DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


terça-feira, 30 de junho de 2009

O NOME DO ATRASO

O Nome do Atraso
Nos estertores da ditadura militar antes que manifestações populares começassem a dar ojeriza aos grupos políticos civis mais ligados ao estado de exceção, ACM, Jorge Bornhausen, Aureliano Chaves e Marco Maciel formaram uma dissidência dentro do PDS no intuito exclusivo de não perderem os anéis. Mudaram de barco e apoiaram Tancredo Neves, político liberal-conservador, da confiança dos militares e que significava o fim negociado da ditadura. A chamada Frente Liberal garantiria a eleição do mineiro à presidência e lhe daria o nome do vice, o senador maranhense José Sarney. Sarney era até pouco tempo presidente da Arena e posteriormente do seu herdeiro, o PDS. Fez carreira política defendendo os militares e aos 45 minutos do segundo tempo trocou de time e tornou-se um democrata convicto. Tínhamos aí uma chapa com a “Raposa das Alterosas” e o “Senhor do Maranhão”.

Tancredo morreu (sem sequer tomar posse) e Sarney assumiu à presidência da república fazendo um governo no mínimo catastrófico, isso todos sabemos e esse período da História do Brasil, por tão denso e rico que é, fica pra outro post.

O que interessa aqui é o fato de Sarney, após sair da presidência da República em 1990 sentar pela terceira vez na cadeira de presidente do Senado Federal – as outras duas foram respectivamente nos biênios 1995/96 e 2003/04, sempre com o apoio declarado do Palácio do Planalto (FFHH e Lula).

Ninguém nesse país consegue politicamente personificar melhor o atraso, as oligarquias, a política mais vil e baixa – genuinamente franciscana, do é dando que se recebe –, mais velhaca, mais rastaqüera, distante do cheiro do povão, enfim, mais antidemocrática, clientelista e fisiológica do que o senhor do Maranhão. Em suma, para descrevê-lo fico com o publicado pela revista britânica The Economist, “nos grotões do Brasil ainda prevalece o semi-feudalismo”.

A forma como Sarney trata o Maranhão, a política de bastidores na qual é especialista, o costume de recorrer ao tapetão quando perde nas urnas e de lá sair triunfante – haja visto o que ocorreu com Jackson Lago e João Capiberibe – além do fato de ocupar freqüentemente a presidência do Senado dão razão ao The Economist. Sendo assim, subentende-se qualquer vitória de Sarney como derrota para a democracia brasileira.

Agora o governo Lula está na mesma enrascada em que se viu há dois anos, quando defendeu o indefensável. Ou seja, ontem Renan Calheiros, hoje José Sarney. E, possivelmente, o PT levará outra facada nas costas. Quem não se lembra de Ideli Salvati, então líder do PT no Senado, defendendo o quanto podia o senador alagoano. Ano e meio depois teve o gosto amargo de vê-lo empossar Collor na presidência da Comissão de Infra-Estrutura (cargo que ela disputou com o caçador de marajás). E o pior, Collor ganhou a Comissão de Infra-Estrutura na barganha em troca do apoio ao grupo de Sarney e Calheiros contra a postulação de Tião Viana à presidência do Senado. Sarney havia jurado de pés juntos que não concorreria uma terceira vez a cadeira mais alta do Senado e que trabalharia em prol da vitória de Viana. Mudou de planos ao fechar um grande leque de alianças entre partidos governistas e da oposição.

Além disso a dupla Sarney/Calheiros tem outro objetivo, derrubar Tarso Genro, ministro petista da Justiça, e porem no seu lugar outro aliado, Nelson Jobim.

No atual exercício de presidente da Câmara Alta, Sarney vem sendo bombardeado por diversos setores e é impossível desvinculá-lo de toda a sorte de escândalos que atingem aquela instituição.

O Senado por si só e pela gênese é uma instituição arcaica e oligárquica, além de ser politicamente anacrônica. Todavia não passaria incólume à presença de Sarney, Renan Calheiros, Agripino Maia, Heráclito Fortes, Jarbas Vasconcelos, Jader Barbalho, Demóstenes Torres, Fernando Collor, Marconi Perillo, Mozarildo Cavalcanti, Romeu Tuma, Francisco Dornelles, Kátia Abreu, Hélio Costa e o suplente Wellington Salgado, e em tempos nem tão priscos assim a ACM, etc..etc... Portanto, o estranho é que só agora a imprensa tenha resolvido levantar o tapete e ver quanta sujeira há por debaixo dele. Se Sarney representa o que há de mais atrasado, não só na política tupiniquim, mas também em toda a sociedade (e eu não tenho duvidas de que ele representa isso) será que a mídia oligopolizada nunca se deu conta disso?

Óbvio que não sou ingênuo o bastante para crer que a mídia oligopolizada está apenas desempenhando o papel de investigação imparcial. Fosse isso já teria há muito mostrado os podres, e bota podre nisso, e os negócios escusos do “Senhor” do Maranhão e Amapá. Sarney sempre foi portador do péssimo hábito de não saber diferenciar o público do privado e acha que sua família é ungida pelos céus para ocupar todos os cargos de relevância na política e justiça maranhense.

Claro que a tentativa de derrubar Sarney parte, nesse momento, dos interesses de José Serra em implodir a construção duma aliança PT/PMDB e criar dificuldades para o término do governo Lula. Porém a maldita governabilidade e/ou alianças com fins exclusivamente eleitorais não podem servir como visto de permanência eterna na vida pública de figuras iguais a Sarney.

