Segunda-feira, 4 de Agosto de 2008
Um novo projeto de recolonização
Há pouco tempo soube que Bush comprou terras e usinas de etanol na região de Ribeirão Preto. Um fundo internacional capitaneado pelo ex-presidente da Petrobras e genro de FFHH, Henri Philippe Recihtsul, vem adquirindo quantias vultuosos de terras no Centro-Oeste. Exemplos de outros grupos internacionais – sejam em forma de pessoa jurídica ou até mesmo física – comprando grandes extensões de terra em todas as regiões de Brasil, em especial na Amazônia, são abundantes e amparados por uma lei caduca e fora do espaço-tempo. O Estado mostra-se leniente sobre assunto tão caro a nossa soberania ao constatarmos – e ficarmos abismados com – a inexistência de dados oficiais tanto do Incra, quanto do Ibama ou do Ministério da Agricultura, sobre a quantidade de terras que se encontra em mãos de grupos ou cidadãos estrangeiros.Toco nesse assunto porque um embate histórico entre “trabalho versus capital” e “soberania nacional versus colonização” está sendo travado nesse momento, ainda que muitas pessoas não tenham se apercebido disso. Está ficando nítido a olho nu, o quanto a soberania nacional se esvai graças à sanha do capital internacional que reencontrou um antigo filão, a colonização dos países terceiro-mundistas através da exploração/saturação de suas matérias-primas e solo e o conseqüente abandono desses à sua eterna condição na divisão internacional do trabalho. O projeto de recolonização em tempos neoliberais em nada difere substancialmente dos antigos projetos de colonização, ou seja, o objetivo único é sempre exaurir o solo e extorquir a população condenada.Tanto no caso da aquisição de imensidão de terras por estrangeiros, como no do tão propalado etanol, é preocupante a atuação desleixada do Estado brasileiro – obviamente por razões da força do capital. O cultivo da cana-de-açúcar guarda relação direta com a expulsão de outras culturas em direção à floresta por pressão dos plantadores de cana, o risco de especialização produtiva da agricultura de certos estados, a sobreutilização dos recursos hídricos, a falta de regularização fundiária de um percentual grande de terras destinadas a tal cultura e a perpetuação das relações de trabalho no setor onde é sabido o modo animal como são tratados os chamados bóias-fria. Isso tudo num país acostumado ao mal produzido por monoculturas como a do café ou da própria cana-de-açúcar. Não deixa de ser preocupante também a defesa reticente prestada por alguns membros do governo, e de forma ainda mais entusiasmada pelo presidente Lula, sobre os benefícios gerados pelos agrocombustíveis, desprezando de maneira presunçosa e perigosa os riscos da monocultura num país onde tradicionalmente graça a concentração fundiária e de renda, sem citar o risco imediato de perdemos nossas terras produtivas para capital internacional.Se o baluarte mor do pensamento direitista tupiniquim, Roberto Campos – ou Bob Field como preferia – estivesse entre nós, seria defensor incansável da política do governo Lula para o agronegócio e os agrocombustíveis.Muito mais do que apenas a desnacionalização de nossas terras e potenciais energéticos ou um negócio lucrativo para o imperialismo ianque – ou venha de onde vier esse imperialismo –, o agrocombustível da forma como vem sendo tratado e vendido por nossas elites (governo, mídia e burguesia nacional, como sempre entreguista) não é, e nunca poderia ser, a salvação para o Brasil.É na verdade nossa perdição. Pois representa um novo projeto de recolonização do país a fim de dar sobrevida ao já exaurido modo de vida que o ocidente optou e exportou há pelo menos 5 ou 6 décadas atrás no auge desse capitalismo desumano e materialista ao extremo – como se pudesse haver algum dia outra forma de capitalismo –, e de quebra tentar barrar o atual processo de derrotas que o neoliberalismo vêm sofrendo no continente latino-americano graças aos movimentos populares que vêm ganhando cada vez mais intensidade nessa região do globo.Para o Brasil num futuro bem próximo, o agronegócio e os agrocombustíveis representam pobreza, miséria, exploração, quiçá trabalho escravo e certamente a entrega de mão beijada de nossa soberania.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 14:54 2 comentários
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
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