quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Sabesp: Mais um exemplo do choque de gestão e do gerenciamento tucano
Vocês se lembram quando a Petrobrás era administrada pelos tucanos? Acidentes ambientais eram corriqueiros e a empresa não era um décimo do que é hoje em valor de mercado ou em liderança tecnológica. E a Caixa Econômica Federal, como era a sua administração? Um banco de fomentação e com forte vetor para o setor social, com financiamento de casas próprias, por exemplo, ou apenas um banco de negócios voltado para capitalização e lucro? Poderia citar outros mil exemplos como empresas estatais que os tucanos não souberam administrar ou então que simplesmente privatizaram. Mas o que quero hoje é outra coisa.
Vejam só o que os tucanos paulistas estão fazendo com uma das poucas empresas que não doaram à iniciativa privada. O texto foi retirado InfoMoney , [http://web.infomoney.com.br/] um site ligado ao mercado de ações que pode ser acusado de tudo, menos de estar a trabalho do petismo como o governador José Serra gosta de acusar alguém que não lhe dá a notícia que gostaria de ouvir.
Sabesp traz resultado abaixo do esperado e ações têm pior desempenho do Ibovespa
Por: Equipe InfoMoney
17/11/09 - 19h46
InfoMoney
http://web.infomoney.com.br/templates/news/view_rss.asp?codigo=1720524&path=/investimentos/
SÃO PAULO - Após o fechamento dos mercados na véspera, a Sabesp (SBSP3) apresentou seu resultado trimestral, com números piores que o esperado, na avaliação da Link Investimentos, contribuindo para que as ações da companhia sejam destaque de queda nesta terça-feira (17).
Por conta do desempenho decepcionante no trimestre, os papéis da Sabesp registraram a maior desvalorização do Ibovespa nesta sessão, fechando com forte queda de 4,27%, sendo cotados a R$ 33,65, ao passo que o índice paulista encerrou o dia com ganhos de 1,17%.
O resultado
O balanço da empresa mostrou um lucro líquido de R$ 195,7 milhões no período entre julho e setembro, desempenho 15,3% inferior em relação aos mesmos meses de 2008. A mesma tendência também foi vista no seu Ebitda (geração operacional de caixa), que recuou 11,5% na mesma base comparativa. Contudo, a receita líquida conseguiu apresentar leve evolução de 2,3%, totalizando R$ 1,629 bilhão.
De acordo com os analistas da Link, um dos principais responsáveis por essa queda de desempenho foi a evolução dos custos e despesas da Sabesp durante o período, que registraram crescimento de 11,1% em comparação ao mesmo quarto do ano passado. "Grande parte desse avanço deve-se ao aumento de 36,7% dos serviços de terceiros", diz a equipe de análise, esperando que essas despesas sejam recorrentes nos próximos resultados.
Os especialistas da corretora destacam ainda o grande crescimento de 24% das despesas gerais da companhia na mesma base comparativa, principalmente por conta do aumento de provisão para contingências. Com essa trajetória ascendente nos custos, a margem Ebitda ficou em 37,9% no trimestre, 4,7 pontos percentuais aquém da expectativa da Link.
Variação cambial afeta lucro
Outro fator negativo visto no relatório da equipe de análise foram os ganhos da Sabesp durante o terceiro quarto. Por conta das despesas financeiras e da variação cambial maior do que a esperada pela corretora, os ganhos da companhia foram 46,9% abaixo do lucro líquido projetado por ela.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
O MITO DO MURO
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Opera Mundi
É muito bom quando descobrimos algum novo espaço na internet onde se cultiva a inteligência. Acabo de descobrir o Opera Mundi e divido com vocês esse ótimo artigo sobre os vinte anos da queda do Muro do Berlim.
Boa leitura!
O mito do muro
Por Breno Altman, no Opera Mundi
http://www.operamundi.com.br/opiniao_ver.php?idConteudo=1003
O noticiário internacional esteve marcado, nos últimos dias, pelas festividades comemorativas dos 20 anos da queda do Muro de Berlim. A maioria da imprensa celebrou o evento com galhardia. Trata-se, afinal, do símbolo mais emblemático da derrocada do socialismo e da possibilidade histórica de qualquer sistema distinto do capitalismo triunfante.
A conjugação de uma incrível máquina de propaganda com o complexo de vira-lata comum aos perdedores foi capaz de atrair para essa comemoração amplos setores progressistas e de esquerda, que simplesmente mandaram às favas qualquer espírito crítico. Alguns porque honestamente concordam com a retórica sobre o muro maligno. Outros porque temem ser apontados como antidemocráticos e fora de moda.
A submissão intelectual chega ao ponto de não se questionar sequer a legitimidade dos grandes agitadores contra a obra do mal. Onde está a autoridade dos Estados Unidos e seus meios de comunicação? No muro da morte que separa seu território dos aliados mexicanos, matando por ano os 80 caídos durante três décadas na Berlim dividida? Na base de Guantánamo, onde centenas de muçulmanos estão presos sem o devido processo legal e são sistematicamente torturados? Ou teria a Europa ocidental mais credibilidade, com sua política discriminatória contra os imigrantes? Ou ainda Israel e os grupos sionistas, pródigos em adotar práticas de “pogrom” contra os palestinos?
A lista de participantes desse festim é bastante longa, vários com muitas contas a acertar, e de cada qual deveria ser solicitado o devido atestado de idoneidade. Não é o caso, obviamente, de se justificar um pecado com outro, mas evitar comportamentos desprovidos de análise histórica. Olhar ao lado de quem se está marchando já é um bom começo de reflexão.
