DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


terça-feira, 25 de maio de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

A gente, homens feitos, barbados, pensa duas vezes em antes de abrir fogo contra os moleques. A matutada trisca a moçada, modo disparar contra as Forças. E eles obedecem, direitinhos, sim senhor. Tudo escondidinho como não querendo nada, mas, porém brabos que nem cachorros doidos. Nunca que vi tanta valentia nem num cabra macho lá das Paraíba. A, pois, vou contar e tu não vais crer. Pois não foi um desses miúdos que acertou Antonio Quelé meu amigão de farda? Pois foi sim, na certeira da mira. E que mira! Olhinhos bons estavam lá. Só vi Antonio bater com as fuças no pó do chão e ficar quieto. Morreu? Pensei me perguntando. Buli nele daqui pra ali e de lá pra cá e nada. Teria se finado o meu amigo Antonio Quelé? O irmão dele, José, chorava que nem bezerro desmamado em antes da hora aprazada. Mas Antonio, depois de algum tempo caído e quieto, deu sinal de vida. Se mexeu gemendo. Tava todo... Posso dizer palavrão ou palavrinha? Palavrão pode não? Por acauso, por quê? Ah... Só por isso? Os leitores? Vá lá! A, pois, Antonio Quelé tava todo breado meu compadre. Todinho. Do cós da calça até às bocas das pernas. Deve de ter sido uma dor espinhosa, dessas de mexer com os buchos de um cabra. É que a maldita da bala passou fininha na testa do homem, que bambeou, triscou e caiu durinho. Mas tava vivo, vivinho. Tava com a sua alma sim senhor. Só tava com um sorriso amarelo e bocó. Tava groguinho. Deu sorte, o desgramado. Nunca que vi tanta naquele fim de mundo. Quando uma bala trisca o ar rasgando tudo é vem com o teu nome marcado nela é pegar pra valer. Por isso cismei: meu amigão deve ter parte com o Demo, só pode.
O pequerrucho? Sabe não? Contei ainda não? Anote ai que nós éramos em quatro: eu Mariano Bé, Antonio Quelé, José, seu mano, Geraldo Quintão e Chico Danado. A gente tava junto pra tudo. Pois Geraldo e Chico miraram o moleque com seus rifles Comblen na direção mesma do moleque que acertou Antonio Quelé. Foram dois tiros a um só tempo. Pou! Fumaça que só na nossa cara. Teriam acertado o coitadinho?
Uma das balas deu pra gente ver: bateu na pedra esfumaçou e zuniu ao largo, mas a outra, coitadinho dele, acertou em cheio quando ele estava dando nas pernas pra correr dali. Foi até engraçado o causo, mesmo não tendo graça. A desinfeliz criaturinha deu um pulinho pra riba se virou nos ares de ponta cabeça e se estirou durinho no chão já cheio de defuntos. Era mais um pros vermes comerem. Tu podes crer numa coisa assim? Podes não? Xente! É a guerra! E se eu te disser que uns deles retalharam o sargento Estevaldo todinho? Pois sim. Desmembrou o homem, chefe de família, um sargento de valor. Ficou uma coisa horrível, ele se debatendo até se finar. A foice comeu em riba dele, do coitado do sargento que levando um balaço na perna falseou e caiu. Foi à desgraça dele. Sem saber, tava no meio do inimigo. E quem adivinha onde estavam aqueles excomungadinhos? No meio de uma fumaceira infernal... Muitos se perderam e depois de dias é que fomos descobrir onde que foram parar os coitados. Todos estaqueados nas varas das cercas, pertinho dos pés de mangaba, e que davam voltas no arraial. Era uma cerca de gente defunta sem cabeças, que essas ficavam aos pés, no chão.
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