DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Mas como as coisas comigo se dão de difícil, ouve bem o que se passou quando eu fui atrás do meu pangaré.
Cheio de apreensões fui à noitinha pegar meu pangaré. Tinha muita pressa em sair de Aflitos. O bicho lá se encontrava. Pensei que tinha caído num conto de vigário, que é a coisa mais antiga que há na face da terra, mas não. O velho padre se chegou logo depois. Muito vivo, aumentou o valor da venda. Me disse ele que estava cobrando a sela, que havia esquecido de incluir no preço do animal e que ela estava segura onde estava. Cheio de rancor por um padre em fase de se aposentar regateei no pagamento. O padre, assustado, queria o dinheiro em sua mão naquele instante mesmo. Ele pediu sem nem uma vergonha. O bom era me arrancar dali logo, logo. O padre trouxe a tal sela que tinha aparência de gasta. Depois é que eu fui ver que eu tinha razão. O bicho estava mal calçado de ferraduras também. Desisti do negócio. Preferia esperar o comboio. Já me armara de um facão e uma foice, pra segurança. O padre, meio sem jeito e não querendo mostrar toda a raiva que estava, porque um padre em vias de se aposentar não deve se mostrar raivoso, que não pegava bem, saiu apressado me pedindo que deixasse a sela velha ali mesmo na porta da sacristia, e que amarrasse o pangaré. Que nada. Ele, o coitado que era osso puro se derreou ao chão de novo. Então, de longe, o padre me alertou: “-Olha que tem gente de olho em você moço, aqui no povoado. Um conselho então, já que regateia comprar o meu pangaré. Vá à direção da estrada de ferro seguindo os terrenos das macaxeiras. Garanto que você chegará à estação. É mais sensato esperar pelo comboio lá nela do que ficar em Aflitos. Me demorei a resolver. Fui por aquele caminho indicado portando em cada mão uma das ferramentas pra minha defesa. Aonde iria dar eu não sabia, mas eu tinha ido até o povoado sem saber pra onde ia. Voltar pra trás seria o mesmo. E não errei não senhor. Fui parar num entroncamento ferroviário. Me achei cheio de sorte. Procurei o agente da estação. Dali partiam trens para Salvador, mas não direto. Eu iria ficar a bem umas três ou quatro horas de caminhada. Na parede da estação tinha um cartaz conclamando os cidadãos a se alinharem no exército da República. Coisa que eu já sabia. Numa das paredes de fora da igreja, em Aflitos, tinha um igual àquele. Tava confirmada a recrutagem. Era a minha chanche. Ofereci o valor da passagem ao agente que disse desconhecer o valor, que havia aumentado o preço. Preço por preço, eu não havia gasto um só vintém com o pangaré. Não tinha jeito. Paguei o que ele pediu e ainda me deixou passar as duas noites no depósito de cargas da estação mediante mais dinheiro. Disse que era arriscado pra ele deixar um estranho dentro do depósito cheio de mercadorias. Convenci ele que eu era cabra de responsabilidade Me aventurei como pude. Nada saiu ao contrário. A, pois depois de muito do tempo passado chegou, afinal, o esperado comboio. Embarquei e viajei muito tempo. Num entroncamento desci e caminhei por umas três horas ou mais. Cheguei esfalfado em Salvador. Até que o lugar era bem apinhado de gentes, de comércio em mercados e poucos outros isolados. Vendinha tinha eram muitas. Os negros por lá andavam à toa pelas ruas pegando qualquer serviço e gastando tudinho em cachaça da braba. Havia movimentação de deixar qualquer cabra do interior de cabeça inchada. De moço então era demais da conta. Todos atrás do regimento para se inscrever. Peguei carona numa daquelas levas e fui atrás. Tava pro que desse ou viesse, desde que me safasse do padre sem aquelas suas coisas que ele achava importante em um homem; e era mesmo. Eu vivia de orelhas em pé na mira do tal padre, mas acho que ele se me perdeu naquele trânsito de lá pra cá e daqui pra lá. Tava certo de me ter safado dele. E quase que acertei. Quase. Pouco me faltou. Arre que não!
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