DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

SERÁ SOMENTE ÁGUA?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Por Tiago Barbosa Mafra

O planeta Terra apresenta algumas condições essenciais para a sobrevivência do ser humano, sendo a água um dos recursos naturais indispensáveis que garantem a perpetuação da vida.

Devido à sua importância na formação e desenvolvimento das sociedades humanas, desde os grupos tribais até os dias atuais, a própria Organização das Nações Unidas incluiu nas Metas do Milênio a necessidades do uso racional dos recursos hídricos como forma de contribuir para a redução da pobreza extrema. Na reunião Rio+10, realizada em 2002 em Johanesburgo, na África do Sul, ficou clara a obrigação de um crescimento econômico que não desconsidere os fatores ambientais.

Mesmo o ciclo hidrológico sendo um renovador constante da água, a atuação humana desregrada, apesar dos alertas dos organismos internacionais e de estudiosos dos mais variados institutos de pesquisa do mundo, vem causando a destruição, impossibilidade de recuperação e consequentemente a escassez e problemas de acesso à água potável.

Despejo de dejetos, avanço das manchas urbanas sem planejamento, impermeabilização do solo, desrespeito às leis ambientais, tudo isso e muito mais têm contribuído para o agravamento da situação.

Infelizmente, o discurso do desenvolvimento sustentável não passa de discurso, haja visto por exemplo, a insistência do poder público municipal de Poços de Caldas-MG em dar um “passo” maior do que as condições locais podem suportar. Aliás, os grupos políticos locais mais poderosos têm mesmo a mania de dar o “passo” primeiro e questioner a população depois, isso quando questionam.

O que é certo é que as decisões políticas que envolvem problemáticas ambientais precisam de uma percepção do conjunto, dos impactos a longo prazo e das heranças históricas e espaciais que pretendemos legar às gerações futuras. Cabe a população o acompanhamento e a fiscalizaçãoda da situação para impedir irregularidades e irresponsabilidades.

Fica a dúvida de que talvez alguns gestores tenham interpretado mal o trecho da música de Paulo Tatit e Arnaldo Antunes: “Toda a água é mesmo água e só”.

Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na Rede Municipal de Ensino e no curso pré-vestibular comunitário Educafro.
tiago.fidel@yahoo.com.br
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 09:48

terça-feira, 20 de outubro de 2009

TRABALHO MORTO: MAR X E LENIN MERECIAM O NOBEL DE ECONOMIA

Considerações sobre o artigo de Paulo Craig Roberts no site Fundação Lauro Campos.


Consoantes previsões exaradas por Marx e Lênin, sobre o capital e o trabalho e seus decorrentes resultados, Paul C. Roberts, ex-secretário do Tesouro na administração Reagan, lhes dá total cobertura, engajando-se aos seus princípios sobre problemas tão cruciais às vidas dos trabalhadores não só estadunidenses como os de todo o mundo.
Os modelos de risco de um economista como Paul Krugman, que preconiza a sua verdade de que “mais crédito e mais dívidas” é a solução para a crise econômica cai por terra, no modo de ver do ex-secretário Roberts que acha Marx e Lênin superiores e que só por isso mereceriam ganhar o Premio Nobel de Economia.
O articulista norte-americano, Roberts, autor do acima mencionado trabalho, confessa não ter se aprofundado em estudos de pesquisas sobre a situação dos trabalhadores de seu país, o que comprovaria o declínio agudo de suas riquezas, mas aponta os dois crashes no século XXI como protagonistas da destruição de sua riqueza imobiliária. Diz o senhor Roberts: “na última década o salário liquido real declinou”.
Eu digo que declinou, e muito, principalmente aqui no Brasil, embora haja os que defendem a elevação desse salário no período Lula. Pura balela – conversas de botequins.
Reforça, ainda, o senhor Roberts a afirmativa de que os “economistas do mundo inteiro pretendem estar a negociar com uma recessão normal de pós-guerra”, que requer expansão da moeda e do crédito a fim de restaurar o crescimento econômico, simplesmente.
As verdades são outras; todavia o “staff” do senhor Lula prima pela obediência à mesma cartilha da maioria dos economistas estrangeiros. Não consideram as diferenças culturais nem o próprio meio em que giram as economias desses outros países.
As informações sobre emprego e desemprego no Brasil estão muito aquém das verdades. Essa alternância de situações tem o perfil das coisas imponderáveis e, pois, desacreditadas pela maioria dos estudiosos sérios e do próprio povo. Os bons entendedores da atual situação econômica brasileira conhecem muito bem as artimanhas usadas em períodos pré-eleitorais e, mormente, estando a Nação à beira de uma nova eleição ao cargo máximo, que se há de realizar em 2010.
“Mais crédito e mais dívida” deve ser não só o novo lema do governo Lula como o bote salva-vidas que está a soçobrar nas “marolinhas” da crise econômica brasileira.
As alvissareiras e sempre renovadas declarações do Presidente, a um passo de ser expurgado do Poder, nada mais são que subterfúgios e engodos, usados tão comumente por todos os mandatários que passaram por Brasília.
A quem desejar conhecer com a profundidade que merece tal comentário, sobre a situação atual da economia norte-americana, aconselha-se a leitura, na íntegra, do referido artigo do senhor Paul C. Roberts - hospedado no site já mencionado - também co-autor do “The Tyrany of Good Intentions”.
De “boas intenções” nós, brasileiros, já estamos cheios até o pescoço.

