DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


terça-feira, 30 de junho de 2009

O NOME DO ATRASO

O Nome do Atraso
Nos estertores da ditadura militar antes que manifestações populares começassem a dar ojeriza aos grupos políticos civis mais ligados ao estado de exceção, ACM, Jorge Bornhausen, Aureliano Chaves e Marco Maciel formaram uma dissidência dentro do PDS no intuito exclusivo de não perderem os anéis. Mudaram de barco e apoiaram Tancredo Neves, político liberal-conservador, da confiança dos militares e que significava o fim negociado da ditadura. A chamada Frente Liberal garantiria a eleição do mineiro à presidência e lhe daria o nome do vice, o senador maranhense José Sarney. Sarney era até pouco tempo presidente da Arena e posteriormente do seu herdeiro, o PDS. Fez carreira política defendendo os militares e aos 45 minutos do segundo tempo trocou de time e tornou-se um democrata convicto. Tínhamos aí uma chapa com a “Raposa das Alterosas” e o “Senhor do Maranhão”.

Tancredo morreu (sem sequer tomar posse) e Sarney assumiu à presidência da república fazendo um governo no mínimo catastrófico, isso todos sabemos e esse período da História do Brasil, por tão denso e rico que é, fica pra outro post.

O que interessa aqui é o fato de Sarney, após sair da presidência da República em 1990 sentar pela terceira vez na cadeira de presidente do Senado Federal – as outras duas foram respectivamente nos biênios 1995/96 e 2003/04, sempre com o apoio declarado do Palácio do Planalto (FFHH e Lula).

Ninguém nesse país consegue politicamente personificar melhor o atraso, as oligarquias, a política mais vil e baixa – genuinamente franciscana, do é dando que se recebe –, mais velhaca, mais rastaqüera, distante do cheiro do povão, enfim, mais antidemocrática, clientelista e fisiológica do que o senhor do Maranhão. Em suma, para descrevê-lo fico com o publicado pela revista britânica The Economist, “nos grotões do Brasil ainda prevalece o semi-feudalismo”.

A forma como Sarney trata o Maranhão, a política de bastidores na qual é especialista, o costume de recorrer ao tapetão quando perde nas urnas e de lá sair triunfante – haja visto o que ocorreu com Jackson Lago e João Capiberibe – além do fato de ocupar freqüentemente a presidência do Senado dão razão ao The Economist. Sendo assim, subentende-se qualquer vitória de Sarney como derrota para a democracia brasileira.

Agora o governo Lula está na mesma enrascada em que se viu há dois anos, quando defendeu o indefensável. Ou seja, ontem Renan Calheiros, hoje José Sarney. E, possivelmente, o PT levará outra facada nas costas. Quem não se lembra de Ideli Salvati, então líder do PT no Senado, defendendo o quanto podia o senador alagoano. Ano e meio depois teve o gosto amargo de vê-lo empossar Collor na presidência da Comissão de Infra-Estrutura (cargo que ela disputou com o caçador de marajás). E o pior, Collor ganhou a Comissão de Infra-Estrutura na barganha em troca do apoio ao grupo de Sarney e Calheiros contra a postulação de Tião Viana à presidência do Senado. Sarney havia jurado de pés juntos que não concorreria uma terceira vez a cadeira mais alta do Senado e que trabalharia em prol da vitória de Viana. Mudou de planos ao fechar um grande leque de alianças entre partidos governistas e da oposição.

Além disso a dupla Sarney/Calheiros tem outro objetivo, derrubar Tarso Genro, ministro petista da Justiça, e porem no seu lugar outro aliado, Nelson Jobim.

No atual exercício de presidente da Câmara Alta, Sarney vem sendo bombardeado por diversos setores e é impossível desvinculá-lo de toda a sorte de escândalos que atingem aquela instituição.

O Senado por si só e pela gênese é uma instituição arcaica e oligárquica, além de ser politicamente anacrônica. Todavia não passaria incólume à presença de Sarney, Renan Calheiros, Agripino Maia, Heráclito Fortes, Jarbas Vasconcelos, Jader Barbalho, Demóstenes Torres, Fernando Collor, Marconi Perillo, Mozarildo Cavalcanti, Romeu Tuma, Francisco Dornelles, Kátia Abreu, Hélio Costa e o suplente Wellington Salgado, e em tempos nem tão priscos assim a ACM, etc..etc... Portanto, o estranho é que só agora a imprensa tenha resolvido levantar o tapete e ver quanta sujeira há por debaixo dele. Se Sarney representa o que há de mais atrasado, não só na política tupiniquim, mas também em toda a sociedade (e eu não tenho duvidas de que ele representa isso) será que a mídia oligopolizada nunca se deu conta disso?

Óbvio que não sou ingênuo o bastante para crer que a mídia oligopolizada está apenas desempenhando o papel de investigação imparcial. Fosse isso já teria há muito mostrado os podres, e bota podre nisso, e os negócios escusos do “Senhor” do Maranhão e Amapá. Sarney sempre foi portador do péssimo hábito de não saber diferenciar o público do privado e acha que sua família é ungida pelos céus para ocupar todos os cargos de relevância na política e justiça maranhense.

Claro que a tentativa de derrubar Sarney parte, nesse momento, dos interesses de José Serra em implodir a construção duma aliança PT/PMDB e criar dificuldades para o término do governo Lula. Porém a maldita governabilidade e/ou alianças com fins exclusivamente eleitorais não podem servir como visto de permanência eterna na vida pública de figuras iguais a Sarney.

Durante quase todo o governo Lula o PT tem sido refém da governabilidade, e por ela pode inclusive abdicar à indicação de candidatos fortes em alguns estados, no entanto a hora parece propicia para arrancar Sarney da presidência do Senado, mesmo sendo difícil prever quem o sucederia. Contudo para a democracia brasileira seria um enorme passo adiante.

Que respeito pode merecer um homem que há mais de quarenta anos controla feito um feudo o estado mais miserável do Brasil? Caso o Maranhão fosse uma república independente (para os Sarney seria melhor monarquia) seu IDH estaria próximo ao do Haiti.

Por isso tudo, e não precisamos de mais, é dever dos movimentos populares e democráticos pedir explicações aos mandos e desmandos ocorridos no Senado Federal e lutar para erradicar Sarney da vida pública. O dano que esse senhor já fez ao Brasil é incalculável, assim como não dá pra calcular a miséria e a fome como a que vivem milhões de maranhenses.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 16:28

Um comentário:

Blog do Morani disse...

30/06/09


Noticiam os jornais e jornalões que o Presidente Lula, desesperado com a situação do Imperador do Maranhão e adjacências entre os seus pares no Senado Federal, se socorre junto ao PT para que o partido dê TOTAL E IRRESTRITO APOIO ao senador/imperador
nos casos ditos "secretos".

De qual apoio pretende o nosso Reizinho ao seu amigo Imperador? Que se varra para debaixo do tapete azul do senado o monte de sujeira?

Em um país sério, com governo mais sério ainda, esse falido ex-presidente da República já estaria sendo deletado totalmente da Casa Maior - Senado - ao monturo de lixo que ele mesmo contribuiu para a sua existência. E ainda se diz inocente, jogando a culpa em todo o Senado. É, como todo crápula, um covarde.

"Impeachment" nele!