DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sábado, 23 de maio de 2009

NARRADO POR MARIANO BEM

Excerto de “Longe é o Paraíso”


Embornal ta vazio e assim anda por dias. Não enxergo nada no horizonte, que é uma linha que dizem imaginárias. Será? Neste mundão de terras secas, esgotado pela falta de chuva, o que esperar? Nada dá se não se plantar, se não regar – aí precisa de água, a, pois – para o gênero alimentício aparecer. Não há que ter mágica. Mágica se vê nos circos. Mágica chinfrim e boba que só. To indo pro meu destino, que não sei donde será. Caminhos eu tenho todos na minha frente. Há um magote deles. Uns, acho cá comigo e com os meus botões, me levam pra modo da morte nas caatingas. Passei outro dia nos rumos da antiga vila de Canudos. Tava tudo por lá no chão rasteiro. Nunca que vi coisa igual antes, jamais! Tudo sapecado de negridão com carroças... Quero dizer: restos de carroças de pernas pro ar. Os ventos fortes batiam nas sobras de rodas e aquilo girava numa canção dolorosa. De noitinha, aquilo espantava as pessoas que se iam pra a igreja. Cabanas tostadas e planas como o chão seco e negro, com cheiro ainda de pólvora. Que grande desgraça se deu por ali! Sim. Posso garantir isso, pois que eu estive lá. Contei não?
Assim, e fuçando tudo num cantinho de terreno, achei um botão dourado jeitoso de conservado. Pelo jeito era de farda da soldadesca do governo republicano. De algum companheiro meu. Quem sabe de Chico Danado, que se finou no último dia de encarniçada luta? Contam por aí pelos sertões brabos que se finou foi gente. Contam, mas eu não careço de saber. Eu vi, com estes olhos já cansados, gente morta de todas as idades e tamanhos. Bichinho pequeno e graúdo foi tudo à terra rasa! Não tinha isso de guri – isto são coisas da gauchada – moleque quieto ou endiabrado; as balas passavam cantando e furando as cabeças pequenininhas. Elas morriam com as armas nas mãos bem seguras, provando que deram nos gatilhos até os seus finalmente.
Os dedinhos ali nos gatilhos sem mais precisão. Sim senhor, tu podes crer. Vou inventar pra quê? Um homem que nem eu se inventar histórias perde a confiança dos demais. Já se viu coisa pior que não ser acreditado por outros iguais? Menino, senhor meu, venha de lá o teu cumprimento e a minha confissão de que é tudo verdadeiro. E o negócio do coronel que estaquearam num pé de pau de umbu sem a sua devida cabeça? Hein? Não foi umbu não? Então, que foi? Angico? Que fosse! Que tal essa? Não me crês? Tu estavas lá? Ó chiste, e então? Ah... Lesses! E por que não? Só por ter saído de boca de Mariano Bem, esse cá seu excomungado? É? Contes tu ai uma verdade, pois. A gente racha as duas histórias e divide as crenças ao meio.
Tem nada não senhor. Pro modo de ser acreditado ando até sobre braseiro de São João. Nem precisa esperar a noite da festa do Santo dos fogos. Arme-se uma fogueira no terreiro e vamos lá! Pimba! Atravesso, que nem o Diabo de preto me pára. Quer testemunho? Procure seu Dadinho na birosca onde só se serve o bom do caldo de cana caiana. Ta aí coisinha boa! Docezinho da alma. Doçurinha pro corpo...
Vai daí provo eu que não tenho medo de nada não senhor.
Quem? Eu? Medo de assombração e vá lá o que seja? É de se me vendo correr, eu, desembestado por causo de fantasmas. Quero é me ver...

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