"Homenagens no Senado aos 14 anos de fundação da "Igreja Mundial do Poder de Deus"
Qual o brasileiro que jamais tenha ouvido falar ou visto pelas TVs, em seus diversos canais, as reuniões da praticamente adolescente Igreja Evangélica "Mundial do Poder de Deus"?
Impressiona o grande número de fiéis e de seguidores que superlotam os espaçosos salões de suas sedes e que têm, agora, erguido um novo e imenso espaço na Cidade Mundial. Cidade Mundial! Obra faraônica, em todos os sentidos.
O seu líder, Valdomiro, que se intitula Apóstolo, enquanto os demais são pastores e bispos, é um dissidente de outra famosa e um pouco menos hoje procurada igreja de Cristo: a “Igreja Mundial do Reino de Deus”! Essa tem como líder o Bispo Macedo, que não vive no Brasil, mas em uma mansão cinematográfica na aprazível Miami. Ambas as igrejas começaram em pequenas lojas alugadas para as suas reuniões, e até em garagens.
Qual a origem do fenômeno que elevou em muitos degraus a situação econômica dessa mais nova agremiação, em cujo seio se pretende pregar a palavra de Deus? Por curiosidade normal, eu acompanho essas reuniões pela TV, desde as madrugadas de anos passados; não em sua totalidade e desde o seu início. As reuniões gravadas iam ao ar às madrugadas. A simplicidade do salão era notória. O “Bispo” – denominada Bispa - Franciléia, esposa do Apóstolo, lia as fichas de "admissão" de fiéis à igreja a um canto do exíguo palco sem a iluminação própria a esse tipo de eventos pela TV. Ora, a suas vestimentas eram simples e os recursos de fundo - a decoração ambiente -, se limitava a um painel em que se mostravam algumas ovelhas pastando em "pastos verdejantes" próximas a um riacho e pequena cascata. Mais nada. Mas, naquele ambiente pobre e com pouca iluminação, se iniciava uma prodigiosa caminhada de seus líderes e da própria entidade.
Enumero agora os fenômenos que alavancaram de maneira prodigiosa a força dessa igreja dissidente com nome quase igual ao da original, de onde vieram os seus líderes:
1) A afirmação constante da Presença de Deus ali, e só ali, e muito menos nas demais igrejas evangélicas;
2) A realização de "milagres" a dias e horas marcadas;
3) A exposição dos exames médicos e laboratoriais dos fiéis "antes e depois" (tipo aos da publicidade, por exemplo, de produtos para cabelos);
4) Os pedidos constantes de dízimos e de "contribuições" além daqueles que já seriam concedidos por seus seguidores;
5) A ausência total do Poder Público nas questões, principalmente, mas não só da Saúde Pública como nas de bem-estar social, educação, segurança e Previdenciária;
6) A prova inequívoca de carência de todas as naturezas mostradas, claramente, nas telinhas das TVs, naqueles que lá iam invocar os Poderes de Deus a seus favores: adultos, crianças e idosos, desprovidos de meios financeiros aos seus tratamentos;
Assim, com essa demonstração de "milagres", diários e às horas marcadas, o governo federal não precisará mais investir polpudas verbas à Saúde Pública, que são, muitas vezes, direcionadas a outros "investimentos" (desvios, para ser mais claro). A saúde dos brasileiros está a salvo!
É digno de nota, embora se estranhe a ausência dos cuidados ascéticos, o aproveitamento da exsudação normal ao rosto e às mãos do Apóstolo líder em pequenos lenços, a princípio, e depois em uma toalha apropriada tendo imprimido os dizeres "Sê tu uma Benção". Atualmente, já se tornou tão "poderoso esse suor do líder" que os fiéis passam apenas as mãos ao rosto do referido líder ou são vestidos com uma de suas camisas molhadas pela exsudação abundante. Esse suor de seu líder em uma camisa, serve como remédio às curas de males geralmente de origens cutâneas.
Creio ser o referido apóstolo mais poderoso que o próprio Cristo! Agora, o que impressiona é o Senado e seus parlamentares realizarem sessão solene apenas para comemorar os 14 anos do surgimento da "Igreja Mundial do Poder de Deus", já ramificada pela Europa, Ásia, África e Oceania! Foi um gigantesco passo, digno de um Gulliver, esse dado por essa agremiação religiosa. Vejo nessa atitude grotesca e sem sentido de nossos parlamentares (há muitos outros assuntos que exigem mais "reuniões solenes" do Congresso), o próximo pleito para se eleger novos mandatários.
Estamos bem... Estamos muito bem servidos de parlamentares e de religiosos. Para que, pois, a presença do Estado?
Nenhum comentário:
Postar um comentário