sábado, 17 de outubro de 2009

AUSÊNCIA...

Estás ausente de mim, do meus braços,
ausente nesta inútil solidão...
Vejo-te como ave a riscar traços
de uma trajetória infeliz, sem direção.

Pudesse e eu te lançaria a mão
quais ramos que formando laços
retêm as aves em dulcissimos abraços,
mas sou árvore sem ramos presa ao chão.

Estás ausente... de mim ausente...
E eu queria estivesses presente
a embalar meu sono por um segundo.

Depois... O que importaria o depois
se seríamos na Vida só nós dois
Construindo vagarosamente nosso mundo?

Do livro "Chá das Cinco"

CARTA ÁS FILHAS CIGANAS

17/10/09

Queridas ciganas:

Engraçado... Foi mesmo muito engraçado o fato de eu não ter aberto o anexo - onde estava realmente o principal da mensagem – passando a analisar a "estória" do rato e da ratoeira movido pelo texto principal do e-mail.
Fica valendo, para todos os efeitos; confesso a beleza da letra em latim tendo como fundo uma música espiritualizada pelas vozes no estilo câmera em grandes catedrais. É isso que o latim me faz sentir; confesso, ainda, a minha surpresa ao encarar aquele rostinho negro, cujos olhos se destacam sobre o nariz sujo e a boca ressecada a me olharem como se estivessem à minha frente, realmente, e saído de um mundo virtual paea o real. Infelizmente, esse é o mundo em que vivemos (?)... As desigualdades escondidas muitas vezes aos olhares de milhões de pessoas. E o que os homens mais fazem hodiernamente, sem pena, sem dor na consciência - onde habita Deus -, sem dar à mínima, é justamente aumentar as desigualdades em um mundo de cifras, de índices estatísticos como se grande parte da humanidade - os sobejos "asquerosos" e "incômodos" de uma sociedade que não deveria existir - devesse ser condenado ao degredo ou à morte. À morte, já estão condenados milhões de africanos, de indianos, de sul-americanos e, agora, também de norte-americanos em baixos índices, contudo. Crise! Crise! Crise! É só o que exclamam os líderes de um mundo conturbado - e ele sim asqueroso - por causa mesmo de suas péssimas condutas às rédeas de governos corruptos, insensíveis, egoístas, pervertidos no mais alto grau, prepotentes e vaidosos. Uma vez jungidos às esferas do Poder tornam-se tão duros como as ígneas rochas de lavas vulcânicas, tão frios como o gelo glacial e tão senhores de si como os grandes conquistadores da antiguidade, longe, porém, das lídimas lideranças e espíritos altruístas daqueles; apequenam-se por comezinhas, tornando-se ridículas suas incipientes visões gerenciais. Em um universo de necessidades prioritárias, dão as costas às verdades, que clamam como vozes vivas aos seus ouvidos que se fizeram moucos. A isso eu chamo de a "Embriaguez do Poder" temporal em mãos de homens cujas mentes, tontas pela etílica sensação de mando, se apagam de vez dando lugar a uma filosofia banal acordada com as suas personalidades mutantes. E vão rolando pela Vida milhões de seres ao sabor do humor desses ou daqueles ditadores, mandatários, reis - ou o que os valham - a lhes aglutinar o alter-ego, sempre para maiores vaidades e a facciosa sensação de que se tornaram Pais sempiternos da humanidade. Líderes cafonas e esfarrapados que não enxergam o limite de suas pobrezas de almas e de seus ridículos atos, todos com o aval de outros poderes tão corrompidos como o que apóiam. E prosseguem nessa ciranda de vida mentirosa como as das "Histórias da Carochinha".