O Muro de Berlim costuma ser apresentado, pelos campeões da liberdade, como produto de um sistema político tirânico, cuja natureza seria a divisão dos povos e sua subordinação ao tacape de uma ideologia totalitária. Os fatos que lhe deram origem há muito foram subtraídos da informação cotidiana.
Quando terminou a 2ª Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de influência, entre norte-americanos, ingleses, franceses e soviéticos. A capital histórica, Berlim, pertencente ao território controlado pelo Exército Vermelho, acabou igualmente repartida em áreas controladas pelos países vitoriosos.
Reconstrução europeia
Quem se der ao trabalho de ler as atas das conferências de Ialta, Potsdam e Teerã, se dará conta que Moscou era contrário a essa divisão. Sua proposta era dotar a Alemanha de um governo provisório, sem divisão do território, que organizasse em dois anos um processo eleitoral nacional. Os demais aliados, temerosos que o país caísse nas mãos dos comunistas, exigiram o modelo adotado.
A União Soviética acatou, depois que viu garantido seu direito de hegemonia sobre os demais países fronteiriços, além de preservado seu controle militar sobre a antiga Prússia Oriental. Em nome de sua política de segurança e da manutenção da aliança que derrotou o nazismo, abdicou de parte da sua influência na porção ocidental da Alemanha e do antigo Império Austro-Húngaro, apesar de os comunistas já serem maioria na Áustria.
Outro compromisso que constava da agenda pós-guerra era a constituição de um fundo mundial para a reconstrução europeia. O papel principal, nesse trâmite, cabia aos Estados Unidos, a potência que menos havia sofrido com o esforço de combate, cuja economia havia sido vitaminada pelo conflito e dispunha de imensos recursos financeiros.
Mas a vitória eleitoral dos comunistas na então Tchecoslováquia, seguida de resultados espetaculares na Itália e França, em 1946, provocou uma reviravolta. A Casa Branca decidiu-se por quebrar o pacto da reconstrução e inundar de financiamento apenas sua área de influência, dando origem ao Plano Marshall em 1947. Cerca de 140 bilhões de dólares, em valores atualizados, foram injetados no ocidente europeu.
Tinha início a chamada Guerra Fria, antecipada, em março de 1946, pelo famoso discurso de Winston Churchill em Fulton. A União Soviética, que havia arcado com um incalculável custo humano e material ao ser o grande vetor da vitória contra Hitler, passou a enfrentar uma outra guerra, financeira e de sabotagem, contra suas posições. Especialmente na Alemanha Oriental, constituída em 1949 como República Democrática da Alemanha.
A estratégia norte-americana era roubar os melhores profissionais alemães, atrai-los a peso de ouro a partir de sua cabeça-de-ponte em Berlim Ocidental, que recebia aportes formidáveis para ser exibida como vitrine esplendorosa da pujança capitalista. A fuga de cérebros e braços asfixiava a jovem RDA, que pouco podia contar com a ajuda material soviética, pois estava o Kremlin às voltas com o dificílimo reerguimento do próprio país.
Foram mais de 12 anos em uma batalha árdua e desigual. A URSS tinha quebrado a máquina de guerra do nazismo, retesando cada músculo e cada nervo da nação, e se via diante de uma situação que poderia levar à desestabilização de suas fronteiras, exatamente a aposta maior da Casa Branca.
Essa escalada teve seu desfecho no dia 13 de agosto de 1961, data inaugural do Muro de Berlim.
Economia ferida
O fluxo entre os dois países e as duas áreas da antiga capital foi militarmente interrompido e obstaculizado por uma construção que chegou a ter 66,5 km de redeamento metálico e murado. Famílias e amigos foram separados por quase 30 anos. Aprofundou-se a fratura entre ocidente e oriente na Europa. Uma nação histórica foi dividida. Oitenta pessoas morreram e 142 ficaram feridas ao tentar ultrapassar o muro, finalmente derrubado em 1989.
Sua construção foi um ato de guerra, mas de caráter defensivo. As hostilidades e operações de sabotagem, que impediram a permanência de uma Alemanha unida e a coexistência pacífica de dois sistemas, foram iniciadas pelas potências que romperam o acordo de paz, impondo ao leste europeu e socialista, com sua economia ferida pela guerra, um longo estado de exceção.
Claro, havia outras alternativas. A URSS e seus aliados poderiam, por exemplo, ter capitulado de antemão à ideia de desenvolver outro sistema de produção e poder, pois era essa tentativa dissidente o motivo da Guerra Fria. Afinal, não foi assim que tudo terminou, lá se vão 20 anos?
Mas com seus erros e seus acertos, suas glórias e seus desastres, seus feitos e até seus crimes, o socialismo foi, durante gerações, a bandeira e o sonho de povos que aceitaram pagar com sacrifício, dor e sangue por um outro mundo possível. Teria sido impensável, se assim não fosse, a extraordinária vitória na guerra de trinta anos que vai da Revolução Russa à caída de Berlim nas mãos do Exército Vermelho, em 1945.
O muro de Berlim talvez tenha sido apenas a criatura disforme de um processo no qual seus protagonistas tiveram que enfrentar circunstâncias e teatros de batalha escolhidos, no fundamental, por inimigos poderosos. De certo modo foi, durante décadas, marco de resistência e de equilíbrio entre dois sistemas. Caiu quando a força propulsora de um dos lados já tinha se esgotado. O resto é a mitologia dos vencedores.
Breno Altman é jornalista e diretor de redação do Opera Mundi.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 09:26 0 comentários Links para esta postagem
Opera Mundi
É muito bom quando descobrimos algum novo espaço na internet onde se cultiva a inteligência. Acabo de descobrir o Opera Mundi e divido com vocês esse ótimo artigo sobre os vinte anos da queda do Muro do Berlim.
Boa leitura!
