DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


domingo, 18 de julho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Pois é assim, meu amigo. A seca é a maior desgraça que se pode ter sobre nossas cabeças; pior, muito pior, do que uma guerra como essa em que eu estive nos fins do século passado. Os generais faziam uns planos amalucados de se chegar acolá dar uma meia dúzia de tiros de obuses, uma carga em cavalos e de baionetas caladas e, de pronto, tava que tava tudo resolvido. Mas quê! Eles pensavam que seria dessa forma, mas não sabiam se os jagunços e Antonio Conselheiro iam acatar esses planejamentos feitos sobre uma bela mesa de jacarandá, numa sala de muito espaço pra se andar de lá pra cá e de cá pra lá, pensando, aprimorando ataques, estudando os terrenos etc., pra depois estudar tudo de novo, novamente, debaixo das barracas, já então lá nos campos de batalhas, às vezes com a fuzilaria sobre as cabeças nossas.
Por isso afirmo: as gentes de Antonio Conselheiro e seus comandantes estavam a léguas à nossa frente em matéria de combate, de ataques repentinos, de violências e de sangüinolências adoidadas. E as táticas que eles usavam de encontro a nós? Coisa louca de se saber e de se ver.
Então, essas coisas todas acontecidas acolá nas terras da Bahia, bem lá pra cima por onde passa o Rio Vaza-Barris, não são nada em conformidade com as secas. E olhe que foram muitas, sendo a pior a de l898 que foi a mais braba que já tivemos. Ali só faltou um homem comer outro ainda vivo, casca de pau, pedra e o mais que aparecessem por diante dos famintos.
Eu, aqui, ia falar mais sobre Antonio Vicente Mendes Maciel, o talzinho profeta dos jagunços, mas não me aperreia se não fizer porque já ta no outro livro, sem dúvida, do tal jornalista do Rio de Janeiro, que nos mirou de cara feia em quando nos chegamos a ele por um momento de sossego na frente de batalha. Ninguém nunca que viu o cabra Maciel, digo de nós soldados, e nem se viu como ele se finou. Morreu, foi dito, e está bem morto. Soube que a cabeça dele foi cortada do corpo e levada aos doutores de ciência pra estudar o cérebro do dito cujo. Que é que pensaram em achar lá dentro dos miolos murchos? Os pensamentos dele? As idéias que ele tinha pro seu povo? Vejas tu se lá encontraram alguma coisa de raiva contra a República... Encontraram? Puff! Nada que nada. Esses doutores têm cada uma que parecem duas. Onde já se viu o cérebro mostrar as suas verdades e mentiras? Aquilo é igual como o dos bois, dos porcos, das galinhas... Tudo em igual, sim senhor. O que é que se tem dentro daquela massa molenga? Hein? Eu que já vi pelos campos ela saindo dos quengos dos soldados mortos, não via nada. Era um ajuntamento de dobras que se parecia com as nossas tripas, isso lá é verdade. Vi muita, também, saindo devagar pelos buracos que as parnaíbas faziam nos buchos dos nossos soldados. Vi coisa demais da conta, meu, e te juro: quero mais ver nunca não. Você passa dias sem querer botar um comer na boca e se fizer joga tudo em fora numa cascata de fedor que não se agüenta. Vi muitos cabras assim, redobrados por sobre as tripas e de bocarras abertas, jogando o caldo quente pro chão. Nojentos das moléstias. Eu não; eu me preveni. Não comia nada, mesmo por que não tinha no rancho.

51

Nenhum comentário: