DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


quinta-feira, 31 de julho de 2008

ANDA SOBRE AS CONVERSAÇÕES EM DOHA

AINDA SOBRE CONVERSAÇÕES EM DOHA


Há sete longos anos, e até mais, os grandes Estados dos quatro cantos do planeta se reúnem para discutir pontos nevrálgicos em suas relações comerciais e industriais. Como eu disse, em comentário anterior, essa é mais uma rodada sujeita ao fracasso. Para evitá-lo, prorrogaram as discussões até o dia 30 deste mês de julho quando retomarão os debates.
Para que haja um consenso concreto, firme e duradouro, é preciso que os 153 Estados membros aprovem unanimemente as soluções postas à mesa de negociações. Ora, acho que é o mesmo que querer a estabilidade climática mundial sem contribuir para isto. Como disse o Sr. Lula: “são muitos os interesses envolvendo países, milhares de empresários e outros tantos objetivos”. Lógico que numa reunião de interesses heterogêneos não se encontre um aporte comum às intenções levadas pelo senhor Pascal Lamy no intuito de, se conciliando todos os interesses dos exportadores agrícolas do Sul aos dos exportadores industriais do Norte, evitar o total fracasso às negociações multilaterais que continuaram nesse sábado, 26/07. Há muitos obstáculos impedindo que se encontre a fórmula ideal que satisfaça os mais reticentes: Índia, Argentina e África. Mas não ficam apenas com esses países as contrariedades.
O embaixador da Índia – Ujal Singh Bhatia foi claro e objetivo. Declarou-se disposto a deixar todo mundo plantado, com a seguinte declaração: “Viemos com muitos presentes e queremos que nos dêem, em troca, um monte de presentes. De outro modo, vamos embora com os que trouxemos.”
O outro representante reticente é o senhor Rob Davies, do Comércio Sul-Africano, que não aceita o pacto Lamy. A Índia e a África do Sul rejeitam a mesma coisa e resistem à abertura de seus mercados industriais no formato proposto por Lamy.
Agora, França e Itália ameaçam bloquear os acordos na OMC.

A favor da proposta Lamy se uniram os EU, UE, Brasil, Austrália e Japão. Cada qual expressou seu apoio ao documento, com diferentes matizes.
Sendo o Brasil um país emergente, vizinho, amigo e com relações de mútuos interesses na Argentina, jamais deveria dar o seu aval a uma proposta que está sendo rechaçada por uma maioria significante de Estados, colocando-se ao lado daquela nação irmã em vez de estender a mão às Propostas Lamy. O papel assumido pela Argentina foi muito mais corajoso. Rejeitou peremptoriamente o documento.
Vejo o futuro das relações entre Argentina e Brasil sofrendo um “racha” diplomático não muito profundo, mas com a necessária fissura capaz de balançar os interesses de ambas as partes, sem briga e sem divisões drásticas, porém constrangedora.
Com tal posicionamento, o Brasil atirou pedras na vidraça da “casa vizinha”, e se amanhã tiver o troco, não poderá se queixar a ninguém a menos que queira “buzinar” nos ouvidos sempre atentos do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que se fez “mouco” às palavras grosseiras do Rei de Espanha.
Creio que o Brasil se encontra no limiar daquele “status” – o “Investment Grade” – benesse concedida por grandes Agências internacionais que cuidam com carinho do sobejo das riquezas de nações ricas para investir em países em desenvolvimento. E com toda a razão, pois que são “liberados” às taxas de movimentações financeiras O Brasil não precisa baixar a guarda contra os Estados poderosos, mas, tão somente, mostrar que está na defesa de seus interesses sem se aliar aos interesses alheios, e vindos logo daqueles que mais tentam se impor quando não economicamente, pela força das armas e boicotes.
Um dia chegaremos lá, se formos capazes de administrar essa pujança que se deita sobre nós desde a Amazônia ao Rio Chui, abrindo suas poderosas asas sobre a Nação brasileira.

TRAIÇÃO DO BRASIL NO OMC - DOHA

TRAIÇÃO DO BRASIL NO OMC – DOHA


Em meu comentário anterior sobre as negociações de DOHA, Genebra, com o Brasil presente e representado pelo Ministro Celso Amorim e pelo próprio presidente Lula, teci divagações sobre a possível e quase comprovada traição do Brasil ao Encontro dos Países cujo tema para debates é a Liberalização do Comércio Global e as novas propostas a um índice no corte das tarifas para a importação de produtos agrícolas.
Quem desconhece as “brigas” do Brasil com o EU, por insensatez dos governos norte-americanos e muito principalmente do atual, do Sr.Bush, em teimar manter o subsídio aos agricultores norte-americanos com uma proteção descabida aos seus produtos? A UE – União Européia – por seu lado, tem a mesma política protecionista, mormente na França onde é forte essa blindagem.
Com tais blindagens, temos a impressão de que essas nações dos dois Continentes são mais do que auto-suficientes nas produções agrícolas – desde as frutas, os legumes, o vinho e outros derivados da terra. É preciso consenso, reconhecimento de que o mundo chegou a um ponto em que se tornam necessários acordos bem urdidos e aceites por uma grande maioria dos chamados países ricos.
Lula, o presidente, falou sobre os comentários da imprensa, sem reservas algumas, que o Brasil não traiu o encontro de Doha, e explica:
“Não falo isso pelo Brasil, porque o Brasil é competitivo na agricultura, tem tecnologia, tem terra e tem água. Falo pelos outros países menores da América Latina, pelos países africanos, que precisariam de flexibilização do mercado europeu e do fim dos subsídios americanos para poderem colocar os seus produtos nesses mercados”. Ele não lembrou de citar aqueles países da UE que praticam as mesmas políticas protecionistas. Por quê?

