DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


domingo, 27 de junho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Em meio a tiroteios, com possibilidade de você se tornar um defunto, longe de casa e dos parentes, o que mais se pode pensar pra aliviar as tensões dos cuidados que devíamos ter todos os momentos? Dormir? Se desse, seria com um olho fechado e o outro aberto. Bobear naqueles campos dos infernos seria o mesmo que colocar o pescoço na tal guilhotina ou no laço da forca. Pelo menos a lembrança da menina-mulher me dava forças de continuar a pelejar não pela República, que não me merecia por já não vermos pro tempo um prato de comer quentinho, mas por eu mesmo e pelos meus patrícios que se aventuravam nas fileiras do exército.
A tortura de cada qual era de se sangrar por dentro, pois que não se sabia quando poderia se dar outra investida dos jagunços em riba de nossa tropa. Todos os cabras tinham os olhos embutucados pelo receio de balas perdidas. As águas nos cantis esquentavam de quase se poder coar um café. Cacimbas por ali não havia uma só pra salvar a sede de nossa tropa.
Mas, porém o nosso maior entrave era o receio de um combate de baionetas caladas, corpo-a-corpo, sentindo o suor do inimigo nas fuças, sua saliva, suas babas e seus cheiros piores que gambá. Aquelas figuras, só elas, eram o bastante pra amedrontar o mais valente dos cabras.
Eram como fantasmas saídos das bocas de sepulturas apodrecidas. O assombro de todos não tinha medidas meu senhor. Tu queres piores inimigas nossas que a sede e a fome? Eu já nem pensava naqueles malditos esfarrapados, sujos e cadavéricos combatentes do arraial. Pensava era num prato de comer e no beber água fresca. Até que se achou uma cacimba, mas, porém a água tava coberta por uma toalha verde. Era água salobra. Fria, mas venenosa.
Cansou de escrever? A, pois amigo vai ter muito mais ainda. Por causo de que estou falando sobre essa guerra guerrinha dos infernos depois de alguns anos? Ô vote! E precisa de motivação? É que tinha um engenheiro-jornalista por lá cobrindo todos os acontecidos prum jornal de São Paulo. Tu pensas que ele iria contar tudo nos conformes dos detalhes? Ele ficava a meia distância, só de olho, e se escondendo das balas sim senhor. E acabou que morreu duma delas, porém não naquela guerra, mas na casa de um seu inimigo amancebado à sua esposa, às escondidas. Nos descansos das lutas, ele ficava sentado num carroção, ou debaixo de um pé de pau frondoso, fazendo o que tu ta fazendo pra mim agora: escrevendo, escrevendo e escrevendo.
Um dia eu e os meus amigos nos achegamos a ele. Nos sorriu e baixou a cabeça de novo pra não querer conversa mole. As gentes eram cabras matadores. Ele era um desses doutores bem aprumados e arrumados. Educado que só vendo. Era do sul. Era do Rio de Janeiro, mas a educação dele tinha limites. Continuou escrevendo sem mais olhar pra nós. De longe, lá tava o padre ainda de soslaio comigo. E eu de olho nele, eu e os meus amigos. Aquele padre bem podia se finar, mas o tal tinha parte com o demônio; ah, se tinha! Acenou com a mão pra eu. Não careço de acenos nem de mostras de amizade falsas. Quero não. Depois, como eu já disse em antes, cheguei mesmo a me afeiçoar dele com aquela cara de mal amado e mal vivido e sem poder se casar e por filhos no mundo, que agora só essa podia ser a sua missão, se pudesse, mas você já sabe que ele não via como encher uma casa de rebentos. Até que o meu coração é mole demais da conta. Ele acolá, tão só, com seus pensamentos talvez em Alísia, como eu pensava por cá, comigo mesmo. Ele tava ali só pra morrer, que se matar ele não tinha coragem mesmo. Foi o diabo ele entender que se não se castrasse o seu fim era o de virar um churrasco dos grandes, e só fez por não agüentar o calorão que fazia naquele inferno de cabana. Vou guardar pra sempre, pro restante de minha vida, aquela cena dos infernos, sem esquecer que partiu de minhas mãos a sua infelicidade, mas, particularmente, partiu primeiro dele mesmo.
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