O mito do muro
Por Breno Altman, no Opera Mundi
http://www.operamundi.com.br/opiniao_ver.php?idConteudo=1003
O noticiário internacional esteve marcado, nos últimos dias, pelas festividades comemorativas dos 20 anos da queda do Muro de Berlim. A maioria da imprensa celebrou o evento com galhardia. Trata-se, afinal, do símbolo mais emblemático da derrocada do socialismo e da possibilidade histórica de qualquer sistema distinto do capitalismo triunfante.
A conjugação de uma incrível máquina de propaganda com o complexo de vira-lata comum aos perdedores foi capaz de atrair para essa comemoração amplos setores progressistas e de esquerda, que simplesmente mandaram às favas qualquer espírito crítico. Alguns porque honestamente concordam com a retórica sobre o muro maligno. Outros porque temem ser apontados como antidemocráticos e fora de moda.
A submissão intelectual chega ao ponto de não se questionar sequer a legitimidade dos grandes agitadores contra a obra do mal. Onde está a autoridade dos Estados Unidos e seus meios de comunicação? No muro da morte que separa seu território dos aliados mexicanos, matando por ano os 80 caídos durante três décadas na Berlim dividida? Na base de Guantánamo, onde centenas de muçulmanos estão presos sem o devido processo legal e são sistematicamente torturados? Ou teria a Europa ocidental mais credibilidade, com sua política discriminatória contra os imigrantes? Ou ainda Israel e os grupos sionistas, pródigos em adotar práticas de “pogrom” contra os palestinos?
A lista de participantes desse festim é bastante longa, vários com muitas contas a acertar, e de cada qual deveria ser solicitado o devido atestado de idoneidade. Não é o caso, obviamente, de se justificar um pecado com outro, mas evitar comportamentos desprovidos de análise histórica. Olhar ao lado de quem se está marchando já é um bom começo de reflexão.
O Muro de Berlim costuma ser apresentado, pelos campeões da liberdade, como produto de um sistema político tirânico, cuja natureza seria a divisão dos povos e sua subordinação ao tacape de uma ideologia totalitária. Os fatos que lhe deram origem há muito foram subtraídos da informação cotidiana.
Quando terminou a 2ª Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de influência, entre norte-americanos, ingleses, franceses e soviéticos. A capital histórica, Berlim, pertencente ao território controlado pelo Exército Vermelho, acabou igualmente repartida em áreas controladas pelos países vitoriosos.
Reconstrução europeia
Quem se der ao trabalho de ler as atas das conferências de Ialta, Potsdam e Teerã, se dará conta que Moscou era contrário a essa divisão. Sua proposta era dotar a Alemanha de um governo provisório, sem divisão do território, que organizasse em dois anos um processo eleitoral nacional. Os demais aliados, temerosos que o país caísse nas mãos dos comunistas, exigiram o modelo adotado.
A União Soviética acatou, depois que viu garantido seu direito de hegemonia sobre os demais países fronteiriços, além de preservado seu controle militar sobre a antiga Prússia Oriental. Em nome de sua política de segurança e da manutenção da aliança que derrotou o nazismo, abdicou de parte da sua influência na porção ocidental da Alemanha e do antigo Império Austro-Húngaro, apesar de os comunistas já serem maioria na Áustria.
Outro compromisso que constava da agenda pós-guerra era a constituição de um fundo mundial para a reconstrução europeia. O papel principal, nesse trâmite, cabia aos Estados Unidos, a potência que menos havia sofrido com o esforço de combate, cuja economia havia sido vitaminada pelo conflito e dispunha de imensos recursos financeiros.
Mas a vitória eleitoral dos comunistas na então Tchecoslováquia, seguida de resultados espetaculares na Itália e França, em 1946, provocou uma reviravolta. A Casa Branca decidiu-se por quebrar o pacto da reconstrução e inundar de financiamento apenas sua área de influência, dando origem ao Plano Marshall em 1947. Cerca de 140 bilhões de dólares, em valores atualizados, foram injetados no ocidente europeu.
Tinha início a chamada Guerra Fria, antecipada, em março de 1946, pelo famoso discurso de Winston Churchill em Fulton. A União Soviética, que havia arcado com um incalculável custo humano e material ao ser o grande vetor da vitória contra Hitler, passou a enfrentar uma outra guerra, financeira e de sabotagem, contra suas posições. Especialmente na Alemanha Oriental, constituída em 1949 como República Democrática da Alemanha.
A estratégia norte-americana era roubar os melhores profissionais alemães, atrai-los a peso de ouro a partir de sua cabeça-de-ponte em Berlim Ocidental, que recebia aportes formidáveis para ser exibida como vitrine esplendorosa da pujança capitalista. A fuga de cérebros e braços asfixiava a jovem RDA, que pouco podia contar com a ajuda material soviética, pois estava o Kremlin às voltas com o dificílimo reerguimento do próprio país.
Foram mais de 12 anos em uma batalha árdua e desigual. A URSS tinha quebrado a máquina de guerra do nazismo, retesando cada músculo e cada nervo da nação, e se via diante de uma situação que poderia levar à desestabilização de suas fronteiras, exatamente a aposta maior da Casa Branca.
Essa escalada teve seu desfecho no dia 13 de agosto de 1961, data inaugural do Muro de Berlim.
Economia ferida
O fluxo entre os dois países e as duas áreas da antiga capital foi militarmente interrompido e obstaculizado por uma construção que chegou a ter 66,5 km de redeamento metálico e murado. Famílias e amigos foram separados por quase 30 anos. Aprofundou-se a fratura entre ocidente e oriente na Europa. Uma nação histórica foi dividida. Oitenta pessoas morreram e 142 ficaram feridas ao tentar ultrapassar o muro, finalmente derrubado em 1989.
