DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


quinta-feira, 10 de junho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Se ele se finou? Não... Ta lá até o dia de hoje badalando o sino. Ora, pois... Claro! Evidente, seu! Querias o quê? O pobrezinho se enforcou no campanário mesmo. E tu pensas que o tal major se abalou por isso? Não tava nem aí pro fato. Mas todos do povoado sabiam que o garoto era arreliado pelo major que de tudo reclamava de seus préstimos; que não lhe tinha obrigação alguma de servir. Aí foi tal e qual estória de má-assombração... Que o sino tocava nas madrugadas, nos Finados e em outras ocasiões. Nunca que se ouviu mais, desde esse fato, o sino tocando. Nem nunca outro não quis não. O padre já velho, ossos, nervos e músculos em idade avançada, cabelos ralos e prestes a bater as botas largou de lado. Não tinha forças nenhuma mais o coitado. Tava pra se ir pro céu se merecesse; pro inferno se alguma coisa devesse aos homens e a Deus.
Mas foi aí então que eu fui me confessar ao padre. Muito bondoso aquele de batina branca. Era preta a batina não senhor. Era branca mesmo de brancura encardida, mas branca. A, pois me confessei à toa contando o causo do padre que se envolveu com a moça menina do doutor Damasceno. E o que fiz na troca de dinheiro pago de trabalho honesto; achei eu assim na horinha. Depois, pensando melhor não me dei razão não. Mas fazer? Se eu não toco fogo nas palhas corria o risco de morrer nas mãos do doutor Damasceno ou de na mão de Mirante porque o outrozinho era molezinho demais, cagãozinho demais da conta, sabes, o tal Zévedo?
Pois o bom velho padre me ouvia com toda a atenção, mas quase a pegar no sono por dentro do confessionário. Pudera..., com o calorzinho bom que fazia às duas da tarde... Todo mundo tirava a sesta e o padreco velho, coitado, não era menos precisado. Bateu duas vezes o queixo nos peitos. “-To a ouvir, to a ouvir meu filho, continue”. Depois de acabada a minha confissão ele me deu, pro modo me perdoar, a tarefa de tocar o sino da igreja nos Ângelus e aos domingos. Esperto ele. Queria aquilo não. Eu não tinha planos de ficar ali naquele povoado. Eu ia era pra Bahia me alistar na Força da República. Lá eu estaria seguro. O padre que andava como minha sombra atrás de mim lá não iria me achar não senhor, pois que Deus é Grande e Nossa Senhora não é menor. Já se viu uma senhora mãe menor do que o filho? A, pois assim eu pensava e penso ainda agora. Mas, porém aceitei tocar o sino até me ir. Ninguém dali precisava saber que eu me iria pra outros fundos do mundo. Me fui assim que surgiu a ocasião, sem delongas e sem receios ou arrependimentos. Ficar ali era o mesmo que esperar a morte chegar com a figura dum padre adoidado que não mais fazia além de me catar pelos sertões. O raio do padre pareceu-me ter faro de cão farejador, desses cheiozinhos de manchas grandes, pequenas e miudinhas... De se fazer gosto ver. Pois se parecia a um desses, o tal sem as coisas. E não lhe vou esconder, pois não é que o peste me topou lá na Bahia e no mesmo lugar que fui pro modo me alistar nas Forças da República? Assenti de ele estar por próximo de mim, mas sempre com os olhos bem abertos. Dormir? De que modo? Ressonava e acordava assustado que nem garoto vendo fantasmas de cemitério sabe? Desses de gente finada... E não fizesse eu. Não me tomasse essas miradas pros lados e todos os cuidados iam ser poucos. Que canseira me deu o desgraçado. Assuntei um modo de me livrar de vez do excomungado, mas nem foi preciso. Por lá encontrei meus quatro amigos de minha terra: Antonio Quelé, José, seu irmão, Geraldo Quintão e Chico Danado. Senti um alivio tão grande como se tivessem tirado de cima de meus ombros todos os fuzis que eu via ensarilhados nos pátios e mais os quatro canhões gigantes e brutos, estacionados lá. Foi uma festança de minha parte, lógico. Contei pra eles tudo o que se passou em minhas caminhadas: a estória da cabana queimada com o padre dentro, a dinheirama que ainda guardava cozido no meu paletó xadrez, pois que ainda tinha muito da conta pra que eu gastasse assim, assim, à toazinha. Qual nada! Só gastava o necessário. Era muito. Muito!
28

Um comentário:

Anônimo disse...

I would like to exchange links with your site blogdomorani.blogspot.com
Is this possible?