Quem outorgou ao presidente Lula a representação para falar por outras nações? Creio que quase todas aquelas envolvidas no problema tenham lá os seus lídimos representantes. O presidente Lula poderia se manter calado, mas por lá não havia um Rei da Espanha que lhe dissesse: “Por que não te calas?” O que ele tem a fazer é se envolver com os nossos problemas, que não são poucos, em vez de se ocupar dos problemas de terceiros. Falando, ainda, sobre os países ricos – como se o Brasil não fosse suficientemente rico, o bastante para crescer de maneira invejável. Basta que ele cumpra o seu papel de governante pondo todos os corruptos na cadeia, que é esse o grande mal deste país – continuou ele: “É preciso que os países ricos entendam o que significa comércio livre.” “O mundo rico precisa compreender que liberdade de comércio significa não apenas eles quererem vender, significa também eles terem disposição de comprar.”
Ele falou o óbvio!
E, agora, ele cita ainda a desculpa capenga: “O G-20 não ficará dividido em conseqüência de o Brasil ter aceito [aceitado, Sr. Presidente] a proposta apresentada [as propostas apresentadas] pelo Estados Unidos e União Européia na negociação de Genebra”. “Eu continuo acreditando que nós vamos fechar o acordo.” [Fecharemos os acordos], pois diversas são as nações de UE a proporem um acordo, e mais o do(s) EU.
Ora, se ele admite ter acolhido as propostas apresentadas por aquelas nações acima citadas, e logo adiante arrisca declarar que os países ricos “precisam entender o que seja comércio livre”, ele está dando diplomas de ignorantes aos líderes das nações do norte. Se aqueles líderes desconhecem totalmente o que seja a diplomacia comercial entre nações, por que aceitou ele os acordos? Em vez de se curvar às vontades férreas daquelas nações, ele deveria, isto sim, bater insistentemente na tecla da prepotência daqueles governos blindando suas produções agrícolas, denunciando-as veementemente.

Enquanto o Sr. Lula postulava a Presidência da República, somente com a experiência de deputado federal, aqueles distintos senhores, elegantes, como “dandys”, já de há muito se achavam envolvidos com problemas internacionais, o que lhes dá grande margem à frente no entendimento de todos os grandes problemas que assaltaram igualmente as nações que eles representam. Os problemas do Brasil remontam há 500 anos apenas; os deles têm muito mais de 1000 anos! Foram mais de 1000 anos de lutas, de conquistas, de derrotas, de soerguimento, de buscas e de experiências em todos os campos do trabalho bruto na terra, no desenvolvimento intelectual e comercial, do ressurgir da Idade Média com seus feudos e daí passando à Renascença nas artes, nas indústrias, e nas descobertas dos segredos do Cosmo; já praticavam a navegação e com ela o comércio das trocas de riquezas e de mentes brilhantes postas à disposição das velhas nações que largaram as lanças e as espadas e se dedicaram ao arado, à imprensa e a outros quesitos do conhecimento humano. Os maiores pensadores – filósofos, matemáticos, engenheiros, diplomatas, artistas e inventores – já aumentavam em número e em qualidades. Onde pensa estar o Sr. Lula? Com quem pensa lidar o nosso presidente?
Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Excelentíssimo Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, é preciso aninhar a humildade de reconhecer que são tênues os seus conhecimentos sobre diplomacia comercial; débeis a sua astúcia diante de homens galvanizados por guerras, revoluções, divisões de países, de tantos acordos enquanto a Nação brasileira, que o senhor representa, dormia o sono da infância política com os seus adendos; engatinhava na projeção internacional; tropeçava na pobreza do desenvolvimento – ainda tropeça – e despertava, tardiamente, às luzes dos conhecimentos primários. O Brasil é grande, sim, rico como poucos o são, mas sujo como um poleiro, graças às imundícies que fazem aqueles que chegam ao poder para favorecer os “amigos”, daqui e os de fora. Grite contra os que desejam solapar nossas riquezas e nossa gente, e terá ao seu lado milhões de outros gritos prontos a acusar os meliantes.

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE DOHA

LEVES CONSIDERAÇÕES SOBRE “DOHA”


Lendo notícias sobre as diversas reuniões das potências mundiais para dirimirem dúvidas a respeito de suas economias – indústria e agricultura – a nós, simples mortais ligados às andanças desses grandes dirigentes, parecem ser meros turistas internacionais de obscuras tendências e escamoteados objetivos para que apenas os “grandes” – aqueles países já há muito desenvolvidos – tenham suas prerrogativas aceitas, carimbadas e postas em ação. Jogam ao pano verde das mesas de negociações – como jogadores profissionais de pôquer – suas exigências, que prevêem sendo as únicas a serem aceitas pelos países em desenvolvimento como condições primordiais sem as quais não haverá consenso.
O mundo moderno vem a longos anos envolvidos em debates e exigências praticamente abortadas – e ainda não perceberam esses dirigentes dos grupos “G-8”, “G-20”, “G-50”, que sem abrirem mãos a essas exigências, sem apoio às verdades de cada país participante, essas reuniões só tendem a se transformar num caos como já é a própria vida atual no planeta. Aliás, essa condição caótica já era prevista há alguns milhares de anos.
Eu, como cidadão planetário e vivendo nesta Terra de incongruências, por culpa exclusiva de medidas egoísticas dessa soma de mentes mundiais, que há muito desejam controlar emoções, trabalho, desenvolvimento e consequentemente riquezas dos povos, me vejo como joguete em suas mãos. Das mesas de negociações, sobre as quais repousam as mais finas bebidas, os mais saborosos e requintados pratos, explodem as normas que deverão ter o aceite de todos os que não conseguem domar as “feras da pobreza, da fome e do subdesenvolvimento” em seus rincões.
Nesse período atual, existem negociações de DOHA. Pelo pouco que li, vejo que aquelas mentes não conseguem consorciarem-se umas às outras sem que surjam senões de caráter intransponíveis a cada qual.

