DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Me botei pro lado de fora do terreno como se aquilo me fosse livrar do ato pecaminoso que tava fazendo por dinheiro, qual um Judas. As lembranças da conversas nossas – minha com o doutor Damasceno – ficaram me martelando a cabeça. Lembro bem minhas respostas firmes sem titubeio algum e me lembro de tudo em antes.
– “Em sim, to de ouvidos atentos às suas ordens.”
Na saída deles, dele me foi passado um envelope pesado. Já eu sabia que se tratava de moeda-papel. Quanto tinha ali eu não fazia tento de ver em quanto era ou seria o meu serviço que eu até já sabia qual foi. Tava era nervoso eu, pois nunca vi em minhas mãos calejadas um envelope tão grosso e pesadinho. Não devia ter moeda alguma. Era só de notas. Nunca que vira coisa assim em antes. Fiquei só no terreiro. Então nervoso de curiosidade abri o envelope pra ver a realidade que em minhas mãos se fazia. Espiei. Senhor meu senhor era muita coisa em notas. Um bolo apertadinho por ligas de borracha, mas dava pra ver que era muita. Ra! Nunca me foi tão fácil ganhar salário à toinha. Vixe que era muito dinheiro! Que causa me coube fazer não me fazia diferença. Eu Mariano Bé, tava era enricado! Sujeito bom aquele seu doutor Damasceno. Homem de muita justiça e reconhecimento. Foi então que Zévedo se chegou com quatro cavalos todos de uma boniteza só. Vi a menina ser auxiliada na montagem. Mirante, já em cima da sela, em sua montaria; Zévedo esperando só o “patrão-pai” pra montar, e ele ia se montar a sua, sem sela. Era o único alazão sem sela, o de Zévedo. O doutor cavalheiro passou por mim me cumprimentando com seu chapéu de aba larga, de feltro. Zévedo ajudou ele a montar. Ali parado da banda de fora do terreno da fazenda eu me lembrava da cada fato. De cima de sua sela me olhou dizendo muito sério:
–Ta lá a tua tarefa cabrito. Vai lá e lambuza todinha a palha com isto, deste galão, e toca fogo. Toca fogo e se vá e não contes a ninguém o sucedido se não Mirante mais eu vamos à sua cola onde tu estiveres. Ai tem o teu pago e bem pago neste envelope, e se não fizer como ordenado por mim irei te pagar mais ainda bem pago, pior até. Cá ta se fazendo justiça. Dou àquele cabra sem-vergonho a oportunidade de continuar vivo, mas, porém sem a sua ferramenta de maldades. Tu já sabes. Desejo ver a distância o fogaréu ardendo ou a fumaça, se não voltamos aqui pra acabar com ambos, tu e o outrozinho. Avia, já, vai lá e faz o mandado. Nem tu nem o outro vai perder nadinha, pois o que não presta não se perde. Eia! Vamos!
Eita recordaçõezinhas bobas aquelas minhas depois de ter feito o serviço bem feito. A fumaceira subia em rolos pros altos. Uns urubus que passavam por cima evitavam a direção da cabana comburente. O calor subia pros altos também. Tudo se estalava e eu não via o padre, coitado, sair lá de dentro. Fiz menção de retornar. Passei pro lado de dentro do terreno. De repente com um grito de maluco vi a figura do padre já de fogo na veste preta romper pelo meio do fogaréu cheio de gritos e se espojando no chão modo apagar as chamas que queria lamber ele sem dó nem piedade. As mãos estavam com sangue. Ele se rolava no chão e a poeira subindo, comadre da fumaça. A cabana se derreou de vez. O homem saiu de lá na horinha mesmo, mas capado sem dúvida. As coisas dele ficaram dentro do baú assando e iam virar carvão. Um homem de elegância e de cara de artista de cinema como ele era não iria aceitar sua castração. Se mataria ou morreria de infecção pustemosa? Com o pobre diabo (fiz o sinal da cruz) sem a sua ferramenta de cabra viril, mas vivo, preferi dar no pé. E foi o que eu fiz na mesminha hora sem esperar pra ver no que dava aquilo tudo. Tava pago. Ia embora.
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