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

VAMOS ENTENDER AS ARBITRARIEDADES?

Governo cobra imposto a mais e não devolve
Por Raul Haidar / CONJUR

Quem trabalhou bastante e sofreu retenção do Imposto de Renda na fonte além do que deveria pagar, não consegue receber sua devolução dentro do mesmo exercício, porque o Ministério da Fazenda alega que está sem dinheiro para fazer as restituições.

Esse calote fica mais estranho diante do anunciado empréstimo que o Tesouro Nacional fez ao FMI segundo recentemente anunciado na imprensa. Fica-se com a impressão de que estão mentindo agora ou mentiram antes ou, pior ainda, que o interesse do trabalhador (que pagou o imposto) é menos importante que bajular a instituição financeira internacional, a mesma que até recentemente os atuais bajuladores desejavam destruir.

Como se sabe, a retenção do Imposto de Renda na fonte além do valor que o contribuinte deveria realmente recolher resulta em um mecanismo confiscatório, ilícito e criminoso que a Receita Federal criou ao não reajustar a tabela do Imposto nos mesmos índices da inflação.

O termo “criminoso” pode ser usado ante o que dispõe o parágrafo 1º do artigo 361 do Código Penal, que prevê a pena de reclusão de três a oito anos e multa a quem “exige tributo...que sabe indevido”.

Ora, ao não corrigir a tabela do Imposto de Renda conforme a variação do poder aquisitivo da moeda, a autoridade acaba por exigir “tributo...que sabe indevido”.

O Imposto de Renda tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica. Ou seja: o contribuinte só deve pagá-lo quando tiver a disponibilidade. Se parte dessa disponibilidade é corroída pela inflação, não está disponível. Portanto, não há renda e o imposto não é devido.

O efeito confiscatório que a Constituição Federal proíbe no seu artigo 150, inciso IV, está evidente na medida em que o excesso de tributo, que se paga sobre a renda que foi corroída pela inflação, é verdadeiro “confisco”, que qualquer dicionário define como aquilo que o fisco extrai de alguém e que seja diferente do tributo.

O tributo só é legítimo se for cobrado de acordo com os seus princípios fundamentais: fato gerador, base de cálculo e alíquota definidos em lei que respeite as normas e limites da Constituição.

Quando os contribuintes não estão recebendo de volta o que pagaram a mais, é porque num primeiro momento foram vítimas de confisco, quando a Receita Federal, não atualizando a tabela, cobrou imposto a maior, que se sabe indevido, o que segundo o Código Penal é crime. Assim, quem pagou a maior já é vítima no momento da retenção.

Ninguém deveria ter imposto a restituir pela simples razão de que ninguém é obrigado a financiar o Governo Federal, que só pode cobrar empréstimo compulsório mediante lei complementar, nas hipóteses previstas no artigo 148 da Constituição: calamidade pública, guerra externa ou investimento urgente e relevante.

