DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sexta-feira, 27 de março de 2009

AS MENINAS DA CAMPO SALLES

27/03/09

A partir desta data, editarei uma crônica de meu livro "AS MENINAS DA CAMPOS SALLES". Se leitores conseguir para elas, e suas aprovações, será bom, mas de qualquer modo as crônicas hão de aparecer todo final de semana. Abro, hoje, com a que deu o título ao livro.


Toda rua é uma festa, um local de alegrias, transbordamentos de sorrisos gentis, de alacridade e de exuberantes movimentos de corpos elásticos! Toda rua é jovial se nessa rua morarem meninas encantadoras e inocentes.
Lembro das ruas onde morei: quase todas nos subúrbios amenos do Rio de Janeiro; outras em Natal, RN, e em São Paulo. Nas do Rio, onde vivi de 1940 a 1947, havia no ar, impregnado de inocência, um convite a reuniões noturnas debaixo dos postes para conversas banais do dia a dia de cada um, ou para brincadeiras de todas as naturezas: corda, roda, jogo das pedras e amarelinha - esses para as meninas; pique-e-esconde para os meninos.
Era um vicejar de lindas criaturas felizes e despreocupadas, apesar do estado de guerra em que se vivia àquela época. Os pais, responsáveis pela pureza das brincadeiras e seus resultados pacíficos, se demoravam nas calçadas, todos sentados, em conversas animadas. Havia, então, uma união cordial de sentimentos e de apreensões por causa mesmo da guerra que se desenrolava nos campos de batalha, na Itália. Muitas daquelas crianças tinham alguém da família por lá, mas não se tolhiam às alegrias próprias à juventude. Que lindo era verem-se tantos jovens alegres e sem maldade nos corações, brincando juntos numa comunhão fraterna!



Em Natal, no Rio Grande do Norte, não havia muita diferença entre os folguedos na Campos Salles e as brincadeiras da avenida Coronel Estevão, mas lá as mocinhas não se misturavam aos rapazes; elas brincavam sós, separadas dos garotos, para não se verem tentadas a fazer algo que envergonhasse a família. Isto em 1947! A juventude natalense era mais atirada porque era costume mocinhas fugirem com rapazes da mesma rua, ou mesmo de outras ruas, para se amasiando viverem juntos depois, sem as costumeiras reuniões familiares de celebração da união. Era a falta de recursos, mas também a coragem dos jovens de enfrentarem, passado o evento, as fofocas e as reprimendas de alguns pais, mas, diga-se de passagem, coniventes ao ato!
Na rua onde moro presentemente, as meninas se reuniam num “rodinho” para jogar vôlei, brincar de coisas de meninas, “botar conversa fora”, como diziam. Eram jovens da Campos Salles no bairro do Perissê. Havia Thais, Thamires, Laís, Lívia, Mayara, Marina, esta minha neta, e algumas outras da Rua Bela Vista. Rapazes e moças se juntavam para brindar a alegria de viver em um bairro tranqüilo. Da minha janela eu acompanhava a reunião daquelas moças e daqueles rapazes, também vizinhos.
Tornaram-se amigas confidentes e coniventes com namoricos e mexericos, que sempre havia entre elas. Dava gosto vê-los juntos, unidos. Lembravam-me as nossas reuniões nas ruas onde vivi na minha infância e mocidade.


Hoje o “rodinho” anda vazio. As alegrias que transbordavam dali desapareceram dando lugar a um silêncio igual às de ruas sem jovens, sem almas, sem o viço da juventude!
Atualmente, as amizades sofreram solução de continuidade; romperam-se, sem mais nem menos, desconsorciaram-se sem a esperança de um reatamento saudável!
Então, hoje, restam as amizades em dupla: Marina e Laís; Thamires e Mayara; Letícia e Camila, etc. Apenas Thais ficou desgarrada das demais. Lívia, a irmã de Lais, separou-se porque muito jovem deu à luz uma criança, mas já vinha se distanciando das outras talvez pela responsabilidade dos estudos!
A nossa Rua Campos Salles hoje é uma rua “morta”, sem o brilho de antes, sem o viço dessa juventude animada que hoje se estiola em meio a um distanciamento tácito nascido por obra e graça de fofocas de todas elas! É uma pena! Não valeram os meus conselhos, as minhas palavras, os meus apelos à união de antes.
Assim, a Campos Salles perdeu de uma vez para sempre a sua personalidade, a sua intimidade e o seu espírito jovial com o qual esses jovens engrinaldavam nossa rua. Para onde estão levando toda aquela alegria? Toda alegria que ornamentava a Campos Salles, para onde foi?

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