DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


domingo, 20 de junho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Em muito antes de sair arreneguei a oferta. Contarei o sucedido, que não havéra necessidade de ter. Não carecia daquilo não. Disse ao major que eu era boiadeiro e agricultor de profissões, mas ele veio em cima dizendo que por ali na região tinha gado não. Só roçado de milho e de mandioca. Que eu aceitasse a sua oferta. Aí retruquei, mas com certo medo depois, mas não medo dele: medo de que andassem na minha cola, atrás do dinheiro que eu disse ter nos bolsos pelo serviço ao doutor Damasceno. Não dormi mais direito. Era um olho fechado e outro aberto. O padre sabedor de minha pequena fortuna me chamou pra igreja oferecendo seu favor de guardar ele pra mim. Respondi que não carecia não. Ele tava melhor guardado comigo. Ele me abriu os olhos pras pessoas malvadas do lugar, que não eram poucas.
–Boto a sua fortuna debaixo da pedra do altar onde ficam as hóstias bem guardadas que ninguém lá mexe não. Falou ele com doçura nos olhos que boiavam num líquido amarelento das pálpebras vermelhas.
Botei os meus olhos nos dele e vi que até mesmo o velho padre tinha intenção de se sumir no mundo com a pequena fortuna. A minha fortuna recebida das mãos do doutor Damasceno. Ô vote, nem em padre se pode mais confiar?
–Quero não senhor meu padre. Carece nada disso.
–Tu não vai ter sossego não. Avia-te então de se mandar que aqui o perigo é grande demais pra você meu filho.
–Padre meu bom padre: comboio só daqui a três dias. Vou comprar um facão na mercearia modo me defender de algum safado. Sou incauto não.
Então o bom e velho padre me ofereceu um pangaré que já não lhe servia mais nas viagens que fazia para mais dentro do povoado a fim de dar as extremas unções aos seus fiéis de longes. Achei uma coisa de ocasião. Negócio honesto. Perguntei quanto ele queria no pangaré. O que ele me pedia era coisa de usurário. O que tinha na aparência de santo tinha de demônio, mas concordei. Era melhor sair logo dali de Aflitos que esperar o comboio. Perguntei se o pangaré tinha sela. “-Tem sim”. Respondeu o padre. “-Ele ta atrás da sacristia. Pode pegar que é mansinho. Come pouco, ele, e a sela ta dependurada no oitão.”
Fiquei de apanhar o pangaré ao escurecer. Senti uma grande alegria em poder me safar daquele povoado esquisito em antes de ser assaltado pelos mortos de fome. Mas, em chegando perto do pangaré vi que ele era mesmo um pangaré safado de velho e que não ia muito longe não senhor. Talvez nem chegasse na saída do povoado maldito. Ainda bem que não paguei nem um só tostão ao “santo” do padre. Deixei o pangaré lá mesmo onde estava: deitado, na maior das preguiças, só espantando as moscas com os cabelos da cauda e me olhando de través com aqueles olhos de espanto, pois imaginou que já ia trabalhar o preguiçoso. Seco que nem um bicho-de-pau. Já vistes um? Bicho grande e comprido que nem uma vareta de pau, quatro pernas a se mexerem pra frente e pra trás. É ele se encostar num pé de pau pra você nem notar a presença do desgramado. Pois o pangaré era escrito o bicho que acabo de mencionar. Coisa ruim de se ver. Não... Cheguei num acordo mais o major e tudo ficou na mais santa das pazes. Nem ele me incomodou mais nem eu deixei de ajudar o padre nas chamadas da missa. Amuado ficou o padreco. Esse não se ia pros céus nem pro inferno.
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