Friburgo, 18/11/06
Aninha:
Quando se é criança ainda, não imaginamos as quantas voltas darão nossas vidas; parece-nos, em nossa inocência sonhadora, que a Vida não há de mudar jamais, e quando se é feliz nessa quadra da existência tudo nos sorri com um tom rosa primaveril; longe estamos, então, de imaginar as escaladas sofridas pelas quais deveremos, um dia, passar. À vezes, temos a ventura de ter uma formação adequada: construímos para nós uma armadura de caráter infenso a quaisquer assomos de infelicidade, de desastres pessoais; outras vezes nos vemos lançados em emaranhados dolorosos. Vemos os nossos castelos, construídos em criança em bases de sonhos próprios à fase, esboroarem-se como aqueles que construímos à beira mar: de areia; acontecem a eles, ali, naqueles instantes da mais pura alegria de nossa total entrega infantil, a derrocada sob as mãos líquidas do mar. Se pudéssemos, à época, sentir despertar qualquer coisa inusitada, além de testemunhar um fato corriqueiro, teríamos o aviso, a grosso modo, de nosso futuro. Porque uma vida, erguida em apenas sonhos assim, é frágil como a camada de gelo que se forma nas superfícies dos lagos.
Se somarmos todos os sonhos familiares vazios num só, como um feixe de belos ramalhetes de flores de aromas diversos, vamos colher, mais tarde, a semente da insensatez; a haste da intemperança; as folhas murchas da indiferença. Pois foi isso – sinto - o que lhes sobrou da vida com a morte de seu pai, meu irmão Sergio. Sei que meu mano foi rigoroso com todos, como o foi meu pai, como o foi o pai de meu pai, nosso avô Manoel Machado. Esse rigorismo foi o cimento que nos uniu: funcionou como os tijolos, que colocados a prumo, na construção exata da obra bem acabada de nossa família, nos deu os pilares seguros que só o tempo e as distâncias desuniram fisicamente, nunca emocionalmente; não foi a falta de amor nem de respeito de uns para com os outros. Foram as circunstâncias que se abateram sobre as quimeras de cada qual, de seus projetos e objetivo de vida. É uma pena saber que nossa cunhada não aceite as opiniões de alguns filhos, assim como é lastimável um pai negligenciar sua atenção e o mínimo de seu amor a um filho. Presumo que aquela viagem que ambos fariam ao nordeste - Bahia, se não me engano - já não tem razão de se concretizar. Mas isto não me soa como novidade. Os homens se fazem ilhas quando deveriam ser arquipélagos; se fazem desertos quando deveriam ser um oásis; se fazem únicos quando deveriam se fazer coletivos. É tão somente uma questão de falta de uso de o verbo intransitivo AMAR, como já disse um nosso Poeta. Quanto a mim, sim, estou premiado com todos os pequenos males que, unidos, formam um grande abismo, um oceano que se prepara para um tsunamis. Bem minha cara sobrinha assim é a chegada do inverno dos homens. Todos, mas nem sempre todos, chegarão lá. Cuide-se agora para não colher os espinhos desses tempos nem provar o sabor amaríssimo dessa quadra da vida. Já fez os exames necessários? Não negligencie a isso. Não somos sempre jovens dispostos, saudáveis, sonhadores; somos um amontoado de feixes nervosos, músculos, ossos, carne e pele. Estes componentes se desgastam só restando a inteligência - às vezes nem a memória fica intacta; a inteligência e a memória são coisas distintas. Quando digo inteligência me refiro à lucidez do Espírito e à pujança da Alma imortal. Aja de acordo com o seu coração, consorciado ao de sua Jéssica, a filha que deve dar o seu aval para as medidas que desejam tomar; se ela acorda com a lição a ser dada, e que isto não lhe vá trazer mais problemas, façam. Muitas vezes precisamos de uma sacudidela em nossos rumos; de sermos despertados de nossos pesadelos egotistas. Encerro este e-mail com protestos da mais alta estima por vocês e desejando um clímax suave para ambas. Não se desgastem, porém. Um grande abraço e nossos votos a que tudo tome outro rumo. A união faz a força e esta o triunfo. É um velho adágio popular, mas já tão desgastado atualmente tão frouxos estão a união e a força.
Tio Mario
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
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