Algo em torno de 17 milhões de venezuelanos estão convocados para neste domingo, 23 de novembro, eleger governadores de 22 estados, 328 prefeituras e mais seus legisladores estaduais. Trata-se de mais um teste para o processo bolivariano e para o povo da Venezuela na sua empreitada rumo a um “Socialismo do Século XXI”.
Desta vez tanto oposição quanto governo parecem estar mais bem preparados sob o ponto de vista da estrutura partidária, se comparado as ultimas eleições regionais em 2004. O Partido Socialista Venezuelano Unido (PSVU) formado no ano passado por várias forças políticas que apóiam a revolução bolivariana vem em bloco. Já do lado dos oposicionistas, após inúmeras derrotas acachapantes, agora mostram estar mais organizados e pelo menos por enquanto não têm dado tanta ênfase ao costumeiro discurso golpista.
Não há dúvidas sobre o quão importante é o atual processo eleitoral em curso na Venezuela para o “Socialismo do Século XXI”. Mas também uma provável vitória da oposição em mais de cinco estados não decretará de forma alguma o fim desse projeto. Basta supor que a oposição avance, atualmente conta com quatro dos vinte e três estados, e consiga oito estados, inclusos aí peças importantes como Zulia, já governada pela oposição e Carabobo como apontam as mais recentes pesquisas – e as pesquisas na Venezuela tendem a errar, errar sempre a favor da oposição – ainda estará muito aquém da força de Chávez que conta com uma popularidade de 77% e veria forças aliadas a frente de dezesseis estados. Além disso, a oposição boicotou boa parte das últimas eleições estaduais e municipais, portanto qualquer aumento que tiver agora apenas denotará que antes estava com uma força minimizada por seus próprios equívocos. Portanto, dificilmente a oposição sairá menor do que entrou nesse processo. Seria catastrófico para os governistas caso a oposição angaria-se a metade ou mais dos estados e da população, algo improvável.
A oposição também está confiante por conta do resultado do último referendo constitucional, em dezembro do ano passado, quando a proposta do governo foi derrotada por menos de 1% dos votos. O erro crucial – de Chávez – naquele momento foi o de colocar temas tão abrangentes numa única consulta. Temas complexos como a criação de conselhos comunais e organizações de base com atribuição de gestão e prevendo uma efetiva participação popular com o surgimento resguardado por lei de células sociais de território formadas pelo conjunto da sociedade. O fim da autonomia do Banco Central. A redução da jornada de trabalho para seis horas diárias. Proibição de latifúndios e monopólios. Além, claro, da insistência de Chávez em acabar com o limite de reeleições para o executivo nacional. Houve assim uma desmobilização, bem orquestrada pelos grupos oposicionistas, que na prática gerou uma enorme abstenção. No entanto agora o PSVU, sobretudo através dos “patrulleros”, conta em reverter esse quadro. Os “patrulleros” têm sobre si a responsabilidade de ir de casa em casa nos bairros e comunidades explicar as propostas de candidatos governistas, mobilizar a população e levar eleitores aos recintos de votação. Uma provável vitória da oposição em certos estados e prefeituras importantes estará bem aquém do que ela própria imaginava há alguns dias e muito além do que desejaria Hugo Chávez.
Contudo, por mais paradoxal que pareça, uma pequena derrota de Chávez poderá trazer ao seu governo a necessidade de se reciclar e encontrar formas e meios de criar novas lideranças, mostrando assim que não se resume a uma pessoa ou entidade. É sempre bom lembrar que Chávez, no poder há exatos dez anos, passa pelo desgaste natural de qualquer governante a tanto tempo a frente de sua nação. No mais as dissidências são algo normal e as rupturas de antigos aliados, que agora postulam cargos eletivos pela oposição, não deixa de ser sinal que na Venezuela de fato, ao contrário do que propagandeia a grande imprensa mundial, se vive uma democracia plena.
Já o processo bolivariano carece dum recrudescimento, mas antes é precisa despersonificá-lo e revitalizá-lo. O melhor paradigma que a Venezuela pode buscar para revitalizar o seu processo revolucionário é justamente em Cuba, onde hoje, às vésperas de se completar o primeiro cinqüentenário da Revolução, há um intenso processo de debate, discussão, autocrítica reavaliação e reconstrução do seu projeto socialista. Só assim o percurso da “revolução” será muito além democrático e popular, mas também permanente e constante.
Talvez o momento na Venezuela seja dos mais propícios para essa revisão. Uma revisão sobre os rumos que a revolução bolivariana pode tomar. O momento aparece propício graças à conjuntura internacional com os preços das commodities, e no caso venezuelano ainda mais do petróleo, despencando, Chávez terá a oportunidade de colocar em prática novos projetos para a economia local e uma profunda reforma no sistema de trabalho do seu povo. Cerceamento ao latifúndio, reforma agrária e coletivização de algumas terras, extermínio do monopólio, formação de gestões comunitárias e fim da soberania do Banco Central deverão voltar à tona e ser postos em pauta.
A eleição de Barack Obama não deixa de trazer certo alento e joga no ar alguma esperança que a animosidade entre os dois países não seja tão intensa quanto durante o bushismo – ainda que Obama tenha um discurso sobre política externa, e mais precisamente sobre a America Latina, bastante obscura e, em certas horas, até mesmo dúbia e mesmo com a eventual presença de Hillary no Clinton no State Departmet –, o arrefecimento nas relações entre Casa Branca e alguns governos populares no subcontinente sul-americano parece ser o caminho lógico, ao menos de início – ainda que a Quarta Frota continue a nos “vigiar”.
Para quem está acostumado a governar nas adversidades. A enfrentar uma oposição reacionária e cega, que já promoveu um lockout, que cuida cotidianamente duma campanha interna e externa de satanização e chacota do presidente da República, que já se absteve do processo eleitoral para depois acusar o governo de fraude. Uma oposição financiada pela CIA e pelas grandes corporações internacionais. Para quem já passou incólume por um golpe de estado, por um recall e ainda conseguiu se reeleger, os desafios que pairam no horizonte e a construção duma alternativa real ao neoliberalismo, não são muito distintos desses outros. Ademais Chávez continua a contar com amplo apoio entre os trabalhadores e os estratos mais pobres da população.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 12:11 0 comentários
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
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