DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

RÉPLICA AO SENADOR DEMÓSTENES TORRES

Réplica ao Senador Demóstenes Torres
O senador demo Demóstenes Torres, talvez entediado pelo recesso de início de ano e não encontrando explicação plausível sobre o suposto grampo do qual teria sido vítima ao lado de Gilmar Mendes – o único grampo que se tem notícia no mundo em que o conteúdo vazado corrobora com a imagem de homens probos da(s) vitimas(s) –, nos brindou semana passada com um artigo publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat.

Noblat, para quem não sabe, é um jornalista calejado e bem conhecido em Brasília. Tem sua caneta, ou teclado, sempre a disposição dos interesses dos patrões, a família Marinho. Há não muito tempo, em 2007, veio à tona, não pelo blog do funcionário dos Marinho, a ligação do jornalista com o escândalo de desvio de verbas que envolvem o ex-ministro cardosista Raul Jungmann e a empresa da mulher do próprio Noblat. Em seu blog, obviamente hospedado na globo.com, além do político goiano podemos encontrar Lúcia Hipólito e Ateneia Feijó, duas neoliberais de carteirinha e figuras que passeiam com desenvoltura entre os círculos demo-tucanos vomitando preconceito e intolerância social. Para passar ao grande público um ar de “ecletismo”, Noblat dá espaço a outras personalidades como o ex-ministro Cristovam Buarque – no que Buarque se diferencia substancialmente do pensamento neoliberal? – e Rui Falcão, candidato a vice-prefeito de São Paulo ao lado de Marta Suplicy em 2004.

Separei algumas passagens do artigo, a seguir as quais vem meus comentários.

OBS. Em nada mudaria, eu, o comentário in totum de meu preclaro amigo Hudson, mas marcarei com as iniciais do senador (“DT”) aquilo que a ele deva ser atribuídO, e ao replicador as suas iniciais: (“HLVB”).


(...) A turma do governo realmente trabalha para ficar no poder além de 2010 com o fervor utilizado, inclusive por esses mesmos personagens, para tentar encurtar o mandato de presidentes anteriores (...) (“DT”)