Sua construção foi um ato de guerra, mas de caráter defensivo. As hostilidades e operações de sabotagem, que impediram a permanência de uma Alemanha unida e a coexistência pacífica de dois sistemas, foram iniciadas pelas potências que romperam o acordo de paz, impondo ao leste europeu e socialista, com sua economia ferida pela guerra, um longo estado de exceção.
Claro, havia outras alternativas. A URSS e seus aliados poderiam, por exemplo, ter capitulado de antemão à ideia de desenvolver outro sistema de produção e poder, pois era essa tentativa dissidente o motivo da Guerra Fria. Afinal, não foi assim que tudo terminou, lá se vão 20 anos?
Mas com seus erros e seus acertos, suas glórias e seus desastres, seus feitos e até seus crimes, o socialismo foi, durante gerações, a bandeira e o sonho de povos que aceitaram pagar com sacrifício, dor e sangue por um outro mundo possível. Teria sido impensável, se assim não fosse, a extraordinária vitória na guerra de trinta anos que vai da Revolução Russa à caída de Berlim nas mãos do Exército Vermelho, em 1945.
O muro de Berlim talvez tenha sido apenas a criatura disforme de um processo no qual seus protagonistas tiveram que enfrentar circunstâncias e teatros de batalha escolhidos, no fundamental, por inimigos poderosos. De certo modo foi, durante décadas, marco de resistência e de equilíbrio entre dois sistemas. Caiu quando a força propulsora de um dos lados já tinha se esgotado. O resto é a mitologia dos vencedores.
Breno Altman é jornalista e diretor de redação do Opera Mundi.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 09:26 0 comentários Links para esta postagem
sábado, 14 de novembro de 2009
SOBRE "SERÁ SOMENTE ÁGUA?"
Blogger Blog do Morani disse...
Entre os elementos encontrados no planeta Terra, a água abundante ocupa a terceira posição entre os principais citados elementos que mantêm a Vida aqui, onde já viveram milhares de civilizações e ainda existindo, indefinidamente, consumindo-a, desde remotas época. Que manancial pleno tem sido esse enigma que é a água. Porém, ela não durará para sempre se o homem não intervir de modo inteligente no controle de seu uso. Os lençóis freáticos se exaurem; os aquíferos sofrem com a modificação da atmosfera e, pois, com os ciclos pluviais dando mostras cabais de que a precipitação das chuvas já não são tão pródigas como foram antes. 70% do nosso planeta é composto de água - os oceanos -, que não estão ali somente para nos encher os olhos com sua beleza e contribuir ao nosso lazer. O papel dos mares é bem mais importante do que se possa imaginar. Atmosfera e oceanos são um só, podemos avaliar assim. Se eles correspondem a 70% da parte líquida da terra, o homem, por seu lado, tem em seu peso 80% desse precioso líquido. Não só o homem, mas todas as criaturas vivas. Portanto, quando os sábios da Terra pensarem num meio lógico de consumo devem elaborar estudos nunca feitos antes do século XX. Tecnologias existem para esse objetivo, mas é necessário, antes de tudo, prevenir, em meu modo de ver, a expansão humana sobre a face deste planeta sabendo, de antemão, que terão pela frente as barreiras ideológicas da Igreja com grande influência no comportamento humano no que tange ao controle da multiplicação de seres. A água deverá ser em futuro não muito distante o motivo principal das futuras guerras entre as nações. Quaisquer estudos no mais ínfimo dos municípios deverão levar em conta opiniões dos leigos que, por menos que saibam, sempre terão respostas mais ou menos lúcidas aos seus problemas no uso e na preservação de seus rios, lagos e nascentes.
30 de Outubro de 2009 13:58
Entre os elementos encontrados no planeta Terra, a água abundante ocupa a terceira posição entre os principais citados elementos que mantêm a Vida aqui, onde já viveram milhares de civilizações e ainda existindo, indefinidamente, consumindo-a, desde remotas época. Que manancial pleno tem sido esse enigma que é a água. Porém, ela não durará para sempre se o homem não intervir de modo inteligente no controle de seu uso. Os lençóis freáticos se exaurem; os aquíferos sofrem com a modificação da atmosfera e, pois, com os ciclos pluviais dando mostras cabais de que a precipitação das chuvas já não são tão pródigas como foram antes. 70% do nosso planeta é composto de água - os oceanos -, que não estão ali somente para nos encher os olhos com sua beleza e contribuir ao nosso lazer. O papel dos mares é bem mais importante do que se possa imaginar. Atmosfera e oceanos são um só, podemos avaliar assim. Se eles correspondem a 70% da parte líquida da terra, o homem, por seu lado, tem em seu peso 80% desse precioso líquido. Não só o homem, mas todas as criaturas vivas. Portanto, quando os sábios da Terra pensarem num meio lógico de consumo devem elaborar estudos nunca feitos antes do século XX. Tecnologias existem para esse objetivo, mas é necessário, antes de tudo, prevenir, em meu modo de ver, a expansão humana sobre a face deste planeta sabendo, de antemão, que terão pela frente as barreiras ideológicas da Igreja com grande influência no comportamento humano no que tange ao controle da multiplicação de seres. A água deverá ser em futuro não muito distante o motivo principal das futuras guerras entre as nações. Quaisquer estudos no mais ínfimo dos municípios deverão levar em conta opiniões dos leigos que, por menos que saibam, sempre terão respostas mais ou menos lúcidas aos seus problemas no uso e na preservação de seus rios, lagos e nascentes.
