DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sexta-feira, 15 de maio de 2009

RIO POTENGI - NATAL - 1825 DIAS

RIO POTENGI – NATAL – 1825 DIAS

"O rio corre indiferente ao que se passa às suas margens. Ele é como o espelho onde nos miramos e descobrimos todas as nossas imperfeições"





O Rio é largo e caudaloso.Tranqüila são as suas águas, algumas vezes; outras vezes, bravias. Banha a cidade de Natal desde o Forte dos Reis Magos e de passagem abandona a Redinha – praia local – e o cais do porto, antigo como o Tempo. Passa pela Ribeira e vai além do Alecrim, se perdendo nem sei aonde. A mim, ele morria logo após o Arsenal da Marinha de Guerra, pois de lá jamais ultrapassei todos os limites que se nos abriam. Peixes? Abundava, ali, a vida píscea, mas era do mar alto que os pescadores os traziam. Era uma doçura ver os barcos com as velas enfunadas pelos ventos singrando as águas escuras do Potengi. Que força a dos ventos! Mas era com carinho que eles conduziam os empanturrados barcos de tantos peixes.
À margem esquerda, a quem vem da boca da barra ao interior de seu caminho, ficam as casas humildes com as suas varandas de madeira, como trapiches, debruçadas sobre as águas que as vão lamber carinhosamente. Amontoam-se casas de pescadores, de operários ferroviários e de desempregados. Quase todas com cortinados de plástico, em janelas que lembram seteiras. Singelos, no entanto, são os vasinhos esmaltados com plantas sobre os peitoris dessas janelas escancaradas aos ventos salobros. Redes em balanços rangentes, nos alpendres sinuosos, fazem sonhar crianças e adultos.
Na outra margem o manguezal com as suas raízes, quais esqueletos, por sobre as águas e lamas podres como se tivessem nojo ao local onde vivem. Bandos de aves de rapina sobrevoam por sobre as copas, à cata de restos de peixes e de crustáceos.
À outra margem, onde nos colocávamos, Seu Aristão mantinha a sua oficina de fabricar barcos de pequeno calado. Nós vínhamos quais exércitos de adolescentes, também em bandos, à direção às margens do Potengi para mergulhar de cima dos batelões apodrecidos – aqueles esqueletos de madeira que outrora singravam o mesmo rio e que então dormitavam á luz soalheira. Dava-me pena vê-los ali sem mais uso e esquecidos propositalmente pelos velhos pescadores sem meios de os consertarem. Cada qual tinha uma história, o seu roteiro sentimental ou lembranças das batalhas em alto mar - suas comédias ou suas tragédias. Pelos trilhos da antiga estrada de ferro, já não “singravam” os comboios. O capim alto tomava conta de tudo. Aquilo fazia parte do patrimônio pessoal do Seu Aristão que nos avisava: “Não pulem ao rio. Hoje temos cações ao largo!” E obedecíamos. Encarrapitados aos galhos das mangueiras, demorávamos chupando as frutas doces como um beijo. Velho Rio Potengi... Em suas águas os valentes índios potiguares navegavam em suas canoas, para pescas ou para as batalhas contra os invasores. Você nos serviu nos nossos dias de vagabundagens escolares até que o Sol se escondesse por detrás das dunas. Que belas tardes aquelas! Que lembranças dormem nos esconsos de nossas almas aflitas... Rio Potengi... Sua voz estará perto a mim, exercendo sua atração sem resposta. Morrerei eu, mas você continuará para todo do sempre.

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