mas no Brasil onde primeiro foi estabelecido o Estado e esse se incumbiu de criar os entes federativos, não faz qualquer sentido. Os estados brasileiros foram criados com o intuito de arrefecer as disputas pelo poder central ao mesmo tempo em que garantiam força às oligarquias regionais. Desde o Império não temos nenhuma tradição federativa, basta ver nas seguidas Constituições o que de fato cabe aos estados (à época do Império províncias) e o que cabe à União. Sempre fomos um Estado com o poder fortemente centralizado. Os poucos aspectos que poderiam nos dar um caráter federativo são insuficientes e raquíticos. Portanto qual a verdadeira finalidade de se manter um sistema bicameral? Poderia se afirmar que nossa Câmara Alta trata-se na verdade duma casa revisora com poderes alheios aos da Câmara Baixa. O que é mentira, pois na verdade há uma sobreposição de funções entre ambas. No mais, por sua gênese, o Senado brasileiro se configura cada vez mais em trava às demandas populares e mais progressistas, o ranço das oligarquias continua vivo. Vemos no Brasil duas casas distintas. Uma, Câmara dos Deputados com todos os problemas que lhe são pertinentes, mais propensa ao debate e aos anseios populares ou de grupos da sociedade civil organizada. Outra, Senado Federal, conservadora e fiel mantedora dos vícios oligárquicos e corporativistas.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 19:21
"Eu sou a favor de mudar o sistema bicameral para unicameral,extinguindo o senado federal, já imaginou a economia por ano para o país? Que poderia ser revertido para a educação, saúde, infraestrutura e outras áreas."
Curta resposta deixada por mim:
O problema não são apenas os bilhões que custam à manutenção do Senado Federal. Um regime democrático não é barato, no entanto é mais transparente que qualquer ditadura. O problema está sim no que representa o Senado. Numa federação como os EEUU com forte tradição de autonomia entre os entes federativos e onde a própria União foi resultado, a princípio, dos interesses políticos das Treze ex-Colônias recém independentes da Inglaterra (vale lembrar que as Treze Colônias não possuíam vínculo político entre si) o sistema bicameral, com a Câmara dos Representantes representando o povo e o Senado Federal representando os estados, faz todo o sentido. Mas no Brasil onde primeiro foi estabelecido o Estado e esse se incumbiu de criar os entes federativos, não faz qualquer sentido. Os estados brasileiros foram criados com o intuito de arrefecer as disputas pelo poder central ao mesmo tempo em que garantiam força às oligarquias regionais. Desde o Império não temos nenhuma tradição federativa, basta ver nas seguidas Constituições o que de fato cabe aos estados (à época do Império províncias) e o que cabe à União. Sempre fomos um Estado com o poder fortemente centralizado. Os poucos aspectos que poderiam nos dar um caráter federativo são insuficientes e raquíticos. Portanto qual a verdadeira finalidade de se manter um sistema bicameral? Poderia se afirmar que nossa Câmara Alta trata-se na verdade duma casa revisora com poderes alheios aos da Câmara Baixa. O que é mentira, pois na verdade há uma sobreposição de funções entre ambas. No mais, por sua gênese, o Senado brasileiro se configura cada vez mais em trava às demandas populares e mais progressistas, o ranço das oligarquias continua vivo. Vemos no Brasil duas casas distintas. Uma, Câmara dos Deputados com todos os problemas que lhe são pertinentes, mais propensa ao debate e aos anseios populares ou de grupos da sociedade civil organizada. Outra, Senado Federal, conservadora e fiel mantedora dos vícios oligárquicos e corporativistas.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 19:21
terça-feira, 28 de julho de 2009
A MÍDIA E A BANALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Terça-feira, 28 de Julho de 2009
Por Marcelo Fernandes Fonseca de Oliveira
“Ninguém escapa da educação”, nos recorda e alerta Carlos Rodrigues Brandão (1). Acompanhamos diariamente um discurso, que se torna cada vez mais discurso, tanto na mídia como na política, a temática: Educação. Educação como aporte para um futuro melhor. E sabemos disso. Sabemos o quanto uma educação progressista, humanista, libertadora e de qualidade é capaz de tirar as amarras e as vendas da juventude brasileira.
No entanto, a mídia que se diz apoiadora de uma educação qualitativa, em contrapartida, a apresenta em horário nobre da TV aberta brasileira com o estereótipo de uma “escola muito louca”.
Levei este debate para a sala de aula. Meus alunos, do primeiro ano do Ensino Médio, não gostaram das comparações. Afinal, o que esta escola muito louca quer mostrar? Será que nossa educação é assim? É essa a imagem da Educação brasileira? Se for, estamos fadados ao fracasso...
Ao apresentar uma escola desta forma, a mídia brasileira mais uma vez (Escolinha do Professor Raimundo, Escolinha do Golias), não está contribuindo em nada para a melhoria da educação. Aliás, penso eu, banaliza.
Um bando de alunos idiotas (opinião minha e de meus alunos), respondem a questionários pedagogicamente sem sentido. Os tipos são mal representados. O atleta, o funkeiro e o marginal. Banalizam as mulheres: muito corpo, pouca roupa e pouco cérebro. O chinês é o contrabandista, além do CDF, é claro.