30 de Outubro de 2009 13:58
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
AOS BRASILEIROS PATRIOTAS DE VERDADE
Sabem o que fazer sob o efeito do apagão? Apagadooooo! Ficar apagado, no apagão que não mais teríamos no Brasil de acordo com Lula e parceira Dilma, que já foi responsável pelo setor. Responsável, disse eu, por acaso? Alguém neste país se acha responsável pelo péssimo estado da nossa saúde? Pela derrocada dos hospitais? Pelos valões a céu aberto nas comunidades pobres deste imenso Brasil? Pelas mortes advindas desses locais paludes, onde se amontoam centenas de famílias? Pelo breu no qual ficou o Brasil terça-feira passada? Pelas muitas mortes em corredores de hospitais sem leito e sem médico? Pelas crateras em nossas rodovias? Ah, mas isto não interessa a esse desgoverno. Interessa, sim, mandar 15 milhões para Uganda fundar uma fábrica de vacina para salvar os aidéticos africanos. Isto dá Ibope, lá fora! Ora, o “Brasil ajuda a comunidade africana a escapar aos efeitos da doença.” É o que dirão todos os jornais do mundo. Quase acredito que ele, o nobre Presidente Lula queira aposentar os africanos por causa da doença com pagamentos feitos pelo INSS. Não duvido nada! Ele é tão bonzinho... Ah, como é...! E a Dilma, será que vai ser chamada a Mãe da AIDS africana? Ora, pois, pois, e por que não? Por que não atribuir a ajuda aos ingleses e portugueses – os verdadeiros exploradores que usaram e abusaram das riquezas da África? Ora, pois, então? Não! Nada disso! O Brasil tem que sair à frente de todos. Aqui tem o "este é o homem"! A Argentina não reclama por não ter um Lula à frente de seu governo? Levem este, que aqui não fará falta alguma, levem... Venham buscá-lo, está à disposição e ainda levará Dilma Roussef como brinde, esse penduricalho usado pelo Lula para dar mais força aos seus objetivos de fazê-la presidenta. Nem de escola de samba! Nem de Centro de Umbanda! Credo cruz, Ave Maria, Jesus! Muito boa a afirmação de José A. Jardine: "Vento não desliga o circuito". De acordo com outra "peça" do desgoverno: "É uma marolinha sem importância". De marolinha em marolinha as coisas vão se tornando uma "merdinha". Como a Dilma é a Mãe de tudo, ela deverá receber a comenda de "Mãe Marolinha do Apagão". Será o melhor título a ser dado a ela. E para que outro? Sem estrutura, não poderá, jamais, assumir o trono do atual Reizinho. Sonho é coisa boa quando acontece, mas pesadelo... Faça-nos o favor senhor Lula. Esquece e dê graças a Deus por ter chegado à Presidência da República Federativa do Brasil e nunca mais sonhe em repetir o fenômeno, para você mais que anormal, uma anomalia bastante incômoda a nós brasileiros que pensamos apenas em Brasil, que há muito precisa de total atenção e apoio dos sucessivos governos e não dessa abrangência de ajuda a outros países que jamais se preocuparam com o estado miserável pelo qual passou e passa o país, disfarçado pelo Bolsa Família, que compra o “sim” e o silêncio dos nordestinos. “Ah, pobre povo brasileiro, que não tem, não tem mesmo dinheiro”
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
CAETANO VELOSO, ANALFABETO POLÍTICO
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Caetano Veloso faz parte do grupo de ex-esquerdistas que com a passar dos anos se deslumbraram com o poder (força/dinheiro) da direita. Deste grupo fazem parte também, dentre outros, Arnaldo Jabor, no meio que se pretende intelectual, ou César Maia e Fernando Gabeira no meio político. Há ainda o extremo de Paulo Francis que foi do trotskismo esnobe e infantil de criança mimada à ultra-direita da parcela mais reacionária do Partido Republicano estadunidense.
Essa nova direita tupiniquim, oriunda da militância de esquerda durante a Ditadura Militar, acha o povo brasileiro inculto, grosseiro e incapaz de discernir sobre o que é bom para o conjunto da sociedade ou apenas para si mesmo. Dentro desse pensamento cabe como uma luva a tese do sociólogo Alberto Carlos Almeida – exposta na obra “A cabeça do brasileiro” – na qual o autor defende enfaticamente a idéia de termos uma elite iluminada, porém, atada a escuridão por um povo ignorante.
Essa nova direita também acha que o melhor para o Brasil é a República Higienópolis Leblon, expressão alcunhado pelo Professor Idelber Avelar para àqueles que se encantam com as Daslu da vida e sentem ojeriza do cheiro de povão, cuja maior referência em política é justamente Fernando Gabeira.
Voltando à apenas Caetano Veloso, sou admirador de suas músicas e letras, e sem sombra nenhuma de duvidas trata-se de um dos principais artistas brasileiros do século XX, no entanto fiquei abismado com a falta de compostura dele na entrevista publicada hoje pelo Estadão [http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091105/not_imp461314,0.php]. Tá certo que falar asneiras passou a ser algo corriqueiro para Caetano. Não foram até aqui poucas as vezes que desceu a lenha no governo Lula com aquele papo mole da direita udenista, assim como também já falou bobagens sobre a música nacional e internacional – numa das piores declarações nesse sentido afirmou que Stairway To Heaven é a coisa mais cafona que já ouviu. Cafona, no sentido musical, é Caetano esgoelando Comes As You Are. Contudo, na citada entrevista ao Estadão, faltou-lhe elegância e talvez até maturidade ao dizer que o Presidente Lula é “analfabeto, cafona e grosseiro”.
Para Caetano, cabo eleitoral de primeira hora da ex-ministra Marina Silva, Obama sim é inteligente, culto e charmoso, assim como a sua candidata a sucessão presidencial. É a famosa síndrome do vira-latas (expressão de Nelson Rodrigues) ou então complexo do subdesenvolvimento onde estamos condenados a ser eternamente colônia por pura incapacidade própria.
