DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


terça-feira, 15 de junho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Ai então tu vejas só como as coisas se sucedem a toazinha: não é que o tal major de nome Bobadilha se enciumou de eu tocar o sino aos domingos chamando pras missas? A besta do cabra começou a me provocar e eu me fingindo de inocente, de nada entender, quietinho nas minhas horas de ir pra igreja. Soube que ele tinha outro garoto por ordenança, filho de um antigo soldado seu de corporação a quem queria entregar a tarefa. E por que carga dágua não procurou o velho e bom padre pra solicitar a vaga pro outro?
O outrozinho, coitado, se borrava de medo de subir lá nos altos da torre da igreja pra tocar o sino. Tudo por causo das estórias de má-assombração de que o que se enforcou andava por ali de alma penada puxando a corda do sino como uma tarefa eterna por castigo, e por causo dos morcegos que voejavam pelo campanário. Mas não fosse lá se o tal major arranjasse tudo. Aham... Queria era ver o coitado se negar. A, pois o coitadinho se negou sim senhor. Batia os pés no chão nas escadas de entrada, na praça, nas calçadas mambembes cheias de altos e baixos e dentro de sua casa. O pai prometia passar-lhe a cinta no lombo se negasse o favor do major que com tão boa vontade e em boa hora daria a ele a honra de badalar o sino. O garoto chegou a fugir, mas não foi muito longe não, que era outrozinho covardão que nem Zévedo. Cheio de frescurinhas, de vontades, desses amarrados á barra da saia da mãe. Aquele seria bom motivo e de bom proveito pra eu me mandar dali. Se! Contei que resolvessem aquela questão besta.
Ai, pois então o major, cheio de autoridade, me veio falar. Falou foi muita besteira – bobageiras dessas de cabra metido, de que eu não sendo dali não podia me arvorar de tocador de sino, que aquilo era mais coisa pra menino adolescente e nunca prum marmanjo que nem eu.
Aí tive que concordar e botei a função nas vontades do major, não por medo não senhor, que o que eu queria era virar as costas pra Aflitos e me ir. Mas comboio só dali a uns três dias. Assim mesmo deixei por conta dele a decisão e ele me disse que eu era um cabra inteligente e de boa paz, e não fosse! Me falou assim mesmo: “-E não fosse!” Quero dizer que tanto fazia eu querer como não querer tinha que largar de imediato a função. Larguei. Nem falei ao padre. Deixei por conta do major e eles lá que se entendessem. Ele me prometeu: “-Cê vai ser minha ordenança, cabra.” Me fazendo de mal entendedor joguei minha pergunta: Quem? Eu? Este aqui seu major? Se for comigo a promessa é um chiste seu, pois que eu já sou esperado pra sentar praça no exército da República. Vou combater lá em Canudos.
Sendo a República muito maior e mais poderosa do que um major aposentado da polícia, e muito mais que Aflitos e sua igreja, e todo o restante mundaréu de lá, o homem calou aquela sua boca, baixou o facho, se encolheu e só faltou mesmo se perfilar em continência.
–Então falou ta falado, respondeu ele coçando um dos lados do seu traseiro. Então é de se crer que vais embora de Aflitos? Comboio só daqui a três dias; pois enquanto isso tu podes continuar na tarefa de badalar as chamadas das missas sim senhor.
Aí então me empanzinou o bucho, me cresceu os beiços, os olhos embodocaram e enfeou-me o semblante. Fiz cara de desagrado total. Nunca que vi um major sair de banda e de rabos entre as pernas. Aquilo me causou espécie. Eu um simples candidato a soldado do exército republicano assustando um oficial de polícia metido a valente! Não consigo entender a natureza dos cabras que não sejam da Paraíba. Acolá homem é homem, cabra se preza muito da conta às calças que veste. Três dias depois de muita vagabundagem deixei o povoado de Aflitos, mas confesso: por dó ao velho e bom padre toquei o sino até o último momento. Senti alívio, quando o comboio me levou devagar, mas de certeza, pra longe de lá.
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Um comentário:

Rivaldo R.Ribeiro disse...

Morani, força amigo! Estamos esperando o resto dessa linda história.