Duas potências mundiais, nas figuras de seus representantes, se digladiam a essas alturas das conversações: o ministro indiano Kamal Nath, que diz não estar disposto “a negociar garantias de sobrevivência, subsistência ou pobreza” para chegar a um acordo para a Rodada de Doha de liberalização do comércio global. É seu pensamento que “os países ricos estão falando em promover e proteger sua prosperidade” e que ele não aceita um eventual acordo na rodada da OMC com a chamada “cláusula anti-concentração” – mecanismo que não permite aos paises emergentes blindarem todo um setor do corte de tarifas de importação. Por exemplo: Brasil e Argentina não poderiam proteger sua indústria automotiva, e a Índia toda a sua indústria têxtil. Isto seria uma vantagem para a UE e EU, que poderiam competir em desfavor aos países emergentes.
Como se pode notar UE e EU é tão somente uma questão de trocas de letras, mas jamais uma troca de favores, de ambos, aos países chamados em desenvolvimento. Assim, cada vez mais eles – UE e EU – se tornam mais e mais competitivos em relação àqueles que, por outro lado, ficam menos e menos desprovidos de igualdade de direitos.
Ora, acho eu, cidadão planetário, com o direito de meter um dedo de prosa no assunto DOHA. Na verdade, antes desses debates sobre tarifas os países, todos unidos no mesmo patamar de direitos e obrigações, deveriam, isto sim, discutir à exaustão os sérios problemas do meio-ambiente, da sustentabilidade da vida com a fomentação do aumento da produtividade de alimentos, sua distribuição de maneira mais urgente para abastecer mercados onde a fome passa a “foice” em seres humanos, sem dó nem piedade. Isto seria um trampolim para o estudo e medidas à saúde, educação e empregos mundiais e, pois, o bem-estar dos povos livres que se acha em mãos dos poderosos senhores de um planeta globalizado. Por outro lado, a questão em pauta não teve de Anne-Marie Idrac e de Peter Mandelson um entendimento racional quanto às novas propostas a um índice no corte das tarifas para a importação de produtos agrícolas.

Aquela acha bastante razoável e generosa um corte de 54% - e não arreda pé – ao passo que o outro, Mandelson, chegaria ao patamar de 60%. E ambos pugnam em nome da UE.
Diz a representante Anne-Marie Idrac – é francesa ou de descendência – que a diferença é de cálculo aritmético apenas.
O fato é que tanto UE como EU – combine as letras da maneira como melhor achar, e dará no mesmo – já têm em mente o controle mundial de tudo e de todos. Só não se concretizou ainda porque países como Brasil, Índia e China –BRIC – já são olhados de outro modo pelos grandes do “G-8”, ainda que pese sobre esses três países o instantâneo fotográfico de regiões terceiro-mundistas subdesenvolvidos e em fase de crescimento ridículo – pura politicagem de um só prisma – apenas para o Brasil, pois as outras duas nações asiáticas já crescem acima dos 6%, e até mais.
Esperemos para saber quais as medidas que, saindo vencedoras, serão, de qualquer jeito, impostas sem mais discussões aos demais participantes da Rodada de DOHA.
Agora, com as últimas notícias de DOHA, um mineiro diria: EU mando ou não, UÉ? UÉ, EU mando, sim. Por quê? Porque o Brasil aceitou os termos dos EU abandonando praticamente as conversações em Genebra, tendo Lula afirmado não “haver traição por parte do Brasil”. Pesa-lhe a consciência? Não, não deve pesar por ser ponto nevrálgico de seu governo traições como essa. Traiu em primeiro lugar a sua plataforma, suas afirmações enquanto candidato a candidato à Presidência da República, seus eleitores, sua aversão ao neoliberalismo e, até, os amigos. Lula se apresenta ao cenário mundial como debutante a debatedor; um que senta à mesa sem cartas na manga, sendo, porém, um exímio farsante. Curvou-se diante do Uncle Sam e das forças imperialistas em avançado estado de decadência. Que respostas terá o nosso representante a dar ao outro seu “amigo” venezuelano? Os capítulos dessa novela hão de continuar. Esperemos.

CONSTRUIR OUTRO MUNDO EM MEIO Á TEMPESTADES

SOBRE CONSTRUIR OUTRO MUNDO EM MEIO Á
TEMPESTADES
(Baseado em estudo de Immanuel Wallerstein em LMD.)


Quando Roma deixou de ser a poderosa Nação dominante do mundo antigo, e em situações similares a algumas das nossas, neste mundo moderno, não se viu rompida a cadeia natural do andamento das economias, do comércio e das indústrias da Europa Medieval bem como a da Europa Renascentista. Pode ter havido um estremecimento generalizado ou localizado naquelas nações de menor porte, porém sem a força esmagadora da desestabilização daquelas economias sempre incipientes.
Turbulências sempre as houve na História da Humanidade – não será diferente hoje – justamente pela heterogeneidade das nações, e mais crescente se fazia porque fácil não lhes era o contato imediato com outras nações como temos nós, atualmente. Os transportes eram lentos: feitos a cavalo, carroças, barcos pequenos de poucas velas, para viagens curtas, ou até mesmo a pé.
Hoje, a internet tem papel preponderante. Provê conversações rápidas que vão levar as medidas também urgentes; fazem-se conferências virtuais com caráter de “ao vivo”. Hoje, não existem distâncias que não possam ser vencidas. A internet agiliza todos os tipos de ações como vendas, trocas, movimentações financeiras e as coisas mais comuns.
Roma também sofreu o declínio inadiável e insuperável a todo e qualquer fenômeno que envolva o pensamento humano e a sua ação sobre questões da vida. Não há escape. Assim é com tudo e com todos. É a infalível curva da existência: nascer, crescer, envelhecer e morrer, na ordem natural. Quaisquer civilizações, por mais antigas que tenham sido e dominado o mundo, tiveram suas ascensões e declínios.
Um já se encontra em franca derrocada após o predomínio de algumas décadas sobre os demais, principalmente pós II Grande Guerra. Quando lhes faltam argumentos lançam mão das chantagens econômicas – caso de Cuba – das ameaças de invasões concretizando, eivados de enganos, as avaliações que darão sustentabilidade às truculências.
Quanto à delicada questão da moeda poder-se-ia pensar em apenas uma, que sirva a todos como parâmetro a um padrão econômico. Como cidadão do planeta, mais uma vez darei a minha humilde opinião ventilando sobre a possibilidade de ser estabelecida nova moeda universal; nem dólar nem euro – aquele em declínio, e o segundo ainda não é unanimidade no Continente mesmo em que flutua, ainda que seja a mais nova moeda da Era moderna. A nova moeda seria baseada na somatória das reservas-ouro nos Bancos Centrais de todos os Estados do planeta com a sigla “A$” de “Áureo”. Sendo o “Áureo” moeda universal única, nenhum país sofreria com a conversão para o dólar – antes forte – ou para o euro de suas novas riquezas e estoques denominados nessa moeda. O mundo inteiro está há muito tempo – décadas – sustentando os EU.
Sugerir-se que caiba ao Euro substituir o dólar poderá ter alívio e sucesso a curto prazo, mas recairia na mesma trilha do dólar, sem haver mudanças de objetivos e cuidados à coisa pública e com o respeito às Nações livres. Não pode nem deve haver uma moeda que exerça domínio sobre outras. Isto é incompatível nos tempos atuais em que há países em franco desenvolvimento e com crescimento acima dos 6%, e até mais, serem submetidos aos caprichos de uma só moeda que, sem dúvida, tenderia ao mando indiscriminado servindo, apenas, aos interesses e de ameaças de boicotes econômicos – tão em moda – e outros meios, que iriam estrangular o crescimento de nações irmãs.