Interessante também como a mídia oligopolizada adora bradar aos quatro vento o pseudo-analfabetismo de Lula. Quando vejo isso sempre me lembro duma estória, inventada ou verídica não sei ao certo, na qual um assessor do então presidente Juscelino Kubitscheck dera-lhe como presente de aniversário um livro. No recinto onde assessores, amigos, políticos e bajuladores festejavam o aniversário do chefe houve um constrangimento geral. JK não fazia questão de esconder de ninguém que lera apenas um livro na vida e hoje isso parece não ter importância alguma, no entanto Lula é taxado como ignorante e analfabeto e isso tem importância tanto para direita nova quanto para a antiga.
Falando sobre Caetano é interessante notar como Sonia Racy, a jornalista responsável pela entrevista, o apresentou: “Uma boa sabedoria emerge, fácil, da sua tranqüilidade interior. O posicionamento rebelde do início da carreira, que às vezes assumia as cores da esquerda, deu lugar, hoje, a um discurso racional, realista.” Portanto, para a jornalista e para o Estadão, ser de esquerda é o inverso de ser racional e realista. Racional e realista é o neoliberlismo que o jornal da família Mesquita – o mesmo jornal e a mesma família que apoiou as pretensões oligárquicas e anti-democráticas da elite paulista em 1932, ou que em 1964 clamou pelo golpe militar – defendeu em editoriais e matérias por anos a fio. (Para entender melhor a relação mídia olipolizada e a disseminação da ideologia neoliberal no Brasil recomendo “Anjo Torto, Esquerda e Direita No Brasil”, autor Emir Sader).
Para completar Caetano acha Aécio Neves um grande gestor. Talvez Caetano Veloso seja adepto do grande choque de gestão tucano. Choque de gestão que deixa a economia mineira refém das exportações de café e recursos minerais, portanto, numa economia primaria e colonial, a primeira, no Brasil, a sofrer o impacto da crise econômica mundial e a última a sair, se tiver tempo. Ou então, Caetano entenda por choque de gestão desviar recursos da saúde para tampar o buraco na folha de pagamento dos servidores.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 13:38 1 comentários Links para esta postagem
Caetano Veloso faz parte do grupo de ex-esquerdistas que com a passar dos anos se deslumbraram com o poder (força/dinheiro) da direita. Deste grupo fazem parte também, dentre outros, Arnaldo Jabor, no meio que se pretende intelectual, ou César Maia e Fernando Gabeira no meio político. Há ainda o extremo de Paulo Francis que foi do trotskismo esnobe e infantil de criança mimada à ultra-direita da parcela mais reacionária do Partido Republicano estadunidense.
Essa nova direita tupiniquim, oriunda da militância de esquerda durante a Ditadura Militar, acha o povo brasileiro inculto, grosseiro e incapaz de discernir sobre o que é bom para o conjunto da sociedade ou apenas para si mesmo. Dentro desse pensamento cabe como uma luva a tese do sociólogo Alberto Carlos Almeida – exposta na obra “A cabeça do brasileiro” – na qual o autor defende enfaticamente a idéia de termos uma elite iluminada, porém, atada a escuridão por um povo ignorante.
Essa nova direita também acha que o melhor para o Brasil é a República Higienópolis Leblon, expressão alcunhado pelo Professor Idelber Avelar para àqueles que se encantam com as Daslu da vida e sentem ojeriza do cheiro de povão, cuja maior referência em política é justamente Fernando Gabeira.
Voltando à apenas Caetano Veloso, sou admirador de suas músicas e letras, e sem sombra nenhuma de duvidas trata-se de um dos principais artistas brasileiros do século XX, no entanto fiquei abismado com a falta de compostura dele na entrevista publicada hoje pelo Estadão [http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091105/not_imp461314,0.php]. Tá certo que falar asneiras passou a ser algo corriqueiro para Caetano. Não foram até aqui poucas as vezes que desceu a lenha no governo Lula com aquele papo mole da direita udenista, assim como também já falou bobagens sobre a música nacional e internacional – numa das piores declarações nesse sentido afirmou que Stairway To Heaven é a coisa mais cafona que já ouviu. Cafona, no sentido musical, é Caetano esgoelando Comes As You Are. Contudo, na citada entrevista ao Estadão, faltou-lhe elegância e talvez até maturidade ao dizer que o Presidente Lula é “analfabeto, cafona e grosseiro”.
Para Caetano, cabo eleitoral de primeira hora da ex-ministra Marina Silva, Obama sim é inteligente, culto e charmoso, assim como a sua candidata a sucessão presidencial. É a famosa síndrome do vira-latas (expressão de Nelson Rodrigues) ou então complexo do subdesenvolvimento onde estamos condenados a ser eternamente colônia por pura incapacidade própria.
Interessante também como a mídia oligopolizada adora bradar aos quatro vento o pseudo-analfabetismo de Lula. Quando vejo isso sempre me lembro duma estória, inventada ou verídica não sei ao certo, na qual um assessor do então presidente Juscelino Kubitscheck dera-lhe como presente de aniversário um livro. No recinto onde assessores, amigos, políticos e bajuladores festejavam o aniversário do chefe houve um constrangimento geral. JK não fazia questão de esconder de ninguém que lera apenas um livro na vida e hoje isso parece não ter importância alguma, no entanto Lula é taxado como ignorante e analfabeto e isso tem importância tanto para direita nova quanto para a antiga.
