DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sexta-feira, 29 de agosto de 2008

BRASIL NADA OLIMPICO

Em 29/08/08

Transcrevo neste meu espaço, com muita propriedade, o comentário do senhor Hudson, titular do blog "DISSOLVENDO-NO-AR", sobre a vergonhosa participação de nossos atletas na última Olimpíada realizada em Pequim.

Quarta-feira, 27 de Agosto de 2008

Brasil nada olímpico
Mais uma Olimpíada chega ao fim e com ela mais uma “frustrante” participação brasileira. Afinal de contas, frustrante para quem? Não para mim cara pálida. Explicarei, antes vale ressaltar o caráter extremamente comercial dos jogos olímpicos que há muito perderam seu objetivo lúdico, ou melhor, venderam o objetivo junto com a alma ao deus Mercado. Se durante as Olimpíadas na Grécia Antiga pobres mortais buscavam uma aproximação com os deuses do Olimpo, hoje os atletas apenas se ajoelham perante o onipresente deus “Mercado”. Medalhas, recordes, superação, tudo não passa de estampa para obtenção do louro olímpico pós-moderno, um bom contrato publicitário com uma marca esportiva, ou com outra de equipamentos eletro-eletrônicos, ou de refrigerantes, ou da industria automobilística ou do que quer que seja, o importante é não perder os “bilhões” de dólares guardados para os laureados. Os jogos Olímpicos há muito também – como toda a competição esportiva – segue critérios políticos – não que esses estejam desvinculados dos critérios comerciais, mas quando se consegue conjugar ambos em plena harmonia, tanto melhor – como ficou explícito na escolha de Pequim para sediá-los esse ano. Uma cidade poluída, o que já denotaria falta de condições para prática esportiva. No entanto Pequim é capital do país que vem se firmando como a grande potência comercial e econômica do século XXI. É sempre assim, critérios políticos ou comercias, no caso de Pequim ambos se completam. Em 1996 por exemplo, no centenário das Olimpíadas modernas, Atenas, capital grega e muito antes de Cristo o berço dos jogos olímpicos, viu Atlanta, capital da Coca-Cola, levar os jogos. Na verdade a Coca comprou aqueles jogos como verdadeira mercadoria que o são. Pra mim Olimpíada era gostoso mesmo quando acontecia àquela briga entre União Soviética e EEUU para saber quem ficaria a frente no quadro de medalhas, pelo menos era um atrativo à parte. Em 1988, torci muito para os soviéticos terminarem com mais medalhas de ouro em Seul, o que de fato ocorreu. Hoje, essa disputa ente China e EEUU não me empolga. Acho-a um tanto vazia, uma vez que os atletas chineses pouco ou nada diferem dos estadunidenses. A mesma Nike responsável por trabalho escravo, banca astros como o estadunidense ídolo na NBA LeBron James e o herói nacional chinês Liu Xiang, atleta dos 110 metros com barreira. Além do mais, tenho severas críticas quanto ao método de treinamento elaborado pelo governo chinês e o total isolamento de alguns de seus atletas olímpicos. Se é verdade, e o é, que a China de certa maneira deu ao esporte o status de política de estado e não poupou investimento nisso, também é verdade que atletas chineses passaram por um regime draconiano para serem apresentados com um objetivo exclusivamente político por seus mandatários.Quanto à melancólica participação brasileira na China, fica mais uma vez claro, infelizmente, que a total falta de políticas voltadas para a prática esportiva, enxergando-a como ferramenta de inclusão social e cultural, em nossas escolas públicas – digo isso com a autoridade de professor de escola pública e ex-aluno de tal – não poderia nos levar a resultado melhor do que as parcas medalhas trazidas por nossos atletas. O governo federal, parece até brincadeira, através do Ministério dos Esportes investiu uma quantia razoável em atletas de alto rendimento, ao passo que segue sucateando escolas públicas.Por isso, pedir investimentos em práticas de iniciação esportiva é pedir demais, se em muitas de nossas escolas não têm sequer biblioteca, giz ou professor!!!A pífia participação brasileira em jogos Olímpicos está umbilicalmente ligada a outros fatores. A falta de seriedade no trato com a educação e o não entendimento que essa, ao lado do esporte e cultura, forma um trinômio e são indissolúveis, nos relega a resultados iguais ou piores que os trazidos de Pequim. 1- Relatório da Unesco, de 2007, atendo-se à qualidade da educação, mostrou que mais da metade de nossos estudantes sequer sabe ler. Revela também que entre os 45 países pesquisados, o Brasil é o último em gastos públicos com educação. 2-O país gasta anualmente US$ 1.303 por aluno; média da OCDE é de US$ 7.527. O Brasil é o que menos gasta com educação dos 34 países analisados por um estudo da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto o país gasta US$ 1.159 (R$ 2.213) em estudantes primários (à frente apenas da Turquia, que gasta US$ 1.120, o equivalente a R$ 2.139) e US$ 1.033 (R$ 1.973) em estudantes do ginásio e segundo grau (o mais baixo).3- A carga horária média nas escolas é quatro horas, quando, considerando o ambiente adverso em que os mais pobres vivem, o horário integral já deveria ter sido implantado. 4- O acesso à cultura ainda é muito desigual no Brasil. Dados do IBGE mostram que os 10% mais ricos são responsáveis por cerca de 40% de todo o consumo cultural. E, além da desigualdade de renda, há também a desigualdade espacial: as regiões metropolitanas concentram 41% desse consumo. Prova que não somos tão ruins apenas no quadro de medalhas olímpico e que enquanto o governo nas suas distintas esferas – municipal, estadual e federal – não se conscientizar do problema educacional brasileiro, investindo pesado na formação de cidadãos e não gastando bilhões com federações esportivas – entidades cuja transparência e democracia nunca se fizeram presente e onde inexiste fiscalização sobre os recursos públicos a elas repassados – ou com obras megalomaníacas como sediar o Pan, Copa do Mundo ou – Deus nos livre – Jogos Olímpicos, o Brasil continuará no rodapé tanto do esporte, quanto da educação e da cultura mundial.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 12:49 3 comentários
Quinta-feira, 21 de Agosto de 2008

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