O “outros” ao qual se refere Demóstenes Torres tem nome e sobrenome, chama-se Fernando Henrique Cardoso. Em 1999 FF.HH. iniciava o segundo mandato em tais circunstâncias:
a) dois anos antes dera um golpe branco e fez aprovar através da compra de votos a emenda constitucional da reeleição. Vale lembrar que o Brasil não possuía tradição alguma em tal instituição. A única experiência desse tipo no Brasil foi durante a Primeira República – um período historicamente conhecido pela falta de instituições democráticas, pela dominação oligárquica e pelo coronelismo, além claro, do voto de cabresto – ainda assim num único estado da federação, o Rio Grande do Sul. Lá Borges de Medeiros a partir de 1913 se reelegeu até eclodir a revolução de 1923 findada com o tratado de Pedras Altas, onde ficou acertado o fim das reeleições naquela unidade federativa. O jornalista Sebastião Nery em seu livro “A eleição da reeleição”, narra que um projeto de reeleição foi apresentado ao ditador Garrastazu Médici por um grupo de militares e políticos civis, e até o ditador a rechaçou.
b) FF.HH. abusou do estelionato eleitoral ao manter a paridade cambial. Após o resultado das urnas, reeleição garantida no primeiro turno, deu o sinal verde para o Banco Central abolir a paridade e o que se viu a seguir foi a economia brasileira entrar em recessão, a quebra de várias empresas e o desemprego subir a estratosfera. Fomos jogados a uma calamidade social-econômica anunciada e alertada anteriormente por economistas e analistas não alinhados com o entreguismo, marca forte do período FF.HH. –
c) denúncias respingaram diretamente sobre o presidente quando veio a público o conteúdo de conversas telefônicas entre o então Ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros e o presidente do BNDES André Lara Rezende. Nessas conversas o ministro, um dos gurus econômicos de FF.HH., dizia com todas as palavras que estavam “no limite da irresponsabilidade” e fazia menção ao Presidente da República. As conversas eram acerca do processo de privatização do sistema Telebrás – ainda no primeiro mandato tucano –, dando nitidez ao caráter fraudulento daquele processo onde um grupo liderado por Daniel Dantas e outro por Carlos Jereissati, irmão do à época governador cearense Tasso Jereissati, foram beneficiados através da Previ – fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Em suma, integrantes do governo manipularam os recursos de fundos de pensão, em especial da Previ, para que um grupo de empresários, sem dinheiro, comprasse o mais extenso e bem estruturado sistema de telecomunicações do mundo.
Portanto tenho hoje a mesma opinião que tinha naquele momento da Historia do Brasil. FF.HH. não reunia condições morais e nem capital político, ainda viu o apoio popular se esvair, para continuar a frente da Presidência da Republica. A forma como entregou o Brasil a Lula em 2002 só faz comprovar essa tese.
Sobre um grupo político, no caso especifico uma parcela do PT e aliados, lutar para manter-se no poder, isso não pode ser visto como pecado capital ou crime de qualquer natureza. É parte inerente da chamada democracia jeffersoniana, ou para usar um termo mais comum, liberal-burguesa, os partidos buscarem o poder, assim como procurarem manter-se nele caso já o tenha conquistado.
Peguemos exemplos simples oriundos de países com maior tradição nesse tipo de “democracia”. Na França Jacques Chirac esteve no poder por doze anos ao fim do qual elegeu seu sucessor Nicolas Sarkozy (ex-ministro do Interior). Na Inglaterra Tony Blair chegou ao poder em 1997 lá ficando até maio de 2007 e deixando como sucessor seu ministro da Fazenda Gordon Brown. Nos EE.UU; o berço de tal democracia e certamente o país com as instituições liberais mais fortes e calcadas no seio da sociedade, recentemente os republicanos não abdicaram de indicar um candidato à Casa Branca mesmo com o partido estando a oito anos no poder com o cowboy Bush. Clinton ao final de seu segundo mandato também se esforçou para eleger All Gore, então vice-presidente. Antes disso os republicanos, com Reagan e Bush pai, haviam ficado doze anos ininterruptos na Casa Branca e não ficaram mais porque Bus pai não se reelegeu.
Voltando a política doméstica, quando José Serra terminar seu mandato como governador de São Paulo, terão se passados exatos dezesseis anos de tucanos a frente do Palácio dos Bandeirantes. Não vi, ouvi ou li nada que desqualificasse “institucionalmente” a pretensão tucana de eleger, ou quem sabe reeleger, o próximo governador paulista. (“HLVB”)


(...) Dia sim, e outro também, o presidente elogia Hugo Chávez, que governa sem oposição e sem o menor interesse em deixar o comando da Venezuela (...) (“DT”)

O fato de Lula tanto elogiar Hugo Chávez seria algo normalíssimo e corriqueiro na cabeça de qualquer cidadão latino-americano, afinal ambos sabidamente além de governarem países fronteiriços, têm, no mínimo uma visão, de América Latina bastante próxima – infelizmente nunca semelhante. Todavia para o senador goiano bom mesmo seria Lula elogiar Bush, Olmert, Berlusconi, Uribe e outros dessa mesma patota. Quem sabe o ex-premiê austríaco Jörg Haider, dirigente ultra-direitista.
No mais ao afirmar que Chávez governa sem oposição, Demóstenes usa do subterfúgio da desinformação para formar a opinião dos desavisados. Em dezembro último a Venezuela passou por eleições nas quais estavam em disputa praticamente todos os governos regionais e onde a oposição levou o governo da capital e mais cinco estados.
Criticar Chávez por tentar manter-se no poder, como está implícito no artigo, é descaradamente usar dois pesos e duas medidas. Pois o senador goiano não faz criticas tão severas a Alvaro Uribe que, mesmo após a Suprema Corte colombiana dar por inconstitucional, está numa cruzada em prol da re-reeleição. E por que cargas d água Demóstenes não fala palavra alguma sobre Michael Bloomberg o prefeito de Nova Iorque que acaba de aprovar no Conselho da Cidade (equivalente à Câmara de Vereadores no Brasil) uma medida que lhe permite concorrer a um terceiro mandato consecutivo. Por acaso não é Nova Iorque a materialização do “sonho americano”, a cidade referencia dos EE.UU. e do “american way of life”. Nova Iorque não está no seio do país que é berço e farol da democracia jeffersoniana. Por quais interesses atende Demóstenes ao fazer ouvidos moucos para a questão nova-iorquina e colombiana e dar tanta ênfase a Hugo Chávez a quem chama de coronel?
Novamente falando do narco-governo de Uribe, a quem Demóstenes Torres poupa criticas e tece elogios, cabe lembrar que o Congresso estadunidense ainda não aprovou o TLC, acordo de livre comércio entre EE.UU. e Colômbia, elaborado pela Casa Branca. Os congressistas, em especial os democratas, têm como um dos argumentos o nível de violência contra integrantes de sindicatos na Colômbia. Nancy Pelosi, Presidente da Câmara dos Representantes, criticou o governo (Bush) por apresentar a proposta antes de tratar de pontos importantes, incluindo como diminuir os ataques contra trabalhadores organizados na Colômbia. Será que os congressistas democratas são na verdade agentes das FARC?