Durante quase todo o governo Lula o PT tem sido refém da governabilidade, e por ela pode inclusive abdicar à indicação de candidatos fortes em alguns estados, no entanto a hora parece propicia para arrancar Sarney da presidência do Senado, mesmo sendo difícil prever quem o sucederia. Contudo para a democracia brasileira seria um enorme passo adiante.

Que respeito pode merecer um homem que há mais de quarenta anos controla feito um feudo o estado mais miserável do Brasil? Caso o Maranhão fosse uma república independente (para os Sarney seria melhor monarquia) seu IDH estaria próximo ao do Haiti.

Por isso tudo, e não precisamos de mais, é dever dos movimentos populares e democráticos pedir explicações aos mandos e desmandos ocorridos no Senado Federal e lutar para erradicar Sarney da vida pública. O dano que esse senhor já fez ao Brasil é incalculável, assim como não dá pra calcular a miséria e a fome como a que vivem milhões de maranhenses.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 16:28

sábado, 27 de junho de 2009

AO BRASIL E AOS BRASILEIROS

Bom dia, Brasil e brasileiros:


E como nada muda em nosso cenário político - o que mais está em evidência hoje -, mas apenas no cenário artístico com mortes atrás de mortes de nossos melhores atores e atrizes do mundo da 7ª Arte, esse UNIVERSO com muitos rostos facciosos, que já se faz podre desde há muito tempo, continua a nos dar espetáculos de primeiríssima grandeza. Já transbordou a podridão; já fede o excremento que solapa a cabeça de muitos desses engravatados; oferecem-nos a cicuta, que mata dolorosa e demoradamente, que corre nas veias dessa camarilha putrefata que se instalou em Brasília, a começar pela própria construção da cidade no planalto goiano. Mas, jamais poderíamos imaginar que ali fosse se formar um ninho de urubus, e que eles próprios se transformariam em carniça tempos depois, e, ainda, que um dia, por um capricho do destino, um nordestino de cabeça vazia, para coisas sérias e nacionais, tivesse acesso ao mais alto cargo público do país e usasse de suas prerrogativas para distribuir NOSSO DINHEIRO às nações vizinhas em detrimento ao povo que aqui labuta e lhes enche a "burra" de reais.

Há que se construir um PAREDÃO DE CONCRETO ARMADO E AÇO para nele enfileirarmos esses "MÃOS LEVES" - QUE SÓ TRABALHAM ÁS ESCONDIDAS, NO SILÊNCIO DOS ENCERRAMENTOS DAS FÉRIAS HODIERNAS, SIM, POR QUE O CONGRESSO É UM PARQUE DE DIVERSÕES ONDE HÁ MAIS "GERENTES" QUE TRABALHADORES, COMO NUM VERDADEIRO CAMPUS DE FÉRIAS - e fuzilarmos a todos sem pena, não deixando nem o sangue dessa raça sujar mais ainda o solo brasiliense. Está tudo INFECTADO, e nem o vírus da gripe SUÍNA mete tanto medo como nos metem as decisões "PARTICULARES E ÍNTIMAS" desses postulantes ao PAREDON! Pena deles? Jamais! Pergunte-se a qualquer deles se têm pena do Brasil e dos brasileiros? O POVO não existe para os nobres e elegantes cidadãos de uma ESTIRPE ELEVADA. O POVO tem sido meio de galgarem mais um degrau na escala política, que mais se enlameia a cada legislatura, a cada reunião e em todas as CPIs - deveriam colocar mesas, pratos e talheres para comerem as "PIZZAS" que saem dos fornos da insensatez, ali mesmo, no plenário, onde se reúnem para "BRINCAR DE INVESTIGAÇÕES"! - e estaria tudo resolvido para eles e seus iguais! Brasília é uma IMENSA POCILGA! O PALÁCIO PRESIDENCIAL é a sua porta de entrada, a sua ANTESALA e a sua CÂMARA DE TORTURA, onde são esmagados os anseios de toda uma população esquecida e jogada para um lado como BAGAÇO SEM OUTRO USO A NÃO SER O DE SERVIR-LHES DE "ALIMENTO". Não estamos lidando com PORCOS? Esperar o que mais?

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A DITADURA DA MAIORIA

Por Tiago Barbosa Mafra

O discurso corrente na atualidade é que a humanidade, mais especificamente o homem ocidental, alcançou o modelo mais perfeito de governo: a democracia. Diante de algumas questões da política brasileira e afirmações lançadas recente e continuamente na mídia, cabem certas analises. O que é democracia? Estará ela tomada por idiotas? O objetivo deste artigo é fazer uma breve reflexão a partir do artigo de Luiz Felipe Pondé, sobre como o modelo econômico vigente atrelado aos meios de comunicação, contribuem para a apatia política do país, e paralelamente, para um entrave na busca por uma democracia verdadeira e efetiva.

O que é democracia, afinal? Utilizando simplesmente a etimologia, é o governo do povo, para o povo, pelo povo. É, portanto, a população governando a si mesma, visando sempre sanar os problemas da vida cotidiana e atender às necessidades da maioria, do coletivo, na busca da garantia da sua sobrevivência justa e digna.

Em contrapartida, o que assistimos hoje, segundo o texto de Luiz Felipe Pondé veiculado na Folha em 08/06/09, “A ciência idiota da política”, é a democracia confundida com a relação entre opinião pública (moldada) e a vontade popular. Segundo o texto, a soberania popular tem continuamente sido tomada como sendo a opinião pública veiculada pela estrutura midiática que proclama saber “o que o povo pensa”.