Assim, não existe nenhuma justificativa para amparar o atraso na restituição do Imposto de Renda retido na fonte além do que efetivamente era devido. Uma suposta dificuldade financeira não pode ser aceita como desculpa, pois já foi anunciado que há recursos para realizar a Olimpíada, emprestar ao FMI, adquirir aviões militares etc. Os contribuintes, especialmente os assalariados que tiveram retenção do Imposto de Renda na fonte, devem ter seus direitos respeitados. Não podem ser obrigados a financiar os exageros que a megalomania oficial deseja cometer...

Fonte: TV Vale Tudo de J.Gimenez

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

TENDÊNCIA PINÓQUIO

Pois é... Em criança meu pai ou uma tia nos alertavam: "mentira tem pernas curtas". Muitas vezes testemunhamos essa grande verdade, quando pilhados falseando os fatos para escapar aos castigos. E eles vinham, sem falta. Essa foi a maneira de crescermos com a dignidade dos que abrem mão do que é faccioso enfrentando todas as adversidades de cabeça erguida, sem chiar.
Ora, temos assistidos em dias atuais uma série de "enganos" - para não dizermos grossas mentiras - por parte do governante maior, senhor Lula. Quem terá esquecido a sua afirmativa de que a crise mundial no Brasil seria apenas uma "marolinha" e sem consequências sérias? Eu pelo menos não esqueci porque prezo assimilar e reter todos os seus principais pronunciamentos, desde a sua primeira campanha à Presidência da República.
Não citarei neste espaço as informações do governo sobre o tal PAC; seria por demais angustioso, para mim, ter que por no pano verde da esperança de muitos brasileiros mais afirmações incongruentes, sem base e desprovida de verdades.
À vezes fico a pensar se o boneco Pinóquio não teria sido contratado pelo Ministério da Fazenda. Perguntar-me-ão alguns: por quê?
Ora, essa crise tem sido tal qual um tsunami às demais economias do mundo. No momento, apenas a China - um dos que estão envolvidos ao BRIC - começa a dar sinais de recuperação firme e verdadeira. O seu crescimento está às alturas, enquanto o de outros países sérios, que falam as verdades, se acha claudicante, temeroso e preocupante. Pinóquio, por lá, já não tem o papel importante que lhe foi dado em décadas passadas. Ele fez as malas, embarcou no primeiro voo e desceu em Brasilia, com a maior "cara de pau". Lógico, não poderia ser de outra maneira. Seu espírito, onisciente e onipresente, encarnou em nossos "Homens de Preto", que são outros heróis farsantes, ou sejam: de mentirinha.
Não lembro, em toda a minha vida (pode ter acontecido em outras tempos emergenciais), nem á época dos governos militares, acontecer de o Ministério da Fazenda reter a devolução daquele "dinheirinho", sacado previamente aos salários como "descontos na Fonte", para só ser devolvido após alguns meses corrigidos e justamente devolvidos aos seus verdadeiros donos. Porém, admito que o Pinóquio "buzinou" aos ouvidos do nosso Ministro da Fazenda - Mantega -, contrariando todas as estimativas do senhor Lula, que a "marola" anunciada por esse Presidente, que não consegue falar toda a verdade, não seria apenas uma "ondinha", mas um verdadeiro "tsunami". Foi claro - não poderia ser outra a maneira de anunciar - o braço direito do senhor Lula, Ministro Mantega ao dizer que a devolução do Imposto de Renda na Fonte não poderia ser devolvido já, como era previsto e correto, por causa da "crise econômica" do mundo. Pasmem, meus amigos às falsas perorações do governo. Aliás, isso está se tornando lugar comum na atual administração: em época pré-eleitoral "somente se pode mostrar as coisas boas; as ruins, são escondidas" Isto já foi dito por antigo ministro de um governo qualquer, em uma época qualquer. Em vista dessa retenção dupla, o que poderemos nós - cidadãos que pagamos, queiramos ou não, nossos impostos em dia - admitir? Ora, fácil será a conclusão: a crise não bate à nossa porta feita uma marolinha, mas invadiu toda a nossa economia com a força de um tsunami devastador. O que está salvando o Brasil é a política monetária, mas ela pode ser o "castelo de cartas" futuramente; bastará um sopro e o castelo tenderá a se nivelar ao chão onde foi erguido. Mas devolver agora, já, esse valor retido, para quê? O Brasil não tem mais pobres. Houve uma elevação do patamar de IDH da classe média e da população, "outróra pobres". Houve - ia esquecendo o detalhe - uma recuperação dos salários (!). Nossa! Que recuperação alvissareira.
Mas bem, estamos todos nós naufragados na "marolinha" do senhor Lula. É a tendência Pinóquio. Que o nariz do boneco não cresça, furando a "bolha" do crescimento e da recuperação de todos os segmentos de nossa sociedade.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