O Brasil é o mais puro exemplo do que foi dito atrás. Outra medida, para acabar com as diferenças e distribuir a paz perene entre essas nações, seria o término das fronteiras – teriam reservadas as prerrogativas geográficas de posse – que facilitaria em muito a burocracia com menos papelada, carimbos, etc., usando-se, tão somente, uma identidade para se atravessar de um país a outro. Isto já se pratica entre o Brasil e a Argentina, a mim parece.

Com relação aos aposentados – assunto bem abordado pelo nobre Immanuel Wallerstein – esta é uma questão de não só “vergonha nas caras” dos dirigentes como de vontade política. Não deve e nem pode haver prática diferenciada no trato aos direitos dos cidadãos aposentados em qualquer parte do planeta. Um órgão especializado – há tantas ONGs por aí defendendo seus escusos interesses – e infenso ao “vírus da injustiça” teria a incumbência de regular todas as aposentadorias, em cada estado, e nunca permitir achatamento dos ganhos miseráveis que são vistos por aí, e como soe acontecer, principalmente aqui no Brasil com o governo Lula numa continuidade do seu antecessor. Muitas coisas não sofreram a globalização? Por que não esses ganhos, de modo a acompanharem os reajustes dos da ativa, que seriam não só justos como de direito? Não é favor algum, é uma obrigação a qual não podem fugir.
Passemos, agora, ao protecionismo maciço limitando fortemente as exportações para proteger o abastecimento interno. É uma boa possibilidade digna de estudos criteriosos, e deveria estar, há muito, em prática e sem restrições. Ainda sobre a manutenção da Saúde, da Educação e da Previdência, e Emprego – acrescento – é uma questão meramente política como o é a em relação à Previdência, já assinalada anteriormente.
Agora, sugerir cortes na área social é pedir demais, pois já os há sem que ninguém os peça, infelizmente.
Por que não taxar, por exemplo, as grandes fortunas? Sim a todas as dos grandes e pequenos países. Por que não? Não são taxados sem dó nem piedade os misérrimos salários dos trabalhadores e da classe média?

Ilya Prigogine e Isabelle Stengers – autores de “A METAMORFOSE DA NOVA ALIANÇA” – apodaram bem a “ordem emanada do caos”.

Há, sim, criatividade e alternativas para se construir outro mundo em meio à tempestade porque se esta existe, está aí pela incúria de homens que conduziram as gestões econômicas e sociais das Nações a seu bel-prazer.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

RECOMENDO À LEMBRANÇA O NORDESTINO JOSUÉ DE CASTRO

Em 22/07/08

RECOMENDO À LEMBRANÇA O NORDESTINO JOSUÉ DE CASTRO


Em 05/09/08, nascia no estado de Pernambuco o futuro médico, sociólogo e escritor Josué de Castro. Como isso não bastasse - tanto interesse diversificado - ainda foi deputado federal por 3 mandatos e, ainda, culminando na honrosa posição político-social de Presidente da FAO de 1952 a 1956. Sua carreira intelectual não se ateve apenas a escrever romances como Homens e Caranguejos - livro que destrincha a vida mimética de homens e caranguejos nos lodaçais dos mangues do Capiberibe e nos bairros miseráveis de Recife, tais como Afogados, Sto.Amaro, Pina e Ilha do Leite. Diz o eminentíssimo homem público que estes lugares foram a sua Sorbonne.

Morador em Natal, de 1947 a 1956, eu mesmo tive a oportunidade de observar em nossos mangues,próximos à Praia da Redinha, às margens do Rio Potengi, onde passava as férias escolares famílias inteiras, ainda de madrugadinha, marcharem impávidas para o lamaçal a fim de caçar os crustáceos que não só lhes serviriam como alimento, mas os vendendo tivessem dinheiro para comprar farinha, rapadura e café. Se sobrasse algum tostão levariam peixe-voador e aves de arribação - vindas da distante África até ao nosso continente, para a procriação - que lhes serviriam como regime alimentar também. Mas, como coisa gravada indelevelmente em minha memória a fustigar meus sentimentos, a cena de homens, mulheres e crianças, atolando seus braços até à altura dos ombros, para remexer o que não viam, era triste demais; eles nadavam sobre a podridão, - "habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos", no dizer do próprio Josué de Castro - porém, lá do fundo daquele lamaçal putrefato, e de odor nauseabundo, traziam aqueles habitantes dos mangues que significava as suas sobrevivências. As criancinhas - bochudas de tanto comerem torrões de terra que retiravam às paredes de seus tugúrios - amareladas e de perninhas finas como as aves pernaltas, tinham olhares tristes e pedintes, aguardavam o pirão feito com o caldo do caranguejo ou a farinha seca com raspa de rapadura ou, ainda, o "ensopado" de palma - antes servida só aos animais.


Josué de Castro foi o homem de coragem que desnudou ao mundo a Fome universal - não só a fome regional - porque em todo o planeta a fome grassa como praga difícil a ser exterminada. A FOME - essa ausência não só de alimentos se acha ligada ao que o sociólogo designou de "subdesenvolvimento" - é a "expressão biológica de males sociológicos". Dizia ele, consciente, e quase visionário, que "não bastava somente o aumento da produtividade de alimentos, mas os meios suficientes à população mundial para adquirir essa dádiva da terra". E isto não há, principalmente aqui no Brasil.

Já disse, em comentário anterior sobre a Fome que hoje não temos mais um Deus (Jeová) fazendo chover o maná, que alimentou milhares de hebreus em pleno deserto quando da histórica marcha daquele povo até Canaã - a Terra Prometida a Moisés e ao seu povo. Também não temos mais um Moisés e o seu bordão que arrancava água das rochas. E em futuro muito próximo, é preciso termos consciência, faltará ao mundo o precioso líquido que, se consorciado à falta de alimentos, se transformará não numa hecatombe rápida, como foi com o dilúvio, mas deverá ser lenta, sofrida, de agonia extremada a toda população do planeta. Se não temos um Moisés, por um lado, nem um Deus Pródigo com a sua chuva de maná, por outro lado, não teremos mais um Josué de Castro a descortinar a verdadeira situação da FOME sempre escondida por governos, "escamoteada como coisa vergonhosa a ser mostrada” – frase do grande homem Josué de Castro que veio a óbito em 24/09/73, em Paris, na condição de exilado.

Como disse a Doutora em Sociologia Aplicada, e professora titular da UFRJ, Anna Maria de Castro, filha do nosso verdadeiro herói nordestino, "É este homem que o Brasil de hoje precisa deixar de ignorar", e eu acrescento: o Brasil de hoje e de SEMPRE não pode mais ignorá-lo. Os livros "GEOGRAFIA DA FOME" e "GEOPOLÍTICA DA FOME" são as suas mais importantes obras traduzidas em 24 línguas! Façamos justiça a esse homem que não a teve das nossas autoridades e que tentaram relegá-lo num exílio covarde. Graças, porém, às inteligências claras, ainda no planeta, ele foi mais do que agraciado com diversas comendas, títulos e posições no cenário mundial. Quem desejar saber mais sobre esse iluminado brasileiro, que não se curvou diante da truculência de governos militares, acesse, por favor, o site
www.josuedecastro.com.br
Morani

sábado, 19 de julho de 2008

EM LOUVOR A DEUS

EM LOUVOR A DEUS


Quem acalma as procelas
Rompendo as broncas penedias?
Quem comanda as noites e os dias
Movendo astros de milhões de velas?

Quem dá beleza aos vales tranqüilos,
Agita o mar, acende o firmamento,
Dá aos seres todo o movimento
E a agilidade aos indefesos esquilos?

Que protege as aves aos vendavais,
Dá beleza aos lírios dos campos
E empresta luz azul aos pirilampos?
Quem pode fazê-lo? Quem? Quem mais?

Quem organiza todas as células
E sonda o Homem interior?
Quem tem a dar mais amor
E leveza às asas das libélulas?

Tudo é tão simples para ti, Senhor.
Só o Homem – sem compreender tudo –
Extasia-se e permanece mudo,
Escravo do medo e prisioneiro da dor.

Quem mais pode do que tu, Senhor?

Morani

sexta-feira, 18 de julho de 2008

CONSIDERAÇÕES SOBRE JOSUÉ DE CASTRO

CONSIDERAÇÕES SOBRE JOSUÉ DE CASTRO
– MÉDICO, GEÓGRAFO E SOCIÓLOGO –




Ao se dar o encontro recente da FAO, em Roma, conjugando de uma só vez governos e presidentes de várias nações para debater sobre a fome e a pobreza do mundo - A FAO é o órgão que tem essa aba de preocupação, e deveria ocupar não só as cabeças dos dirigentes mundiais como seus corações, pouco usados nos momentos mesmos em que exercem um mandato executivo em seus países – seria ponto de honra a todos os mandatários a alusão ao nome do maior guerreiro contra a fome e a miséria que assolam, desde muito, o nosso planeta. Seu nome? JOSUÉ DE CASTRO, humanista pernambucano e, pois, brasileiro e conterrâneo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também daquele estado, mas totalmente avesso a incorporar mais esse conhecimento aos seus (?) sobre o homem que foi Presidente das FAO de 1952 a 1956, e autor de dois famosos livros que abordam o assunto: GEOGRAFIA DA FOME e GEOPOLITICA DA FOME, traduzidos em 24 línguas.
Deixarei de lado mais detalhes sobre o trabalho desse sociólogo de vulto para propor o que abaixo menciono. A alguns poderei parecer um desses “alouprados” – termo usado pelo presidente Lula que o adora trazer à baila, em seus pronunciamentos plenos de irritação – (se acossado pela oposição farisaica, no dizer do meu amigo Hudson Luiz Vilas Boas do blog “Dissolvendo no Ar”) – e propositor a um estado utópico do dever que seria imposto aos candidatos a cargos eletivos e, pois, formadores de idéias, leis, princípios da ética e dos direitos dos cidadãos.
Em primeiríssimo lugar, esses dois livros deveriam ser a “Bíblia” de todos os políticos e politiqueiros começando pelos Gabinetes da Presidência da República e se estendendo aos demais do Senado, da Câmara, do Judiciário e os da Previdência.


