Nova Fribugro, 11/04/08
Em um céu avermelhado sobre o casario da favela
o sol, como moeda de ouro suspensa, no exagero proposital usado por mim na obra, parece ter incendiado a abóbada celeste a ponto de espalhar o fogaréu sobre os telhados dos casebres e de torrar as poucas árvores que se espalham desde o alto do morro até mais abaixo.
Podemos imaginar, numa viagem ao interior da obra, o calor que se faz presente entre as pobres construções, quase que umas sobre as outras. Não há movimento nas copas das árvores. Tudo se acha parado, como se a qualquer movimento mais possibilidade haveria de um fogaréu se espalhar por toda a favela
Esta obra é a terceira com o mesmo motivo. A primeira se encontra no acervo de minha filha Alice, em Recife, onde o calor é o mesmo registrado nas telas.
Também não se acha assinada ou datada, por qual razão não me lembra, mas aí está a realidade de quem vive numa comunidade chamada "favela" - ruelas e casas sem um plano ou projeto capaz de torná-la aprazível aos seus moradores. O Sol, porém, lá está a marcar a sua presença incendiária. E ele se levanta e se põe todos os dias para sufocar os trabalhadores honestos e as familias que vivem num aglomerado do gênero.
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