O barato é fazer rir. Rir do professor, classe profissional que luta diariamente para recuperar seu prestígio na sociedade. Sidney Magal nos representa, e encerra sua aula dizendo: “eu poderia só cantar...”, como se educar fosse um passatempo, uma tarefa aparte. O que pensaria nosso grande mestre Paulo Freire...
Não possuímos uma educação perfeita, temos muito que melhorar. E muitos professores comprometidos lutam diariamente para isso. Para tanto, a grande mídia, que se diz tão incentivadora de uma educação de qualidade, poderia abrir espaços para debates consistentes e produções criativas sobre os mais diversos temas, e não nos apresentar como um bando de tolos.
Não somos assim; e o perigo se encontra na formação de opinião. Eles têm esse poder manipulador. E se querem nos apresentar desta forma, lutaremos contra; sempre.
Professores e alunos comprometidos com uma EDUCAÇÃO de qualidade, uni-vos!
Marcelo Fernandes Fonseca de Oliveira é Professor de História e Geografia da rede pública estadual de Poços de Caldas – MG
marceloffoliveira@hotmail.com
(1) Brandão, Carlos Rodrigues. O que é educação – SP: Brasiliense; 2005
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 11:17
Por Marcelo Fernandes Fonseca de Oliveira
“Ninguém escapa da educação”, nos recorda e alerta Carlos Rodrigues Brandão (1). Acompanhamos diariamente um discurso, que se torna cada vez mais discurso, tanto na mídia como na política, a temática: Educação. Educação como aporte para um futuro melhor. E sabemos disso. Sabemos o quanto uma educação progressista, humanista, libertadora e de qualidade é capaz de tirar as amarras e as vendas da juventude brasileira.
No entanto, a mídia que se diz apoiadora de uma educação qualitativa, em contrapartida, a apresenta em horário nobre da TV aberta brasileira com o estereótipo de uma “escola muito louca”.
Levei este debate para a sala de aula. Meus alunos, do primeiro ano do Ensino Médio, não gostaram das comparações. Afinal, o que esta escola muito louca quer mostrar? Será que nossa educação é assim? É essa a imagem da Educação brasileira? Se for, estamos fadados ao fracasso...
Ao apresentar uma escola desta forma, a mídia brasileira mais uma vez (Escolinha do Professor Raimundo, Escolinha do Golias), não está contribuindo em nada para a melhoria da educação. Aliás, penso eu, banaliza.
Um bando de alunos idiotas (opinião minha e de meus alunos), respondem a questionários pedagogicamente sem sentido. Os tipos são mal representados. O atleta, o funkeiro e o marginal. Banalizam as mulheres: muito corpo, pouca roupa e pouco cérebro. O chinês é o contrabandista, além do CDF, é claro.
O barato é fazer rir. Rir do professor, classe profissional que luta diariamente para recuperar seu prestígio na sociedade. Sidney Magal nos representa, e encerra sua aula dizendo: “eu poderia só cantar...”, como se educar fosse um passatempo, uma tarefa aparte. O que pensaria nosso grande mestre Paulo Freire...
Não possuímos uma educação perfeita, temos muito que melhorar. E muitos professores comprometidos lutam diariamente para isso. Para tanto, a grande mídia, que se diz tão incentivadora de uma educação de qualidade, poderia abrir espaços para debates consistentes e produções criativas sobre os mais diversos temas, e não nos apresentar como um bando de tolos.
Não somos assim; e o perigo se encontra na formação de opinião. Eles têm esse poder manipulador. E se querem nos apresentar desta forma, lutaremos contra; sempre.
Professores e alunos comprometidos com uma EDUCAÇÃO de qualidade, uni-vos!
Marcelo Fernandes Fonseca de Oliveira é Professor de História e Geografia da rede pública estadual de Poços de Caldas – MG
marceloffoliveira@hotmail.com
(1) Brandão, Carlos Rodrigues. O que é educação – SP: Brasiliense; 2005
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 11:17
sexta-feira, 24 de julho de 2009
O GRANDE CIRCO DA DEMOCRACIA
Blogger Blog do Morani disse...
O Senado é um palco onde todo dia é "ensenado" um espetáculo circense; palhaços não faltam ao sucesso da mostra, pelo contrário: sobram. A Câmara é o "camarim" onde se prepara os futuros "clowns" do Congresso. O dinheiro do povo paga muitíssimo bem a esses galhofeiros; uns se fazem eternos: não largam os bastidores por nada deste mundo. Claro... Por que deixar uma "carniça" com a qual outras hienas podem se fartar até que se empanturrem a mais não poder?
PODER? Eis o vinho embriagador à disposição das imensa "troupe".
Será um circo, uma arena de combates pérfidos ou um carroção de saltimbancos ridículos, esse Senado? O Reizinho deveria ir para o calabouço dessa Casa de Horrores. Lá a sua voz não serviria como ensino a nenhum só brasileiro. Implodamos o Congresso e construamos no local uma nova Bastilha e, defronte, uma Praça da Guilhotina; que se comece uma nova Revolução, com centenas de cabeças a rolar para o cesto do lixo. É a saída para o momento atual. Quem não achar essa uma boa solução, que continue a co-participar de uma farsa sem termo.
