DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


terça-feira, 25 de maio de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

E longe se pareciam mais cocos secos retirados das cascas. Coisa muito da feia de se ver e que eu não tenho intenção de ver jamais, outra vez, nunquinha. E houvesse sol pra castigar nós naqueles fardamentos azuis atochados até o pescoço. A gente parecia celebridade. Só parecia, mas se houvesse ao menos luta a gente ficava de atenção nela e esquecia o calor. Os sonhos de uns praças era morrer logo na chegada nos campos de batalhas para assim se livrarem de tanto sofrimento, e não espiar mais aquelas misérias e covardias, mais o medo, que era como uma sombra sobre muitos. Eu não. Eu, Mariano Bé, queria era viver muito pra retornar pra minha terrinha, ver minha gente feliz de novo em me vendo plantar a roça. Teve um cabra que tava por trás de mim municiando a sua Manlicher e me confessando que queria voltar pra sua casa modo casar com uma menina de nome Esmeralda. Nós nesse dia estávamos entrincheirados numa curva do Vaza-Barrís tomada por nossas tropas. Depois de municiar o seu fuzil iniciou o enrolar de seu cigarro de palha pra pitar em antes de atirar no inimigo. Eu tava de olho só pra frente modo ver se os jagunços estavam lá pelos esquisitos de seu lugar prontos a cair em cima de nós. Aí me voltei pra trás. O tal companheiro de momento tava com um buraco na testa e o sangue golfando como cascata. Os sonhos dele se acabaram ali mesmo no tal Bendegó de Baixo, e nem pitou o seu cigarro. O fumo se espalhou todo pelo chão e o sangue na farda como mancha escura. Se finou de olhos abertos. Nunca que ia mais voltar pra sua casa e pra sua Esmeralda. Aí quem endoideceu foi eu. Comecei a atirar como um atarantado e sem saber em quem. Os demais praças esparramados por ali me olharam sérios. Não havia ordens para puxar os gatilhos. Mas, que ordens se ali nunca havia ordens pra nada? Aí mostrei o colega embarrancado mortinho da silva. Quando os outros praças viram o defunto tiraram os quepes e foi aí que o tiroteio começou. Tiroteava-se daqui pra acolá e de acolá pras nossas bandas. Vi Antonio Quelé e Chico Danado pegados nos paus de fogo atirando sem parar. Mas foi só aquilo. O vento afugentou a fumaceira e o tiroteio se calou. Esperou-se um tempo. Nada de tiros. Então veio ordem de deixar as trincheiras e reiniciar marcha. Largamos Bendegó de Baixo rumo pro Morro do Mário. O calor era tanto, e a fome mais ainda, que muitos dos nossos homens foram pro chão. Que ninguém tocasse num só eram as ordens. Passavam as ambulâncias e pegavam eles e pronto.
Aqueles novatos que se iam com nós sabiam antemão que não iam ter bravatas na hora do fogo brabo. Valentia tinha hora de se ter. Aí, então, nós quatro, os amigos de sempre, procuramos se juntar naquela marcha, mas, porém, o sargento separou a gente com dois na frente, um no meio e outro no fim da fila indiana. Mas não tinha nada não; lá no destino a gente se juntava de novo pra tudo. Que se lixassem as ordens do oficial. Ora se! Então, pra aumentar a nossa estima, o capitão mandou nós soltar os peitos no hino da República. Nem um só podia ficar de boca fechada soubesse ou não o tal hino. E a poeirada nos cobrindo como uma colcha branca que só. Lá no Morro do Mário nós íamos ficar na frente da linha de fogo, lá onde os Demônios gostavam de ver a gente, e donde as balas chegavam quentinhas e serelepes. Seria a continuação do castigo? Era, sim, lógico. E tudo só por causo da fuga em Cambaio. Em são consciência, me digas: tu ficarias parado atirando em quem não via numa noite escura de breu? A maioria arribou de lá, mas todos, incluindo os oficiais graduados. Tomei abrigo atrás do canhão gigante, o tal de Krupp. Um monstrengo o tal canhão feito pelos gringos. Havia muitos ali comigo, sim senhor. Gente bocó não vinga não. Não mesmo. E todos nós tínhamos direito de fuga, não só os graduados. Eles mandavam e nós éramos paus mandados, porém na hora do mal, mal, os direitos eram iguais e ninguém ouvia graduado. Se ouvissem estavam mortos. Se!

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Um comentário:

Teruko Kanto disse...

Querido Morani, desde que iniciamos a nossa amizade, sabia que tinha um blog mas nunca entrei, pois nem sabia qual era! Desculpe-me! Falta de atenção e como tudo tem o tempo certo para acontecer e foi através de uma msg que recebi de um amigo que acabei entrando aqui, e solateiramente apossei das suas escritas. Estou lendo com paixão...Você sabe que gosto muito de boas leituras e possuo aqui poucos livros e pouco tempo também. Agora que o encontrei aqui, estarei sempre que puder apredendo e deliciando-me com as suas narrativas!
Beijos
Teruko Kanto( Tê )
Yamagata- Japan