Além desses, os existentes nos principais Ministérios que tratam da produção de alimentos, do transporte e da distribuição da referida produção, sem esquecer o Ministério do Planejamento e outros ligados à economia e à verdadeira distribuição de riquezas – para que os lessem e tivessem iluminadas as suas mentes tacanhas, e por isso mesmo regressiva, egoísta e eivada de números estatísticos.

As leituras a esses dois mencionados livros deverão ser obrigatórias e passíveis de reciclagem a médio prazo, mas nunca se deixando de “sabatinar” a todos os que têm a primazia ao mando e a todos os demais parlamentares, ministros, secretários, juízes e seus pares de todas as instâncias. Ao invés de ficarem sem nada a fazer nas “férias”, colidiriam dados importantes, por exemplo, de todas as instituições previdenciárias de todas as nações que encaram o problema social como primazia a todos os governos e, ainda, consorciada aos problemas da produção de alimentos e da miséria que campeia nos países em desenvolvimento ou pobre. Teria o caráter de um “vestibular” assegurando ao povo, que confiou nessa elite, às verdadeiras medidas corretas em seu favor. Ainda deveriam ter noções de agricultura, exportações e importações, transportes, taxas e impostos que recaem sobre gêneros de primeira necessidade – sem esquecer os remédios – câmbio e uma simples noção de Relações Públicas e de Relações Exteriores. Seria pedir muito? Com tal cabedal de conhecimentos ainda que superficiais, as Nações do mundo teriam parlamentos totalmente congraçados as mais profundas necessidades dos povos. Seriam políticos preparados, homens com outra visão de vida e não simples enunciadores de “números estatísticos” – frios como metais sob a “refrigeração” de suas indiferenças.
O Homem não é um ser desprovido de emoções, sabe-se; e, para se manter digno de sua existência, deverá ter trabalho e salário digno para atender a todos os seus compromissos diante de uma sociedade que não pode exigir dele além dos meios oferecidos pelos atuais homens que comandam as políticas sociais e econômicas.


Isso posto, tenho a convicção de que no futuro apenas homens, com profundos conhecimentos intelectuais envolvendo política social e econômica, poderão postular cargos de importância tão relevante como é a de um legislador e a de um governante. Não haverá mais lugar para os “meia-solas”, os enganadores, os politiqueiros assanhados que se movem pelos augustos e luxuosos corredores e anfiteatros dessas Casas de Leis. Para as devidas cobranças – que não deverá ter mais pela probidade de seus representados – se elegeria, a titulo de garantia, uma Pequena Câmara de doutos senhores saídos do seio do povo. Aqueles dois livros do eminente doutor Josué de Castro deverão ser as bússolas desses mesmos senhores. Assim, a humanidade daria a volta por cima, saindo dessa complicada e emaranhada teia de injustiças e confusões que levam povos aos levantes, às revoluções e aos desmandos; todos os governantes não mais pensariam apenas em demandas contra outros povos mais fracos e carentes, mas trabalhariam para fazer das “Reservas Primárias” um outro objetivo – o de levar a todos igualmente seus direitos à Vida e todos os seus princípios de bem-estar, social e humano. Dever-se-ia pensar, ainda, em perdoar dívidas dessas nações que ainda não estariam à altura daquelas que desde há muito vêm acumulando riquezas, protegendo suas agriculturas com subsídios e investindo pesado em países em desenvolvimento – aqueles cujo futuro se fazem risonhos.

Como menciona a comentarista e colaboradora do Le Monde Diplomatique, o nosso doutor Josué de Castro “cultivava, desde a década de 1950, uma visão sistêmica do desenvolvimento”. Somente com o aumento da produtividade agrícola e a distribuição de alimentos, o Homem não resolveria os agudos problemas da fome e da miséria. Inteligentemente, ela diz que “a leitura ou releitura”, hoje, da “Geopolítica da Fome”, por aqueles que organizaram o encontro mencionado nas primeiras linhas desse meu comentário, seria uma bela e expressiva homenagem ao grande humanista que teve a FAO em suas mãos dirigindo os destinos da Instituição nos anos 50.


O resgate da memória – diz ela – é sempre uma condição sine qua non para se projetar o futuro. E o futuro bate incontinente às nossas portas; se faz presente em nossas necessidades atuais; mostra-nos friamente que a continuar do jeito que se faz caminhar a diplomacia dos povos livres, não teremos muitas chances de construir um futuro de igualdades e de direitos imanentes aos seres humanos, que deverão escapar à hecatombe que se desenha muito claramente no horizonte de todas as Nações.

“A crise de civilização exige um novo modo de viver e de pensar. Trata-se de alcançar não apenas um melhor nível de conforto, mas também uma melhor qualidade de vida em todos os sentidos” (Josué de Castro).

Adotar um novo paradigma deve ser a ação imediata dos povos, mediante novas reuniões de poderosos; praticar-se uma higiene em todos os Parlamentos, como propus atrás, sem medo de me tornar ridículo ou ser taxado de néscio. Digo, porém, que os homens que realizaram o encontro de Roma perderam a oportunidade de iniciar a corrida para todas as mudanças necessárias a uma Humanidade mais conscientes de seus deveres e direitos. Haverá tempo? Só mesmo o Tempo terá as respostas que todos nós, que pretendemos a igualdade dos povos, ansiamos.
Morani.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A MATEMÁTICA DOR DE UM PROFESSOR DE PORTUGUÊS