Falando sobre Caetano é interessante notar como Sonia Racy, a jornalista responsável pela entrevista, o apresentou: “Uma boa sabedoria emerge, fácil, da sua tranqüilidade interior. O posicionamento rebelde do início da carreira, que às vezes assumia as cores da esquerda, deu lugar, hoje, a um discurso racional, realista.” Portanto, para a jornalista e para o Estadão, ser de esquerda é o inverso de ser racional e realista. Racional e realista é o neoliberlismo que o jornal da família Mesquita – o mesmo jornal e a mesma família que apoiou as pretensões oligárquicas e anti-democráticas da elite paulista em 1932, ou que em 1964 clamou pelo golpe militar – defendeu em editoriais e matérias por anos a fio. (Para entender melhor a relação mídia olipolizada e a disseminação da ideologia neoliberal no Brasil recomendo “Anjo Torto, Esquerda e Direita No Brasil”, autor Emir Sader).
Para completar Caetano acha Aécio Neves um grande gestor. Talvez Caetano Veloso seja adepto do grande choque de gestão tucano. Choque de gestão que deixa a economia mineira refém das exportações de café e recursos minerais, portanto, numa economia primaria e colonial, a primeira, no Brasil, a sofrer o impacto da crise econômica mundial e a última a sair, se tiver tempo. Ou então, Caetano entenda por choque de gestão desviar recursos da saúde para tampar o buraco na folha de pagamento dos servidores.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 13:38 1 comentários Links para esta postagem
EM HOMENAGEM A MARIGHELLA
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Após vários dias, semanas até, sem escrever nada – primeiro por absoluta falta de tempo, resultado de uma troca de emprego e logo em seguida pela convalescença e morte de minha mais que estimada avó, na verdade minha segunda mãe – começo a sentir saudades do hábito de expressar meus pensamentos através da escrita. Enquanto não volto a postar um texto meu, deixo com vocês essa pequena homenagem assinada pelo Professor Emir Sader a um dos homens mais valiosos do século passado.
Carlos: mulato, baiano, comunista, brasileiro
Por Emir Sader na Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16218
Carlos Marighella é o protótipo do brasileiro. Amado na sua Bahia, com quem o povo baiano se identifica, como se identifica com Caimmy, com a Menininha do Gantuá, com tudo o que é expressão genuína daquelas terras tão brasileiras.
Filho de uma negra escrava, Maria Rita, linda, com pai de origem italiana, Augusto, Carlos é uma das expressões mais genuínas da mestiçagem do povo brasileiro. As conversas com os vizinhos da casa modesta onde nasceu e cresceu, em Salvador, as fotos com os colegas de escola, com os amigos, revelam o mulato sestroso, conversador, gentil, sensível, típico dos bairros populares da velha São Salvador.
Como quem chegou à adolescência naqueles anos-chave da década de 30, Carlos se identificou profundamente com os projetos revolucionários da década, antes de tudo com a lideranca de Prestes no PCB, depois da aventura extraordinária da Coluna. Viveu Carlos aí a primeira grande experiência, que o marcaria pelo resto da vida, consolidando nele a opção revolucionária.
Não protagonizou com sua participação os grandes debates no seio do PC ao longo das décadas seguintes. Seu protagonismo ficou reservado para os momentos mais difíceis vividos pelo Partido, logo depois do golpe de 1964. Já sua resistência à prisao na Cinelândia, no Rio, poucos dias depois do golpe, demonstrava a atitude de rebeldia e de resistência que Carlos imprimiria à sua atitude e à que convocava aos brasileiros.
Dessa vez Carlos foi o principal protagonista dos debates internos do PCB, sobre as razões do golpe e os novos horizontes de luta da esquerda brasileira. Ele se identificou de forma direta com a dinâmica proposta pela Revolução Cubana, que aparecia como uma alternativa real para os países em que as elites dominantes apelavam para a ditadura, diante das ameaças dos movimentos populares, optando pelo projeto norteamericano da Doutrina de Segurança Nacional.
Carlos conclamou a resistência a aderir ao projeto da luta armada, sob a forma da guerra de guerrilhas, rompendo assim com o PCB e fundando a ALN. Junto com a VPR, dirigida por Carlos Lamarca, protagonizaram a versão mais radical da resistência clandestina à ditadura militar, de que o espetacular sequestro do embaixador dos EUA – com a libertação de 15 militantes da resistência e a leitura de declaração contra a ditadura em cadeia nacional de rádio e televisão – foi uma de suas mais expressivas manifestações.
Os 40 anos passados desde sua morte na luta revolucionária de resistência à ditadura, só multiplicaram a imagem de Carlos Marighella, como dirigente revolucionário brasileiro e latinoamericano. Carlos, mulato, baiano, comunista, brasileiro.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 21:07 0 comentários Links para esta postagem
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Após vários dias, semanas até, sem escrever nada – primeiro por absoluta falta de tempo, resultado de uma troca de emprego e logo em seguida pela convalescença e morte de minha mais que estimada avó, na verdade minha segunda mãe – começo a sentir saudades do hábito de expressar meus pensamentos através da escrita. Enquanto não volto a postar um texto meu, deixo com vocês essa pequena homenagem assinada pelo Professor Emir Sader a um dos homens mais valiosos do século passado.
Carlos: mulato, baiano, comunista, brasileiro
Por Emir Sader na Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16218
Carlos Marighella é o protótipo do brasileiro. Amado na sua Bahia, com quem o povo baiano se identifica, como se identifica com Caimmy, com a Menininha do Gantuá, com tudo o que é expressão genuína daquelas terras tão brasileiras.
Filho de uma negra escrava, Maria Rita, linda, com pai de origem italiana, Augusto, Carlos é uma das expressões mais genuínas da mestiçagem do povo brasileiro. As conversas com os vizinhos da casa modesta onde nasceu e cresceu, em Salvador, as fotos com os colegas de escola, com os amigos, revelam o mulato sestroso, conversador, gentil, sensível, típico dos bairros populares da velha São Salvador.
