DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sábado, 3 de janeiro de 2009

EXCERTO DO LIVRO 'RIBEIRÃO"

"Obra sobre a criação do município de Bom Jardim, RJ. Não é ensaio, mas uma narrativa hitórica romanceada de Augusto de Moraes com pesquisas na biblioteca da Secretaria de Educação do referido lugar e baseada em livro de Manuel Erthal publicado em 1955"


Essa couraça usada cotidianamente pelos desbravadores nada mais era que a roupagem própria afeita àquele trabalho contra os elementos da rica e régia natureza e fornecida pela administração da Corte. Aos olhos ignorantes dos simples selvagens, embrenhados por matas de todo o Brasil os homens brancos, de tez clara, surgiam como seres de um outro mundo envergando uma segunda pele que os protegia contra espinhos e outros obstáculos achados nas florestas tropicais; mas o espanto cedeu vez à certeza, sobre a eficácia daquela proteção, à primeira flechada sofrida por um dos titãs que ainda usava um “pau de fogo” cuspidor da morte.
A história diz – não se sabe se verdadeira porque a nossa história desde o descobrimento se encontra eivada por hiperbólicas passagens de nossos primeiros conquistadores – que, em uma oportunidade de cerco aos portugueses aqui desembarcados, os silvícolas se horrorizaram com o bacamarte usado por um dos integrantes daquela leva. A arma antiga usada comumente em terreno dito civilizado por combatentes europeus, em batalhas de conquistas, levou pavor aos nossos aborígenes, que desistiram da tocaia aos invasores e se curvaram com gritos de “Caramuru!” “Caramuru!”, que quer dizer na língua da tribo – é já sabido por todos –, deus do fogo, filho do trovão. Depondo suas armas – arcos, flechas e tacapes – fizeram-se os primeiros entendimentos entre brancos cristãos e selvagens ateus. Então, sim, se iniciava o aliciamento covarde e a promiscuidade entre os ditos “civilizados” e os inocentes índios de nossas florestas. Daí, começaram as explorações aos habitantes e senhores das terras brasílicas pelos conquistadores, que os infestavam com doenças dizimando vagarosa, mas paulatinamente, a raça dominante local.
A inusitada lenda se deu aos primórdios da descoberta e conquista às terras do pau “brasil”, árvore especial [havida, achada e explorada pelos europeus] de nossas florestas.


