DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

M Ã E

À minha mãe Alice, desaparecida em 03/02/1940.


Apenas três letras que unidas nos dão toda a sensação de segurança, de amor incondicional, de paciência e de destemor.
Essa palavra pequena, todavia grande em seu significado, reverbera lá no fundo do meu ser como uma passagem que se suavizou por si mesma sem estardalhaço, sem agonias, sem saudades doloridas, mas servindo ainda de coluna mestra de uma construção em que os tijolos nada mais foram que pequenas palavras dulcíssimas caídas dos lábios de uma pequena criatura, todavia gigante nos cuidados aos filhos por mais insignificantes fossem os machucados.
Uma brincadeira, uma queda, um joelho ralado, eram bastante para pô-la em movimento rápido e lágrimas aos olhos. Pensava-os com gestos tão delicados que mal sentíamos qualquer agonia ao toque do chumaço de algodão embebido de iodo. Em seguida os cobria de gaze e esparadrapo. Estávamos salvos! Mas conselhos não nos faltavam:
–Mais cuidado, da próxima vez.
E lá se ia aos cuidados de cerzir meias usando uma ferramenta que existia à época – um ovo de madeira, que introduzia aos pés das meias para conserto. E a agulha trabalhava igual a essas dos teares, cerzindo tão bem quanto àquelas que criavam as malhas. Eram seus dedos mágicos e pacientes transformando os gastos em novos.
Chegando do colégio, era a primeira pessoa que buscávamos sem mais delongas.
Os lanches nos caíam à frente, como num passe de mágica.
–Antes, queridos, lavem as suas mãos. Jamais comam tendo-as sujas.
Quanta atenção, quantos detalhes nos cuidados, quanta argúcia na observação.
E eu pensava um dia tê-la aos braços como se fosse uma criança, como já fora um dia, a precisar de minhas atenções e de meus cuidados, sem ralhos. As cãs recamadas de borralhos de neve seriam os primeiros sinais de advertência para que eu desenvolvesse, em futuro próximo, o sentimento materno sobrepujando o machismo do eu adulto.
Ledo engano. Conquanto seus cabelos estivessem prateados não ficaram brancos. Minha mãe não virou criança e eu não era ainda adulto. Foi num sábado de carnaval no Rio. Tempo de chuvinha miúda e fria. Alertaram-nos: “Eis mamãe que chega!” Da vizinha corri à varanda da nossa casa para recebê-la. Mas quieta e muda, ela não podia nos abraçar nem nós a ela. Guardava-a um "porta-jóias" do seu tamanho.
E lá se foi ela - como sempre fizera -, ao tamborilar da chuva forte sobre o carro fúnebre dormindo qual princesa das histórias infantís para o aconchego ao seio da Terra-mãe. O adulto não brotou, morrendo junto e ainda criança.

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