DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sábado, 17 de julho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Agora nem um só cabra daqueles poderia se desculpar de muito lutar nas frentes, laterais ou nas traseiras dos combates. Estavam todos arregalados de tanto ingerir os bens preparados comer pelos taifeiros que se desdobravam pra aproveitar tudinho sem sobejo que se jogasse em fora ou que se fosse obrigado a dar aos cachorros que zanzavam por lá. Acoitado em lugares escondidos muita vez vi gente caçando cachorro pra fazer um ensopado. Vi sim senhor, pois esses dois olhos não me enganam a ponto de eu julgar mal meus companheiros comendo coisas, acho que proibidas pelos princípios da ciência da higiene. Se pensando bem, muito da conta: nas grandes secas já se comeu até calango, desses de parede, cachorro, gato, papagaio e já ouvi de falar: até urubu. Urubu, sim senhor. O cabra comia e logo depois se finava; a, pois, como não? Urubu é coisa que se mande pros buchos? Mas a fome não rejeita nem enjeita qualquer coisa que respire. Rato da caatinga... Já ouviste falar: Já né? A, pois, então: até os roedores não escaparam das caças. Com cuidados exagerados se limpavam eles, se assavam nos braseiros e se comiam com estalidos das línguas. Não se passou o comer às palmas que apenas são guardadas pros gados? Pois foi. O senhor iria se renegar de um pitéu daqueles num momento em que a barriga encostava lá atrás na coluna vertebral? E as macaxeiras bravias? Era colher, limpar, por pra cozer e mandar pra dentro. As barrigas cresciam tanto que pareciam bexigas de se soprar. E lá se iam os pobrezinhos de barriga entupida, mas sem almas.
Há quem me fale de canibalismo! Sabes o que é? Ah... Então: se comiam uns aos outros, mormente se fosse criança pequenininha de carne macia. Os velhos ficassem sossegados, que não se desejavam as suas carnes enrugadas e duras não. É... A fome faz o homem virar animal, monstro sem raciocínio, desequilibrado. Veja os acasos de uma existência numa terra esturricada sem uma cacimba, sombra ou sem um pé de fruta. Muita gente enlouqueceu, ficou lelé da cuca, depois que comeram os filhos ou algum parente novo nas carnes. Não foi assim em antigamente nos primeiros tempos do homem sobre os chãos deste planeta? Foi não? Foi sim. O cabra dessas novidades tinha o respeito de todos e o que ele falasse era tido e havido como verdadeiro, sem quizumba ou sem descrédito. Foi. Foi sim. Boto a mão no fogo pelo cabra dessas novidades. Tião Tinhoso era o seu chamar – o nome da pia batismal. Contou tão bem contado e com aparência serena que nem os olhos piscavam, mas, porém sempre cheios dágua. Ele contava nos olhando firme dentro dos nossos olhos. Quem havéra de duvidar? A gente via isso nas grandes secas... Falava. E tome sofrer, e tanto, que até Tião Tinhoso, mais a família, comeu o netinho. A mãe, sua filha, não apetecia em principio, mas vendo que se ia acabar o jantar aceitou, e ainda achou que tinha posto no mundo uma coisinha de delícias. Coitadinha. Depois enlouqueceu e, teimosa, preferiu ficar deitada no chão seco sem marchar mais. Muito tempo depois acharam só o esqueleto dela, sim, eles mesmos, na marcha de volta. É assim, a maldição das secas brabas: pra nenhum cabra valente botar defeito. E se fizesse o contrário... Se fizesse! Ah, que era o fim de todos.

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