TRISTES

Vejo-te, assim, sempre tão triste,
Com belo semblante tão carregado
Seria - penso eu - amor malfadado
Ou outra coisa séria existe?

Tivesses antes me encontrado
e acabaria a tristeza que persiste,
mas que fazer se a Vida insiste
que eu continue sempre afastado?

Somos sérios demais. Não sorrimos
quando nos entreolhamos...
A Vida e a alegria, onde as pomos?

Será que nós fingimos
Não nos ver? Acabamos,
os dois, mais tristes do que somos.

Morani
(Do livro "Água Fresca de Moringa"

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

CARTA DE UMA FILHA A UM PAI

Recife, 04/10/09

Querido papi, meu bom velhinho,

Indignar-se frente a tantos desmandos já se tornou o cotidiano de muitos brasileiros inconformados. Ainda que efeito algum ocasione tal fato, é de se louvar a esperança do exercício da cidadania que, apesar dos pesares e da ausência de eco, insiste em ocupar o seu devido lugar. Eu, por meu lado, estou tentando mudar o foco de tal sorte para o campo da resignação momentânea, enquanto espero por dias melhores.
A desorganização dos organismos - espero bem - é semelhante a uma faxina: reviram-se tudo para retirar a sujeira dos cantos mais escondidos. Assim tenho ouvido e preferi por bem de meu equilíbrio e paz interior, acatar como realidade. Antes, consumiam-me as forças da razão, os sentimentos de revolta, dando lugar a outros desdobramentos menos dignos do raciocínio que em nada modificavam ou sequer incomodavam os fatos em si. Se sairmos da esfera do nosso país e adentrarmos numa visão macro - que nem precisa ser tão macro assim, bastando, para tal, olharmos os acontecimentos atuais em nosso planeta - veremos a imensa "faxina" que nele está ocorrendo. A Ásia - acredito eu, o continente mais antigo da nossa mãe terra ( Eurásia ) - é um exemplo do que digo. Quanto desencarne coletivo e simultâneo estão ali, incessantemente, chamando-nos a atenção de que algo muito significativo está acontecendo no planeta. O que será?

Corrupção, abuso de poder, demonstração e disputa de forças, falta de responsabilidade e solidariedade para com os mais desafortunados, cobiça, egoísmo, orgulho exacerbado e outras doenças mais da alma e do ser humano estão, ao que parece, sendo "vomitadas" todas a uma só vez. E o cheiro putrefato estende-se por toda parte, cada um com as suas particularidades e de acordo com a cultura e evolução dos povos. O que será isso? Como se dá - em dimensão reduzidíssima - o reajuste de algum de nossos próprios desajustes? Você conhece alguém que, lutando contra os próprios vícios, nem se aperceba organicamente de tal guerra interior? Quantas dores do corpo físico e da mente não passam aqueles que buscam a cura? Então, numa dimensão maior, em se tratando de povos, imagine um processo idêntico para que possam progredir no campo moral. O maior desafio do homem é vencer-se a si mesmo, a seus maus pendores, à sua tendência em colocar-se sempre como o mais merecedor, o mais importante, o mais perfeito, o mais tudo. É possível que tenhamos muitos atributos divinos e, no entanto, chafurdamos na lama da nossa soberba, envenenando assim, as bênçãos que nos foram dadas para o cumprimento desta existência no planeta terra.