A MATEMÁTICA DOR DE UM PROFESSOR DE
PORTUGUÊS


Quando se é moço ainda, não sabemos medir a extensão da dor de nossos semelhantes. Vemo-los em tortuosos sofrimentos sem, contudo, sermos contagiados por isso. Testemunhamos suas lágrimas sem sentirmos os nossos olhos arderem, o que teria o toque de comunhão espiritual e humana. Isto não deve se constituir em motivo de vergonha ou em uma prova de desamor.
É que temos o nosso lado difícil – coisas insuperáveis que nos assaltam todos os dias, a toda hora, porque ninguém é de ferro.
Quando atingimos a idade das reflexões mais aprofundadas e eivadas de uma ligação mais fiel aos princípios de solidariedade, então, sim, vamos nos unir à dor daquele que sofre uma perda, ou seja, o que for que lhe traga sofrimento impossível de ser amenizado. Palavras e palavras são só o que teremos à disposição de quem sofre.
Lembro-me de que tive um professor de português no Ateneu Norte-riograndense, em Natal. Homem bom, meu amigo leitor, escrupuloso, trabalhador dedicado à sua nobre profissão. Lembra-me suas roupas humildes – ternos surrados de tão antigos; calçados já refeitos nos solados mais de uma vez. Quando ele aparecia de terno e alpercatas aos pés, podia-se avaliar que o velho e batido calçado se encontrava no conserto, para mais um solado.
Nessa época, Parnamirim era quase um município. Era lá que ficava a Base Aérea construída pelos norte-americanos durante a II Grande Guerra para que os aviões vindos dos EUA ali fizessem pouso, para abastecimento e revisão. De lá, levantavam vôo até à África.
Houve uma solenidade nessa Base Aérea para a qual foi o nosso professor convidado a dar uma palestra aos oficiais.
O filho mais velho, desse professor cujo nome me foge à lembrança, mostrou interesse em conhecê-la para tocar com as suas mãos a fuselagem das aeronaves de caça. O pai, amoroso aos seus filhos, levou o rapazinho. E lá se foram numa das viaturas da Base que os veio apanhar em casa.
Retornando a Natal, a viatura teve um dos pneus dianteiros estourado. O veículo militar capotou. No acidente, vários passageiros – oficiais e civis como os dois – foram atirados para fora. O rapazinho foi arremessado para mais longe, na primeira capotagem. Ficou caído ao chão imóvel. Seu pai, nosso bom professor, correu em sua direção. Segurou-o para despertá-lo do choque. A criança pediu um copo d´água ao seu pai, vindo a óbito em seus braços. Um urro encheu a bela tarde. Desesperado, o pai apertou-o contra o seu peito sacudindo-o sem parar. Ninguém mais se feriu, além de pequenas escoriações sem gravidade. O seu filho foi a única vítima fatal.
Com a notícia do infausto passamento do rapazinho, o diretor do Ateneu, Senhor Celestino, encerrou as aulas liberando professores e alunos. Fomos à casa pobre do nosso professor. Em estado de choque, falava para todos que o filho estava com sede, que queria água. Ela ia à cozinha, voltando com um copo cheio para dar ao filho inerte em seu caixãozinho. Quanto desespero e quanta dor naquele coração que se culpava por ter cedido à solicitação do primogênito. Eu, de minha parte, olhava as idas e vindas do pai à cozinha e de lá à sala, sempre com um copo de água à mão. Não irei dizer que não senti emoção alguma, mas não na agudeza que se fazia normal diante daquele quadro. Enfim, de algum modo, talvez egoísta de minha parte, olhava tudo como se estivesse assistindo a um filme trágico. Não compreendia a extensão da tragédia, nem o ir e vir do velho professor que sentia a matemática de sua dor porque exata como a matéria, mas sem a solução que ele desejava; afinal, era apenas um professor de português.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

RESSUREIÇÃO

EM 09/07/08

DESPERTAS DENTRO DE MIM
UM NÃO SEI QUÊ DE MAGIAS.
DESABROCHAS PRIMAVERAS
NUM CORPO OUTONAL.
RESPIRO ESSE AR SOLENE E PURO
QUE DESMANCHAM OS TEUS CABELOS
ÁS BORDAS DE MEUS OLHOS PARADOS,
NO SUSTO DA SURPRESA DA TUA VISÃO!

QUERO TODOS OS CAMINHOS PERDIDOS,
OS CAMPOS DISTANTES E ESQUECIDOS,
E TODAS AS FLORES, E TODAS AS PLANTAS,
E TODOS OS PÁSSAROS, E RIOS
E AS PROFUNDAS VOZES DOS BOSQUES
COMO O GESTO RÁPIDO DE UM MAESTRO,
PARA TE DAR IMPREGNADO DE TUDO O MEU CORPO,
COMO FRUTO MADURO DA RESSUREIÇÃO.

SONETO

EM 09/07/08

NÃO HÁ TRISTEZA QUE MAIS CALE FUNDO
QUE O TEU PASSAR POR MIM, INDIFERENTE.
CALO-ME EM MEU SILÊNCIO, E IMINENTE
É A DEFLAGRAÇÃO INTERNA DE MEU MUNDO.

VEJO-TE PASSAR DISTANTE MUITO SILENTE,
FIRME EM TEUS PASSOS E, ALGUMAS VEZES,
LANÇAS UM DÉBIL OLHAR - REVEZES
PELOS QUAIS PASSAM MUITA GENTE.

COM CERTEZA PERCEBESTE QUANTO ENLÊVO
TENHO POR TI, E TUDO O QUE ESCREVO
É REAL, É VERDADEIRO E É SINCERO.

AINDA TROCAREMOS PALAVRAS... CARINHOS...
FINDANDO A SENSAÇÃO DE SERMOS SOZINHOS
SE ME QUEIRAS TANTO QUANTO TE QUERO.

REFLEXÕES QUASE FILOSÓFICAS

Em 10/07/08

"Cada um de nós faz da vida encantamento ou desencanto, tendo cada qual o seu proprio Deus. Porém, sendo Ele Pai amoroso, repartiu-se criando o Homem. E nós, de acôrdo com os nossos atos e pensamentos O matamos ou O vivificamos a cada dia. Deus também morre dentro de nós. Somos os seus algozes."