Como quem chegou à adolescência naqueles anos-chave da década de 30, Carlos se identificou profundamente com os projetos revolucionários da década, antes de tudo com a lideranca de Prestes no PCB, depois da aventura extraordinária da Coluna. Viveu Carlos aí a primeira grande experiência, que o marcaria pelo resto da vida, consolidando nele a opção revolucionária.
Não protagonizou com sua participação os grandes debates no seio do PC ao longo das décadas seguintes. Seu protagonismo ficou reservado para os momentos mais difíceis vividos pelo Partido, logo depois do golpe de 1964. Já sua resistência à prisao na Cinelândia, no Rio, poucos dias depois do golpe, demonstrava a atitude de rebeldia e de resistência que Carlos imprimiria à sua atitude e à que convocava aos brasileiros.
Dessa vez Carlos foi o principal protagonista dos debates internos do PCB, sobre as razões do golpe e os novos horizontes de luta da esquerda brasileira. Ele se identificou de forma direta com a dinâmica proposta pela Revolução Cubana, que aparecia como uma alternativa real para os países em que as elites dominantes apelavam para a ditadura, diante das ameaças dos movimentos populares, optando pelo projeto norteamericano da Doutrina de Segurança Nacional.
Carlos conclamou a resistência a aderir ao projeto da luta armada, sob a forma da guerra de guerrilhas, rompendo assim com o PCB e fundando a ALN. Junto com a VPR, dirigida por Carlos Lamarca, protagonizaram a versão mais radical da resistência clandestina à ditadura militar, de que o espetacular sequestro do embaixador dos EUA – com a libertação de 15 militantes da resistência e a leitura de declaração contra a ditadura em cadeia nacional de rádio e televisão – foi uma de suas mais expressivas manifestações.
Os 40 anos passados desde sua morte na luta revolucionária de resistência à ditadura, só multiplicaram a imagem de Carlos Marighella, como dirigente revolucionário brasileiro e latinoamericano. Carlos, mulato, baiano, comunista, brasileiro.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 21:07 0 comentários Links para esta postagem
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
COMENTÁRIO SOBRE CANUDOS
Anônimo disse...
Prof. Yuri Almeida:
Li O relato sobre Canudos. Não precisaria dizer que gostei, mas direi. O assunto me cativou tanto há questão de dois anos atrás - depois de quase 50 anos me dediquei à sua leitura -, que escrevi um "ensaio" sobre os fatos desenrolados ao norte do estado da Bahia. Canudos não se renderia, culminando com a morte de seus últimos quatro defensores - três adultos e uma criança - em 05/10/1897, isso há 112 anos atrás. Não se comemora essa data magna da nossa história, mas a de Zumbi, sim. Esse também merece ser lembrado, pois ambos se deram por questões contrárias ao sistema vigente no país àquela época. De Monte Santo partiram as últimas levas de combatentes de nossa República. A carnificina foi terrível, desde os primeiros combates em Uauá, a 21/11/1896, com derrota do nosso exército. Na capital, Rio, Antônio Conselheiro era tido por um revolucionário que desejava derrubar a República recém instalada. Ledo engano. Conquanto fosse de temperamento varonil exacerbado, não passava de um homem pacífico que defendeu sua gente e sua cidadela com destemor. Antônio Conselheiro foi vítima de ferimento. por estilhaços de granada, a caminho a uma de suas igrejas em obras. Já havia tempo que se achava ferido e no dia 22/09/1897 faleceu devido a forte desinteria, tendo a fronte colada a terra e um crucifixo seguro contra o peito. Em um país em que se pratica o pouco respeito por seus heróis - Antôno Conselheiro foi um - nada mais me surpreenderá se esquecerem nosso Tiradentes. Temos nossos heróis contemporâneos, mas muitos patifes também. A História, contudo, julgará a todos sem falta.
2 de Novembro de 2009 06:51
Postado por Morani no blog História Crítica
Prof. Yuri Almeida:
Li O relato sobre Canudos. Não precisaria dizer que gostei, mas direi. O assunto me cativou tanto há questão de dois anos atrás - depois de quase 50 anos me dediquei à sua leitura -, que escrevi um "ensaio" sobre os fatos desenrolados ao norte do estado da Bahia. Canudos não se renderia, culminando com a morte de seus últimos quatro defensores - três adultos e uma criança - em 05/10/1897, isso há 112 anos atrás. Não se comemora essa data magna da nossa história, mas a de Zumbi, sim. Esse também merece ser lembrado, pois ambos se deram por questões contrárias ao sistema vigente no país àquela época. De Monte Santo partiram as últimas levas de combatentes de nossa República. A carnificina foi terrível, desde os primeiros combates em Uauá, a 21/11/1896, com derrota do nosso exército. Na capital, Rio, Antônio Conselheiro era tido por um revolucionário que desejava derrubar a República recém instalada. Ledo engano. Conquanto fosse de temperamento varonil exacerbado, não passava de um homem pacífico que defendeu sua gente e sua cidadela com destemor. Antônio Conselheiro foi vítima de ferimento. por estilhaços de granada, a caminho a uma de suas igrejas em obras. Já havia tempo que se achava ferido e no dia 22/09/1897 faleceu devido a forte desinteria, tendo a fronte colada a terra e um crucifixo seguro contra o peito. Em um país em que se pratica o pouco respeito por seus heróis - Antôno Conselheiro foi um - nada mais me surpreenderá se esquecerem nosso Tiradentes. Temos nossos heróis contemporâneos, mas muitos patifes também. A História, contudo, julgará a todos sem falta.
2 de Novembro de 2009 06:51
Postado por Morani no blog História Crítica
Assinar:
Postagens (Atom)