DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sábado, 27 de dezembro de 2008

RECORDANDO OS VELHOS AMIGOS

Saudades, neste fim de ano...


Às vezes me vejo compelido a trazer de volta, através da saudade, todos os meus companheiros – velhos companheiros da mocidade – que de uma maneira ou outra se envolveram a mim e que trocaram este nosso mundo pela eternidade. Digo, porque alguns o fizeram pelas próprias mãos, em desatino, numa barganha totalmente de inteiro prejuízo a eles.
Recordar esses velhos camaradas hoje revestidos da imponderabilidade do eterno, mas vivos em minhas lembranças e saudades, me traz a satisfação profunda de me colocar num tempo em que, no contexto de nossas róseas existências, nada previam fins tão violentos e desenlaces prematuros.
Contudo, cada fantasma, desses tantos amigos, ao se aproximar de mim, à periferia de minha mente, abre novas chagas na minha alma; abala indelevelmente meu coração me dando, às vezes, a impressão de reclamar a minha presença entre eles para que, uma vez juntos, possamos trilhar os fulgurantes caminhos das estrelas à busca de novas e de eternas aventuras.
Como não tenho vocação suicida nem anseio pelo termo natural de minha existência física, aguardo sem medo e sobressaltos o momento de receber o aviso prévio do celestial Patrão indo, de vez, engrossar o já incontável exército de almas livres, voejando pelos imensuráveis mundos além da visão.
Dentre esses amigos, recordo com carinho Jacaré – colega de trabalho, com seu metro e oitenta, bonachão e entusiasta da Vida. Não esqueço o grande porre – o primeiro – patrocinado por ele no Ano Novo de 1954, em casa de minha hoje falecida irmã Tieta.
Uma galopante o matou a flor da idade após ingerir seis comprimidos de Melhoral com ajuda de cerveja gelada, depois de um jogo de basquete.

Outro a quem recordo: o Elcinho. Que esforço fazia para parecer craque em nossas peladas de domingo no Clube Sans-Souci, nosso bairro residencial do Alto das Braunes. Numa bela tarde, em seu escritório de corretagem e sentado à sua mesa, ingeriu guaraná com forte dose de formicida. Sobre ela havia arrumado, caprichosamente, todos os seus objetos de uso como relógio, carteira, anel e documentos, morrendo a seguir entre roucos estertores e olhando a porta de sua sala. Fora um suicídio passional A quem esperava ele abrisse a porta de seu escritório? Pobre Elcinho... Jovem, tão jovem ainda.
Chega-me, em disputa aos outros, de uma distância bem maior no tempo, o Wilsinho – jovem craque do Fluminense falecido em 1961. Morreu numa radiosa manhã de sábado em acidente de motocicleta. O garfo do seu veículo se partiu repentinamente, e repentinamente o levou. Uma bela carreira futebolista o esperava pela frente. Que pena!
Navega é outro que sem pedir licença me chega com aquele seu jeito de capoeirista que não era. Era, sim, bom de xadrez, e de bola também. Torcedor do Fluminense e com promissora carreira publicitária. Esse foi o meu maior parceiro de sinuca no Salão Taco de Ouro da estreita Rua São João. Era meu vizinho de rua, morando na extremidade da Sara Braune. Quanta briga por causa dos resultados dos jogos do Fla x Flu! Varávamos as madrugadas em estéreis discussões sobre cada lance. Depois, cansados, íamos cada qual para a sua casa. No dia seguinte, estava tudo esquecido e lá íamos nós ao jogo de sinuca da Rua São João. Hoje, essa rua se chama Monsenhor Miranda e não mais existe o Taco de Ouro. Uma úlcera perfurada encerrou seus brilhantes dias na Terra.
Lembro do Bezerra, de Natal, RN, de família abastada, que em pleno banquete social – ele de “smoke” e gravata borboleta –, após fazer um brinde a todos, e sorrindo, colocou, sem que lhe tremesse a mão, cuidadosamente, uma bala à sua têmpora sem deixar nenhuma explicação ao seu ato. Só a Deus daria conta de seu tresloucado gesto.

E o Edinho “Sapo Feliz”? Grande amigo o Edinho do Trio Iraquitã, de saudosa memória! Era colega de rádio – eu em novelas e ele na contra-regra da Rádio Poty de Natal – afiliada a Tupi Rio –, mas estava bem, tanto nacional como internacionalmente, com o seu famoso Trio Iraquitã. Vi-o, pela última vez, na Avenida São João, em São Paulo. Que festa aquele encontro inesperado! Prometeu cantar, pelo Natal, lá em nosso apartamento à Rua Anhaia, no Bom Retiro, onde morávamos eu, meu irmão Luiz e minhas manas Mariza – hoje vivendo em Veneza – e minha gêmea Marina, já falecida também aos 48 anos. Não foi, por motivos de compromissos profissionais. Matou a esposa argentina enquanto ela dormia, deitou-se ao seu lado e disparou contra a própria cabeça. Que Lástima! Que perda!

Foram muitos mais, porém continuam, todos, invioláveis em meu coração.
Seria injustiça de minha parte esquecer de Beto (*) meu colega de trabalho e padrinho de meu segundo casamento. Excelente profissional e sério chefe de família. Trabalhamos 13 anos na mais plácida e sincera amizade. Amigão, sim, mais que amigo, portanto. Lembro da brincadeira que fazia a mim a respeito de minha atual esposa, Léia: “Mario gracinha... Você vai ficar chupando o dedinho porque ela não o quer. É muito bonita pra você!” Soltava essa e saía às carreiras, com receio às minhas reações.Tudo nas melhores das brincadeira,sempre.
Foi por eu ter ficado quatro longos anos paquerando minha atual esposa sem que eu tivesse uma decisão da parte dela. Minha paciência inesgotável saiu vencedora e eu fiz a Beto meu padrinho nesse casamento desacreditado. Foi uma honra para nós, tê-lo nessa qualidade tão planejada e desejada por mim e por Léia.
É isso aí! Então à minha partida para a Eternidade formaremos de novo a turma do barulho, em algazarras celestiais. Fiquem aí nessa esfera de luz. Esperem-me! Não retornem já! Jogaremos futebol, sinuca e o que quiserem sobre as nuvens macias, e xadrez no tabuleiro celestial de São Pedro.

(*) O meu amigo e padrinho Beto faleceu em acidente automobilístico junto a um outro amigo – Silvinho – em 27 de abril de 1987. Morreu pela empresa que não o mereceu ter por tantos anos.

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