24 de Julho de 2009 19:51
O Senado é um palco onde todo dia é "ensenado" um espetáculo circense; palhaços não faltam ao sucesso da mostra, pelo contrário: sobram. A Câmara é o "camarim" onde se prepara os futuros "clowns" do Congresso. O dinheiro do povo paga muitíssimo bem a esses galhofeiros; uns se fazem eternos: não largam os bastidores por nada deste mundo. Claro... Por que deixar uma "carniça" com a qual outras hienas podem se fartar até que se empanturrem a mais não poder?
PODER? Eis o vinho embriagador à disposição das imensa "troupe".
Será um circo, uma arena de combates pérfidos ou um carroção de saltimbancos ridículos, esse Senado? O Reizinho deveria ir para o calabouço dessa Casa de Horrores. Lá a sua voz não serviria como ensino a nenhum só brasileiro. Implodamos o Congresso e construamos no local uma nova Bastilha e, defronte, uma Praça da Guilhotina; que se comece uma nova Revolução, com centenas de cabeças a rolar para o cesto do lixo. É a saída para o momento atual. Quem não achar essa uma boa solução, que continue a co-participar de uma farsa sem termo.
24 de Julho de 2009 19:51
quinta-feira, 23 de julho de 2009
OS RESQUÍCIOS DE UM INFERNO
Quarta-feira, 22 de Julho de 2009
Por Tiago Barbosa Mafra
Em 20 de Julho de 1944 o Coronel Conde Claus von Stauffenberg, oficial do exército alemão em guerra, malogrou na mais famosa entre tantas tentativas de assassinato a Hitler. Era o sinal de que nem todo o povo alemão estava de acordo com as atrocidades colocadas em prática antes e durante o conflito. Pouco menos de um ano depois estava acabada a guerra na Europa e Hitler suicidou-se. Mas morreu com ele o nazismo?
Infelizmente é perceptível que não. Com a fuga dos políticos e militares sobreviventes, ou mesmo através de obras escritas propagadas indevida e ilegalmente pelo mundo, tem-se uma continuidade das idéias racistas, discriminatórias e intolerantes em relação a tudo considerado diferente do padrão “branco alemão”, o ariano puro.
Até mesmo no Brasil, nos meios de comunicação virtual atuais, milhares e milhares de portais virtuais e blogs difundem idéias que se esperava estivessem esquecidas. E pasmem leitores: aqui mesmo em nossa cidade, Poços de Caldas, vivenciei esta semana a facilidade com que esses verdadeiros crimes se mantêm em andamento.
Ao buscar algumas obras de interesses para minhas pesquisas, me deparei com dois exemplares do livro Holocausto: judeu ou alemão?, de Siegfried Ellwager Castan, conhecido e repudiado no meio acadêmico como S. E. Castan. Desde 1986, Castan é denunciado pelos Movimentos Populares Anti-Racismo do Rio Grande do Sul, sendo que em 1991 o Ministério Público determinou a busca e apreensão de todos os títulos publicados pela Editora Revisão (da qual Castan é proprietário), incluindo o livro acima citado.
O que não consigo compreender é como essas obras ilegais e revisionistas, de cunho nazista, continuam à disposição da população e principalmente e mais preocupante, ao alcance da juventude, em uma das maiores bibliotecas do município, a Biblioteca Centenário, locada no prédio da Urca.
Encaminhei um pedido de retirada dos livros para a administração das bibliotecas e creio que as devidas medidas estejam sendo tomadas. O que mais me assusta, como cidadão e educador, é saber que em tempos de crises e dificuldades, propostas de soluções rápidas e eficazes sempre fascinam a juventude. E o que nós menos precisamos agora é dotar o povo, já massificado pelos meios de comunicação e obrigados a pensar mais rápido e não a pensar melhor, com posicionamentos intolerantes, de aversão a tudo que não é considerado superior.
Todo cuidado é pouco. O chefe da propaganda nazista dizia: “uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”. Foi assim que eles procederam. E é contra essas mentiras que devemos lutar.
Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na Rede Municipal de Ensino e no curso pré-vestibular comunitário Educafro.
tiago.fidel@yahoo.com.br
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 17:43 2 comentários
Por Tiago Barbosa Mafra
Em 20 de Julho de 1944 o Coronel Conde Claus von Stauffenberg, oficial do exército alemão em guerra, malogrou na mais famosa entre tantas tentativas de assassinato a Hitler. Era o sinal de que nem todo o povo alemão estava de acordo com as atrocidades colocadas em prática antes e durante o conflito. Pouco menos de um ano depois estava acabada a guerra na Europa e Hitler suicidou-se. Mas morreu com ele o nazismo?
Infelizmente é perceptível que não. Com a fuga dos políticos e militares sobreviventes, ou mesmo através de obras escritas propagadas indevida e ilegalmente pelo mundo, tem-se uma continuidade das idéias racistas, discriminatórias e intolerantes em relação a tudo considerado diferente do padrão “branco alemão”, o ariano puro.
Até mesmo no Brasil, nos meios de comunicação virtual atuais, milhares e milhares de portais virtuais e blogs difundem idéias que se esperava estivessem esquecidas. E pasmem leitores: aqui mesmo em nossa cidade, Poços de Caldas, vivenciei esta semana a facilidade com que esses verdadeiros crimes se mantêm em andamento.
Ao buscar algumas obras de interesses para minhas pesquisas, me deparei com dois exemplares do livro Holocausto: judeu ou alemão?, de Siegfried Ellwager Castan, conhecido e repudiado no meio acadêmico como S. E. Castan. Desde 1986, Castan é denunciado pelos Movimentos Populares Anti-Racismo do Rio Grande do Sul, sendo que em 1991 o Ministério Público determinou a busca e apreensão de todos os títulos publicados pela Editora Revisão (da qual Castan é proprietário), incluindo o livro acima citado.
O que não consigo compreender é como essas obras ilegais e revisionistas, de cunho nazista, continuam à disposição da população e principalmente e mais preocupante, ao alcance da juventude, em uma das maiores bibliotecas do município, a Biblioteca Centenário, locada no prédio da Urca.
Encaminhei um pedido de retirada dos livros para a administração das bibliotecas e creio que as devidas medidas estejam sendo tomadas. O que mais me assusta, como cidadão e educador, é saber que em tempos de crises e dificuldades, propostas de soluções rápidas e eficazes sempre fascinam a juventude. E o que nós menos precisamos agora é dotar o povo, já massificado pelos meios de comunicação e obrigados a pensar mais rápido e não a pensar melhor, com posicionamentos intolerantes, de aversão a tudo que não é considerado superior.
Todo cuidado é pouco. O chefe da propaganda nazista dizia: “uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”. Foi assim que eles procederam. E é contra essas mentiras que devemos lutar.
Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na Rede Municipal de Ensino e no curso pré-vestibular comunitário Educafro.
tiago.fidel@yahoo.com.br
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 17:43 2 comentários
TUDO PODE SE REPETIR
Blogger Blog do Morani disse...
Cappacete, não é assim tão fácil. A Alemanha - pré-Hitler - de 1914/1918 - estava arrasada e sob o rígido contrôle de um Tratado de Versalhes imposto pelos aliados vitoriosos.
Fruto de um governo fraco na Alemanha pós-guerra, Adolf Hitler surgia para o mundo político através de um golpe inteligente dentro de uma cervejaria da Bavaria. Os nacionais-socialistas conseguiram impor aquele austríaco como Ministro e, posteriormente, Primeiro Ministro. Ele se cercou de homens fiéis e prontos a agirem como lhes ordenava o do bigodinho famoso. Um deles se chamava Himmler - seu diretor de propaganda à implantação do nazismo no governo de Hitler. O Brasil anda de tal modo capenga com escândalos semanais, patifarias, locupletação de ganhos extraordinários, sub-emprego e desemprego, falta de moradia e com um PAC mal administrado, com mentiras e máscaras blindáveis àqueles escândalos, que cheiram muito mal, que pode se tornar presa de um grupo de jovens sonhadores como o são esses neo-nazistas. Himmler não era homem de bela estatura, não impressionava por sua beleza ariana nem por sua verve, que era tímida, mas fez o que fez: de um pesadêlo um grande sonho de uma Alemanha dominando o mundo por 1000 anos. Seria a raça ariana a única a sobreviver por aquele período. No dia em que esses jovens sonhadores neo-nazistas tocarem na ferida do povo brasileiro, milhares e milhões se denominarão "brancos puros"ou "elite privilegiada" exigindo mudanças e engrossando esse sonho que poderá se tornar pesadêlo, mas, pesadêlo por pesadêlo, nós já vivemos, há muito, pesadêlos sem termo. Eis o coquetel para a implantação de uma filosofia de "cara nova", que começa entre os jovens e se espalha pelos infelizes sem quaisquer esperanças a uma vida digna.
23 de Julho de 2009 18:34
Cappacete, não é assim tão fácil. A Alemanha - pré-Hitler - de 1914/1918 - estava arrasada e sob o rígido contrôle de um Tratado de Versalhes imposto pelos aliados vitoriosos.
Fruto de um governo fraco na Alemanha pós-guerra, Adolf Hitler surgia para o mundo político através de um golpe inteligente dentro de uma cervejaria da Bavaria. Os nacionais-socialistas conseguiram impor aquele austríaco como Ministro e, posteriormente, Primeiro Ministro. Ele se cercou de homens fiéis e prontos a agirem como lhes ordenava o do bigodinho famoso. Um deles se chamava Himmler - seu diretor de propaganda à implantação do nazismo no governo de Hitler. O Brasil anda de tal modo capenga com escândalos semanais, patifarias, locupletação de ganhos extraordinários, sub-emprego e desemprego, falta de moradia e com um PAC mal administrado, com mentiras e máscaras blindáveis àqueles escândalos, que cheiram muito mal, que pode se tornar presa de um grupo de jovens sonhadores como o são esses neo-nazistas. Himmler não era homem de bela estatura, não impressionava por sua beleza ariana nem por sua verve, que era tímida, mas fez o que fez: de um pesadêlo um grande sonho de uma Alemanha dominando o mundo por 1000 anos. Seria a raça ariana a única a sobreviver por aquele período. No dia em que esses jovens sonhadores neo-nazistas tocarem na ferida do povo brasileiro, milhares e milhões se denominarão "brancos puros"ou "elite privilegiada" exigindo mudanças e engrossando esse sonho que poderá se tornar pesadêlo, mas, pesadêlo por pesadêlo, nós já vivemos, há muito, pesadêlos sem termo. Eis o coquetel para a implantação de uma filosofia de "cara nova", que começa entre os jovens e se espalha pelos infelizes sem quaisquer esperanças a uma vida digna.
23 de Julho de 2009 18:34
quinta-feira, 16 de julho de 2009
A DEMOCRACIA DA MINORIA
Quarta-feira, 15 de Julho de 2009
A Democracia da Minoria
Por Marcelo Fonseca
A organização social e política do Brasil, que fora e continua sendo ideologicamente construída, possui vestígios de uma sociedade que, segundo Marilena Chauí, “é marcada pela estrutura hierárquica do espaço social (...) fortemente verticalizado”. Ou seja, as relações entre os grupos sociais são e estão estabelecidas da seguinte forma: “um superior que manda e um inferior que obedece”. (1)
Raymundo Faoro, salienta que o poder efetivo de comando prevalece a mercê de uma pequena parcela da sociedade. Diz: “o estamento, quadro administrativo e estado-maior de domínio, configura o governo de uma minoria (...), o efetivo comando da sociedade, não se determina pela maioria, mas pela minoria, que a pretexto de representar o povo, o controla, deturpa e sufoca”. (2)
Vivemos em pleno o século XXI, o ranço de uma herança senhorial, marcada pelo conservadorismo paternalista da minoria. E o povo? Percebemos historicamente, a mínima participação das camadas populares nos eventos econômicos, sociais e políticos do Brasil. Juntamente com a escravidão, são fatores, que de certa forma, nortearão a formação do Estado Nacional Brasileiro. Vejamos alguns exemplos na História.
Revoltas ocorridas no Brasil nos séculos XVII e XVIII, nativistas ou separatistas, como Beckman, Mascates, Felipe dos Santos, foram lideradas pela elite colonial. Emilia Viotti da Costa nos mostra que “entre os Inconfidentes, a maioria era composta de proprietários e altos funcionários”. Na Conjuração Baiana, a participação popular foi um pouco mais numerosa, porem, o grupo dominante era “constituído por elementos instruídos e de recursos, e figuras importantes da sociedade”. (3)
Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil no inicio do século XIX, a autoridade política dos grandes proprietários aumenta. Por estarem geograficamente afastados do núcleo político nacional, a cidade do Rio de Janeiro, controlavam e direcionavam o poder local. Segundo Maria Isaura de Queiroz, “os senhores de engenho do Nordeste e os fazendeiros do Vale do Paraíba, estabelecidos há mais tempo na política, detinham o poder”. (4) A aristocracia brasileira comandava as Câmaras Municipais, controlavam a vida de seus subordinados e faziam leis em beneficio próprio.
As vésperas da Independência, diante das contradições e do choque de interesses dos controladores do poder, prevaleceram segundo Caio Prado Junior, as intenções do Partido Brasileiro. Para o autor, o Partido Brasileiro “representava as classes superiores da colônia, grandes proprietários e seus aliados”. (5) E o povo?
Durante a Proclamação da República o povo assistia a tudo “bestializado”; (6) na chamada República Velha, fraudes e interesses econômicos mantinham a elite no poder. Quando reformas de base estavam previstas, militares, com discurso de defender a honra da pátria contra o comunismo, mas aliados a burguesia nacional, assumem o poder. Adeus reformas... Adeus democracia.... E o povo?
Percebemos, a partir desta pequena amostra, que nos principais momentos da História do Brasil, a participação popular fora diminuta. A camada mais baixa da população esteve e está suprimida em nome dos interesses de uma minoria. Interesses disfarçados de democracia, mas para quem? Revoltas populares ocorreram, porem eram localizadas e facilmente controladas.A dominação social prevalece. A política local, principalmente no interior ainda é controlada por oligarquias que dominam determinadas regiões do Brasil. O trânsito de tais oligarquias na capital federal é livre; manda e desmandam. Sarneys, Magalhães.....Vivemos orquestrados sob a batuta da democracia de poucos. Poucos podem, poucos fazem. Eles regem nossa vida, e se dizem democráticos; fazem leis em benéfico próprio e desrespeitam o primeiro artigo de nossa Constituição: “Todo poder emana do povo”.
CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária – São Paulo: Perseu Abramo; 2007.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro – São Paulo: Globo, 1997. vol 1.
COSTA, Emilia Viotti. Da Monarquia a República: momentos decisivos – São Paulo: Brasiliense, 1994
QUEIROZ, Maria Isaura. O mandonismo local na vida política brasileira e outros ensaios – São Paulo: Alfa - Omega, 1976
PRADO JUNIOR, Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos – São Paulo: Brasilense, 1994
CARVALHO, Jose Murilo. Os bestializados – São Paulo: Companhia das Letras, 1987
Marcelo Fonseca é professor de História e Geografia, e companheiro de lutas populares aqui em Poços de Caldas.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 10:38
A Democracia da Minoria
Por Marcelo Fonseca
A organização social e política do Brasil, que fora e continua sendo ideologicamente construída, possui vestígios de uma sociedade que, segundo Marilena Chauí, “é marcada pela estrutura hierárquica do espaço social (...) fortemente verticalizado”. Ou seja, as relações entre os grupos sociais são e estão estabelecidas da seguinte forma: “um superior que manda e um inferior que obedece”. (1)
Raymundo Faoro, salienta que o poder efetivo de comando prevalece a mercê de uma pequena parcela da sociedade. Diz: “o estamento, quadro administrativo e estado-maior de domínio, configura o governo de uma minoria (...), o efetivo comando da sociedade, não se determina pela maioria, mas pela minoria, que a pretexto de representar o povo, o controla, deturpa e sufoca”. (2)
Vivemos em pleno o século XXI, o ranço de uma herança senhorial, marcada pelo conservadorismo paternalista da minoria. E o povo? Percebemos historicamente, a mínima participação das camadas populares nos eventos econômicos, sociais e políticos do Brasil. Juntamente com a escravidão, são fatores, que de certa forma, nortearão a formação do Estado Nacional Brasileiro. Vejamos alguns exemplos na História.
