DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


quinta-feira, 24 de junho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Sei, sei, mas às vezes me chega ao miolo algumas passagensinhas já por mim deixadas de contar que penso já ter contado em antes, mas é sempre bom alvitre isso que o senhor teve o favor e cuidado de registrar em seu caderno escolar. Mas, porém estou só arrelembrando. Nós já vamos, já e já, retornar a esse capítulo ingrato, mas já em outro lugar, que em Uauá e em Cambaio, em janeiro já falado, se soube que também fomos batidos pelo fogo amaldiçoado dos jagunços. Foi mais uma carreira vergonhosa. Pra que a tal República se era fraca já nas fileiras do exército? E sendo até aquela segunda vez, como se iria consertar o que não tinha conserto até àquelas datas? Razões não me têm de sobra de me fazer estas perguntas modo minhas dúvidas da valentia dos nossos soldados? A, pois, que fiz na época aos gritos, no calor das refregas (talvez pra eu mesmo), no triscar das balas que tracejavam o ar, abrasadas como pontas de charutos, modo me darem coragem bastante pra agüentar aquele tiroteio dos infernos; e quando as fumaças de ambos os lados, que acompanhavam as bocas de fogo de clavinotes, canhões e de metralhadoras se adensavam, igual a uma cortina de filó de uma casa de prostitutas, era sinal de que a refrega chegava ao ponto alto. Tombavam centenas do nosso lado, que os dos lados de lá não se viam e nem eles se deixavam ver. Era sangueira pra todos os cantos, gemedeiras de fazer tremer um carvalho de mais de quinhentos anos meu senhor. A caatinga gemia de choro fúnebre, se derreava de luto, se enegreciam de pólvora as pitombeiras e as mangabeiras, tão saborosas, mas que naquelas horas tinham o sabor da morte ingrata, do abandono nos campos de luta e o fim tão perto nos fios das foiçadas e dos porretes da jagunçada sem piedade. Vixe que foi coisa assombrosa essa batalha do Campo do Vigário do dia 18 de janeiro de 1897. Diz-se que matamos 115 jagunços. Dia seguinte, tu anotes ai, por favor, pra não perder um mínimo detalhe, saímos em marcha para Canudos dispostos a acabar de vez com aquele ninho de revoltosos. Cabras brabos demais da conta, aqueles. Mais mortes, mais feridos, mais perdidos sem se saber vivos ou finados. Trezentos jagunços mortos, dizem. Não sei se pra alevantar a moral da tropa. Em Bendegó de Baixo, se dá mais uma batalha sangrenta. Aí caiu o número de jagunços finados. Os canhões Krupps, pesados como elefantes, afundavam nos terrenos arredios; já contei isso. Os corações das tropas batiam nas gargantas. O padre tava só de longe de soslaio, me mirando. Tinha escapado ao foguetório, assim como eu e todas as minhas amizades que cresceu ali nas fileiras do exército republicano, que eu sou de fazer boas amizades por me achar um amigo de verdade, sem dengos e arremedos de sincero. Por fim, com o passar das refregas, fui me afeiçoando ao padre castrado por si próprio por ter, até ali, cumprido com a sua palavra empenhada a mim de que não iria atentar contra a minha vida, mesmo porque se pegasse ele nessa injúria ordinária e covarde passava pela Corte Marcial e seria ali mesmo, a frente de toda tropa, fuzilado ou enforcado. Queria não esse fim pra ele, que no fundo, duplico a afirmativa, ele não foi o único culpado não; bem que a menina-mulher Alísia teve sua parcela grande de culpa, pois que com aqueles olhos de azeviche e olhares oferecidos endoidava qualquer cabra. Eu gosto de ficar pensando naquela desgramenta, nos momento de nossos altos no fogo à bala.
Já que eu não pude andar ao lado dela pro resto dos meus dias, trago ela aqui pra dentro da cabeça, que assim ela não tem a força da tentação sobre Mariano Bé. Mas até que me arrependi de não ter me engalfinhado com aquelazinha em numa soca de mato alto, modo fazer ela mais mulher do que já era. Coisa de endoidar qualquer bispo, arcebispo, capelão ou Papa. Nunca que tinha visto menina jambo tão jambo e tão assanhada só nos olhares por debaixo da cabeleira encaracolada sobre os ombros bem feitos. Naquelas curvas eu me derreava. Se!
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