Políticos são um atributo da vida social. O homem assim o quis para sua própria glória, já que o seu poder em solucionar a convivência entre povos e economias distintos, não houvera chegado a bom termo na ausência do amor e da caridade. O homem criou o seu próprio universo, as suas próprias leis e agora padece pela falta de alicerces justos. No meu entender, haverá ele de degustar até a última gota o seu próprio "remédio" e, quando der "em águas de bacalhau" - como dizia a mamãe - pode ser que lá, na mais recôndita célula de seu cancro, ele se dê conta de que lhe faltam alguns atributos essenciais para representar o papel de deus, a saber: o amor, a caridade e a justiça.

Papai, querido, não apoquente o seu espírito com as coisas pequenas dessa existência porque elas ficarão aqui mesmo onde são produzidas. Tudo o que aqui acontece está dentro da normalidade deste mundo. O nosso reino não é daqui, lembra-se? Viemos para resgatar algumas dívidas passadas e aprender para a existência futura, que desconhecemos, onde e quando se dará. Confia na justiça do Criador e na assistência da espiritualidade superior. Só conseguiremos êxito em nossa missão quando nos tornarmos "brandos e humildes" de coração. A resignação é condição “sine qua non” da vitória. Lembre-se de Sidharta Gautama, de Jesus, de Gandhi e de tantos outros irmãos nossos que padeceram dos vícios e perseguições da sociedade de suas épocas e que só tinham, na mente e em punho, as armas da paz e da revolução silenciosa do coração amoroso.

Deus te abençoe, te ilumine e te proteja. Receba o carinho e amor de suas filhas ciganas,

Karen e Alice

sábado, 3 de outubro de 2009

UM BRASIL DE SEMPRE

Desde que tomei conhecimento da existência da TV Senado tenho o costume incontrolável de não tirar os olhos da “telinha” que nos revela o grande e confortável plenário, onde os nossos representantes têm assento em poltronas espaçosas e confortáveis - também - de dar sono. Só deixo de assistir aos debates quando o Presidente da mesa encerra os trabalhos do dia ou às sextas-feiras (nesses dias da semana só na parte da manhã).
Exerço, assim, no recôndito da minha casa a minha cidadania por não me negar enviar e-mails a alguns parlamentares. Dessa forma, demonstro que sou um fiel assistente de todos os debates que soem acontecer naquela Casa. Sejam discursos dos situacionistas ou os dos oposicionistas. Digo-lhes, com tais e-mails: “Estou atento aos seus movimentos; anoto o que dizem; eu os cobrarei, com meu voto.”
Alguns deles parecem dissociados totalmente dos acalorados debates sobre a atual situação vergonhosa evidenciada nas duas Casas do Congresso em que tratam de corrupção no Parlamento.
Sobem às tribunas com assuntos totalmente fora do contexto atual: as passagens aéreas para as suas sedes dentro do país e para o exterior. Porém, estendem o “Trem da Alegria” a parentes, amigos, funcionários e, pasmem, até a times de futebol! Outras práticas obscenas são geradas pela famigerada “Verba Indenizatória” e, mais recentemente, os Planos de Saúde vitalícios aos senhores senadores e aos que já não o são, engrossados por seus familiares. A última, mais recente: a remessa de 300 “vetos” presidenciais para votação. Dentre eles, embutido nos esconsos dos muitos vetos, de anos, o que dava um sonoro “NÃO” aos reajustes aos aposentados com mais de um salário-mínimo. Felizmente, o plenário assumiu o seu compromisso com os idosos abandonados e esquecidos pelo governo LULA, que dá uma de “bonzinho” ao FMI com empréstimos de valores que bem poderiam ser canalizados para cobrir aqueles pagamentos previstos na Constituição de 1988, sendo direito fundamentado na Carta Magna de 1988 e nas necessidades dos que não podem mais exercer suas funções profissionais. É uma questão de humanidade. O homem jamais deve ser visto como cifra no contexto econômico nem uma referência de estatística dos senhores economistas.
O vergonhoso é vermos como alguns senadores têm pendores às artes cênicas, pois choram copiosamente quando usam as tribunas para suas defesas ao serem alcançados por denúncias de péssimo uso de imóveis que nós, trabalhadores da ativa e os aposentados, patrocinamos com cinco meses de trabalhos ao ano, só para pagarmos impostos. Mas na hora de se expressarem a favor dos injustiçados, ficam em cima do “muro”, dóceis às ordens do Palácio do Planalto. Têm medo de tocar no assunto como se tocassem em problemas sem solução.Por aí se vê que nem fedem, nem cheiram, só fedem! São uns “dandys” que se defendem, intramuros, com todo denodo. Não querem sujar os dedos em suas “porcarias” e nas de seus pares. Jogam água fria na fervura dos pronunciamentos daqueles que lá vão para expor os “podres” do Poder, ou melhor: do Governo! São amorfos, aqueles. São crisálidas fechadas em seus casulos, ignorando - por quê? - a situação de uma corrupção putrefata que campeia desavergonhadamente na capital da República. E muitas outras corrupções (vejamos as CPIs da Petrobras e do Denit - as mais frescas batalhas que desejam abafar), mas hoje 03/10/09, já sabemos que a da Petrobras foi "arquivada" há muito pela tropa de choque do Lula. Tanto medo, por quê? Agora, resta a do Denit, já aprovada e de iniciativa do senador Mario Couto - um dos poucos a defender veementemente os desgraçados aposentados deste país. Boa sorte, senador Mario Couto.