Revoltas ocorridas no Brasil nos séculos XVII e XVIII, nativistas ou separatistas, como Beckman, Mascates, Felipe dos Santos, foram lideradas pela elite colonial. Emilia Viotti da Costa nos mostra que “entre os Inconfidentes, a maioria era composta de proprietários e altos funcionários”. Na Conjuração Baiana, a participação popular foi um pouco mais numerosa, porem, o grupo dominante era “constituído por elementos instruídos e de recursos, e figuras importantes da sociedade”. (3)
Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil no inicio do século XIX, a autoridade política dos grandes proprietários aumenta. Por estarem geograficamente afastados do núcleo político nacional, a cidade do Rio de Janeiro, controlavam e direcionavam o poder local. Segundo Maria Isaura de Queiroz, “os senhores de engenho do Nordeste e os fazendeiros do Vale do Paraíba, estabelecidos há mais tempo na política, detinham o poder”. (4) A aristocracia brasileira comandava as Câmaras Municipais, controlavam a vida de seus subordinados e faziam leis em beneficio próprio.
As vésperas da Independência, diante das contradições e do choque de interesses dos controladores do poder, prevaleceram segundo Caio Prado Junior, as intenções do Partido Brasileiro. Para o autor, o Partido Brasileiro “representava as classes superiores da colônia, grandes proprietários e seus aliados”. (5) E o povo?
Durante a Proclamação da República o povo assistia a tudo “bestializado”; (6) na chamada República Velha, fraudes e interesses econômicos mantinham a elite no poder. Quando reformas de base estavam previstas, militares, com discurso de defender a honra da pátria contra o comunismo, mas aliados a burguesia nacional, assumem o poder. Adeus reformas... Adeus democracia.... E o povo?
Percebemos, a partir desta pequena amostra, que nos principais momentos da História do Brasil, a participação popular fora diminuta. A camada mais baixa da população esteve e está suprimida em nome dos interesses de uma minoria. Interesses disfarçados de democracia, mas para quem? Revoltas populares ocorreram, porem eram localizadas e facilmente controladas.A dominação social prevalece. A política local, principalmente no interior ainda é controlada por oligarquias que dominam determinadas regiões do Brasil. O trânsito de tais oligarquias na capital federal é livre; manda e desmandam. Sarneys, Magalhães.....Vivemos orquestrados sob a batuta da democracia de poucos. Poucos podem, poucos fazem. Eles regem nossa vida, e se dizem democráticos; fazem leis em benéfico próprio e desrespeitam o primeiro artigo de nossa Constituição: “Todo poder emana do povo”.
CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária – São Paulo: Perseu Abramo; 2007.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro – São Paulo: Globo, 1997. vol 1.
COSTA, Emilia Viotti. Da Monarquia a República: momentos decisivos – São Paulo: Brasiliense, 1994
QUEIROZ, Maria Isaura. O mandonismo local na vida política brasileira e outros ensaios – São Paulo: Alfa - Omega, 1976
PRADO JUNIOR, Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos – São Paulo: Brasilense, 1994
CARVALHO, Jose Murilo. Os bestializados – São Paulo: Companhia das Letras, 1987
Marcelo Fonseca é professor de História e Geografia, e companheiro de lutas populares aqui em Poços de Caldas.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 10:38
A DEMOCRACIA DAS ELITES BRASILEIRAS
16/07/09
Raymundo Faoro analisa e adverte aos que passam à Vida as brancas nuvens da indiferença desligados aos elos das acuradas atenções aos fenômenos impostos pela minoria. Concordo plenamente! É outra maneira de expressar o pensamento lúcido de Marilena Chauí, e a de secundar o pensamento geral do autor - Marcelo Fonseca.
O 5°. tópico tem seu "espírito" abordado exaustivamente por José Lins do Rego em suas obras do ciclo da cana-de-açucar - magistralmente -, assim como as de Mario Palmério e as de outros autores contemporâneos, igualmente belíssimos na abordagem de tão relevante problema.
O Povo? O que é o Povo? Joguete de interesses, só lembrado em épocas eleitorais. Aí conclama-se essa grei, apelidada "Povo", exacerbadamente, em todos os canais da mídia-elite a que não esqueça de exercer sua cidadania a favor da democracia vigente.
Que democracia?
