DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


quarta-feira, 2 de junho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

O pai de todos eles, o doutor Damasceno, que parecia cada vez maior em barriga se chegou bem perto sussurrando, como se os demais de nada soubessem:
–Esperes nós se irmos e quando já não nos avistar mais faça o seu serviço. Já te disse qual será. Vamos esperar mais na frente pra ver a fumaça subindo pro céu. Se ela não levantar pros altos voltaremos cá pra fazer o serviço e mais você dentro da cabana também. E tome aqui o teu pagamento. É muito dinheiro, e valerá à pena. Tu não tens que chorar pelo desgramento, nem ter piedade dele não. Fez por merecer. E eu te pago bem por merecimento. Tas ouvindo? Não te tremam as mãos. Agora sai daqui e vai cumprir a tua missão de cabra, cabrito. Disse e deu uma gargalhada que achei funesta pra hora. A cavalhada saiu em disparada. Alísia olhava pra trás como a me pedir uma solução para a sua conversa. Que é que eu poderia fazer por ela ou por nós? Nadinha. Tava nas mãos daquela raça de gente fria e esquisita. Não vi no pouco tempo em que lá estive o doutor chamar os outros de filhos. A fumaceira dos galopes foi se sumindo. De lá de dentro da cabana eu podia ouvir os gemidos do padre os urros depois e a raiva que ele devia ter da menina que ele fez virar mulher. Me aproximei devagar. Até parecia que eu não queria fazer o serviço, pois que cheirei o líquido da lata e pressenti que fosse querosene. Bem, eu já tinha recebido todas as informações de como proceder. Com uma dúvida muito da grande no coração, atirei o liquido em torno da cabana e no teto atiçando a lata e mais tudo o que sobrou nela. Por uma fresta vi o padre preso pelas suas coisas de dar prazer nas mulheres no baú. Ele gemia de medo, muito medo. Já sabia o que lhe esperava, assim que sentiu o cheiro do querosene. Alguns pingos caíram em sua batina, e mais outros, e outros, e ele não conseguia sair do lugar. Puxar como aquele baú pesado que nem um trator? Risquei um fósforo que se apagou. Risquei mais um. Não foi diferente. Risquei três de uma só vez e aticei nas palhas. O fogo lambia as primeiras folhas secas. Aí o padre acovardado com a sua situação urrou bem alto. Mas quem ouviria ele de mordaça na boca? Eu, só eu, mas eu estava fazendo o papel de carrasco pra ele. Pediu, num abafado som que pelo amor a Deus o soltasse dali. Tirei a mordaça. O quente já estava que nem forno de padaria. Entrei já com pena do homem e arrependido de fazer aquilo com um padre representante de Deus. De Deus? Qual nada! Era mesmo do Demo, mas assim mesmo fiquei perto dele. Vi que deixaram uma peixeira enferrujada e de pouco corte por cima da tampa do baú.
–Me corte seu cabra, me corte que eu vou é pegar fogo e me torrar. Pegue a peixeira e me corte que eu não tenho coragem bastante. Eu te ajudo seu cabra. Por favor... Não se demore. Pegue a peixeira! Pegue!
Assustado me afastei e com horror também. Nem agüentava mais o calorão ali dentro.
–Faz o senhor mesmo meu padre. Tome! É só o que posso fazer pelo senhor. Botei a peixeira na mão dele e corri pro terreno. Aquilo virava uma fogueira das grandes como as das festas de São João e São Pedro. Corri na direção da porteira aberta da fazenda e parei. Tava esperando ver o padre sair lá de dentro sem as suas coisas.
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