A MATANÇA DE GOLFINHOS CALDERON

Assisti, horrorizado, pela televisão, o covarde massacre de golfinhos Calderon na Dinamarca. Covardes e indignas atitudes feitas pela população de uma pequena vila de pescadores desalmados. Às cenas, emprestaram-se brutalidades sem adjetivos só comparáveis às que fizeram os nazistas a milhares de homens, mulheres e crianças em campos de concentração na Polônia e na própria Alemanha de Hitler.
Os golfinhos Calderon, como os demais da espécie, aproximam-se dos homens para brincar e interagir aos mesmos, em uma demonstração de inteira confiança de que serão bem-vindos e acolhidos com amor.
No entanto, são recebidos com uma indiferença tão natural que não podemos crer sejam capazes de tamanha barbárie jovens que participem ao extermínio dessas criaturas. Suas armas são ganchos que fincam aos corpos esguios desses mamíferos rasgando-os sem dó. E outras centenas de pessoas assistem como se estivessem bem instalados em seus lares diante de aparelhos de televisão acompanhando novo capítulo de uma novela.
São cenas de horrores indizíveis. Não há tradução para tamanho empreendimento brutalizado. Se aqueles homens são seres humanos, aos quais devemos nossa solidariedade, então os valores sobre humanismo precisam ser revistos, discutidos e defendidos (?) em teses por futuros doutores das ciências humanas, e que jamais tornemos a ver as águas do mar tingidas da cor vermelha. Vermelha é a cor da maldição, da destemperança e da violência, desafinada à orquestração das atividades humanas. Bastam-nos aquelas já mencionadas e sabidas por todos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