Tal discussão ganha força frente a rumores de um possível terceiro mandato do presidente Luís Inácio da Silva (o qual já descartou a possibilidade), que intriga e confunde favoráveis e contrários à medida. O texto em questão afirma que o modelo presidencialista de governo “(…) corre maior risco de cair na armadilha personalista e populista do executivo” (1). Para demonstrar que a causa do rebuliço não é a permanência do presidente Lula, como querem os “idiotas”, e muito menos a defesa da “estrutura democrática” das mazelas da personificação do poder, faz-se necessário atentar para os seguintes pontos, que descobrem a verdadeira inquietação.

Primeiramente é preciso contextualizar o que chamamos de “democracia brasileira”. Vive-se atualmente em uma profunda “apatia política” (2). A maioria do povo, outrora ligado a partidos ou a ideologias e que utilizavam tais instrumentos como canalizadores da vontade popular, não mais se envolvem em qualquer atividade de reivindicação ou condução popular. “A política está fora da realidade das pessoas” (3).

É nessa lacuna criada pela apatia política, que se consolida o primado dos interesses econômicos sobre o interesse político popular. Vivendo em um modelo econômico que se baseia na propriedade privada, na exploração do trabalho e na concentração de renda por grandes monopólios e oligopólios, resta à massa trabalhadora a corrida constante pela garantia da sobrevivência, pouco importando a atuação política que nada de material, pelo menos imediatamente, lhe trás. Torna-se escasso até mesmo o tempo de reflexão sobre a conjuntura do poder no país. Porém, nesse momento, se encaixam os meios de comunicação.

A mídia, que não está suspensa da realidade, comunga com o povo do mesmo modelo capitalista e em grande parte, a ele serve. Por serem os meios de comunicação, acima de tudo, propriedades privadas, atuam portanto de acordo com os interesses de seus proprietários, optando por orientar o enfoque sobre determinadas questões de maneira que lhes é mais conveniente e economicamente viável. O povo então, desprovido de pensamento próprio e acreditando em uma neutralidade dos meios de comunicação (que não existe e nunca existirá), adota como seu pensamento que não lhe é autêntico.

Já é perceptível o discurso contra os “idiotas” que defendem a possibilidades de um terceiro mandato. Sim, por que nos últimos anos à medida que cresce a Participação popular no exercício do poder, ou os fins da atividade estatal se dirigem de preferência para o atendimento dos clamores de melhoria e reforma social, erguidos pelas classes mais impacientes da sociedade, cresce concomitantemente o prestígio dos partidos, e se firma como Consenso geral a convicção de que ele é imprescindível à democracia em seu estado atual, e com ela se identifica quanto a tarefas, fins e propósitos almejados (4).

Durante os dois mandatos do presidente Lula, o que é visível é uma tentativa, mesmo que paulatina, de transformação das estruturas de distribuição de renda (5) . Contrariando expectativas de intelectuais e trabalhadores, o governo do presidente atual, partidário de uma organização política que estatutariamente se declara socialista, é mais reformista do que revolucionário. Entretanto, mesmo as “reformas”, não agradam as elites do país por colocarem em risco a relativa tranquilidade que já gozam a tempos. Portanto, não é a continuidade da pessoa, o populismo, não é a raiz do problema, mas sim a continuidade do projeto de construção de um Estado que utiliza dos instrumentos da máquina pública para o fortalecimento do próprio Estado e o benefício do povo. Aliás, nada mais justo do que a estrutura pública a serviço do povo.

Esclarecida a questão, resta então o ponto mais importante: a construção de uma verdadeira democracia, desvinculada do padrão contemporâneo exposto por Eduardo Bittar:

“Seria a associação entre capitalismo, liberalismo e democracia uma espécie de bastião transformador da realidade política contemporânea, ou simples aparato ideológico de expansão do ideário moderno, progressista e acumulador de riquezas de alguns países industrializados? (6)”

Para que essa verdadeira democracia concretize-se é indispensável e determinante um cidadão educado politicamente, capaz de interpretar e se posicionar frente as condições políticas que lhe são postas, sem que seja impulsionado a “comprar” uma idéia que não é sua, ou seja, compartilhar da opinião pública forjada sob interesses daqueles que controlam a mídia. Isso só será possível com a transformação do súdito da ditadura da maioria burra em cidadão atuante e consciente, que busque a construção da verdadeira democracia , onde, como foi definido no começo deste texto, impere o interesse coletiva sobre o interesse particular, findando o primado da economia sobre a política.

Tão idiotas quanto os que creem na continuidade do presidente Lula como solução das mazelas brasileiras, são também os que esperam que unicamente a rotatividade no poder garanta a sobrevivência da democracia brasileira nos moldes tradicionais. Para finalizar, não é possível passar em branco a alfinetada de Pondé quando este escreva: “Qualquer pessoa que seja favorável a um terceiro mandato de Lula (…) tem sonhos eróticos com (…) a ‘monarquia popular de Fidel (7)” . Para tanto, e encerrando, cito Frei Betto:

“Cuba resiste como único exemplo latino americano de democracia social e econômica (…) Quem considera que democracia se reduz a eleições periódicas não deve esquecer que em Cuba não há massacres do tipo Carandiru, grupos de extermínio, sequestros, desaparecimentos, assassinatos de crianças, aposentados desassistidos e extorsão financeira para acesso a saúde e a educação, que são gratuitas. (…) Por isso Cuba incomoda que acredita que encher urnas é mais importante que encher barrigas. Mesmo por que essa gente nunca passou fome. No máximo, teve apetite, com direito a couvert. (8)”


