DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


domingo, 29 de março de 2009

DO FILHO & FILHA [DOS DONOS DO CONGRESSO]

Blog do Morani disse...

29/03/09

(De um comentário do blog "DISSOLVENDO NO AR"

Vamos fechar o mês com o conhecimento de mais uma pouca vergonha no Congresso; aliás isto já caiu, há muito, no poço das coisas "normais" e aceitáveis". Parece, a mim, que em não havendo imoralidades aí,sim,o fato de não havê-las é que se tornam imorais. Tem que haver imoralidade, nepotismo cruzado e cinismo da parte do apaniguado de um dos caciques do Senado.
Sim, há um filho de Lula - Lulinha - que era funcionário do zoológico de São Paulo com salário de R$ 1.500 por mês. Não sei de seu poder em realizar "milagres", mas o “salariozinho” do filhote pariu mais reais (como parem as ratazanas seus filhotes) dando-lhe condições de se associar a uma empresa de comunicação, comprar fazendas, de porteiras fechadas, ter o seu rebanho aceite no mercado comum europeu como bom, sem problemas de saúde, e etc., etc.e etc.. Agora, surge no palco "mal iluminado" do Congresso a secretária "particular" de um senador, porém paga ao sabor do erário publico - o nosso dinheiro - como se o senador em questão não tivesse condições de tirar ao próprio bolso o valor do salário de sua "secretária particular"!.
Não sei até quando irão surgir escândalos como esse que tomam "ares" de coisa normal. Ora, trata-se da filha do ex-presidente FHC. Quer dizer: filho de Lula e filha de FHC estão voando por cima da carniça com sorrisos de hiena a gozarem de todos e a cuspirem em nossas caras.

Ao comentarista Língua de Trapo:

O amigo acredita mesmo nesses resultados de concursos públicos? Tanto faz tê-los como não, os “felizardos” são "recolhidos" ao seio dos imorais. E vem a moça, filha do FHC, cinicamente declarar que não lembra ter ou não recebido "horas extras" em janeiro. Eta Brasilzinho de fuminho bom, sô!

29 de Março de 2009 11:21
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Postado por Blog do Morani às 12:23
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FILHOS & FILHAS

Sábado, 28 de Março de 2009
Filhos e filhas
No final do ano passado veio à baila a notícia dando conta que o nome de Siméa Antum, ex-amante de Luis Eduardo Magalhães, constava na folha de pagamentos do Congresso Nacional como assessora parlamentar. Na verdade, a notícia não seria algo relevante, não mereceria mais que meia dúzia de linhas nas colunas de fofoca, não fosse o fato de essa mulher, ao menos desde a morte de Luis Eduardo, nunca mais ter aparecido no Congresso, ter se transformado em funcionária fantasma. Após a morte do ex-presidente da Câmara, em abril de 1998, teria passado para a conta dos assessores de ACM. Com a morte do patriarca, ACM Júnior herdou do pai a cadeira e a situação de Siméa. Mais interessante ainda é que Siméa tem um filho de 14 anos fruto do relacionamento com LEM e, no entanto, apenas em setembro último, mais de 12 anos da morte do amante, passou a reclamar os direitos de seu filho as heranças de LEM e ACM – só a fortuna do antigo dono da Bahia é estimada em cerca de 345 milhões. Não é necessária muita sagacidade e argúcia para deduzir o porquê dela nunca ter requerido oficialmente a pensão do filho e demais direitos. Somos nós, o povo brasileiro, que, extra-oficialmente, pagamos por anos a fio essa pensão.

Já ontem, a Folhona trouxe na coluna da jornalista Mônica Bergamo uma entrevista com Luciana Cardoso, filha de FFHH e assessora do senador Heráclito Fortes. Em princípio não vejo nada de antiético no fato duma filha qualquer dum ex-presidente qualquer da república trabalhar num órgão público qualquer, seja concursada, contratada, ou mesmo ocupando cargo de confiança. Assim como acho nonsense a discussão sobre nepotismo no Brasil. Da forma radical como é posto aqui se trata mais de sentença punitiva aos parentes de alguém que se dispõe a participar da vida político-partidária eleitoral do que qualquer outra coisa.

Porém, e sempre existe o porém, isso não me impede de fazer algumas observações. Como a curiosa ligação no fato da filha de FFHH trabalhar para o senador Heráclito Fortes que, como muita gente sabe, é um dos líderes no Congresso Nacional da bancada de Daniel Dantas. Inclusive o nobre senador piauiense anda pra baixo e pra cima num dos jatinhos de DD. O mesmo DD que FFHH recentemente chamou de “brilhante”.

A filha de FFHH trabalha para um cacique do DEMO, todavia, o pai é a principal figura do PSDB, tanto por seu poder intelectual, quanto por ter ocupado a presidência da República por oito anos. Por que afinal de contas a moça não trabalha para Arthur Virgílio – pra quem o nome da capital brasileira deveria passar a ser “Fernandópolis” – ou Tasso Jereissati, ou Flexa Ribeiro, ou Neudo do Couto, todos do PSDB. Alguém poderá até aludir sobre o fato do DEMO ter uma aliança – que parece sólida – com os tucanos, entretanto, e justamente, na recente disputa pela presidência do Senado houve um conflito de interesses onde ambos estiveram em lados opostos. O PSDB apoiou o candidato petista Tião Viana, enquanto os herdeiros do PFL preferiram – como sempre – o atraso, naquele momento atendendo pelo nome nada auspicioso de José Sarney. Aliás, Heráclito Fortes se saiu bem com a recondução do “Senhor do Maranhão e do Amapá”, visto que no momento ocupa o cargo de 1º Secretário. Ou então não seria mais fácil colocá-la dentro do PSDB com alguma função especifica. Ah, claro!!! No senado quem paga seus vencimentos somos nós, os contribuintes.

Outra questão, essa pra mim muito delicada, pra dizer o mínimo. Luciana Cardoso afirma que parte do seu trabalho é cuidar de coisas pessoais do senador e coisas de campanha. Sinceramente, não sei se há algo de ilegal em uma funcionaria pública tomar conta de assuntos pessoais de sua chefia imediata. No entanto, não podemos nos esquecer que enquanto funcionária pública ela é paga com recursos do Erário. Portanto, aí sim, existe algo extremamente antiético. Ademais, fica evidenciado o desvio de funções. Ou será correto o povo brasileiro pagar para que o senador Heráclito Fortes tenha uma secretária cuidando de suas coisas “pessoais” e de suas “campanhas”. Eu, na condição de contribuinte, caso consultado, me recusaria a pagar por tanto, seja para Fortes e para qualquer outro membro dos Poderes Legislativo, Executivo e/ou Judiciário.

Outra questão, ou melhor, duas. Luciana Cardoso disse que trabalha a maior parte do tempo em casa. É de indagar se esse tipo de expediente é usual no Senado ou se apenas a filha do ex-presidente usufrui tal beneficio. E ainda, é difícil engolir que Luciana não sabe se recebeu ou não horas extras em janeiro. Ficaria mais bonito pra moça dizer que recebeu e pronto. Caiu-lhe muito mal dizer que não sabe. Ou será que ela tem mais coisas a esconder do que apenas as horas extras de janeiro?

Quando a grande imprensa e a oposição farisaica, irmãs xifópagas, descobriram que um dos filhos de Lula estava progredindo no ramo de comunicações, se não me engano¬, não tiveram dúvidas e imediatamente fizeram elucubrações sobre uso da máquina pública e trafico de influências. E agora, que uma filha de FFHH é descoberta tendo uma “boquinha” no senado, o “pecado” passará batido? Não pedirão uma CPI que tanto adoram.

Ao menos a Folhona da Ditabranda nos revelou mais este pequeno escândalo. Mas é sempre bom ficar esperto, pois com a midiazona é assim, quando muito, uma no cravo e duas na ferradura.


LUCIANA CARDOSO

"O Senado é uma bagunça"

sexta-feira, 27 de março de 2009

AS MENINAS DA CAMPO SALLES

27/03/09

A partir desta data, editarei uma crônica de meu livro "AS MENINAS DA CAMPOS SALLES". Se leitores conseguir para elas, e suas aprovações, será bom, mas de qualquer modo as crônicas hão de aparecer todo final de semana. Abro, hoje, com a que deu o título ao livro.