FILHA

À minha filha Anamaria falecida aos 08/06/09

No próximo dia 08 de outubro, estaremos relembrando - preferia que essa data fosse deletada ao calendário - o quarto mês de sua viagem longa e solitária às esferas espirituais. Você não a planejou como não desconfiava que receberia o bilhete de ida, apenas, naquela segunda-feira, 08 de junho deste ano. À tarde, você foi vista por pessoas, suas amigas, visitando vitrines das lojas de nossa cidade. Ao vê-las, você as cumprimentou com aquele seu jeito sempre alegre. O que estaria você procurando em plena segunda-feira, e em horário de trabalho? Você estava livre, soube depois. Já haviam encerrado o expediente e você, antes de ir para casa, aproveitava-se às horas frescas da tarde. Depois, disseram outras pessoas, a viram montada à motoneta partindo à direção de Mury, seu verdadeiro bairro de residência.
O que você fez, de imediato, depois que chegou, não sei. Sei apenas que à falta do que fazer você se colocou diante do monitor, por volta das dezenove horas, e escreveu a muitas pessoas. As suas mensagens eram as mais alvissareiras possíveis. Você estava radiante com o novo emprego. Passou muito tempo sem um, e já tinha planos para os salários dos primeiros meses de trabalho: comprar um pc portátil - laptop - pagando-o a longo prazo. Mas, contudo, os caminhos de Deus não são os dos homens, nem o Seus pensamentos são os nossos. Você preparou o lanche das crianças retornando, após, ao computador. Você estava bem; havia muito entusiasmo em suas atitudes. Seu coração funcionava normalmente. Sem tirar os olhos do monitor, você ia dando ordens às crianças. Às vinte e três e meia, você ainda digitava. Sentindo sede, deixou de lado a sua ocupação se dirigindo à cozinha. O copo com água parece ter escorregado por entre os dedos, indo ao chão. Depois você claudicou, e com os passos incertos perdeu o equilíbrio. Igual ao copo foi ao chão, pesadamente. Carol correu a lhe dar ajuda. Em vão. Apenas duas longas lágrimas sobre as suas faces foram os derradeiros sinais de que abandonava a vida e mergulhava na Eternidade. Esse foi o instante em que a minha existência deu uma guinada de trezentos e sessenta graus. Procuro a linda criança, de cabelos encacheados, que foi a minha Aninha, gritando lá nas entranhas da alma: "onde anda Anamaria, sonha e sonha com o mar... E partindo, Anamaria se foi pra não mais voltar. Onde anda Anamaria? Quem souber, venha me contar."

M Ã E

À minha mãe Alice, desaparecida em 03/02/1940.


Apenas três letras que unidas nos dão toda a sensação de segurança, de amor incondicional, de paciência e de destemor.
Essa palavra pequena, todavia grande em seu significado, reverbera lá no fundo do meu ser como uma passagem que se suavizou por si mesma sem estardalhaço, sem agonias, sem saudades doloridas, mas servindo ainda de coluna mestra de uma construção em que os tijolos nada mais foram que pequenas palavras dulcíssimas caídas dos lábios de uma pequena criatura, todavia gigante nos cuidados aos filhos por mais insignificantes fossem os machucados.
Uma brincadeira, uma queda, um joelho ralado, eram bastante para pô-la em movimento rápido e lágrimas aos olhos. Pensava-os com gestos tão delicados que mal sentíamos qualquer agonia ao toque do chumaço de algodão embebido de iodo. Em seguida os cobria de gaze e esparadrapo. Estávamos salvos! Mas conselhos não nos faltavam:
–Mais cuidado, da próxima vez.
E lá se ia aos cuidados de cerzir meias usando uma ferramenta que existia à época – um ovo de madeira, que introduzia aos pés das meias para conserto. E a agulha trabalhava igual a essas dos teares, cerzindo tão bem quanto àquelas que criavam as malhas. Eram seus dedos mágicos e pacientes transformando os gastos em novos.
Chegando do colégio, era a primeira pessoa que buscávamos sem mais delongas.
Os lanches nos caíam à frente, como num passe de mágica.
–Antes, queridos, lavem as suas mãos. Jamais comam tendo-as sujas.
Quanta atenção, quantos detalhes nos cuidados, quanta argúcia na observação.
E eu pensava um dia tê-la aos braços como se fosse uma criança, como já fora um dia, a precisar de minhas atenções e de meus cuidados, sem ralhos. As cãs recamadas de borralhos de neve seriam os primeiros sinais de advertência para que eu desenvolvesse, em futuro próximo, o sentimento materno sobrepujando o machismo do eu adulto.
Ledo engano. Conquanto seus cabelos estivessem prateados não ficaram brancos. Minha mãe não virou criança e eu não era ainda adulto. Foi num sábado de carnaval no Rio. Tempo de chuvinha miúda e fria. Alertaram-nos: “Eis mamãe que chega!” Da vizinha corri à varanda da nossa casa para recebê-la. Mas quieta e muda, ela não podia nos abraçar nem nós a ela. Guardava-a um "porta-jóias" do seu tamanho.
E lá se foi ela - como sempre fizera -, ao tamborilar da chuva forte sobre o carro fúnebre dormindo qual princesa das histórias infantís para o aconchego ao seio da Terra-mãe. O adulto não brotou, morrendo junto e ainda criança.