"Sem mágoas nem tristezas dou hoje adeus à Vida por crer firmemente em um mundo de Luz onde a Paz e a Integridade individuais não podem ser atingidas por fatos exteriores, pois é um mundo interior no qual vivemos o nosso próprio Universo."

"Dizem que a Vida é bela e que vale a pena vivê-la. Concordo, mas acho que estamos sempre a um passo das amarguras."

"Somos todos uns ladrões imbecís. Roubamos de nós mesmos nossa harmonia e nossa felicidade, todos os dias. Por esse tipo de roubo não somos chamados à Justiça, mas Aquele que nos Julga
se cala dentro de nós como testemunha que se acha tolhida de falar."

"A Vida é uma escolha consciente. Saibamos, sempre, escolher o melhor da nossa, e seja ela sempre um exemplo do que pode ser bom para encorajarmos os que nela vão se iniciar, e que tenham a certeza de terem escolhido certo sem a sombra da dúvida que, uma vez instalada, depaupera a Alma."

Não desejei às minhas filhas a parte deteriorada de nossas almas, quando as concebemos. A Vida de cada ser humano já é um fardo tão pesado, eivado de erros e de desenganos... Por que, pois acrescentar-lhes uma carga a mais?"

"Às vezes me sinto despencando no vazio. Aborrece-me e entristece-me o viver. Outras vezes, sinto-me elevado à venturas, ao gozo e à Paz. Essas flutuações podem se tornar perigosas por me dar a certeza de uma desarmonia íntima. Qual dessas sensações sairá vencedora? Nesta dúvida reside todo o meu medo."

"Deus está dormindo dentro de mim e não pode ouvir os meus terríveis pensamentos."

Muitos me conhecem, mas não sabem quem eu sou. Outros sabem quem sou, mas não me conhecem. Outros nada sabem de mim nem procuram conhecer-me íntimamente. Há um grande abismo entre o que sou e o que não sou".

"Só Deus me Conhece e Investiga o meu íntimo. Só Nele tenho um Verdadeiro Amigo. Um dia, habitarei na Mansão do Altíssimo e À Sua Sombra hei de descansar, por longos e longos dias."

A Vida é uma extraordinária Escola. Nela aprendemos a não errar, mas erramos sempre; os nossos erros são como espinhos em nossos olhos, impedindo-nos vê-los. Assim, deixamos de aprender."

"É tão difícil conciliar duas partes perigosamente antagônicas que nem Deus Deseja nos Servir de Juiz."

quarta-feira, 9 de julho de 2008

ESCALADA DA VIOLÊNCIA ?

Em 09/07/08

Ao tomar conhecimento do último crime covarde que chocou a opinião pública, entidades que pugnam pelos direitos de se viver, ministros, parlamentares e congêneres, chego à conclusão - triste e odienta conclusão - de que não há no Brasil de hoje uma "escalada de violência", mas um verdadeiro e permanente "estado de violência" que sobrepuja toda a qualquer medida das autoridades para coibir definitivamente essa "imanência" que desce, não dos céus, mas de todos os morros e de todos os cantos da cidade. Querer citar os morros como fonte da violência hodierna é prejulgar os seus moradores de modo geral. Não se pode admitir tal investida sobre uma população ordeira e trabalhadora que só deseja viver em paz.

Acontece que há uma multiplicação de crimes praticados por homens da polícia militar e civil, e, agora, com a adesão de militares das nossas Forças Armadas, no caso os homens do exército brasileiro. O mundo caduca; as pessoas já não têm segurança nem para morrerem dignamente em suas camas e em seus lares. São colhidos nas ruas, a qualquer hora, sob quaisquer circunstâncias, com culpas ou inculpes. E lá se vão jovens inocentes em mãos criminosas associadas de alguma forma às forças que deveriam manter a ordem e a segurança dentro dos limítes do país.

A polícia despreparada, anda com os nervos à flor da pele; viver ou morrer requer frações de segundos, para uma abordagem pacífica, violenta ou virulenta contra pessoas incapazes de legítima defesa ou o de poder salvaguardar suas prórpias vidas.

O inocente João é mais uma das muitas vítimas que enlutam famílias e toda a sociedade. Vimos nos jornais televisivos a revolta justificada do pai da criança assassinada friamente por políciais que perseguiam um veículo de cor preta e disparado em alta velocidade. O carro da vítima fatal - porque há outras vítimas na história desse imbroglio patrocinado por policiais - estava estacionado à espera de uma abordagem normal. Tal não se deu. Uma chuva de balas varou o veículo, e uma delas atingiu a criança de apenas 3 anos na nuca! A mãe, desesperada, atirou para fora do carro uma bolsa de criança, para identificar os ocupantes do veículo parado. Ainda assim viu mais uma rajada de disparos.

Vamos culpar apenas os policiais? Não! Eles têm sua parcela de culpa, sim, mas não se pode é esquecer que por trás das armas assassinas, e do terror desses policiais, sem tempo para medirem o momento crucial à abordagem estão os cabeças principais - seus comandantes, suas academias inúteis, e o Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro. É por esse que se deve começar os questionamentos, e descendo, até ao último escalão dessa força auxiliar.

Reciclar é o termo do momento. Ouvimos as declarações veladas de policiais desnudando a verdadeira situação nos quartéis: a falta de orientação e de treinamento para ações nas vias públicas.

Então só vejo "culpados" - todos nós que nos calamos diante desses descalabros sem fim, desses massacres hediondos, desse despreparo de nossos policiais e da indiferença das "autoridades maiores" sentados em seus gabinetes refrigerados e seguros. Que ninguém se engane: tudo isso vai continuar até que atinjam familiares de todas as autoridades - sejam do Executivo, do Judiciário, do Legislativo ou de quaisquer outros Poderes. Então creio que se mexerão, despregando seus trazeiros dos seus tronos em Brasilia, de suas poltronas no Congresso, de suas cadeiras giratórias de seus gabinetes palacianos ou das Delegacias de Polícia.