DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sexta-feira, 28 de maio de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

O homenzarrão deitou falação pra riba de mim. Exigia tudo de um seu criado, mas por conta pagava bem sem regatear. Uma ordem sua era pra ser obedecida cegamente sem discussão e sem desacordo. Deveria ser tomada à risca, chovesse ou não. Fosse assim e eu estaria na sua folha de pagamento caso contrário tomasse eu o meu caminho de volta. Lá pelas tantas gritou por um nome doce e suave como uma brisa sobre uma flor do campo. Às vezes a gente vira poeta, a, pois, por que não? É tão bonita a poesia. Havera de ler essas de cordel então. Na porta da sala vindo lá dos escuros surgiu uma bela morena de cabelos fartos como o mar, cheios de ondas, cacheados, por cima dos ombros bem feitos. Os olhos negros como azeviche e faiscantes, que não havia mais olhos tão grandes e tão mais bonitos. Eram olhos perigosos aqueles: de luxuria (ouvi essa qualidade de olhos de fêmea num prostíbulo de Caruaru, na Paraíba).
A moça me foi apresentada como sendo filha do doutor Damasceno. Apreciei a beleza da moça caipira, mas de pouca inocência, talvez tão pouca que fosse capaz de dar aulas de safadezas às quengas. Pareceu ser moça agitada, de fogo incinerador pelos braços longos e morenos; comburentes se pareciam os lábios da menina.
A, pois, foi então que o pai da dita – anote isso bem anotado aí – me confessou que estava pra vingar a virgindade da moça sua filha. Se um fazendeiro fala dessa maneira, podes crer, havia de vir titica por então. A gente não pode falar nada de baixo calão mesmo não? Pois bem. Não deu outra. Na frente mesmo da menina toda encolhidinha, mas sem mostrar vergonha nenhuma, essa talzinha de boniteza de encher os olhos de um homem solteiro ou casado, viúvo ou separado, contou que elazinha havia sido violentada pelo padre professor e confessor da moça inocente. Inocente eu era, vi isso logo que botei os meus olhos em riba daquela desgraça de menina. E donde se dera o tal fato melancólico? Na sacristia da igreja. Vixe! Logo donde!?
Pensei, então, cá comigo, e com meus botões, que me faltavam até dois no paletó axadrezado: coisa pior não poderia de haver e pelo faro senti que havia cheiro de morte no ar. Se! Alguma das brabas tramava o pai da moça. Confessou-se católico fervoroso não admitindo sacrilégio dentro de uma santa igreja nem no corpo santo de sua filha, cuja inocência era de se admirar; podia-se ver, falou. Pobre homem cego. Ia cometer era uma injustiça isso sim. Eu assentia tudo com a cabeça. Poderia ficar indiferente aos anseios de um pai ferido lá no fundo da alma sua, em seus brios? Podia não, mas me livrasse Deus. Me topasse eu com o Demo pelas estradas desertas pelas quais andava.
–To ou não arrazoado meu cabrito, hein? Me perguntou o zeloso pai.
Concordei, sem dúvidas. Depois de agradecer mandou que a filha se retirasse pro seu quarto. Depois pediu que eu me levantasse e seguisse os seus mesmos passos em direção igual. Parou na parte de trás da casa apontando pra uma cabana feita de folha de coqueiro, longe, lá no fundo do terreno, por trás de uns fornos de carvoaria.
–É acolá mesmo que tu vais trabalhar meu cabrito, Ta vendo bem a cabana? Aquilo acolá nada vale pra mim. O fogo vai lamber tudo de uma hora a outra. Pelo fogo dos Infernos, ouviste bem? Pelo fogo dos Infernos! Berrou colérico. Fiquei sem entender nadinha. Devo ter feito cara de duvidoso. Ele me despachou dali mesmo. Fosse eu atrás dos outros dois. Fui. Achei os tais cheios de risos sem-vergonhas de moleques descarados, nunca de dois cabras passados por adultos.
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