A do "Polvo", nomeada elite? Só uma grande revolução popular para combater essa "Virose", que vem desde a "democrática" Grécia, passando por Roma dos Césares, pela Grã-Bretanha dos lordes, pela França, das opulentas cortes, por Portugal, dos senhores das quintas, e aportando ao Brasil em 1805 com a arribada da Imperial Corte Lusitana fugindo à avalanche dos exércitos napoleônicos.
Eis em que se baseou o nosso insípido "Estado democrático".
16 de Julho de 2009 05:25
Raymundo Faoro analisa e adverte aos que passam à Vida as brancas nuvens da indiferença desligados aos elos das acuradas atenções aos fenômenos impostos pela minoria. Concordo plenamente! É outra maneira de expressar o pensamento lúcido de Marilena Chauí, e a de secundar o pensamento geral do autor - Marcelo Fonseca.
O 5°. tópico tem seu "espírito" abordado exaustivamente por José Lins do Rego em suas obras do ciclo da cana-de-açucar - magistralmente -, assim como as de Mario Palmério e as de outros autores contemporâneos, igualmente belíssimos na abordagem de tão relevante problema.
O Povo? O que é o Povo? Joguete de interesses, só lembrado em épocas eleitorais. Aí conclama-se essa grei, apelidada "Povo", exacerbadamente, em todos os canais da mídia-elite a que não esqueça de exercer sua cidadania a favor da democracia vigente.
Que democracia?
A do "Polvo", nomeada elite? Só uma grande revolução popular para combater essa "Virose", que vem desde a "democrática" Grécia, passando por Roma dos Césares, pela Grã-Bretanha dos lordes, pela França, das opulentas cortes, por Portugal, dos senhores das quintas, e aportando ao Brasil em 1805 com a arribada da Imperial Corte Lusitana fugindo à avalanche dos exércitos napoleônicos.
Eis em que se baseou o nosso insípido "Estado democrático".
16 de Julho de 2009 05:25
domingo, 12 de julho de 2009
LULA E A VERGONHA DA ELITE MAZOMBEIRA
Quarta-feira, 8 de Julho de 2009
Lula e a vergonha da elite mazombeira
E não é que o pingaiada analfabeto está deixando nossa mídia mazombeira mordendo os cotovelos!!!
É claro que vivemos numa sociedade de consumo (cada vez mais exacerbado), mas, as loas que a mídia joga para o futebolista Ronaldo como sinônimo de superação são inversamente opostas à omissão que a própria mídia dá aos feitos internacionais, e nacionais, de Lula.
É obvio que eu sei bem o que Ronaldo representa numa sociedade consumista, e por isso não importa a sua futilidade ao dizer que não leva malas em viagens, simplesmente compra o necessário (e muitas vezes o não-necessário também) onde está. Não importa se Ronaldo prefere que seu filho brinque com garotos europeus e considere os curumirins má influência. Não importa se Ronaldo é flagrado em festas onde o álcool rola solto, mesmo sendo ele um atleta profissional. Não estou pegando no pé de Ronaldo, se ele pretende levar a vida da maneira mais fútil o possível é uma opção feita por ele. O que me irrita é o fato da mídia fechar os olhos pra tudo isso só (sic) porque atrás dele estão grandes marcas internacionais. É o reflexo da sociedade atual, o que importa não é a pessoa, mas sim o que ela tem.
Para mim Lula “é” e ao mesmo tempo “tem”. Simbolicamente Lula é o trabalhador brasileiro. O alto índice de aprovação ao seu governo se deve muito em parte por esse simbolismo. O trabalhador, principalmente o mais humilde, enxerga no presidente Lula um homem simples, que veio debaixo, que não esquece suas raízes. Não é à toa que Lula usa tantas metáforas, é a forma como o homem simples se comunica e explica determinadas situações, faz parte recorrente do arcabouço intelectual dos brasileiros comuns. Lula é o intelectual orgânico de Gramsci. E Lula tem. Tem o cacife de estar à frente do maior partido de esquerda da América Latina e do Hemisfério Sul. Partido esse que se tornou escola para a esquerda nacional. Tem a história a seu lado, pois as greves lideradas por ele durante a década de 1970 iniciaram o último capítulo da ditadura militar. Tem o prestígio de um governo responsável e que luta para alterar a face dum país tão desigual. Tem ao seu lado o respeito da comunidade internacional. Tem ao seu lado a multidão, o trabalhador, o povo brasileiro que não pensaria duas vezes em dar-lhe um terceiro mandato consecutivo.
O governo Lula pode até ser marcado por ambigüidades e contradições, mas, já escrevi isso antes, representa em primeiro lugar uma quebra de paradigma numa sociedade marcada pelo elitismo e pelo progresso conservador, pelos acordos entre as classes mais abastadas e a (quase) exclusão do povo no processo histórico. Em segundo lugar, trouxe para o primeiro plano os direitos sociais (positivos). Se é um governo onde o limite para as transformações está no consenso e não no embate acirrado, por outro lado também é verdade que servirá pedagogicamente no futuro, talvez não tão distante, como forma de avaliar o conservadorismo de nossa elite e a necessidade de movimentos sociais mais fortes.
De qualquer modo, a elite tupiniquim não aceita ser representada por um retirante nordestino, analfabeto, pingaiada e vagabundo. Não importa para essa elite se Lula enfrentou a difícil luta contra a fome (e venceu), se saiu da condição de mero operário para transformar-se em líder sindical, enfrentou os militares quando quem se dispunha a tanto era cassado, preso, torturado e exilado, quando não assassinado.
Quem nesse país representa melhor o espírito de superação?
Lula reunia todas as condições para morrer de subnutrição, de sede, de fome, ou então para levar uma vida comum, como a de milhões de retirantes nordestinos que vieram para o “sul maravilha”, no entanto, na noite de ontem recebeu o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela Unesco – e que ainda pode ser o ponta-pé para o prêmio Nobel da Paz. Talvez seja por isso que nossa elite mazombeira ficou calada e fingiu não saber e não ver nada. Para ela, bom mesmo, seria um Bornhausen ou um Alckmin, e não um Silva, ser o primeiro brasileiro a receber tal prêmio. De certa forma o sucesso do ex-retirante os envergonha.
Quanto à classe trabalhadora, não apenas não se sente representada pela elite nacional, como acaba por ter vergonha dela.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:52
Lula e a vergonha da elite mazombeira
E não é que o pingaiada analfabeto está deixando nossa mídia mazombeira mordendo os cotovelos!!!
É claro que vivemos numa sociedade de consumo (cada vez mais exacerbado), mas, as loas que a mídia joga para o futebolista Ronaldo como sinônimo de superação são inversamente opostas à omissão que a própria mídia dá aos feitos internacionais, e nacionais, de Lula.
É obvio que eu sei bem o que Ronaldo representa numa sociedade consumista, e por isso não importa a sua futilidade ao dizer que não leva malas em viagens, simplesmente compra o necessário (e muitas vezes o não-necessário também) onde está. Não importa se Ronaldo prefere que seu filho brinque com garotos europeus e considere os curumirins má influência. Não importa se Ronaldo é flagrado em festas onde o álcool rola solto, mesmo sendo ele um atleta profissional. Não estou pegando no pé de Ronaldo, se ele pretende levar a vida da maneira mais fútil o possível é uma opção feita por ele. O que me irrita é o fato da mídia fechar os olhos pra tudo isso só (sic) porque atrás dele estão grandes marcas internacionais. É o reflexo da sociedade atual, o que importa não é a pessoa, mas sim o que ela tem.
Para mim Lula “é” e ao mesmo tempo “tem”. Simbolicamente Lula é o trabalhador brasileiro. O alto índice de aprovação ao seu governo se deve muito em parte por esse simbolismo. O trabalhador, principalmente o mais humilde, enxerga no presidente Lula um homem simples, que veio debaixo, que não esquece suas raízes. Não é à toa que Lula usa tantas metáforas, é a forma como o homem simples se comunica e explica determinadas situações, faz parte recorrente do arcabouço intelectual dos brasileiros comuns. Lula é o intelectual orgânico de Gramsci. E Lula tem. Tem o cacife de estar à frente do maior partido de esquerda da América Latina e do Hemisfério Sul. Partido esse que se tornou escola para a esquerda nacional. Tem a história a seu lado, pois as greves lideradas por ele durante a década de 1970 iniciaram o último capítulo da ditadura militar. Tem o prestígio de um governo responsável e que luta para alterar a face dum país tão desigual. Tem ao seu lado o respeito da comunidade internacional. Tem ao seu lado a multidão, o trabalhador, o povo brasileiro que não pensaria duas vezes em dar-lhe um terceiro mandato consecutivo.
O governo Lula pode até ser marcado por ambigüidades e contradições, mas, já escrevi isso antes, representa em primeiro lugar uma quebra de paradigma numa sociedade marcada pelo elitismo e pelo progresso conservador, pelos acordos entre as classes mais abastadas e a (quase) exclusão do povo no processo histórico. Em segundo lugar, trouxe para o primeiro plano os direitos sociais (positivos). Se é um governo onde o limite para as transformações está no consenso e não no embate acirrado, por outro lado também é verdade que servirá pedagogicamente no futuro, talvez não tão distante, como forma de avaliar o conservadorismo de nossa elite e a necessidade de movimentos sociais mais fortes.
De qualquer modo, a elite tupiniquim não aceita ser representada por um retirante nordestino, analfabeto, pingaiada e vagabundo. Não importa para essa elite se Lula enfrentou a difícil luta contra a fome (e venceu), se saiu da condição de mero operário para transformar-se em líder sindical, enfrentou os militares quando quem se dispunha a tanto era cassado, preso, torturado e exilado, quando não assassinado.
Quem nesse país representa melhor o espírito de superação?
Lula reunia todas as condições para morrer de subnutrição, de sede, de fome, ou então para levar uma vida comum, como a de milhões de retirantes nordestinos que vieram para o “sul maravilha”, no entanto, na noite de ontem recebeu o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela Unesco – e que ainda pode ser o ponta-pé para o prêmio Nobel da Paz. Talvez seja por isso que nossa elite mazombeira ficou calada e fingiu não saber e não ver nada. Para ela, bom mesmo, seria um Bornhausen ou um Alckmin, e não um Silva, ser o primeiro brasileiro a receber tal prêmio. De certa forma o sucesso do ex-retirante os envergonha.
Quanto à classe trabalhadora, não apenas não se sente representada pela elite nacional, como acaba por ter vergonha dela.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:52
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