Toda rua é uma festa, um local de alegrias, transbordamentos de sorrisos gentis, de alacridade e de exuberantes movimentos de corpos elásticos! Toda rua é jovial se nessa rua morarem meninas encantadoras e inocentes.
Lembro das ruas onde morei: quase todas nos subúrbios amenos do Rio de Janeiro; outras em Natal, RN, e em São Paulo. Nas do Rio, onde vivi de 1940 a 1947, havia no ar, impregnado de inocência, um convite a reuniões noturnas debaixo dos postes para conversas banais do dia a dia de cada um, ou para brincadeiras de todas as naturezas: corda, roda, jogo das pedras e amarelinha - esses para as meninas; pique-e-esconde para os meninos.
Era um vicejar de lindas criaturas felizes e despreocupadas, apesar do estado de guerra em que se vivia àquela época. Os pais, responsáveis pela pureza das brincadeiras e seus resultados pacíficos, se demoravam nas calçadas, todos sentados, em conversas animadas. Havia, então, uma união cordial de sentimentos e de apreensões por causa mesmo da guerra que se desenrolava nos campos de batalha, na Itália. Muitas daquelas crianças tinham alguém da família por lá, mas não se tolhiam às alegrias próprias à juventude. Que lindo era verem-se tantos jovens alegres e sem maldade nos corações, brincando juntos numa comunhão fraterna!



Em Natal, no Rio Grande do Norte, não havia muita diferença entre os folguedos na Campos Salles e as brincadeiras da avenida Coronel Estevão, mas lá as mocinhas não se misturavam aos rapazes; elas brincavam sós, separadas dos garotos, para não se verem tentadas a fazer algo que envergonhasse a família. Isto em 1947! A juventude natalense era mais atirada porque era costume mocinhas fugirem com rapazes da mesma rua, ou mesmo de outras ruas, para se amasiando viverem juntos depois, sem as costumeiras reuniões familiares de celebração da união. Era a falta de recursos, mas também a coragem dos jovens de enfrentarem, passado o evento, as fofocas e as reprimendas de alguns pais, mas, diga-se de passagem, coniventes ao ato!
Na rua onde moro presentemente, as meninas se reuniam num “rodinho” para jogar vôlei, brincar de coisas de meninas, “botar conversa fora”, como diziam. Eram jovens da Campos Salles no bairro do Perissê. Havia Thais, Thamires, Laís, Lívia, Mayara, Marina, esta minha neta, e algumas outras da Rua Bela Vista. Rapazes e moças se juntavam para brindar a alegria de viver em um bairro tranqüilo. Da minha janela eu acompanhava a reunião daquelas moças e daqueles rapazes, também vizinhos.
Tornaram-se amigas confidentes e coniventes com namoricos e mexericos, que sempre havia entre elas. Dava gosto vê-los juntos, unidos. Lembravam-me as nossas reuniões nas ruas onde vivi na minha infância e mocidade.


Hoje o “rodinho” anda vazio. As alegrias que transbordavam dali desapareceram dando lugar a um silêncio igual às de ruas sem jovens, sem almas, sem o viço da juventude!
Atualmente, as amizades sofreram solução de continuidade; romperam-se, sem mais nem menos, desconsorciaram-se sem a esperança de um reatamento saudável!
Então, hoje, restam as amizades em dupla: Marina e Laís; Thamires e Mayara; Letícia e Camila, etc. Apenas Thais ficou desgarrada das demais. Lívia, a irmã de Lais, separou-se porque muito jovem deu à luz uma criança, mas já vinha se distanciando das outras talvez pela responsabilidade dos estudos!
A nossa Rua Campos Salles hoje é uma rua “morta”, sem o brilho de antes, sem o viço dessa juventude animada que hoje se estiola em meio a um distanciamento tácito nascido por obra e graça de fofocas de todas elas! É uma pena! Não valeram os meus conselhos, as minhas palavras, os meus apelos à união de antes.
Assim, a Campos Salles perdeu de uma vez para sempre a sua personalidade, a sua intimidade e o seu espírito jovial com o qual esses jovens engrinaldavam nossa rua. Para onde estão levando toda aquela alegria? Toda alegria que ornamentava a Campos Salles, para onde foi?

quarta-feira, 25 de março de 2009

SOBRE "CHOQUE DE GESTÃO"

Blog do Morani disse...

24/03/09

Acabo de ler o comentário "CHOQUE DE GESTÃO = DESMORALIZAÇÃO DO SERVIDOR PÚBLICO"

Dele só posso fazer uma simples comparação e mais nada, mesmo por que
vem me causando asco tecer qualquer comentário que esteja relacionado às medidas dos governantes.

Para mim, Aécio é mais um engodo passando colado à patética figura do Lula amineirado. A sanha da injustiça contra os servidores públicos é a mesmíssima. A trinca - até agora - dos futuros candidatos à Presidência da República - traz em seu bojo o vício dos mesmo erros e das mesmas medidas arbitrárias. Torno a perguntar: quem era Aécio Neves antes da morte de Trancredo Neves? Quem era Dilma Roussef antes da Era Lula? Quem é esse governador de São Paulo? São Paulo nada em rios podres de lamas, de sujeiras e de descasos, tanto da administração municipal como da estadual. Se São Paulo sofre na temporada das chuvas; se o PAC emPACa; se os funcionários públicos mineiros são tratados "gentilmente" mal, o que se esperar dessa súcia de incompetentes? Dilma é "filha abortada" de Lula; Aécio é paraquedista de momento; e o Serra deveria servir a outras finalidades, mas bem distante de Brasília. Já nos chegam os "tumores" que por lá vegetam em todos os setores da administração pública.

24 de Março de 2009 11:45

SUGESTÃO AO GOVERNO PAULISTA - EDUARDO SUPLICY

-feira, 24 de Março de 2009
Datafolha – SP
A mais recente pesquisa Datafolha sobre a sucessão ao governo de São Paulo mostrou alguns dados interessantes. Pela pesquisa nota-se que o Grupo Folha já dá como consumada a candidatura de José Serra à presidência da República – ou então por qual outro motivo o nome do atual governador não seria aventado em nenhum cenário pesquisado? Passa-se assim aos incautos leitores a sensação que não há uma disputa fratricida entre Serra e Aécio dentro da agremiação tucana. A pesquisa também revelou a força que o PSDB ainda tem no estado após 15 anos ininterruptos (des)governando essa unidade federativa – leia o Tucanato e a Tragédia Paulista [http://dissolvendo-no-ar.blogspot.com/2008/10/o-tucanato-e-tragdia-paulista.html ] – além de confirmar que o PT vem sistematicamente perdendo espaço entre os eleitores paulistas.

Quanto aos números da pesquisa em si é interessante ver Geraldo Alckmin largando à frente de seus possíveis rivais (é sempre bom lembrar que o Picolé de Chuchu e Príncipe do Atraso é muito bom de saída e inversamente ruim de chegada, quem mais conseguiu ter menos votos num segundo turno do que os obtidos no primeiro???). O Príncipe do Atraso conta hoje, segundo o Datafolha, com um percentual que varia entre 41% e 46% das intenções de voto de acordo com o cenário apresentado. Seu pior desempenho seria diante de Marta Suplicy. O tucano da Opus Dei crava 41% enquanto a petista fica num longínquo 13%. Nos outros dois cenários apresentados em que aparece o nome do ex-governador, tendo os petistas Fernando Haddad com 1% e Antonio Palocci com 3%, Alckmin tem respectivamente 46% e 45% das intenções. Outros possíveis candidatos a se destacarem dependendo do cenário, o nome de Aloysio Nunes substituindo o de Alckmin foi testado em dois dos cinco cenários, foram Paulo Maluf (entre 13% e 20%), Luiza Erundina (entre 7% e 14%) e, quem diria, Soninha Francine (entre 5% e 10%).

Também é importante ressaltar a não inclusão do senador Eduardo Suplicy. Claro, alguém dirá que ele não é suficientemente "confiável" à cúpula do partido por não rezar a cartilha da Articulação (antigo Campo Majoritário), portanto, o estado maior petista dificilmente o lançará candidato. No entanto numa eleição tão importante para os objetivos e futuro do Partido dos Trabalhadores, e especialmente delicada como no caso de São Paulo, por que não levantar a idéia do senador Suplicy ser o postulante do partido ao Palácio dos Bandeirantes?

Acredito que o PIG não colocará por conta própria nome de Eduardo Suplicy entre os possíveis candidatos por uma questão simples. O senador tem simpatia e votos e poderia mostrar-se bem melhor colocado nas intenções de voto que Marta, Palocci ou o ministro Haddad (que faz um bom trabalho à frente do Ministério da Educação). A idéia do PIG é passar aos seus leitores que o PT não possui candidato forte a sucessão de Serra e emplacar de vez algum nome da sacrossanta aliança entre PSDB/DEMO/PMDB que se formou no estado.

