DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sábado, 28 de fevereiro de 2009

UM PRÊMIO A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2009

Estou horrorizado com o modo com que a Folhona atacou a memória de tantos brasileiros que padeceram durante a ditadura militar. Inclusive iniciei um pequeno artigo sobre o tema, mas, sinceramente, não sei se terei estômago para terminá-lo.

Enquanto isso utilizo esse espaço para parabenizar Sean Penn pelo seu segundo Oscar de melhor ator.

Não. Tampouco tenho estômago para assistir a cerimônia de entrega da estatueta, acho-a banal, desinteressante e um desfile de futilidades. O próprio valor do Oscar é relativo, até mesmo de pouco valor para quem realmente ama a sétima arte, conhecendo de antemão o interesse comercial que o cerca e a existência de muitas outras premiações e festivais mais consistentes e sérios, porém menos glamorosos e importantes perante a indústria de massas.

Também não tive a oportunidade de assistir a “Milk – A voz da igualdade”. O filme lançado recentemente aqui no Brasil, conta a história de Harvey Milk, um ativista pelos direitos civis, em especial dos homossexuais, nos EE.UU. da década de 1970. Todavia soube por gente que já o assistiu e entende de cinema melhor que eu, que a obra se baseia no tripé roteiro, escrito por Dustin Lance Black e inspirado numa história real; na direção do habilíssimo Gus Van Sant ( lembram-se de Drugstore Cowboy e Gênio Indomável); e claro, na forte interpretação de Sean Penn.

Mas, realmente, o que de fato me levou a escrever essas linhas sobre Sean Penn, além dele ser, em minha conta, o melhor ator em atividade em Hollywood e um dos menos hollywoodianos deles – quem já assistiu Sobre meninos e lobos (Mystic river), Natureza Selvagem (In to the wild) ou o remake de A grande ilusão (All the king's men), todos protagonizados por Penn, há de concordar comigo – é sua postura política e humana sem flashes ou elaborada por algum marqueteiro.

Fiquei entusiasmado com a possibilidade de Penn levar outro Oscar, em 2004 já levou pela descomunal interpretação em Sobre meninos e lobos, pois o seu currículo lhe faz jus à premiação, e mais uma estatueta poderia corroborar para a imagem que a ultraconservadora sociedade estadunidense está mesmo passando por um processo de transformação. Embora eu confesse não saber decifrar exatamente que tipo de transformação é essa.

Penn foi até Bagdá em dezembro de 2003 ver in loco a destruição e massacre comandado pelos senhores da guerra do Pentágono e retornou declarando que a Casa Branca só decidiu atacar o Iraque porque o país não tinha as tais armas mortíferas que o governo Bush apregoava. ‘Vamos manchar covardemente nossas mãos de sangue inocente’, advertiu o ator. Depois ainda pediu o impedimento do presidente George Cowboy Bush e do vice Dick Cheney.

Antes disso, naquele mesmo ano, a Screen Actors Guild, o sindicato das estrelas e dos anônimos de Hollywood, divulgou comunicado denunciando pressões dos estúdios contra profissionais do cinema que ostentavam em público suas opiniões políticas – desde que, é claro, elas estivessem contrárias ao consenso fabricado em Washington. Não por acaso Sean, filho de Leo Penn, diretor perseguido pelo marcatismo durante a década de 1950 e boicotado por suas posições políticas, se viu vitima de perseguição durante a versão marcatista do século 21, o bushismo. Teve projetos engavetados e enfrentou a retaliação por parte da mídia neocon estadunidense.

Em 2007 o ator esteve na Venezuela para, em suas palavras, “observar por si mesmo a situação venezuelana”. Em várias ocasiões se encontrou com Chávez, com quem, entre outras coisas, percorreu bairros pobres de Caracas e visitou Pueblo Encima, cidade próxima à fronteira com a Colômbia. Encontros com o presidente da Asemblea Nacional Cubana, Ricardo Alarcón, e com o produtor espanhol José Ibáñez – responsável pela produção do documentário de Oliver Stone sobre Fidel Castro, intitulada Comandante – também fizeram parte de sua agenda de seis dias.

Em novembro último, antes das eleições presidenciais ianques, a revista The Nation publicou entrevista de Raul Castro concedida a Sean Penn em Havana, na qual o líder cubano abordou a possibilidade de um eventual diálogo com Barack Obama onde tratariam temas como Guantánamo e o covarde bloqueio a ilha do Caribe.

E, é, justamente pela sua atividade política, pela sua firmeza na defesa das próprias opiniões, pelos papéis nada fáceis de ser interpretados e pela sua indelével qualidade como ator, que me senti rejubilado ao saber que a Aacaemy Awards tenha lhe concedido o Oscar de melhor ator também agora em 2009.

Muito embora eu tenha certeza Sean Penn é muito maior que a própria academia.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:51 0 comentários

Nenhum comentário: