DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


terça-feira, 18 de maio de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Meu embornal ta vazio e anda assim por dias. Nada vejo no horizonte que é uma linha, diz imaginária. Será ou em antes não será? Neste mundão de terras secas, aflitas e esgotadas por falta de chuvas, o que se esperar delas, coitadas? Nada não se dá se não plantar se não se regar – aí precisa dágua, a, pois; e cadê ela – para o gênero alimentício se mostrar cheio de sorrisos... Não carece mágica não senhor. Mágica só nos circos mambembes e chinfrins, e bobas que só. To indo pro meu destino. Qual que é? Sei não. Aonde será sei também não. Caminhos são muitos pras minhas pernas comerem. Há um magote deles na minha frente, mas, porém uns, acho eu com meus botões, me carregam pro modo de muito sofrer. Quase todos ou todos levam pras caatingas que me são familiares sim senhores. Inda em um ano desses passei nos rumos do antigo arraial de Canudos. Em antes tava tudo derreado, liso aos chãos, soltando fumaceira com cheiro de pólvora. Tudo rasteiro, rasteiro que só. Nunca que eu tivesse visto coisa igual em antes. Jamais! Tudo sapecado de negridão, com carroças... Quero me explicar: carroças não, restos delas de pernas pros ares. Os ventos fortes batiam naqueles sobejos de rodas que giravam e giravam como numa canção dolente e dolorosa. De noitinha aqueles gemidos fúnebres espantavam as pessoas que se iam pra igreja reconstruída. Foi posta rasteira ao chão por um tiro de canhão, me lembra bem.
Que grande desgraceira se deu por ali. Sim, posso garantir, pois que eu lá estive de soldado mais uns amigos e um inimigo. Inimigo mas não muito. Hás de ver. Contei não? Haja que me deva ter esquecido, mas temos tempo.
Mas em lá chegando topei-me fuçando um cantinho do terreno cinéreo a um botão dourado jeitoso de conservado. Pelo jeito era de farda de algum combatente da República tocado praquelas bandas. Quem sabe não seria do fardamento de Chico Danado que se finou na última batalha já em seu finalzinho? Ele tão valente, corisco e tão destemido... Ninguém não contava com aquilo não. Luta encarniçada aquela. Conta-se até os dias atuais que se finou foi gente. Conta-se, mas careço não em saber. Vivi aquilo tudo com meus pés fincados nos campos de batalhas. Estes olhos já cansados viram gentes mortas, de todas as idades e tamanhas; bichinhos pequenos e graúdos foram todos à terra rasa. Tinha essa de guri não, que isso era coisa de gauchada que se misturaram a nós. As balas avoavam zunindo e assoviando, e se queimando e furando as cabecinhas inocentes. Era de tu veres meu senhor. Elazinhas morriam com os dedinhos nos garranchos dos gatilhos provando que deram neles até o fim. Judiação sem nome. Havia precisão não de se finarem com os dedinhos nos gatilhos. Aposto que não sabiam brincar de pique de esconde-e-esconde de corda e de escutar estórias de Trancoso, mas sabiam carregar arma-de-fogo, maior que elas, e de atirar também. E como! Possa me crer, meu senhor. Vou inventar pra quê? Um sujeito que nem eu se lorotas soltar, inventando estórias, perde a confiança dos demais. Já se viu coisa pior que não ser mais acreditado por outros iguais? Vixe que quero pensar não! Nunca que jamais se arriba. Nem com a reza mais braba e nem com o corpo fechado, que não fecha mais nunca! Ô vote!
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