A respeito dessa passagem envolvendo Diogo Álvares o português, houve uma modinha carnavalesca nos idos de 40, que muito simples e graciosamente dizia: “Caramuru-u-u Caramuru, filho do fogo, sobrinho do trovão, Caramuru atirou num urubu, mas errou a direção e acertou um gavião”.
Fica apenas, aqui, como registro de uma época em que não havia mais matas a derrubar nem índios a enfrentar, mas uma grande guerra – conflito universal – a ser encerrada para o bem da humanidade, que se viu totalmente mudada depois dela. Todos os fatos políticos, sociais e humanos advindos do mundial conflito propagaram, como num “Big-Bang” terreal, incestuosos espaços aos propósitos deletérios que, a partir de então, se incrustaram na elite branca deste nosso país que vem governando de maneira solerte as nossas riquezas materiais e humanas, com políticas piores às que usaram nossos descobridores no advento da nossa colonização.
Contudo, voltemos aos tempos das sesmarias – outra medida portuguesa para resolver a situação das primeiras leva de imigrantes europeus, sob os auspícios da Coroa Portuguesa, vindas com o objetivo de colonizar e o de explorar a agricultura em terras fluminenses. Àqueles anônimos heróis enfrentando terrenos paludes, serras, úmidas e gélidas, picadas, animais feros e peçonhentos, alguns, e outros tantos obstáculos quase intransponíveis, devemos todos nós, herdeiros de seus ingentes esforços, sacrifícios e mortes, os maiores encômios à sua coragem em penetrar o desconhecido, que era o estado do Rio de Janeiro, em lutas de colonização e de desenvolvimento dos futuros municípios fluminenses, que hoje avançam em célere progresso atualmente e por séculos afora.
Mercê a tantos desprendimentos, denodo e amor à terra estrangeira, recebemos das mãos dessa gente herança construída com os suores de seus rostos e sujeitas às doenças tropicais tão mortais quanto às flechas e tacapes dos verdadeiros senhores dessas glebas hoje urbanizadas à nossa disposição e alcance, com superlativas melhoras urbanas e econômicas, que se irão, graças a uma elástica tendência, avolumando cada vez mais à direção de um termo que não se pode mensurar nem obstaculizar, tal a pujança do berço esplêndido em que se deitaram todas elas e face aos impulsos tomados e impossíveis frear presente e futuramente. As tendências são de melhorias cada vez mais sublimadas, porém, como em uma engrenagem que só trabalha associada a outrem, necessária se fazem à evolução do ensino e da educação cívica.
Um país não se faz só de riqueza de trabalho e de vontade, mas de um sistema de princípios imanentes aos mais severos, justos e honestos esforços de toda comunidade patriota, numa contrapartida óbvia de distribuição das riquezas conseguidas com as qualidades e atributos acima mencionados.
Você agricultor amaina a terra, aduba-a, joga a semente em seu seio, faz a rega, limpa-a para no fim colher o fruto de seus trabalhos; o pecuarista investe no gado, trata-o com vacinas, alimenta-os adequadamente, limpa os cercados, baias ou pocilgas com os idênticos objetivos; o enólogo planta as mudas de seus vinhedos, trata-as e as protege das ações de predadores naturais, poda-as na época certa, colhe-as e vai para o lagar preparar o sumo da uva, que será o vinho depois de armazenado em barris e lugares próprios com a mesma intenção; e assim a todos os que trabalham a terra fazendo desse trabalho e cuidados a sua profissão ou o seu ganha pão. Não afirmarei que os que trocaram as terras de Morro Queimado (nomeado há muito Nova Friburgo) pelas do grande sertão menosprezaram os planos de D.João VI, abandonando-as, neste município friburguense, para se deslocarem àquela região. Tratou-se de questão da sobrevivência e da autoafirmação como fazendeiros prósperos e capazes de concorrer com as riquezas para os cofres da Coroa Portuguesa que por tempos sustentaram, através dos subsídios, uma grei de criaturas amantes de um pedaço de terra.
Se a conjuntura da época (o termo não existia ainda) não atendia devidamente aquela gente afeita ao trabalho duro, ao trato ríspido da terra, ao desbravamento de rincões e sujeitos às mais severas condições de vida por outro lado, na Corte, as facilidades existenciais eram o sonho da realeza portuguesa escape à sanha de Napoleão Bonaparte e apesar de o Rio de Janeiro não possuir infra-estrutura alguma – cheirava mal as ruas da futura Cidade Maravilhosa; a iluminação pública era precária; esgotos nenhum; havia fuga de ouro, de prata e de pedras preciosas dos garimpos reais – aqui a Corte lusitana se sentia segura longe das mãos do exército napoleônico. Mas que tipo de pessoas recebeu o Rio de Janeiro sede do governo imperial!
As gentes de Rancharia e de Bom Jardim – fazendas desmembradas em sesmarias – longe estavam das intrigas palacianas e do fausto em que vegetavam barões, condes, duques, conselheiros e tantos outros que dilapidaram as riquezas desta pátria chamada antes Pau-Brasil e depois Brasil, apenas e definitivamente. Continuavam, contudo, e tão somente preocupadas com seus pequenos “feudos” de onde retiravam o sustento e os sobejos que seriam vendidos. Sobejos, aliás, que ultrapassavam em muito as quotas de sustento. E a vida prosseguia ali envolta a todos os obstáculos, medos, esperanças e... Futricas comuns a uma comunidade tão heterogênea.
Passemos, de vez, à continuidade desse relatório importante das existências das famílias que para ali se deslocaram, já que o escopo principal desta obra é trazer à luz do conhecimento os atos e fatos da comunidade sesmaria.

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