DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sábado, 22 de maio de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Então agora estás pronto? Eu renovei as energias e removi os cansaços. To fiel e pronto modo continuar minhas aventuras marcadas por tua pena ai nesse caderno teu. Se assim for mesmo, vamos lá. Continuemos, pois, nos mesmos andares de ontem por que as coisas me demoram a subir na cabeça. Posso começar a ditar? Anote que lá vai:
A, pois, como eu dizia, a tal marcha renovada de castigo deu alta só lá em Juazeiro, repetindo tudinho da primeira vez. Não me lembra o dia não, mas pelo calorão que fazia foi lá por volta de novembro em seu final, ou no comecinho de dezembro. Essa estação por lá é a dos calorões infernais! E cinco dias depois olhe o batalhão em marcha de novo, outra vez, como fâmulos episcopais estropiados e quase que desmembrados por tantas tralhas. O comandante era o capitão Pires Ferreira sem muita fama, mas obediente demais da conta dos princípios e exigências do exército. Hominho endiabrado aquele lá do Crato. A soldadesca? Eram em quantos? Sei assim de precisão não, mas devia ser de umas duzentas almas entupidas de medos e escoltadas por canhões gigantes, metralhadoras pipoqueiras e o diabo a quatro. Duzentas, nem mais nem menos. Aí então largamos aquela praga de lugar quente e marchamos pros lados de Cambaio. Em lá chegamos pelos altos de janeiro; sei até o dia. Parece mentira né? Dia 18 de janeiro de 1897 e a gente estavam lá. Gravei. Não houve combate, nem nós encontramos tocaia não senhor durante a travessia, mas é vem coisa por aí. Anote. Tu ainda tens bastante papel? Só ao desencargo de consciência me deixe ver. Tem..., tem de sobra. O caderninho é mesmo grandioso hein? Pois então: eu falei que nós não encontramos tocaia não foi? Pois foi não. Coisa num instantezinho que não se esperava e se deu o diabo. Tu precisavas estar lá, pra ver a cara deles. Bala é vem, é vem, e se tem teu nome não tem escapatória. É tua mesmo. Uma fumaceira das profundas dos infernos tapou tudinho. Atravancou tudo com abelhinhas em brasa zunindo por cima por baixo e pelos meios. E tome chumbo em riba de nós, seu! Foi tanta miséria que o médico que seguiu com nós enlouqueceu. Sim senhor: perdeu todo o tino. Arriou o traseiro no chão chorando que nem criança desmamada. Era de ver o tal em meio do tiroteio sem pensar nada. Tava desnorteado, sem rumo mesmo. Muitos derrearam nos chãos, de bunda, que as balas encontravam seus donos. Pode bunda não? Por ser feio? Que feio? Todos têm isso. Agora fique que eu não quero tirar não. Só aleijão ta desprovido disso. Pois só os matutos te viam dos escondidos seus, mas tu em troca não divisavas eles não. Atirava-se a torto e a direito, pra qualquer lado, de nossa banda, digo. E o palavrório baixo calão se ouvia no meio da barulheira. Da banda deles, informo eu. Zoavam e atiravam ao mesmo tempo. Quando dei por mim tava quase que só. A raia miúda deu nos pés. Ia lá eu ficar ali parado a espera de fantasmas? Nunquinha que não, claro! Mais me valia eu vivo que morto pro regimento. Morto eu seria um de menos na defesa do regimento e da bandeira da República que tremulava. Agora se eu lobrigasse qualquer sombra se mexendo no meio do breu atiçava bala nela sim, se! Tropiquei em muitos companheiros feridos pelos chãos. Num desses me arriei no pó. Foi a minha salvação.

5

Nenhum comentário: