DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


quarta-feira, 23 de julho de 2008

RECOMENDO À LEMBRANÇA O NORDESTINO JOSUÉ DE CASTRO

Em 22/07/08

RECOMENDO À LEMBRANÇA O NORDESTINO JOSUÉ DE CASTRO


Em 05/09/08, nascia no estado de Pernambuco o futuro médico, sociólogo e escritor Josué de Castro. Como isso não bastasse - tanto interesse diversificado - ainda foi deputado federal por 3 mandatos e, ainda, culminando na honrosa posição político-social de Presidente da FAO de 1952 a 1956. Sua carreira intelectual não se ateve apenas a escrever romances como Homens e Caranguejos - livro que destrincha a vida mimética de homens e caranguejos nos lodaçais dos mangues do Capiberibe e nos bairros miseráveis de Recife, tais como Afogados, Sto.Amaro, Pina e Ilha do Leite. Diz o eminentíssimo homem público que estes lugares foram a sua Sorbonne.

Morador em Natal, de 1947 a 1956, eu mesmo tive a oportunidade de observar em nossos mangues,próximos à Praia da Redinha, às margens do Rio Potengi, onde passava as férias escolares famílias inteiras, ainda de madrugadinha, marcharem impávidas para o lamaçal a fim de caçar os crustáceos que não só lhes serviriam como alimento, mas os vendendo tivessem dinheiro para comprar farinha, rapadura e café. Se sobrasse algum tostão levariam peixe-voador e aves de arribação - vindas da distante África até ao nosso continente, para a procriação - que lhes serviriam como regime alimentar também. Mas, como coisa gravada indelevelmente em minha memória a fustigar meus sentimentos, a cena de homens, mulheres e crianças, atolando seus braços até à altura dos ombros, para remexer o que não viam, era triste demais; eles nadavam sobre a podridão, - "habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos", no dizer do próprio Josué de Castro - porém, lá do fundo daquele lamaçal putrefato, e de odor nauseabundo, traziam aqueles habitantes dos mangues que significava as suas sobrevivências. As criancinhas - bochudas de tanto comerem torrões de terra que retiravam às paredes de seus tugúrios - amareladas e de perninhas finas como as aves pernaltas, tinham olhares tristes e pedintes, aguardavam o pirão feito com o caldo do caranguejo ou a farinha seca com raspa de rapadura ou, ainda, o "ensopado" de palma - antes servida só aos animais.


Josué de Castro foi o homem de coragem que desnudou ao mundo a Fome universal - não só a fome regional - porque em todo o planeta a fome grassa como praga difícil a ser exterminada. A FOME - essa ausência não só de alimentos se acha ligada ao que o sociólogo designou de "subdesenvolvimento" - é a "expressão biológica de males sociológicos". Dizia ele, consciente, e quase visionário, que "não bastava somente o aumento da produtividade de alimentos, mas os meios suficientes à população mundial para adquirir essa dádiva da terra". E isto não há, principalmente aqui no Brasil.

Já disse, em comentário anterior sobre a Fome que hoje não temos mais um Deus (Jeová) fazendo chover o maná, que alimentou milhares de hebreus em pleno deserto quando da histórica marcha daquele povo até Canaã - a Terra Prometida a Moisés e ao seu povo. Também não temos mais um Moisés e o seu bordão que arrancava água das rochas. E em futuro muito próximo, é preciso termos consciência, faltará ao mundo o precioso líquido que, se consorciado à falta de alimentos, se transformará não numa hecatombe rápida, como foi com o dilúvio, mas deverá ser lenta, sofrida, de agonia extremada a toda população do planeta. Se não temos um Moisés, por um lado, nem um Deus Pródigo com a sua chuva de maná, por outro lado, não teremos mais um Josué de Castro a descortinar a verdadeira situação da FOME sempre escondida por governos, "escamoteada como coisa vergonhosa a ser mostrada” – frase do grande homem Josué de Castro que veio a óbito em 24/09/73, em Paris, na condição de exilado.

Como disse a Doutora em Sociologia Aplicada, e professora titular da UFRJ, Anna Maria de Castro, filha do nosso verdadeiro herói nordestino, "É este homem que o Brasil de hoje precisa deixar de ignorar", e eu acrescento: o Brasil de hoje e de SEMPRE não pode mais ignorá-lo. Os livros "GEOGRAFIA DA FOME" e "GEOPOLÍTICA DA FOME" são as suas mais importantes obras traduzidas em 24 línguas! Façamos justiça a esse homem que não a teve das nossas autoridades e que tentaram relegá-lo num exílio covarde. Graças, porém, às inteligências claras, ainda no planeta, ele foi mais do que agraciado com diversas comendas, títulos e posições no cenário mundial. Quem desejar saber mais sobre esse iluminado brasileiro, que não se curvou diante da truculência de governos militares, acesse, por favor, o site
www.josuedecastro.com.br
Morani

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