DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sexta-feira, 28 de maio de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Dei trela não. Fiquei na minha, esperando pra ver no que ia dar a conversa deles.
O de voz grossa, na insistência:
– Lá na fazenda do doutor Damasceno tem lugar pra um só. O homem, que é doutor, paga bem. E o trabalho é descansado. Tu topas? Te aviso de vez: é coisa pra cabra macho não pra cabrito que tu pareces.
Não pensei duas vezes:
–Ta aí, topo sim. Respondi sem mais delongas. Onde que fica a tal fazenda?
O sujeito da voz grave me interpelou:
–Até indagorinha tu mesmo não tava dando trelas pra nós e agora já se resolveu? Que bicho te come? Já que assim ta resolvido então é só seguir nós. Tens cavalo?
–Tenho o quê! Tenho nem um não. Ando pelo mundo com estas duas pernas cá. Se eu tivesse algum cruzado de sobra compraria uma campa pra me ir enterrar.
–Um cabrito tão novo e já pensa em esticar as canelas? Ô vote! Tu tens cara de quem vai viver muitas safras de manga. Zévedo passe a tua mula pra ele. É de montaria o cabrito? Vamos a ver já, portanto monte-se.
Obedeci nem sei por quê. Montei no lombo magro da mula sem sela. O de fala fina não resmungou um nada saindo atrás de nós a pé, com as sandálias se arrastando no poeiral. Seguia calado, mas a cara dava mostras de estar até o gorgomilo comigo. Se o tal pudesse cortaria minha garganta fora a fora. Os seus olhos, muito juntos, faiscavam de raiva braba. Por fim, o outro, o tal do vozeirão que nem cachoeira e esperto que só, mandou que ele subisse na garupa de sua montaria. Cheguei à porteira da fazenda do tal doutor Damasceno meio arisco. Meus fundilhos se colavam no meu traseiro de pegajoso e de sujo pelo suor do pangaré. Homenzarrão de pança volumosa o tal doutor Damasceno sentado estava no alpendre do casarão à espera. Cofiava os bigodões e a barbicha chinfrim. Bigode tinha o homem sim senhor. Que bigodaço! Desapeei e em fazendo ouvi as gargalhadas frouxas dos dois manés que me trouxeram e os risinhos do doutor. Engoli em seco o desaforo. Eu tava ali modo arranjar o tal trabalho. O homenzarrão do doutor se chegou pra mim perguntando:
–Tu estás pra todo meu cabrito?
–Como assim doutor? To pro trabalho sério.
–Falei por acaso coisa diferente? Pois é isto justamente o que eu quero ouvir da tua boca. Se tiveres vontade e peito, entremos nós. Vamos pra fresca de minha sala. Vocês dois podem se ir.
Segui os passos do doutor cabisbaixo e sem jeito mesmo. Fomos os dois por que os outros se sumiram pros fundos, nem sei pra donde. Fiquei na sala, grande e fresca, de pé até o doutor se sentar numa cadeira de balanço de vime e me mandar tomar assento numa banqueta de três pernas. Desconfiei da conversa que viria porque, pra dizer a verdade, me simpatizei ao meu futuro patrão não. Muito seco no trato. Deu uma balançada na cadeira. Os olhos fitos em mim. Esperei. Fazer mais o quê?
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