DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Pra tu me entenderes melhor, devo dizer que naquela debandada em Cambaio não tinha mais outro jeito. Ou ia ou morria. Olhei para trás pros lados e pra riba. Tava eu só. Um cabra só faz alguma coisa que preste? Nunquinha! Tava só; só não, tava com Deus Nosso Senhor que devia estar muito ocupado com outros, mas não se esqueceu deste aqui me cochichando: “-Corre filho meu de pressinha pra tu te salvares inteiro”. Isso eu fiz, obediente que sou na religião. E fazia tudo de novo, novamente. Vivo eu podia combater mais e ajudar meus companheiros Antonio Quelé, seu irmão José, Geraldo Quintão e Chico Danado. Certo me fiz, com toda a certeza.
Agora, na nova marcha, haja castigo duro até o destino mais longínquo. Ó sina, meu! Ela se deu de manhãzinha; uma manhãzinha chuvisquenta e fria. Marchamos até de noitinha e o céu se encherem de estrelas, que era mesmo estrelas só em boniteza total e alargada nos altos. Precisavas ver aquilo tudo coriscante de acende e apaga. Lindeza pura os brilhos delas. Ah, quantas saudades senti eu de minha ruela lá em Montes Altos, pra onde se mudou a família inteirinha. A gente se assentava debaixo de um pé de goiaba, os olhos fitos no céu escuro cheinho daqueles vaga-lumes pisca-piscando – as estrelas, to falando. A gente queria contar quantas eram apontando com os dedos modo não perder o rumo, mas era proibido, pois que nasciam verrugas neles.
Esses pensamentos de lembranças me faziam esquecer que a gente marchava pra um destino cruel. Nem um homem que eu saiba marchou pra uma guerra ancho de felicidade. Todos nós tínhamos os semblantes nublados por umas sombras esquisitas e acabrunhados como um condenado à morte, pois essa era a verdade. Uns, de tão pálidos de medo - porque tinha uns novatos no nosso meio pra encher os vazios que deixaram os finados - urinavam nas calças das fardas sem a menor vergonha a qualquer estalinho no meio do cipoal das matas. Mas era de arrepiar mesmo e eu tirava a razão deles não que a coisa era de assustar. Só quem passou por isso pode bem avaliar sua intimidade valente ou covarde. Eu? Sei lá. Eu ia indiferente como um bêbado que não sabe o que faz. Ia pra onde me mandavam ir. Os demais? Sei não senhor; sei de mim. Eu não tava nos miolos deles pra saber o que se ia lá a suas cabeças. Cada qual seria por si, mormente na hora do foguetório da pega pra capar. Não é pra se rir não. Tu não sabes, mas muito voltaram capados mesmo. A, pois, foi assim mesmo na beligerância e nessa triste sina de ficar inutilizados pros restos das vidas. Alguns que se diziam machos acabaram com as próprias vidas, por causo disso. E seria pra menos? Não pretendo julgar meus companheiros de farda e de fados por não ter passado pelos mesmos desacertos. O cidadão escapa das balas dos jagunços e vai acabar os seus dias com a sua própria? Triste e enfadonho ter que falar disto, mas desnudei um segredo pra tu há muito tempo escondido. Agora vai deixar de ser segredo posto ser uma verdade dorida.
Os lamentos eram que doíam mais na alma da gente. Cabras moços ainda e estragados pra todo o sempre. Viver pra quê? Sei se faria o mesmo não. Isto é coisa de momento de agonia. Condeno nenhum não. Qual o quê!
8

Um comentário:

Teruko Kanto disse...

Morani, estou nesta narrativa agora! Tentei postar um comentário no atualizado, mas não consigo! Estou adorando a sua narrativa.
Beijoa
Teruko Kanto
Yamagata-Japan