Jorge Medauar – Água Preta do Mocambo, BA.
15 de abril de 1918
03 de junho de 2003
Eis um eleito nascido e criado em um município pouquíssimo conhecido pela maioria dos brasileiros. Nascer na Bahia costuma ser prodigioso ao rebento que lá vem à luz. Parece não se encaixar essa assertiva à vida de um poeta e contista que, pelos idos de 40 , já homem feito, de barba e vestido a caráter – terno de alpaca ou linho –, ainda se demorava ao referido lugar. Essa sua possível estada no torrão natal é desmentida justamente por fotos em que ele surge em todo o esplendor de sua mocidade aparamentado de terno, completo. O interiorano nordestino, que jamais tivesse pisado terras de alguma “capital”, não envergaria um tão bem talhado terno como não recorreria a um alfaiate apenas, vestindo a régia indumentária, no intuito de se deixar fotografar em meio a um rio aos fundos de sua casa.
Jorge Medauar. Esse é o nome do homem de Água Preta do Mocambo, BA – seu cabelo glostorado revela-o um autêntico nordestino –, que a mim, leitor assíduo de quantos escritores contistas e poetas vicejassem em regiões similares, era, até a data de ontem, um desconhecido homem de letras.
O novo me atrai, mas o velho, o escondido, o anônimo, me atrai ainda mais. Foi envolvido nesse sentimento que eu li os contos “A Maçonaria” e o “O Filho do Gringo” e o espaço não seria outro se não no Cronópios, onde o passado se torna presente e o velho se reveste do novo.
Jorge Medauar, filho de Água Preta do Mocambo, BA, quem o imaginaria trazê-lo à luz justamente a um município cujo nome lembrasse escuridão? Contudo, seria lá o seu rincão, o seu berço natal, a sua infância, livre, junto a outros como você até se transferir a uma verdadeira capital.
Água Preta do Mocambo de rio de correnteza perigosa entre escolhos escorregadios, onde as mucamas iam lavar suas trouxas de roupas, dando-se aos moleques em meio aos cacaueiros, iniciando-os na vida das safadezas deliciosas e sempre tentadoras. Mas não foram essas fugas às sombras dos pés de cacau e os primeiros atos de amores juvenis que me levaram a escrever sobre você Jorge Medauar. Foi o seu anonimato em mim, o seu modo singelo de textualizar os acontecidos em um povoado cujo dia a dia não tinha quase atrativo algum, mas que, magistralmente, você acrescentou essa magia de deixar ver o que se imagina, pois só quem conheceu lugares como essa Água Preta do Mocambo pode, com facilidade, construir um edifício de sensações gostosas, simples e regionais, sem igual. O nordeste é rico em situações como as que você descreve em seus contos acima referidos: o medo das crianças em cujas cabecinhas se plantavam os limites entre as suas casas e o Templo Maçônico. Tabu. O Inferno, sobre o chão da pequena Água Preta; o Demo, sob os esconsos dos interiores esquisitos, entre bodes empalhados e lanternas de luzes vermelhas a dar boas vindas ao Chifrudo e os amores secretos de um garoto.
E a sua obra? E o seu anonimato sem motivo? Acho-o um injustiçado pelos literatos de sua época. Se você não se encontra ainda ao mesmo patamar, onde muitos outros foram colocados justamente – seus colegas de ofício –, já merecia lá estar e até mesmo postular o seu lugar, se vivo estivesse. Mas nem sempre a voz do artista ecoa aos ouvidos do mundo, e ele se queda como inútil. Vivi o seu nordeste, a sua gente, o seu modo regional de se expressar: Ô vote! Ó xente! Desafasta! Sai do meio! Visse? Carece não, meu bichinho... Deliciosos termos como: “gelé” de coco, sorvete sabor mangaba, odores de castanha assadas sob frondosas mangueiras, relembranças e saudades de coisa irrecuperáveis, banhos no Rio Potengi, viagens em batelões ao sabor dos ventos enfunando velas remendadas, águas se rasgando sob o impacto das quilhas e esteiras quais espumas de alvas rendas ficando à ré e se perdendo, se perdendo...
Tem razão o Pipol: semeie-se a web de Jorge Medauar, e que tão cheia fique a web como uma pequena cacimba que se esgota a força de um olho dágua.
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
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