1 Folha de São Paulo. Luiz Felipe Pondé, “A ciência idiota da política”, 08/06/09.

2 Olhemos ao nosso redor. Nas democracias mais consolidadas assistimos impotents ao fenômeno da apatia política, que frequentemente chega a envolver cerca de metade dos que têm direito ao voto. Do ponto de vista da cultura política, estas são pessoas que não estão orientadas nem para os output nem para os input. Estão simplesmente desinteressadas daquilo que, como se diz na Itália com uma feliz expressão, acontece no “palácio”. Sei bem que também podem ser dadas interpretações benévolas da apatia política. Mais inclusive as interpretações mais benévolas não conseguem tirar-me da mente que os grandes escritores democráticos recusar-se-iam ao reconhecer na renúncia ao uso do próprio direito um benéfico fruto da educação para a cidadania. – BOBBIO, N.. “O futuro da democracia”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986: 32.

3 BITTAR, E.. “Curso de filosofia política”. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2005: 32.

4 “A democracia”, 277.

5 Exemplo é a medida do ultimo dia 16/06/2009, Terça Feira, em que ficou determinada a compra de 30% da merenda escolar de todo o país de pequenos proprietários agrícolas, que se organizam no modelo de agricultura familiar.

6 BITTAR, E.. “Curso de filosofia política”. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2005: 34.

7 Folha de São Paulo. Luiz Felipe Pondé, “A ciência idiota da política”, 08/06/09.

8 Texto de Frei Betto citado no jornal O Estado de São Paulo em 05/04/1995.

Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia e companheiro de lutas populares aqui em Poços de Caldas
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas

quinta-feira, 25 de junho de 2009

DESMANTELAR O EDIFICO DE ILUSÕES-CHOMSKY

Quarta-feira, 24 de Junho de 2009
Para Chomsky, é preciso "desmantelar o edifício de ilusões"
Embora eu seja leitor assíduo e admirador da produção intelectual e política de Noam Chomsky, não me lembro de já ter postado nenhum artigo do (ou sobre o) intrépido ativista, lingüista e filósofo estadunidense. Então corrijo, agora, tamanha falha.

Por David Brooks/La Jornada

[http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=7169]

Quando se fala da "crise", quase todos se referem à financeira, visto que afeta diretamente os ricos, mas a crise dos bilhões de seres humanos que passam fome - entre eles cerca de 40 milhões nos Estados Unidos - não é a que tem mais urgência, porque todos os que a sofrem são pobres, afirmou Noam Chomsky.


Com voz tranquila, Chomsky cuidadosamente destruiu os mitos do chamado mercado livre, e documentou de maneira sintética as muitas situações de crise - a econômica e a financeira, a do militarismo, a do ambiente e a alimentar, entre outras - e as suas ligações comuns, construindo uma radiografia de um sistema que se mascara de "democracia", mas cujo objetivo final é socializar os prejuízos, privatizar os lucros e defender o privilégio de uma cada vez mais reduzida minoria rica, com consequências cada vez mais sinistras para as maiorias e para o próprio planeta.


É necessário "desmontar o edifício de ilusões" que se vende como democracia de mercado livre para que o ser humano sobreviva, e para isso exige-se um confronto com o modelo que visa proteger os interesses da "minoria da opulência contra as maiorias", afirmou.

"O povo paga os custos"

Chomsky discursou na passada sexta-feira, perante cerca de 1.500 pessoas, do pódio da famosa igreja Riverside, o mesmo em que Martin Luther King Jr. proferiu o seu histórico discurso de 1967 contra a guerra do Vietnã e o sistema imperial dos Estados Unidos, onde também se escutou Nelson Mandela e, mais recentemente, Arundhati Roy - num evento organizado pelo Fórum Brecht, um centro de investigação independente de esquerda.


"As crises de hoje estão interligadas de diversas formas", afirmou, e algumas são mais prioritárias que outras, pela simples razão expressa por Adam Smith de que "os principais arquitetos das políticas garantem que os seus próprios interesses são os que predominam, sem se importarem com os custos".

E Chomsky, como sempre, deu exemplo atrás de exemplo, documentando a história. Falou sobre a história do Haiti, desde os franceses e a invasão dos EUA de Woodrow Wilson, até à manipulação feita por Washington do desafio de Jean Bertrand Aristide, tanto pelo republicano George Bush (pai) como pelo democrata Bill Clinton, impondo o modelo neoliberal, com o resultado inevitável de "destruir a soberania econômica" deste país, que está agora nas linhas da frente da crise alimentar.


"Esta história é muito parecida em todo o mundo", acrescentou, apontando o Bangladesh e dezenas de exemplos mais.

"A raiz comum das crises de hoje no Sul e no Norte é a mudança para o neoliberalismo que se dá nos anos setenta", declarou. Isto marcou o fim do crescimento sustentável da era do pós-guerra, conhecida como a "era dourada do capitalismo", com o seu Estado-providência e os seus aumentos a nível de rendimentos e de direitos.

Hoje em dia, "o livre fluxo de capital cria um Senado virtual que realiza um referendo instantâneo que veta tentativas de beneficiar as maiorias à custa dos seus interesses".


Agora, com a atual crise que afeta os ricos, adota-se a mesma estratégia de sempre: "a população paga os prejuízos e assume o risco, enquanto os lucros são privatizados".

Do púlpito da igreja Riverside em Nova York, Noam Chomsky disse no fim-de-semana que perante as crises existentes, o sistema neoliberal protege as minorias abastadas em detrimento das maiorias.

Também se focou no plano da política externa, dizendo que Washington não pretende abandonar tão rapidamente o Iraque, e advertiu que a nova abordagem sobre o Paquistão e o Afeganistão é um jogo muito perigoso, uma vez que ameaça a paz mundial e a sobrevivência humanas, por causa das armas nucleares aí existentes.

Acrescentou que é alarmante que um "assassino membro das forças especiais de olhos enlouquecidos", o general Stanley McChrystal, tenha sido nomeado comandante das forças norte-americanas no Afeganistão.

Por outro lado, assinalou que agora é o momento-chave para definir a sobrevivência humana perante a crise climática.

"Temos de enfrentar talvez o mais importante: a forma de inverter o modelo corporativo-estatal estabelecido durante o pós-guerra", promovido por empresas de automóveis, petrolíferas, entre outras, que levou a esta crise ambiental e outras.

Na sua análise das crises do mundo, disse que para impor políticas que não reflitam o interesse das maiorias nos Estados Unidos e noutros países, recorreu-se menos à força do que "ao controle da opinião pública através da indústria de relações públicas, com o objetivo de criar consenso".

Mas impera sempre, desde os inícios desta república, a noção de proteger os "interesses da minoria abastada" contra todos os demais, com conceitos de que "uma minoria inteligente tem que governar uma maioria ignorante e intrometida". Agora isto é manejado por uma "elite tecnocrática", mas com a mesma doutrina.

Destacou a resistência popular para enfrentar o projeto da elite, e sublinhou que as rebeliões dos anos 60 "tiveram um efeito civilizador". Acrescentou que sempre se lançaram "ataques da elite contra a democracia" e que o modelo do mercado livre corporativo continua a ser o "obstáculo à eficiência e à tomada racional de decisões racionais".

"Não há nenhuma razão para permanecerem passivos", disse ele à sua audiência de esquerda. "Por que não ocupar uma fábrica (em referência aos cortes da General Motors) para a converter em centro de produção de transportes de massa? Não é uma questão exótica. Que os trabalhadores controlem as suas fábricas é tão tipicamente americano como a torta de maçã".

Na verdade, acrescentou, parte do objetivo dos administradores do sistema atual é "apagar todas as memórias das lutas" sociais, mas advertiu que suspeita que estas tendências "continuam latentes" nos mais desfavorecidos e "podem ser despertadas".

Este é um momento propício para o fazer".

A tarefa é superar o "déficit democrático", acrescentou, e "promover uma sociedade democrática, que funcione na realidade." Entre as chaves para o conseguir identificou a renovação dos sindicatos, a luta educativa e cultural e a necessidade de "desmantelar o edifício de ilusões" pela minoria que governa nas chamadas democracias formais.

A crise fundamental de hoje é, talvez, a do "déficit democrático", resumiu, esse fosso que existe entre os interesses das grandes maiorias e as políticas dos governantes.

Tradução de Rui Maio para o Esquerda.net. [http://www.esquerda.net/]
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 19:39

sexta-feira, 19 de junho de 2009

MENSAGEM A UMA FILHA

19/06/09

Minha querida Nelma:

Recebi sua belíssima mensagem sobre a passagem do tempo em nossas existências. Ao experimentarmos tempo melhores - infância, juventude, adolescência e puberdade - não nos passam pela cabeça que um dia tudo isso acabará, como havia sido sempre e, quiçá, eternamente. Achamo-nos donos do mundo, das verdades, das conquistas amorosas, dos empregos melhores e de relacionamentos a outros grupos de pessoas uma maravilhosa experiência. E é! Uma experiência que deve ser vivenciada de maneira total por ser passageira e enganosa muitas vezes, mas rica em sentimentos que podem e devem ser divididos com os nossos amigos, namorados, esposos, companheiros sem esquecermos, contudo, que existem uns "atores" que chegaram ao máximo de seus papéis na comédia da Vida e que, por decidia ou por outra falta qualquer, se sentem relegados, esquecidos, muitos abandonados, e aos quais os mais novos não desejam quaisquer conselhos, orientação de vida, ralhos, críticas ou suas influências mais em seus comportamentos.
Na verdade, esses "atores e atrizes" têm muito a dar e nada pedir, a não ser uma parcela mínima de suas atenções, suas presenças vez por outra aos seus lados, um sorriso e umas palavras carinhosas, paciência e muito amor. Ficamos como o bagaço da cana que, espremida diversas vezes, não tem como dar mais o sumarento liquido doce como a Vida jovem.
Chegamos à fase do desconforto, dos achaques naturais, das dores nas juntas, das colunas torturantes, da falta de audição e da visão enfraquecida. Por nós, estaríamos sempre em forma. Mas outros males mais sérios nos assaltam tomando o nosso Tempo em visitas a consultórios médicos, clínicas, hospitais. É natural que lutemos por nos manter "espertos", bem humorados, capazes de serviços que, então, nos pesam como a uma cruz sobre os nossos ombros, cujos ossos já não têm as mesmas características dos jovens. Olhamos os espelhos e nos descobrimos velhos! E quem deseja, entre os jovens ou moços, a presença de "incapazes gagás", surdos, lentos, mal humorados, cansados? Vemo-nos forçados a tudo levar de vencida, estoicamente, quando não mais suportamos as tarefas comuns diárias que se nos deparam frontalmente. Só recolhemos impaciência aos mais jovens, intolerância e indiferença.
Mas a Vida tem uma estrada comum a todos os seres humanos, iguais situações, chegada ao mais alto cume da energia e seu desiderato com a chegada do "inverno" humano e, por fim, a consumação dos dias, o adeus e a partida solitária. Só escapam às cenas cansativas do teatro Vida os que partem cedo sem esperar, sem prever e sem prevenir.
Essa sua mensagem arrancou muitas lágrimas aos meus olhos, contudo ainda me sinto capaz de servir, de me doar e de entender a posição dos mais jovens ou dos que trilham estradas um pouco mais ásperas. Só e apenas desejamos, secretamente em nossa alma eterna, que vocês tenham atalhos diferenciados, ricos em oportunidades e longevos como as grandes catedrais ou os milenares carvalhos, dispensando os exageros. Obrigado. Que as suas vidas sejam abonadas por muitas bênçãos, por análises próprias à ajuda íntima, a se descartarem da dor, do sofrimento e das ansiedades tão comuns hoje em dia. Abraçamo-os e os beijamos muito, assim como Léia sente igualmente. Têm o nosso intenso amor.
papai

quinta-feira, 18 de junho de 2009

PERU, IRÃ, LULA, A MIDIA E A INVEJA

Quarta-feira, 17 de Junho de 2009

O Peru está sendo sacudido por uma onda de violência e resistência que já vitimou um sem número de camponeses e alguns policiais, tendo sua gênese nos protestos pacíficos promovidos por grupos indígenas contra a implementação no seu habitat histórico do Tratado de Livre Comércio (TLC) entre o Peru e os Estados Unidos, que permite a exploração por empresas estrangeiras de madeira e minério na região. Estamos falando da região amazônica do Peru, portanto muito próxima da fronteira com o Brasil. Mais, estamos também falando de um tratado visando privatizar a floresta amazônica e o presidente peruano Alan Garcia, num gesto típico de autoritarismo, procurou impor aos camponeses o acordo, sem consultá-los, ato totalmente ilegal, já que infringe o Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo qual o Estado deve informar e consultar as comunidades quanto a convênios e contratos com empresas transnacionais e outras que desejam apropriar-se de territórios pertencentes aos nativos amazônicos. O Peru inclusive ratificou o referido Convênio da OIT em 1993, mas Garcia, aliado incondicional de Washington, simplesmente ignorou o fato optando pela violência.

Enquanto tudo isso acontece no subcontinente sul-americano, a nossa mídia mazombeira tem se ocupado intensamente nos últimos, dentro do noticiário internacional, a repercutir o que a grande mídia estrangeira tem feito, ou seja, atacar as eleições iranianas. Não importa se para tanto não possuem nenhuma prova substancial de que realmente houve fraudes durante o pleito no país persa. Sobre o assunto recomendo o ótimo artigo de Daniel Lopes para o Amálgama [http://www.amalgama.blog.br/06/2009/a-reeleicao-de-ahmadinejad-e-a-hipocrisia-de-israel/#more-390]


E como o presidente Lula, numa entrevista rápida, explicitou isso, o fato de inexistirem provas de que as eleições iranianas foram manipuladas, a midiazona não perdeu tempo e, outra vez, descarregou sua metralhadora contra o presidente brasileiro. Chegou inclusive a dizer que a declaração de Lula sobre as eleições iranianas não faria qualquer diferença em qualquer parte do mundo.

Só que mais uma vez o castigo veio a cavalo. Enquanto desprezam o nordestino analfabeto, pingaiada e ignorante, ele é tratado, naquilo que a nossa porca elite chama de primeiro-mundo, com o respeito que nenhum outro presidente brasileiro jamais teve.

Em viagem pela Europa – rumo à Rússia, onde participa em Ecaterimburgo da reunião de cúpula do grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) –, Lula participou em Genebra da reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Teve ainda encontro com sindicalistas e compareceu à 98ª Conferência Internacional do Trabalho. Na Suíça, o chefe-de-estado brasileiro teve a oportunidade de denunciar à recente campanha da direita européia contra imigrantes e foi aplaudido e ovacionado de pé, por membros da OIT e do Conselho de Direitos Humanos. Entre outras coisas disse: "Eu tenho notado que em algumas campanhas políticas o maior instrumento da direita é dizer que vai diminuir a imigração para garantir o emprego no seu país". Continuou, "Não podemos permitir que a direita em cada país utilize o imigrante como se ele fosse um mal da nação ocupando o lugar de uma pessoa do próprio país." E ainda completou, "Nós não podemos permitir que essa visão ideológica tenha lugar no mundo do trabalho. Essa é uma luta muito difícil. Muitas vezes os próprios trabalhadores culpam os imigrantes. Então não é uma luta fácil, mas é uma luta que somente o movimento sindical pode assumir e defender com unhas e dentes."

No mais Lula pôs novamente o dedo na ferida: "Primeiro teve o Consenso de Washington e depois o neoliberalismo, que disse que o Estado tinha de ser o mínimo possível, porque o mercado resolvia qualquer problema. Mas no meio da crise, a quem é que os bancos americanos, os bancos alemães recorreram? Ao Estado. Porque somente o Estado tinha garantia e credibilidade de fazer aquilo que o mercado não conseguia fazer"

Alguém se lembra quando FFHH num gesto de cafonice sem tamanho gastou seu francês discursando na Assembléia Nacional em Paris e a mídia oligopolizada se derreteu toda gritando em coro “esse é meu presidente”.

Quanto a Lula, o tratamento dado é o de sempre, esconder e boicotar a todo o custo o sucesso mundial e a liderança latino-americana do (repito) nordestino analfabeto, pingaiada e ignorante.

E o pior é que isso não é novidade. Mês passado o nome de Lula foi confirmado para receber o Prêmio pela Paz Félix Houphouët-Boigny 2008. O prêmio dado pela UNESCO e que homenageia anualmente pessoas, organizações e instituições que tenham contribuído significativamente para a promoção, a pesquisa, a preservação e a manutenção da paz em conformidade com a Carta das Nações Unidas e a Constituição da UNESCO.

Ao anunciar a decisão, o integrante do júri do prêmio e ex-presidente de Portugal Mario Soares declarou: “Decidimos conceder o Prêmio pela Paz Félix Houphouët-Boigny a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República do Brasil, por suas ações em busca da paz, do diálogo, da democracia, da justiça social e da igualdade de direitos, assim como por sua valiosa contribuição para a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos das minorias”.

Também houve pouca, ou quase nenhuma repercussão, a matéria do diário espanhol El País sobre o desejo de Barak Obama de que Lula assuma o Banco Mundial. Segundo o jornal madrileno representantes do presidente estadunidense teriam consultado informalmente pessoas próximas a Lula para saber qual seria a reação do presidente brasileiro ao convite [para presidir o Banco Mundial]. Ouviram que, no mínimo, Lula se sentiria “honrado”.

Claro, presidir o Banco Mundial está muito longe de ser algo realmente importante, talvez seja até incoerente, para alguém cuja trajetória política de certo modo se confunde com a luta das esquerdas brasileiras desde fins da década de 1970. Entretanto o que direita tupiniquim não aceita é não ser um de próceres o preferido por Obama. Isso deixa nítido o quão incompetentes são e o pouco respeito que desfrutam entre sues pares ideológicos do hemisfério norte, ou pior ainda, o quanto atrasados estão em relação a seus congêneres nos EEUU e na Europa Ocidental.

Sinceramente, não sei ao certo o que move nossa mídia oligopolizada, que por sua vez é reflexo de nossa elite retrograda, se é apenas desprezo (Lula representa o “povinho”) ou inveja pura, por saberem que nunca chegaram aonde Lula chegou.

Fontes:

http://www.brasilia.unesco.org/noticias/ultimas/unesco-homenageia-lula-com-premio-pela-paz

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090615_lulagenebra_pu_ac.shtml

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/06/02/ult581u3276

quinta-feira, 11 de junho de 2009

TUCANOS MODUS OPERANDI

Quarta-feira, 10 de Junho de 2009
Tucanus Modus Operandi
O jeitinho tucano de lidar com os movimentos sociais e com atores políticos antagônicos, nos assusta mais e mais a cada dia. José Serra, Yeda Crusius e Aécio Neves transformaram os estados onde governam em feudos, cuja lei e direitos humanos são balizados pelos interesses deles próprios.

Semana passada postei aqui uma excelente matéria do diário britânico The Economist sobre a falta de qualidade na educação pública brasileira e o pouco (ou nenhum) empenho de nossos governantes para reverter tal quadro catastrófico. (Especialmente em São Paulo, estado mais rico da federação e governado há 15 anos ininterruptos pelo PSDB, tempo mais que suficiente para colocar em prática projetos educacionais de longo prazo e que de fato visassem à melhoria do ensino público.)

Mas o tratamento que José Serra deu aos grevistas e alunos da USP, está há anos luz de ser apenas descaso com a educação, é atrocidade. Um governo estadual, em pleno estado democrático de direito, mandar a Tropa de Choque da PM invadir um campus universitário! E ainda dando aval para utilizar da truculência, que é própria da corporação, usando cães, lançando bombas de gás lacrimogêneo, atirando balas de borracha e espancando estudantes com porretes, transformando o Campus da maior universidade do Brasil em praça de guerra! Sinceramente, isso me pareceria impensável há bem pouco tempo atrás.

A atrocidade, ou infâmia, ou quem sabe, terrorismo de estado, cometida pelo chefe do executivo paulista, Sr. José Serra, pelo seu secretário de Educação, Sr. Paulo Renato de Souza, e o secretário de Segurança Pública, Sr. Antônio Ferreira Pinto, não pode passar imune aos olhos da sociedade e impune perante a Justiça.

No Rio Grande do Sul enquanto Yeda Crusius se afoga num mar de lama, os movimentos sociais são perseguidos e criminalizados.

Há aproximadamente 1 ano a governadora determinou ao então recém empossado comandante geral da Brigada Militar, coronel Paulo Mendes, que reprimisse duramente manifestações contra o governo estadual. E o coronel não demorou a colocar a orientação em prática. Na manhã de 11 de junho de 2008 pelo menos dezessete pessoas foram feridas e outras 17 detidas na ação da tropa de choque da Brigada Militar contra manifestantes que se dirigiam ao Palácio Piratini para protestar contra a corrupção no governo Yeda.

A ação violenta da Brigada Militar começou quando integrantes da Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e Movimento Nacional da Luta pela Moradia, além de estudantes e sindicalistas iniciaram uma caminhada em direção ao Palácio Piratini. No trajeto, os manifestantes pretendiam fazer um protesto pacífico contra a alta dos alimentos no supermercado Nacional, do grupo Wal-Mart. A manifestação foi duramente reprimida com balas de borracha, bombas e gases lacrimogêneo e pimenta. Mais tarde, quando tentaram reiniciar a marcha, os manifestantes foram novamente impedidos de caminhar, empurrados para o Parque Harmonia e agredidos pela Brigada Militar. Um oficial da BM disse aos manifestantes que eles não iriam para frente do Palácio Piratini de jeito nenhum. Os principais ferimentos foram provocados por balas de borracha. Um agricultor teve o braço quebrado por um brigadiano.

Em Minas Gerais, na base da virulência e brutalidade obviamente, entre meados e fim do mês de maio último, Aécinho deu ordens para que cerca de 150 famílias de sem-terras fossem expulsas do único acampamento do MST existente no Sul de Minas. O acampamento localizado no município de Campo do Meio, dentro do latifúndio da antiga Usina Adrianópolis, viu PMs e jagunços derrubarem todos os barracos, muitos cobertos com telhas e feitos à base de cimento e tijolos - sem deixar qualquer possibilidade de reutilização.

Durante a expulsão das famílias, animais de criação foram lançados na vastidão da área e as cercas de arames destruídas por um trator da Prefeitura de Campo do Meio, sendo este operacionalizado por funcionários (ou jagunços?) da ex-usina Adrianópolis. A barbárie imperou de tal modo ali, naquele recanto do Brasil, que os relatos que nos chegam faz doer o peito e refletir sobre a miserável condição humana.

Nessa região está em curso uma disputa por território. De um lado, latifundiários do café, o atual prefeito, testas de ferro da ex-Usina, grandes plantadores de sorgo e tomate. Do outro lado, sem-terras do MST lutando por reforma agrária, por agricultura familiar dentro dos princípios da agroecologia. Não há exagero algum em afirmar que estamos na iminência de um massacre de camponeses em Minas Gerais.

Por isso, e infelizmente muito mais, hoje compartilho com Regina Duarte daquele sentimento de medo mostrado pela atriz global durante a campanha presidencial de 2002. Só que meu medo reside na chance, ainda longínqua, do retorno ao poder dos tucanos. Pois parece que a violência e repressão a todos que não comungam de suas idéias tornou-se modus operandi desse grupo elitista e conservador.

ALÔ MINHA QUERIDA "NOQUINHA"

0/06/09

Alô minha querida Noquinha:

Você nos visitava pouco e nós pouco também a visitávamos, contudo esses vazios momentâneos não deslustraram o nosso AMOR.

Agora, querida, você vai estar mais ausente, todavia a teremos em nossos corações, e perdoada estará por sua ausência compulsória. Entendemos sua ausência, mas jamais a sua falta. Vi em seus olhos aquele brilho dos vivos; e você está VIVA, agora mais do que nunca! Obrigado por você ter vindo ao nosso convívio no dia 20 de janeiro de 1962, se não me engana, num domingo de muito sol.

Abraço-a profusamente prometendo num próximo encontro botar em dia todas as nossas palavras que não tivemos a oportunidade de trocar. Você viajou, mas eu não a espero; você é que deverá me esperar. Receba os muitos beijos que deixei de lhe dar, por somenos. Ainda somos pai e filha. Você viajando e eu pronto a seguir o mesmo caminho. Talvez eu demore um pouquinho. Paciência é coisa que eu não pedirei a você, que tem toda a eternidade para me aguardar.

Estou saudoso, mas isto é coisa que dá e passa. Passa como nós passamos: eu ao chão, mas você passarinha. Com muito amor. Beijos.

Papai.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A INVASÃO DA USP

Segunda-feira, 1 de Junho de 200

COMUNICADO URGENTE:

REITORIA DA USP E GOVERNO SERRA MANDAM POLÍCIA CONTRA A GREVE DE TRABALHADORES

Desde a madrugada de hoje, 01 de junho, nós, trabalhadores da USP, estamos sofrendo mais um ato de repressão inadmissível. A universidade amanheceu completamente sitiada pela polícia. Em cada unidade da universidade há pelo menos uma viatura, e em frente ao prédio da reitoria há uma concentração de dezenas de policiais. Os policiais estão com uma atitude provocativa frente aos trabalhadores, arrancando as faixas dos grevistas, buscando abertamente causar incidentes. Isso se dá justamente após a reitoria, apoiada pelo governo do estado, ter suspendido as negociações com os trabalhadores de maneira completamente arbitrária.

Nós, trabalhadores da USP estamos em greve desde o dia 5 de maio por aumento de salário, em defesa de 5 mil trabalhadores que tem seus postos de trabalho ameaçados, pelas demandas do hospital universitário, e outras pautas específicas, e pela reintegração de Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP demitido. A demissão de Claudionor Brandão é produto da perseguição política aos trabalhadores e ao sindicato, protagonizada pela reitoria e pelo governo Serra. Trata-se de uma política marcada pela prática anti-sindical e anti-democrática que abre um gravíssimo precedente para todos os trabalhadores brasileiros. Não podemos permitir que os trabalhadores da USP e sua legítima mobilização em defesa da democracia na universidade sofram esta coerção policial.

Chamamos todos os meios de comunicação, ativistas dos direitos humanos, sindicatos, organizações políticas, estudantes e integrantes dos movimentos sociais a se unirem a nós e impedirem esta ofensiva, que é parte da escandalosa criminalização dos movimentos sociais, prática que tem se generalizado pelo país. Chamamos todos a enviarem moções de repudio para a reitoria da USP, exigindo a retirada imediata dos efetivos policiais, e a se concentrarem na frente da reitoria, e cercar de solidariedade os trabalhadores da USP em greve há 27 dias.

Claudionor Brandão
Comando de Greve da USP
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 17:36