Friburgo, 07/01/09
Aninha:
Quando ainda se é criança, não imaginamos as quantas voltas darão nossas vidas; parece-nos, em nossa inocência sonhadora, que a Vida não há de mudar jamais e quando se é feliz, nessa quadra da existência, tudo nos sorri com um tom rosa primaveril; longe estamos então de imaginar as escaladas sofridas pelas quais deveremos passar um dia. Às vezes, temos a ventura de ter uma formação adequada, construindo para nós uma armadura de proteção infensa, realmente, a quaisquer assomos de infelicidade e aos nossos desastres pessoais; outras vezes nos vemos lançados em emaranhados impensáveis.
Vemos os nossos castelos, construídos em criança, em bases de sonhos próprios à fase, esboroarem-se como aqueles de areia que erguemos à beira mar. Acontecem a eles, naqueles instantes de mais pura alegria e de nossa total entrega infantil, a derrocada sob as mãos líquidas e implacável do oceano.
Se pudéssemos à época sentir despertar qualquer coisa inusitada, além de testemunhar
fato corriqueiro, teríamos o aviso a grosso modo de como poderia ser nosso futur, porque uma vida, erguida em apenas sonhos assim, é frágil como a camada de gelo que se forma nas superfícies dos lagos.
Se somarmos todos os sonhos familiares vazios num só, como um feixe de belos ramalhetes de flores, de aromas diversos, vamos colher, mais tarde, a semente da insensatez, a haste da intemperança e as folhas murchas da indiferença. Pois foi isso – sinto - o que lhes sobrou da vida com a morte de seu pai, meu irmão Sergio. Sei que meu mano foi rigoroso com todos como foi nosso pai e como o foi o pai de nosso pai, nosso avô Manoel Machado. Esse rigoroso processo foi o cimento que nos
uniu, funcionando como tijolos que colocados a prumo na construção exata da
obra bem acabada de nossas famílias, deram os pilares seguros que só o tempo e as distâncias desuniram fisicamente, mas nunca emocionalmente. Não foi, pois, a falta de amor, nem o respeito de uns para com os outros. Foram as circunstâncias que se abateram sobre as quimeras de cada qual, de seus projetos e objetivos de vida. É uma pena saber que nossa cunhada não aceite as opiniões de alguns filhos, assim como é lastimável de alguns filhos, assim como é lastimável um pai negligenciar sua atenção e o mínimo de seu amor a um seu rebento.
Presumo que aquela viagem que ambos fariam ao nordeste - Bahia se não me
engana - já não tem razão de se concretizar. Mas isto não me soa como novidade. Os homens se fazem ilhas quando deveriam ser arquipélagos; se fazem desertos quando deveriam ser oásis; se fazem únicos quando deveriam se fazer coletivos. É tão somente uma questão de falta de uso de o verbo intransitivo AMAR, como já disse um nosso grande Poeta. Quanto a mim, sim, estou premiado com todos os pequenos males que, unidos,formam um grande abismo – um oceano que se prepara para
o tsunamis. Bem minha cara sobrinha assim é a chegada do inverno dos homens; todos, mas nem sempre todos, chegarão lá. Cuide-se agora para não colher os espinhos desses tempos nem o de provar o sumo amaríssimo dessa quadra da vida. Já fez os exames necessários? Não negligencie a isso.
Não seremos sempre jovens dispostos, saudáveis, sonhadores: somos,agora um amontoado
de feixes nervosos, músculos, ossos, carne e pele. Estes componentes se desgastam, só restando a inteligência. Às vezes, nem a memória fica intacta; a inteligência e a memória são coisas distintas.
Quando digo inteligência, me refiro à lucidez do Espírito e à pujança da Alma imortal.
Aja de acordo ao seu coração consorciado ao de sua Jéssica – a filha que deve dar o seu aval para as medidas que a mãe deseja tomar. Se ela acordar com a lição a ser dada, e que isto não lhe vá trazer mais problemas, faça. Muitas vezes precisamos de uma sacudidela em nossos rumos; de sermos de nossos despertados de nossos egotistas. Encerro este e-mail com protestos da mais alta estima a voces, desejando climax suave a ambas. Não se desgastem, porém.
Um grande abraço com os nossos votos a que tudo tome outro rumo. A união faz a força e esta o triunfo. Eis um velho adágio popular, mas já tão desgastado atualmente, tão frouxas está a união entres os homens.
Tio Mario
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
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