E MAIS UMA VEZ... CARNAVAL
Carnaval! Car... Naval! Carne... Val! Carne... vai! E assim os pernambucanos chegam a mais uma festa pagã conhecida por Carnaval! Tudo muito bonito tendo como fundo os prédios pontes e o Rio Capibaribe... Contudo, - é a minha íntima dedução - creio tenham os carnavalescos recifenses extrapolado às suas fantasias decorativas. Ainda não chegaram ao conhecimento profundo da crise pela qual passa a maioria dos brasileiros e muito principalmente os próprios pernambucanos. Até admito a brincadeira, o expandir de suas emoções, o desejo de suplantar o Carnaval de outros centros; isso tudo poderia ser feito apenas pelos famosos e conhecidos Frevo e suas sombrinhas dançarinas. Esse Galo da Madrugada é qualquer coisa de estupendo, como obra de arte popular representando os seus festejos de Momo. Penso o Carnaval venha ser o passaporte de mais um festejo popular mostrado ao Mundo e aos povos estrangeiros de que o Brasil ainda respira, apesar de se encontrar à unidade de tratamento intensivo para a cura de seus males. O Carnaval poderia ter e ser essa alegria máxima de Recife desnudando-o ao resto do Brasil? Não... Se olharmos trechos desse famoso Rio Capibaribe, uma pergunta não quer se calar: que Carnaval é esse bailando a superfície do rio famoso, enquanto se levantam sobre a lama paliçadas equilibrando as misérias de seu povo? Ah, Recife... Ah, recifenses... Que misturam miséria e riqueza para dar o bolo total conhecido por Carnaval da Veneza brasileira? Cristo, sentado ao Jardim Getsemani, chorou as misérias da cidade e do seu povo judeu; chorou copiosamente sobre Jerusalém... Eu sentado diante de meu monitor, choro Recife e seu povo; choro a riqueza sem objetivo desse Galo da Madrugada. Cantando às madrugadas, o que ele anunciaria? Choremos um só choro, uma só dor e uma só ilusão... Carnaval... Car... Naval... Car... Navalha!