(...) Com popularidade semelhante à da administração de Saddam Hussein pouco antes de ele se esconder em um buraco no Iraque, o governo foi incapaz de produzir um candidato competitivo para conservar o cargo. Assim, ao menos um setor da indústria não pode reclamar, o de fabricação de nomes para ser o chapa-branca na próxima eleição. Primeiro, foi José Dirceu de Oliveira, pré-candidato a manter o reino até ser tragado pelo caso Waldomiro e expelido pelo mensalão. Depois, falou-se no deputado Ciro Gomes, esquecido por ter um "defeito" irrecuperável na avaliação do comissariado: não é do PT (...) O desfile passou ainda pelos ministros Patrus Ananias e Tarso Genro, até desaguar na ocupante da Casa Civil, Dilma Roussef (...) (“DT”)


A Comparação da popularidade de Lula com a de Saddam Hussein é desprovida de fundamento lógico e se mostra tão vazia quanto esdrúxula. Analogia típica de alguém cujo âmago está acometido pelo despeito e inveja. Como se dissesse, desqualifico o governo porque não gosto (tenho inveja) dele e pronto.
É obvio que existem motivos pra criticar o governo Lula: a não restrição a remessa de valores para o exterior – ainda mais num momento de crise aguda como este –, o incentivo ao agronegócio, a desnacionalização de terras brasileiras, a manutenção da política pró especulação financeira na Bovespa e tantas outras coisas mais. Acontece o seguinte, isso Demóstenes não pode criticar, pois é exatamente a cartilha neoliberal que ele prega.
O fato da mídia, e do próprio PT, ter aventado alguns nomes pra a disputa presidencial de 2010 com o apoio do Presidente Lula é algo tão corriqueiro quanto dobrar uma esquina. Não tenho dúvidas que José Dirceu seria o nome natural do partido caso não tivesse caído nas armadilhas de sua própria vaidade para depois sofrer uma enorme perseguição política. O mensalão, que até hoje é pobre em provas contundentes, levou Dirceu para o olho do furacão de uma crise conjuntural. Dirceu teve o mandato de deputado cassado mesmo estando à época num cargo do executivo, era Ministro-Chefe do Gabinete Civil. Assim, a oposição farisaica transformou o presidencialismo em parlamentarismo. Já Patrus Ananias e Tarso Genro são nomes, a meu ver, dentro da atual conjuntura política nacional, preparados para a presidência da República. Agora Ciro Gomes é realmente difícil de engolir. Existe uma rixa grande entre os setores mais populares do PT ele bem antes do ex-presidenciável, literalmente, beijar a mão ACM e ter como coordenador de sua campanha Her Jorge Bornhausen durante a campanha de 2002. Aliás, ACM e Bornhausen são ícones do Demo, partido de Demóstenes.
Noves fora não sobra nada do artigo do senador goiano. Quem sabe nessa semana ele se preocupe mais em tratar de assuntos complexos como a sede de lucro do empresariado nacional e custo que isso significa para os trabalhadores brasileiros ao invés de ficar fazendo a habitual política comezinha. Deixo como sugestão a Demóstenes Torres que leia um pouco de Antonio Gramsci. Para o filosofo e líder comunista italiano a “grande política” é aquela que põe em questão as estruturas de uma sociedade, e a “pequena política”, a que se limita a administrar o existente. (“HLBV”)
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 15:51

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