DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PARA QUE O NATAL?

Divagações sobre os festejos de Natal.


O que dizer das festas natalinas quando se perde todo aquele encanto e aquela doçura de criança? Quando sabemos, há muito tempo, que esses festejos anuais, que fecham determinados anos da vida de cada um não passam de interesses comerciais? Que a ilusão, deliciosa como um sorvete de mangaba, da figura do velho e bom Papai Noel não passa de farsa? Que se vêem Papai Noel em cada shopping a declamar aquele velho e sem graça oh!oh!oh! - saudação que a principio não existia, porque o que valia mesmo era a figura gorda vestida de vermelho em seu casaco debruado por arminho, com o seu capuz pontiagudo e as suas botas; uma vez o tendo visto em revistas já tínhamos uma espécie de acordo ou pacto a ele, que se comprometiam a encher de presentes às nossas meias, penduradas por todos os cantos da casa, no dia aprazado - 24/12, à meia-noite, ou os deixando debaixo da árvore natalina, toda iluminada feericamente.
O que fazer do Natal de hoje? Já venho perdendo o interesse por essa festa desde que entrei na meia-idade, e desde que diversas catástrofes costumam a acontecer em finais de anos deixando famílias inteiras sem um teto, sem móveis, sem paz e esperança maior do que as que prometem as nossas autoridades. Há crianças pelos nossos morros e periferias que jamais viram um brinquedo por mínimo que fosse, dos mais pobrezinhos em atrativos ao mais melhorados por cores atraentes. Sem roupas novas, sem calçados decentes, sem uma coberta digna e sem uma cama que não seja feita de restos de outras, encontradas por becos e por beiras de rios. Isto ainda não seria o pior se considerar que em suas barriguinhas não chegam uma côdea de pão com mortadela, para dizer o mínimo. Que não sabem o que é um copo de leite; que tomam a primeira refeição repetida ao almoço e a mesma ao jantar; já testemunhei isso e me calou fundo em meus sentimentos. O que fiz eu para melhorar ou aliviar aquela constrangedora situação a uma família vizinha ao meu local de trabalho? Nada. Não movi uma palha que fosse. Achei natural aquilo, por não ver aos olhinhos das crianças da família a tristeza da fome. Estavam álacres com seus pedaços de pães secos à mão, correndo e brincando normalmente, numa aceitação da miserabilidade como coisa mais que normal em seus começos de vida. Não se os viam reclamar. Pelo contrário, víamos felicidade em seus rostinhos infantis. Isso podia não marcá-los à época, mas, na certa, mais tarde, esses fatos do passado ficariam grudados em suas lembranças como filmes aos quais já tivessem assistidos há muito tempo, lá nos idos de suas infâncias miseráveis. Por que, então, o Natal? Por que, portanto, as mesas postas com farturas e as árvores cheias de presentes? Para que Papai Noel passando pelos telhados das mansões dos afortunados, se milhares de outros não o verão nunca?
O que fazer, repete-se, com os festejos de Natal? Eu fecho a porta de minha casa e minhas janelas, apago as luzes, e me meto sob cobertas, orando pelos afortunados que têm grandes responsabilidades sobre a infelicidade dos esquecidos, dos desprovidos dessas alegrias que tanto nos fizeram felizes ou não na infância. Dou um Não ao Natal dos homens, que só pensam em lucros; do comércio que gasta fortunas em arranjos chamativos às compras; em minha mesa já não se vê guloseimas normais da época porque tenho fome de justiça, de igualdade, de sorrisos em todos dos rostos e alegrias em todos os corações. Em minha casa Papai Noel não bate mais à porta porque as crianças da casa envelheceram; não temos mais crianças sob o nosso teto e, pois, inocência. Somos coniventes ao sistema espúrio das desigualdades. Para que o Natal?

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