Estrategicamente não seria má idéia ter Eduardo Suplicy como candidato. Abriria espaço para Mercadante, outro candidato em potencial, tentar a reeleição ao Senado, enquanto Marta e Haddad poderiam disputar uma cadeira na Câmara com enorme chance de puxarem a legenda para cima. Mais, o PT não perderia nada. O mandato de Eduardo Suplicy só encerra em 2014. Caso derrotado voltaria normalmente ao Senado. Como São Paulo é um estado extremamente conservador e apegado ao "udenismo", um nome há tanto tempo na política, porém, nunca maculado por denúncias de corrupção ou improbidade e tradicionalmente reconhecido como moderado, viria a calhar.

Pode não ser o nome que gostaríamos para mudar o estado (nem Marta, Mercadante, Haddad e menos ainda Palocci o são), todavia, já representaria um grande avanço em comparação à última década e meia.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 12:28

CHOQUE DE GESTÃO = DESMORALIZAÇÃO DO SERVIDOR PÚBLICO

Segunda-feira, 23 de Março de 2009

Conheçam um pouco da administração neoliberal do neto de Tancredo, Aécinho, aqui nas Minas Gerais.


Manifestação dos técnicos e analistas da Educação foi um sucesso

Extraído do: http://linguadetrapo.blogspot.com/

No dia 06 de março de 2009 (quinto dia útil) os servidores administrativos da Educação de todo o Estado (Minas Gerais) paralisaram suas atividades e foram às ruas de suas cidades manifestar e demonstrar à sociedade a sua insatisfação perante salários tão baixos.

A adesão foi de muitas Superintendências Regionais de Ensino, sendo que em muitas cidades o pessoal das escolas parou e manifestou conjuntamente.

A Categoria dos Analistas e Técnicos da Educação/SINDPÚBLICOS – MG utilizou a imprensa local, redes de TVs, jornais falados e escritos, confeccionou cartazes, faixas e usou a cor preta representando LUTO e REPÚDIO pelo descaso e desvalorização da categoria.

O movimento não para por aí. Daqui pra frente, durante o decorrer do expediente a categoria decidiu trabalhar com morosidade e dificultar os trabalhos desenvolvidos pelas unidades. E a partir de agora, todo quinto dial útil será dia de paralisação e manifestação, com a cobertura da imprensa, e apoio da população.

Cleuza Maria, uma das responsáveis pela organização da categoria Desabafa: “Estaremos agindo e comportando da mesma forma que o governo nos trata... Tudo é moroso... E a execução de atividades também o será. Até porque, o governo nos revolta e concretiza a desvalorização como se o Estado – a SEEMG (Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais) – fosse uma empresa privada, pois acaba de suspender um concurso e faz outro pela MGS, e vai colocar um Técnico em Contabilidade ganhando R$ 1097,00 ao lado de quem foi nomeado, efetivo e ativo ganhando R$ 660,00.

ISTO É ABSURDO E NÃO VAMOS PERMITIR QUE SEJAMOS INSULTADOS DESTA FORMA. CHEGA!

A orientação agora é... Caminhar não é apressar o passo... caminhe, desacelere e vamos chegar lá! SEJAMOS “INTELIGENTES PARA NÃO PERDER ESTA BATALHA”.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às

sábado, 14 de março de 2009

O DISCURSO DE GOULART NA CENTRAL DO BRASIL

Lembro bem essa data de 12 de março de 1964. Por se encontrar a nossa Nação num estado caótico e imperando os interesses de um grupo da nossa elite – aquela que explorava o povo sem nada produzir –, eu estava às vésperas de ir para os Estados Unidos como imigrante regularizado, e com emprego na Eagle Construction & Co., com o salário de US$ 470. À época, um excelente salário se comparado ao que eu recebia na USABRA, aqui no Brasil que até os dias de hoje continua refém de uma classe que engordou com a força dos políticos em geral – parlamentares de Brasília – latifundiários apaniguados de governos, até à data da eleição de Goulart, sempre de braços dados a uma súcia de exploradores do povo.
Atente-se aos parágrafos 7, 10, 12, 15 e 19, em particular, para se ter uma idéia de que foram essas “forças estranhas” que derrubariam, mais tarde, Jânio Quadros da Presidência da República. Às vistas do militares, foi bem mais comprometedor a condecoração dada por Jânio a Che Guevara do que o discurso de Goulart no Largo da Central do Brasil. Eu acompanhei pelo rádio todo aquele histórico momento que me pos em dúvida se deveria ir ou permanecer no Brasil. Vindo dessa profunda dúvida, um choque de interesses particulares me infligiu sofrimento atroz com uma insidiosa depressão, que quase me levou ao suicido. Esse era o Brasil que afligia multidões, que sonegava ao povo os seus direitos, que apequenava, pelo medo, os que aspiravam às reformas sociais justas e necessárias, não essas reformas mentirosas que não passam de uma camada verniz de expectativas angustiantes a um povo injustiçado até a esse momento em que comento o famoso discurso de João Goulart. O Brasil continua o mesmíssimo Brasil de 1964 – política e socialmente falando. As coisas para o povo continuam-nos aos iguais patamares de 1964! Nem o regime militar teve a prerrogativa de proceder a uma séria mudança, a uma defenestração do que continua podre, pela corrupção desenfreada e estúpida que permeia atualmente o governo do PT, instalado pela contínua ignorância popular.
Os que hoje defendem a unhas e dentes essa chamada Democracia são lobos em peles de cordeiros. Abrem esses “cordeiros” suas bocarras, para maior fatia tirar aos direitos constitucionais de um povo sempre “engabelado” por discursos gestados nos mais podres pântanos da imoralidade total, que encampa toda uma sociedade mal formada e mal-intencionada, onde só o seu direito deva prevalecer. Em seu discurso, Goulart não exclui os militares, ao contrário, os conclamou a luta em defesa da Democracia verdadeira que eu, como cidadão, desejo ver implantada aqui, sem os sobejos dessa lama que encobre e tira o brilho deste nosso país como Nação livre e justa, que teimam afirmar ser. Longe estamos dos sonhos de João Goulart agora justiçado por nossas “autoridades”. Lógico, ele não pode mais gritar por toda uma nação porque o calaram à força; não pode mais defender os excluídos, os injustiçados e as vitimas do nosso Brasil dos sertões – os verdadeiros SEM TERRA, brasileiros. E lembra-me bem os alugueis cobrados em dólares, e antecipados, a um povo SEM TETO, e que continua sem. Até quando o Brasil permanecerá em mãos de insidiosos crápulas, desses verdadeiros vampiros travestidos de seres humanos? Justas sejam as reformas necessárias sem ferirem, mais uma vez, direitos adquiridos pelo trabalho e pelo sacrifício de anos de lutas inglórias. Sobre isso, já comentei recentemente. Nada mais tenho a dizer, a não ser esperar... Esperar... E esperar.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O COMICIO DA CENTRAL DO BRASIL

Sexta-feira, 13 de Março de 2009

Há exatos 45 anos o então presidente da República, João Goulart, realizava o comício mais famoso da História do Brasil. A postura de Goulart como mais alto mandatário do país naquele momento ainda é bastante controversa. Talvez tenha sido de certa forma levado pela pujança dos movimentos populares – algo, até ali, praticamente inédito. No entanto se Goulart entrou para a historiografia oficial como político incoerente, titubeante, claudicante e até covarde por algumas atitudes adotadas, é fundamental compreender o momento em que o Brasil vivia. De um lado caminhava rumo à construção duma sociedade mais democrática e participativa com inúmeros atores sociais e políticos surgindo; de outro havia a história da formação da Escola Superior de Guerra e a ideologia que a permeava desde 1949; além, obviamente, dos interesses da burguesia nacional sempre subserviente ao grande capital internacional.

O conteúdo do discurso daquele longínquo 12 de março de 1964 não é apenas um documento que nos remete ao passado a fim de melhor analisá-lo e compreender o desenvolvimento da sociedade brasileira a partir dos acontecimentos desencadeados ali, muito mais que isso, nos ajuda de modo indelével a situarmo-nos no presente mostrando-se atual e didático.

O discurso de João Goulart

“Devo agradecer em primeiro lugar às organizações promotoras deste comício, ao povo em geral e ao bravo povo carioca em particular, a realização, em praça pública, de tão entusiasta e calorosa manifestação. Agradeço aos sindicatos que mobilizaram os seus associados, dirigindo minha saudação a todos os brasileiros que, neste instante, mobilizados nos mais longínquos recantos deste país, me ouvem pela televisão e pelo rádio.

Dirijo-me a todos os brasileiros, não apenas aos que conseguiram adquirir instrução nas escolas, mas também aos milhões de irmãos nossos que dão ao Brasil mais do que recebem, que pagam em sofrimento, em miséria, em privações, o direito de ser brasileiro e de trabalhar sol a sol para a grandeza deste país.

Presidente de 80 milhões de brasileiros, quero que minhas palavras sejam bem entendidas por todos os nossos patrícios.

Vou falar em linguagem que pode ser rude, mas é sincera sem subterfúgios, mas é também uma linguagem de esperança de quem quer inspirar confiança no futuro e tem a coragem de enfrentar sem fraquezas a dura realidade do presente.

Aqui estão os meus amigos trabalhadores, vencendo uma campanha de terror ideológico e sabotagem, cuidadosamente organizada para impedir ou perturbar a realização deste memorável encontro entre o povo e o seu presidente, na presença das mais significativas organizações operárias e lideranças populares deste país.

Chegou-se a proclamar, até, que esta concentração seria um ato atentatório ao regime democrático, como se no Brasil a reação ainda fosse a dona da democracia, e a proprietária das praças e das ruas. Desgraçada a democracia se tiver que ser defendida por tais democratas.

(...)

A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia antipovo, do anti-sindicato, da anti-reforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam.

A democracia que eles querem é a democracia para liquidar com a Petrobrás; é a democracia dos monopólios privados, nacionais e internacionais, é a democracia que luta contra os governos populares e que levou Getúlio Vargas ao supremo sacrifício.

Ainda ontem, eu afirmava, envolvido pelo calor do entusiasmo de milhares de trabalhadores no Arsenal da Marinha, que o que está ameaçando o regime democrático neste País não é o povo nas praças, não são os trabalhadores reunidos pacificamente para dizer de suas aspirações ou de sua solidariedade às grandes causas nacionais. Democracia é precisamente isso: o povo livre para manifestar-se, inclusive nas praças públicas, sem que daí possa resultar o mínimo de perigo à segurança das instituições.

(...)

Estaríamos, sim, ameaçando o regime se nos mostrássemos surdos aos reclamos da Nação, que de norte a sul, de leste a oeste levanta o seu grande clamor pelas reformas de estrutura, sobretudo pela reforma agrária, que será como complemento da abolição do cativeiro para dezenas de milhões de brasileiros que vegetam no interior, em revoltantes condições de miséria.

Ameaça à democracia não é vir confraternizar com o povo na rua. Ameaça à democracia é empulhar o povo explorando seus sentimentos cristãos, mistificação de uma indústria do anticomunismo, pois tentar levar o povo a se insurgir contra os grandes e luminosos ensinamentos dos últimos Papas que informam notáveis pronunciamentos das mais expressivas figuras do episcopado brasileiro.

(...)

Àqueles que reclamam do Presidente de República uma palavra tranqüilizadora para a Nação, o que posso dizer-lhes é que só conquistaremos a paz social pela justiça social.

Perdem seu tempo os que temem que o governo passe a empreender uma ação subversiva na defesa de interesses políticos ou pessoais; como perdem igualmente o seu tempo os que esperam deste governo uma ação repressiva dirigida contra os interesses do povo. Ação repressiva, povo carioca, é a que o governo está praticando e vai amplia-la cada vez mais e mais implacavelmente, assim na Guanabara como em outros estados contra aqueles que especulam com as dificuldades do povo, contra os que exploram o povo e que sonegam gêneros alimentícios e jogam com seus preços.

Não receio ser chamado de subversivo pelo fato de proclamar, e tenho proclamado e continuarei a proclamando em todos os recantos da Pátria – a necessidade da revisão da Constituição, que não atende mais aos anseios do povo e aos anseios do desenvolvimento desta Nação.

Essa Constituição é antiquada, porque legaliza uma estrutura sócio-econômica já superada, injusta e desumana; o povo quer que se amplie a democracia e que se ponha fim aos privilégios de uma minoria; que a propriedade da terra seja acessível a todos; que a todos seja facultado participar da vida política através do voto, podendo votar e ser votado; que se impeça a intervenção do poder econômico nos pleitos eleitorais e seja assegurada a representação de todas as correntes políticas, sem quaisquer discriminações religiosas ou ideológicas.

Todos têm o direito à liberdade de opinião e de manifestar também sem temor o seu pensamento. É um princípio fundamental dos direitos do homem, contido na Carta das Nações Unidas, e que temos o dever de assegurar a todos os brasileiros.

(...)

É apenas de lamentar que parcelas ainda ponderáveis que tiveram acesso à instrução superior continuem insensíveis, de olhos e ouvidos fechados à realidade nacional.

São certamente, trabalhadores, os piores surdos e os piores cegos, porque poderão, com tanta surdez e tanta cegueira, ser os responsáveis perante a História pelo sangue brasileiro que possa vir a ser derramado, ao pretenderem levantar obstáculos ao progresso do Brasil e à felicidade de seu povo brasileiro.

(...)

E podeis estar certos, trabalhadores, de que juntos o governo e o povo – operários , camponeses, militares, estudantes, intelectuais e patrões brasileiros, que colocam os interesses da Pátria acima de seus interesses, haveremos de prosseguir de cabeça erguida, a caminhada da emancipação econômica e social deste país.

O nosso lema, trabalhadores do Brasil, é “progresso com justiça, e desenvolvimento com igualdade”.

(...)

Vamos continuar lutando pela construção de novas usinas, pela abertura de novas estradas, pela implantação de mais fábricas, por novas escolas, por mais hospitais para o nosso povo sofredor; mas sabemos que nada disso terá sentido se o homem não for assegurado o direito sagrado ao trabalho e uma justa participação nos frutos deste desenvolvimento.

Não, trabalhadores; sabemos muito bem que de nada vale ordenar a miséria, dar-lhe aquela aparência bem comportada com que alguns pretendem enganar o povo. Brasileiros, a hora é das reformas de estrutura, de métodos, de estilo de trabalho e de objetivo. Já sabemos que não é mais possível progredir sem reformar; que não é mais possível admitir que essa estrutura ultrapassada possa realizar o milagre da salvação nacional para milhões de brasileiros que da portentosa civilização industrial conhecem apenas a vida cara, os sofrimentos e as ilusões passadas.

O caminho das reformas é o caminho do progresso pela paz social. Reformar é solucionar pacificamente as contradições de uma ordem econômica e jurídica superada pelas realidades do tempo em que vivemos.

Trabalhadores, acabei de assinar o decreto da SUPRA com o pensamento voltado para a tragédia do irmão brasileiro que sofre no interior de nossa Pátria. Ainda não é aquela reforma agrária pela qual lutamos.

Ainda não é a reformulação de nosso panorama rural empobrecido.
Ainda não é a carta de alforria do camponês abandonado.
Mas é o primeiro passo: uma porta que se abre à solução definitiva do problema agrário brasileiro.

O que se pretende com o decreto que considera de interesse social para efeito de desapropriação as terras que ladeiam eixos rodoviários, leitos de ferrovias, açudes públicos federais e terras beneficiadas por obras de saneamento da União, é tornar produtivas áreas inexploradas ou subutilizadas, ainda submetidas a um comércio especulativo, odioso e intolerável.

Não é justo que o benefício de uma estrada, de um açude ou de uma obra de saneamento vá servir aos interesses dos especuladores de terra, que se apoderaram das margens das estradas e dos açudes. A Rio-Bahia, por exemplo, que custou 70 bilhões de dinheiro do povo, não deve beneficiar os latifundiários, pela multiplicação do valor de suas propriedades, mas sim o povo.

(...)

Reforma agrária com pagamento prévio do latifundio improdutivo, à vista e em dinheiro, não é reforma agrária. É negócio agrário, que interessa apenas ao latifundiário, radicalmente oposto aos interesses do povo brasileiro. Por isso o decreto da SUPRA não é a reforma agrária.

Sem reforma constitucional, trabalhadores, não há reforma agrária. Sem emendar a Constituição, que tem acima de dela o povo e os interesses da Nação, que a ela cabe assegurar, poderemos ter leis agrárias honestas e bem-intencionadas, mas nenhuma delas capaz de modificações estruturais profundas.

Graças à colaboração patriótica e técnica das nossas gloriosas Forças Armadas, em convênios realizados com a SUPRA, graças a essa colaboração, meus patrícios espero que dentro de menos de 60 dias já comecem a ser divididos os latifúndios das beiras das estradas, os latifúndios aos lados das ferrovias e dos açudes construídos com o dinheiro do povo, ao lado das obras de saneamento realizadas com o sacrifício da Nação. E, feito isto, os trabalhadores do campo já poderão, então, ver concretizada, embora em parte, a sua mais sentida e justa reinvindicação, aquela que lhe dará um pedaço de terra para trabalhar, um pedaço de terra para cultivar. Aí, então, o trabalhador e sua família irão trabalhar para si próprios, porque até aqui eles trabalham para o dono da terra, a quem entregam, como aluguel, metade de sua produção. E não se diga, trabalhadores, que há meio de se fazer reforma sem mexer a fundo na Constituição. Em todos os países civilizados do mundo já foi suprimido do texto constitucional parte que obriga a desapropriação por interesse social, a pagamento prévio, a pagamento em dinheiro.

No Japão de pós-guerra, há quase 20 anos, ainda ocupado pelas forças aliadas vitoriosas, sob o patrocínio do comando vencedor, foram distribuídos dois milhões e meio de hectares das melhores terras do país, com indenizações pagas em bônus com 24 anos de prazo, juros de 3,65% ao ano. E quem é que se lembrou de chamar o General MacArthur de subversivo ou extremista?

Na Itália, ocidental e democrática, foram distribuídos um milhão de hectares, em números redondos, na primeira fase de uma reforma agrária cristã e pacífica iniciada há quinze anos, 150 mil famílias foram beneficiadas.

No México, durante os anos de 1932 a 1945, foram distribuídos trinta milhões de hectares, com pagamento das indenizações em títulos da dívida pública, 20 anos de prazo, juros de 5% ao ano, e desapropriação dos latifúndios com base no valor fiscal.

Na Índia foram promulgadas leis que determinam a abolição da grande propriedade mal aproveitada, transferindo as terras para os camponeses.

Essas leis abrangem cerca de 68 milhões de hectares, ou seja, a metade da área cultivada da Índia. Todas as nações do mundo, independentemente de seus regimes políticos, lutam contra a praga do latifúndio improdutivo.

Nações capitalistas, nações socialistas, nações do Ocidente, ou do Oriente, chegaram à conclusão de que não é possível progredir e conviver com o latifúndio.

A reforma agrária é também uma imposição progressista do mercado interno, que necessita aumentar a sua produção para sobreviver.

Os tecidos e os sapatos sobram nas prateleiras das lojas e as nossas fábricas estão produzindo muito abaixo de sua capacidade. Ao mesmo tempo em que isso acontece, as nossas populações mais pobres vestem farrapos e andam descalças, porque não tem dinheiro para comprar.

Assim, a reforma agrária é indispensável não só para aumentar o nível de vida do homem do campo, mas também para dar mais trabalho às industrias e melhor remuneração ao trabalhador urbano.

Interessa, por isso, também a todos os industriais e aos comerciantes. A reforma agrária é necessária, enfim, à nossa vida social e econômica, para que o país possa progredir, em sua indústria e no bem-estar do seu povo.

Como garantir o direito de propriedade autêntico, quando dos quinze milhões de brasileiros que trabalham a terra, no Brasil, apenas dois milhões e meio são proprietários?

O que estamos pretendendo fazer no Brasil, pelo caminho da reforma agrária, não é diferente, pois, do que se fez em todos os países desenvolvidos do mundo. É uma etapa de progresso que precisamos conquistar e que haveremos de conquistar.

Esta manifestação deslumbrante que presenciamos é um testemunho vivo de que a reforma agrária será conquistada para o povo brasileiro. O próprio custo daprodução, trabalhadores, o próprio custo dos gêneros alimentícios está diretamente subordinado às relações entre o homem e a terra. Num país em que se paga aluguéis da terra que sobem a mais de 50 por cento da produção obtida daquela terra, não pode haver gêneros baratos, não pode haver tranquilidade social. No meu Estado, por exemplo, o Estado do deputado Leonel Brizola, 65% da produção de arroz é obtida em terras alugadas e o arrendamento ascende a mais de 55% do valor da produção. O que ocorre no Rio Grande é que um arrendatário de terras para plantio de arroz paga, em cada ano, o valor total da terra que ele trabalhou para o proprietário. Esse inquilinato rural desumano é medieval é o grande responsável pela produção insuficiente e cara que torna insuportável o custo de vida para as classes populares em nosso país.

(...)

E é claro, trabalhadores, que só se pode iniciar uma reforma agrária em terras economicamente aproveitáveis. E é claro que não poderíamos começar a reforma agrária, para atender aos anseios do povo, nos Estados do Amazonas ou do Pará. A reforma agrária deve ser iniciada nas terras mais valorizadas e ao lado dos grandes centros de consumo, com transporte fácil para o seu escoamento.

(...)

Não me animam, trabalhadores – e é bom que a nação me ouça – quaisquer propósitos de ordem pessoal. Os grandes beneficiários das reformas serão, acima de todos, o povo brasileiro e os governos que me sucederem. A eles, trabalhadores, desejo entregar uma Nação engrandecida, emancipada e cada vez mais orgulhosa de si mesma, por ter resolvido mais uma vez, pacificamente, os graves problemas que a História nos legou. Dentro de 48 horas, vou entregar à consideração do Congresso Nacional a mensagem presidencial deste ano.

Mas estaria faltando ao meu dever se não transmitisse, também, em nome do povo brasileiro, em nome destas 150 ou 200 mil pessoas que aqui estão, caloroso apelo ao Congresso Nacional para que venha ao encontro das reinvindicações populares, para que, em seu patriotismo, sinta os anseios da Nação, que quer abrir caminho, pacífica e democraticamente para melhores dias. Mas também, trabalhadores, quero referir-me a um outro ato que acabo de assinar, interpretando os sentimentos nacionalistas destes país. Acabei de assinar, antes de dirigir-me para esta grande festa cívica, o decreto de encampação de todas as refinarias particulares.

A partir de hoje, trabalhadores brasileiros, a partir deste instante, as refinarias de Capuava, Ipiranga, Manguinhos, Amazonas, e Destilaria Rio Grandense passam a pertencer ao povo, passam a pertencer ao patrimônio nacional.

Ao anunciar, à frente do povo reunido em praça pública, o decreto de encampação de todas as refinarias de petróleo particulares, desejo prestar homenagem de respeito àquele que sempre esteve presente nos sentimentos do nosso povo, o grande e imortal Presidente Getúlio Vargas.

(...)

Na mensagem que enviei à consideração do Congresso Nacional, estão igualmente consignadas duas outras reformas que o povo brasileiro reclama, porque é exigência do nosso desenvolvimento e da nossa democracia. Refiro-me à reforma eleitoral, à reforma ampla que permita a todos os brasileiros maiores de 18 anos ajudar a decidir dos seus destinos, que permita a todos os brasileiros que lutam pelo engrandecimento do país a influir nos destinos gloriosos do Brasil. Nesta reforma, pugnamos pelo princípio democrático, princípio democrático fundamental, de que todo alistável deve ser também elegível.

Também está consignada na mensagem ao Congresso a reforma universitária, reclamada pelos estudantes brasileiros. Pelos universitários, classe que sempre tem estado corajosamente na vanguarda de todos os movimentos populares nacionalistas.

(...)

Dentro de poucas horas, outro decreto será dado ao conhecimento da Nação. É o que vai regulamentar o preço extorsivo dos apartamentos e residências desocupados, preços que chegam a afrontar o povo e o Brasil, oferecidos até mediante o pagamento em dólares. Apartamento no Brasil só pode e só deve ser alugado em cruzeiros, que é dinheiro do povo e a moeda deste país. Estejam tranqüilos que dentro em breve esse decreto será uma realidade.

(...)

Ao encerrar, trabalhadores, quero dizer que me sinto reconfortado e retemperado para enfrentar a luta que tanto maior será contra nós quanto mais perto estivermos do cumprimento de nosso dever. À medida que esta luta apertar, sei que o povo também apertará sua vontade contra aqueles que não reconhecem os direitos populares, contra aqueles que exploram o povo e a Nação.

Hoje, com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil”.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 11:21

CRISE FINANCEIRA & DEMOCRACIA

Quinta-feira, 12 de Março de 2009

Por Flávio Aguiar na Carta Maior

“Um outro socialismo é possível?”: esta pergunta, que parodia o lema do Fórum Social Mundial (“Um outro mundo é possível”), rondou toda a abertura da Conferência sobre “O fim do capitalismo” (“Kapitalismus am ende?”), aberta na sexta feira, 06 de março, no salão de atos da Universidade Tecnológica de Berlim.

A Conferência, organizada pela ONG Attac-Alemanha, já contava com bem mais de 2000 participantes, que lotaram o anfiteatro da universidade. Nesta ocasião, como em outras manifestações ou ocasiões semelhantes, a constituição do público chamava a atenção pelas faixas etárias que dominavam a cena. Estavam maciçamente presentes a jovem guarda (menos de 30) e a velha guarda (mais de 50). É claro que esta é uma observação estatística feita pelo “data-olho”, mas é significativa, de todo modo.

O mote da abertura foi o tema mesmo da Conferência como um todo. Uma palestra e uma mesa redonda abriram o evento. A palestra ficou por conta de Heiner Flassbeck, Economista-Chefe da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), em Genebra, e professor honorário da Universidade de Hamburgo. A mesa foi constituída por Saskia Sassen (professora que lecionou em Chicago e Londres), Daniela Dahn (jornalista e escritora da Alemanha), Frank Bsirske (também da Alemanha) e Aleksandr Buzgalin (professor de economia da Universidade de Moscou). Todos destacaram que, entre as raízes da presente crise financeira que se abate sobre o mundo inteiro, está a falta de democracia nas decisões políticas que orientam (ou desorientam) as economias e as finanças mundiais.

Heiner Flassbeck destacou que o mundo dos investimentos financeiros e sua hegemonia aguçada depois do fim da Guerra Fria subordinaram a política e transformaram a economia num gigantesco cassino, onde todos, aparentemente, poderiam ganhar muito e mais. Mas isto, ele sublinhou, foi provocado por decisões de natureza política, e tomadas, em nível de governo, sem qualquer forma de transparência, fosse de modo pró-ativo ou por omissão. Deu exemplos, como se alguém tinha consultado o povo húngaro sobre a conveniência de investir boa parte das finanças do país no mercado dos francos suíços ou no da Islândia. Idem, na Alemanha, sobre investimentos no mercado irlandês ou no norte-americano, que começou a derrocada. Também destacou que no mundo financeiro a falta de idéias sim, era globalizada: todos faziam a mesa coisa, esperando que os investimentos trouxessem lucros líquidos de até 25% ao ano.

Não se tratava apenas de ambições pessoais, sublinhou, embora isso estivesse presente e fosse o canto da sereia para muita gente. Houve decisões ou omissões políticas que empurraram as coisas nesta direção. Ao mesmo tempo, se continha a capacidade de intervenção dos estados em nome de conter os gastos públicos e evitar a inflação. Mas o verdadeiro problema é o que vemos agora: a deflação, ao invés da inflação; aquela se tornou agora sinônimo de depressão (coletiva e pessoal). Disse que não houve apenas uma crise do sistema subprime norte-americano; as coisas começaram por aí, mas o que aconteceu é que o cassino ruiu por inteiro.

Ruiu, mas não faliu: muita gente ganhou dinheiro com isso, porque o Cassino deve ser pago, sempre. O que fazer? Recondicionar os Estados, pois só eles podem construir mecanismos de estabilização consistentes. Não se trata de reformar o cassino financeiro, mas de fechá-lo e de fechar todos os seus compartimentos, mudando a orientação da política econômica em direção de mais cooperação e também do que chamou de “aprendizado mútuo”, pois, disse ele, uma das características desse momento é a de que as pessoas que detém a possibilidade de mando ficam no fundo repetindo as mesmas coisas, pois lhes faltam idéias.

Passando à mesa, Saskia Sassen abriu a discussão com uma fala muito provocativa a respeito da natureza da crise. Disse ela que houve, na verdade, uma sucessão de duas crises. A primeira ocorreu em agosto de 2007, quando algumas quebras de bancos e instituições congêneres provocaram o que chamou de uma crise de “ansiedade dos financistas”. Essa crise, alimentada pelo medo e por uma espécie de “covardia”, degenerou em pânico, quando, em setembro de 2008, houve uma escalada de vencimentos, provocada pelo temor de que ninguém viesse a realizar recebimentos, o que de fato aconteceu. O montante dessa “bola de neve” é de espantar: 62 trilhões de dólares. Esse dinheiro, disse ela, simplesmente não podia ser pago porque “não existia”. A “quebrança” foi geral.

Essa situação provocou dois tipos de debate nos Estados Unidos, e, segundo ela, o presidente Obama, que aprende rápido, está com cada uma de suas faces voltada para cada um dos lados. O primeiro debate focaliza uma solução financeira para a crise. Ajudar os bancos, por exemplo. O segundo debate focaliza mudanças da “infra-estrutura social”: melhor distribuição de renda, por exemplo. Segundo ela, o nível de pobreza atingiu níveis inéditos nos EUA. É claro que, diz ela, o segundo debate é o prioritário. Mas não se pode descartar completamente o primeiro. Se não se deve injetar mais dinheiro em bancos, é necessário salvar os fundos de pensão, porque deles depende a aposentadoria dos trabalhadores.

Questionada sobre a posição de Obama, respondeu que o presidente mostrou-se sensível ao foco do segundo debate. Mas é verdade, disse ela, que ele não teve tempo, durante a campanha, de deter-se sobre a crise. Ela o atropelou em meio à campanha. Ele acabou fazendo algumas escolhas erradas, como, por exemplo, a de nomear Larry Summers como Presidente do Conselho Econômico da Casa Branca. Summers foi Secretário do Tesouro de Clinton, e é desses economistas que “só tem um olho”, o que vê as finanças.

A seguir falou Aleksandr Buzgalin. Disse que a crise não é financeira, ela é tudo: é social, cultural, econômica e política. A crise tem também um lado “pessoal”. “A vida de todo mundo vai mudar”, ressaltou, “um novo tipo de vida está por vir”, mas não sabemos qual seja. Tudo isso é sinal de que o capitalismo chegou “a um beco sem saída”. Quanto isso vai durar, não se sabe. O beco sem saída do capitalismo está representado pelo gasto cada vez maior com coisas inúteis, símbolos de status e nada mais. Na Rússia quem tem dinheiro freqüenta os restaurantes mais caros em busca de respeito, de “consideração social”. Até as guerras entraram nessa espiral de gastos. A saída dessa situação está num “novo socialismo” (aplausos generosos da platéia!). É necessário socializar a economia, mas não do modo como o fez o antigo regime soviético. Sim, deve-se pensar em fortalecer o Estado, mas perguntando-se ao mesmo tempo a quem serve o Estado. Sem a construção de uma democracia de base (“grassroot democracy”), de nada adianta socializar nada. Também é necessário ter consciência de que um movimento nessa direção vai contrariar os interesses do “ruling people” (ele falou em inglês), os que dirigem o poder, a mídia, e que querem continuar governando a opinião das pessoas.

Daniela Dahn, que viveu muito tempo na antiga DDR (Alemanha Oriental), começou fazendo uma crítica do processo de reunificação da Alemanha, embora fosse, é claro, favorável a ela. Disse que o processo de reunificação simplesmente transformou a antiga DDR numa cópia da Alemanha Ocidental, e numa cópia de qualidades problemáticas. Impôs-se a lógica da eficiência capitalista, o que significou desemprego. “O capitalismo”, disse, “deve ser impedido de continuar a ser ele mesmo”. “O socialismo, de certo modo, falhou. Mas então ele deve ser repensado, no sentido de combinar algum tipo de propriedade coletiva com democracia”. A regulação das relações econômicas só terá sentido e vez se tiver a oportunidade de ser implementada com democracia”.

Finalmente, falou Frank Bsirske, conhecido sindicalista alemão que foi da Juventude Socialista e também do movimento político Alternativa Verde em Hannover. Seu mote sobre a crise retomou a fala inicial de Flassbeck. “Muita gente não sabia de muita coisa”, lembrou, assinalando que quase ninguém sabia, por exemplo, que 18,5 bilhões de euros do sistema bancário alemão estavam investidos na Irlanda, que quebrou.

Quase ninguém tinha consciência, lembrou também, que o sistema bancário e financeiro da Alemanha tinha sido “ajustado” ao norte-americano. Esse ajuste implicava a espiral de vendas de créditos e dívidas, como nos Estados Unidos, envolvendo companhias seguradoras e de crédito. De uma hora para outra, coisas como essas, “sobre as quais quase ninguém sabia muito”, e sobre que, na verdade, ninguém tinha muita idéia do que se tratava, provocaram uma perda súbita de 5 bilhões de euros no sistema bancário alemão. Mas a crise não é apenas financeira. Há um acúmulo de crises: financeira, de pobreza, de fome, no meio-ambiente, há uma crise militar permanente. Hoje temos consciência de que não se pode continuar assim. Mas durante décadas houve o convencimento generalizado em torno das privatizações, da promoção dos valores do mercado e da condenação do Estado como o vilão da história. Agora nos vemos na contingência de buscar de novo formas de regulação econômica. Mas isso só terá proveito se vier acompanhado por formas de aumentar a remuneração real do mundo do trabalho.

A Conferência prosseguiu no sábado e no domingo (7 e 8 de março) com outras 91 atividades, muito no formato do Fórum Social Mundial. Não deixa de causar uma certa perplexidade o fato de que, nem vinte anos depois de se constatar (e muitos comemoraram) o fim do socialismo, volte a se discutir de modo tão aberto e veemente a perspectiva de superação do capitalismo.

Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 17:46

segunda-feira, 9 de março de 2009

REALMENTE MARCHA Á RÉ

Blogger Blog do Morani disse...

Segunda-feira, 09/03/09

Prezado Sr. Hudson,
Titular blog “Dissolvendo-no-Ar”:


Tem total e completa razão afirmar que o Brasil anda em marcha à ré, e não é de hoje, meu caro sociólogo de Poços de Caldas.
Desde que o atual governo petista se alojou no poder, vem o país andando em marcha lenta, - no princípio vinha aceitavelmente, pelo deslumbramento do atual titular da cadeira presidencial no Palácio em Brasília, mas agora retroage, por vício e por incompetência, além de ter pautado seu governo, todo ele, em premissas facciosas, em direcionamento claudicante, em permissibilidade aos constantes casos de corrupção e malversação ao dinheiro público (não se esqueça à população dos famosos “cartões” em poder de seus protegidos ministros, secretários e outros camundongos menores).
Tudo o que atualmente vem se passando no Congresso (Senado principalmente), e no Judiciário, onde um títere veste a estola negra, indevidamente, conspurcando-a, mercê às decisões pautadas no poder egocêntrico e no apoio periférico, mostra que o Brasil não caminha mais à frente e, sim, paulatinamente, na marcha à ré.
O país necessita de reformas estruturais? Sim, concordo, mas que elas não venham mais danificar ou expurgar direitos, muitos prejudicados pela insensatez e despreparo em relação ao que se faz de imediato, ou, ainda, por má querência.

1) Reforma política, com expurgos, aí sim, de absurdos não mais admitidos em um país que se acredita justo em suas medidas; profunda reforma que seja levada a sério.

2) Reforma na área do Judiciário e de tudo o que implique em decisões partidas daquele egrégio poder, que deveria ser a Fonte primordial da seriedade e da justiça.

3) Reforma do poder Legislativo, acabando com as muitas benesses aos parlamentares, sejam quais
forem esses benefícios; com o voto secreto, que escamoteia as decisões importantes desses
mesmos parlamentares numa possível decisão contrária aos interesses do Governo Central.


4) Reforma Agrária de verdade, com banimento das ONGs fajutas que infestam, como
abelhas à procura de mel, os corredores dos Palácios e Ministérios.

E tantas outras referentes à menor idade, ao Sistema Prisional, etc., etc., etc. Como o nosso Brasil necessita, sim, de reformas! Não se deve esquecer à da Educação. Esta em primeiríssimo lugar, com muita seriedade e vontade política, séria e abnegada. Mas como pedir isso se - no Triunvirato Imoral - Collor, Sarney & Calheiros se acham umbilicalmente unidos entre si?

Não desejo mais me prolongar, por que, na verdade, não creio mais em quaisquer coisas que partam de homens sem caráter, molambos travestidos de cavalheiros, em principio, mas sujos, se nos apresentando com os mais altos índices de seriedade, de respeito à população e à coisa pública, e aos verdadeiros interesses do país. Sejam eles de direita, de esquerda ou de centro. A Política e o Congresso Brasileiro são ninhos de ratos famintos que só pensam em suas próprias necessidades vitais. O Brasil passou por sérios problemas institucionais e de regimes, contudo nada disso teve o toque mágico de mudar as intenções dos que lidam com todas as nossas necessidades e com as diretrizes primordiais que devem ser implantadas de imediato, após a “limpeza” em todos os setores desta Nação, com o apuro que realmente se faz necessário aos que desejam um lugar de paz, de progresso e de justo viver, a todos que aqui nasceram ou aos que para cá vieram acreditando no dístico “ORDEM E PROGRESSO”.

9 de Março de 2009 17:07
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MARCHA Á RÉ

Sexta-feira, 6 de Março de 20


Estou possuído por um sentimento, misto de preocupação, certo espanto e triste constatação, que de uns dias para cá o Brasil começou a andar em marcha à ré.

Senão vejamos alguns dos últimos acontecimentos aqui na Terra de Santa Cruz.

Primeiro, a Folhona tirou do chapéu o neologismo “ditabranda” tentando atenuar os efeitos da ditadura militar brasileira e fazendo uma comparação esdrúxula entre o período em que os milicos de forma escabrosa e despudorada usurparam o poder, cassaram, perseguiram, torturaram, mataram uns tantos e enquanto outros tantos eram exilados, com alguns regimes similares no Cone Sul. Não importa a farta lista de atrocidades, para a Folhona a ditadura militar se configurou em uma “ditabranda”, seja lá o isso signifique.

Na realidade a desfaçatez da Folhona em criar o neologismo ditabranda tenta esconder o passado podre da própria Folha de São Paulo. O jornal da Alameda Barão de Limeira não só apoiou efusivamente o golpe, como fez coro à direita suplicando por este e não se furtou em dar apoio logístico aos milicos. As peruas C-14 do grupo Folha eram utilizadas a fim de transportar presos políticos para interrogatórios, além de o grupo empregar agentes do DOPS como “jornalistas”.

Também teve o despautério de adiantar em um dia a morte do militante de esquerda Joaquim Alencar de Seixas. Fato bem relatado por seu filho Ivan Seixas.

No dia 16 de abril de 1971, os dois foram levados para o DOI-CODI/OBAN, em São Paulo, e barbaramente torturados. No mesmo dia Ivan leu na Folhona que seu pai estava morto, todavia Ivan encontrou o pai vivo e consciente, nas dependências do DOI-CODI. A morte (assassinato) se daria no dia seguinte.

A Folhona simplesmente censurou as inúmeras cartas de repúdio enviadas por Ivan não publicando nenhuma delas.

O neologismo usado pela Folhona vem de encontro, como bem denunciou a professora Maria Benevides, socióloga da USP, a uma perigosa revisão histórica que está ganhando corpo em parte da sociedade brasileira. Há uma tentativa, já desencadeada, de tornar a ditadura militar como algo natural e inevitável naquele instante, além de enaltecer supostos feitos econômicos e relativizar o estado de exceção perpetrado durante o período. Quando a sociedade se dispõe a fazer tal revisão incorre no risco de num futuro distante, ou nem tanto, cair na tentação de usar o paradigma daquele estado de exceção para um novo golpe. Talvez com um retoque aqui e outro acolá, mas de fato recorrer a um golpe de estado e implantar uma ditadura aceitável, ou no linguajar da Folhana, outra “ditabranda”.

A Folhona ao defender um estado de exceção descumpre o papel que cabe a imprensa numa sociedade livre e plural, qual seja, lutar cada vez mais pela liberdade de expressão.

Como se não bastasse a imprensa brasileira ser conhecida internacionalmente, segundo o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung, “por trazer regularmente notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram as vidas de outras pessoas”, agora somos obrigados a vê-la deturpando um dos momentos mais funestos de nossa história recente.

Aliás, como dar credibilidade a uma imprensa empresarial que usa a comunicação exclusivamente para fazer valer seus interesses, não importando se para tanto tenha que mentir, manipular umas vezes, outras distorcer ou omitir informações. Tomemos como exemplo o caso dos pugilistas cubanos. O governo federal, através da PF e, sobretudo, do ministro Tarso Genro, foi acusado de cumplicidade com o que chamam de regime cubano – para essa imprensa empresarial Cuba já devia ter sido riscada do mapa, pois serve de inspiração para movimentos populares na América Latina. Portanto, desgraçadamente, caíram em dois equívocos:

I- distorceram a notícia e omitiram que os boxeadores retornaram por livre e espontânea vontade, inclusive o governo federal teria lhes oferecido asilo político caso desejassem.

II- no seu preconceito venal não conseguem distinguir as várias formas de manifestação e participação popular redundantes em democracia de fato, pois o que existe em Cuba é muito diverso do sistema liberal-burquês que vivemos aqui no Brasil. Contudo, lá não há apenas eleições periódicas, mas sim muito mais, uma participação popular tanto na construção de políticas públicas quanto na defesa do processo revolucionário (algo inaceitável para a nossa imprensa empresarial).

Lembrei-me de uma amiga de minha mãe. Quando criança costumava ouvi-la dizer: “eu aumento (estórias), mas não invento”. Com a midiazona brasileira essa máxima não vale, ela aumenta e inventa.

Segundo, a recondução de José Sarney ao posto de presidente do Senado Federal. Ninguém nesse país consegue politicamente personificar melhor o atraso, as oligarquias, a política mais vil e baixa – genuinamente franciscana, do é dando que se recebe –, mais velhaca, mais rastaqüera, distante do cheiro do povão, enfim, mais antidemocrática, clientelista e fisiológica do que o senhor do Maranhão. Em suma, fico com o que publicou a revista britânica The Economist, nos grotões do Brasil ainda prevalece o semi-feudalismo.

Se já não bastasse Sarney representar tudo o que escrevi acima, ainda teve como aliados na sua ascensão Renan Calheiros, Fernando Collor e claro, como não poderia deixar de ser, o DEMO. Como diz um ditado cá nas Minas Gerais, um gambá cheira o outro.

A vitória de Sarney, e a subseqüente derrota da democracia brasileira, tem nuances de chantagem ao governo federal. É um recado a Lula, ou o presidente dança a valsa conforme o ritmo do PMDB, ou o PMDB procura outro parceiro.

Outro nuance é que a dupla dinâmica, Sarney e Calheiros, trama a derrubada do ministro da Justiça Tarso Genro para colocarem em seu lugar o atual ministro da Defesa Nelson Jobim. Isso porque Sarney enxerga as “digitais” de Tarso num inquérito em que a PF acusa um de seus filhos, Fernando Sarney, de traficar influência no governo federal. Coisa estritamente técnica, segundo a polícia, sem conotações políticas. A investigação foi aberta em 2006. Apurava-se, então, denúncia de que as arcas eleitorais de Rosena Sarney, candidata derrotada às eleições do Maranhão, teriam sido borrifadas com verbas de má origem. No curso do inquérito, a PF voltou-se para Fernando Sarney. Reuniu indícios de que o filho do senador e amigos dele estariam intermediando negócios privados nas franjas do Estado (para entender melhor todo o imbróglio sugiro a leitura de reportagem “Quem governa é o Lula, mas quem manda é o Sarney” do repórter Palmério Dória na Caros Amigos número 143 de fevereiro passado).

O ex-presidente da República e ex-presidente da Arena e defensor entusiasta dos ditadores militares, ainda festejava a vitória no Senado quando o governador maranhense Jackson Lago, adversário político do clã dos Sarney, teve o mandato cassado. Quem deverá assumir o governo do Maranhão é Roseana Sarney, filha mais velha do patriarca.

Já o senador alagoano Renan Calheiros vislumbra a possibilidade de, na terceira vez que Sarney ocupa a cadeira de presidente do Senado, voltar a ser um jogador de peso nos bastidores da política, coisa que desde a sua renúncia como ocupante daquela mesma cadeira, em 2007, deixou de ser e se viu obrigado a contrair um ostracismo estratégico a fim de se resguardar e proteger a própria cabeça.

Terceiro, Gilmar Mendes, sempre ele, volta seus holofotes ao MST e naturalmente a midiazona mazombeira funciona feito caixa de ressonância.

A indecência, procurei termo mais adequado, no entanto não encontrei, como Mendes ocupa a presidência do Supremo Tribunal Federal fazendo dela palanque da direita e do que há de mais reacionário entre nós, utilizando duma verborragia autoritária e intimidando outros membros do Poder Judiciário ou dizendo o que devem ou não fazer representantes do Poder Executivo, deixa transparecer de forma nítida o seu pouco apreço para com as instituições democráticas.

A forma pomposa, extravagante, grosseira e de fanfarrão a qual Gilmar Mendes se acostumou a agir como presidente do STF e ao mesmo tempo como líder de oposição me traz medo. Ao invés de estarmos a caminho duma “ditadura policial” denunciada por ele mesmo, o que vejo é Mendes incorporar a reação burguesa contra avanços sociais.

Ao afirmar, ao lado do senador goiano Demóstenes Torres, ser vítima de um suposto grampo – o único grampo que se tem notícia no mundo em que o conteúdo vazado corrobora com a imagem de homem probo da(s) vitimas(s) – e não mostrar prova alguma, Mendes demonstra uma mescla de charlatanismo, golpismo e fascismo.

Mendes é hoje o ídolo da UDR (União Democrática Ruralista), da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), da FDP (Família, Deus e Propriedade), das viúvas da ditadura militar – quem sabe o deputado Jair Bolsonaro, do PP- RJ, não lança o nome de Gilmar Mendes a presidência da República –, de Reinaldo Azevedo, Diogo Mainard, FFHH e de toda a oposição farisaica consorciada com a extrema direita tupiniquim.

Entre o final do século XIX e o limiar do século XX era comum autoridades brasileiras proclamarem que problema social não passava de caso de polícia. É justamente isso que nosso excelentíssimo magistrado-mor pensa e prega em pleno 2009.

Quarto, a eleição de Collor para a presidência da Comissão de Infra-Estrutura do Senado nos alertou, com a luz vermelha, o quão atrasado é nosso sistema de representação. Não a toa que boa parte da sociedade se indignou com a notícia consumada de que Fernando Collor de Melo – o único presidente da República a passar por um processo de impedimento e ter seus direitos políticos casados seguindo cuidadosamente os ritos de um regime democrático, após a comprovação do seu envolvimento com gigantesco esquema de corrupção – graças a um acordo firmado entre ele, Sarney e Calheiros, ocupará um dos cargos mais altos do Legislativo.

Estará à frente da Comissão parlamentar responsável pelo acompanhamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a definição das regras que vão balizar o trabalho de quase todas as agências reguladoras.

Entre os marcos regulatórios, deve entrar na pauta a revisão do sistema que define a legislação para o setor de petróleo pela descoberta e exploração dos megapoços na camada pré-sal. Além da comissão ser o principal palco de debates da legislação que vai regular setores da economia como telecomunicações, energia, transportes e, principalmente, a revisão para o setor do petróleo.

Em entrevista concedida a Agencia Brasil, o professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto afirmou o seguinte:

“Tudo isso (a importância da Comissão de Infra-Estrutura) tem um apelo forte por dinheiro, cargos e votos”. E acrescentou “o presidente da comissão, é que tem a prerrogativa legal de definir que matérias terão prioridade para a apreciação, poderá ‘atrapalhar ou formar uma parceria’ com o governo”.

Seria de rir, não fosse de chorar numa situação dessas.

Infelizmente também ficou patente nesse absurdo a forma como o governo Lula está refém das pretensões do PMDB e a falta que faz um articulador político de peso dentro do Senado. Caso o PT queira continuar a ser o principal partido da base governista, a manter postos importantes dentro do governo, a ditar a política social e interferir na política econômica e na administração direta, além de ocupar o espaço que é seu por direito na disputa pela sucessão de Lula, terá que rever suas opções. Ou ter metade do PMDB a seu lado – o PMDB não passa duma colcha de retalhos, duma federação de interesses, portanto está no seu DNA se dividir quando o assunto é eleição presidencial. Uma parte estará ao lado candidato ungido por Lula e outro inevitavelmente caminhará com força junto de Serra – ou buscar um reencontro com os movimentos populares mais combativos através de uma plataforma destinada a dar espaço preferencial para as reformas sociais e estruturais que o país necessita a fim de reverter à imensa desigualdade social. Ademais, terá de definir a proposição referente a uma reforma política ampla e geral.

Obviamente a segunda opção vem totalmente contra os projetos incubados dentro do PMDB.

Quinto, para fechar com chave de ouro meu sentimento que estamos andando em marcha a ré, eis que o arcebispo de Olinda e Recife D. José Cardoso Sobrinho excomungou os médicos envolvidos no aborto legal feito por uma menina de nove anos, grávida de gêmeos do padrasto que a estuprava desde os seis anos de idade.

“A lei de Deus está acima de qualquer lei humana. Então, quando uma lei humana, quer dizer, uma lei promulgada pelos legisladores humanos, é contrária à lei de Deus, essa lei humana não tem nenhum valor”, disse o bispo, que pertence à ala conservadora da Igreja Católica. Após ver que suas tentativas de intervenção não deram em nada e o aborto aconteceu, ele “condenou” os envolvidos.

“Os adultos, quem aprovou, quem realizou esse abordo, incorreu na excomunhão. A Igreja não costuma comunicar isso. Agora, a gente espera que essa pessoa, em momentos de reflexão, não espere à hora da morte para se arrepender”, disse.

A menina em questão tem 1,36 m e 33 quilos, ou seja, sem estrutura física (e psicológica) que sustente uma gravidez. Os médicos que a avaliaram temiam por sua vida caso a gestação continuasse. Vale ressaltar que a legislação brasileira garante o direito ao aborto em caso de estupro e risco de vida para a mãe – ou seja, ela se enquadrava nas duas situações. Organizações de direitos da criança e da mulher deram suporte à família e criticaram a intervenção do bispo.

É meus amigos, ou eu estou surtando ou o retorno dos Sarney, Calheiros e Collor, a defesa da ditadura publicada em editorial de um dos mais conhecidos jornalões, os rompantes de autoritarismo de Gilmar Mendes e a excomunhão da família da menina de Recife mostram mesmo que a sociedade brasileira está com a marcha à ré engatada. E, cuidado, em alta velocidade.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 21:09 0 comentários