DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


terça-feira, 20 de julho de 2010

ARREMEDO DE GUERRA

Pois assim o causo: havia a alguns anos vivendo na grande fazenda dos pais, que eram proprietários de mais duas e de uma usina de cana, um moço de nome João de Deus que era o nome dado em pia batismal em louvor ao maior Espírito Santo, o Senhor Nosso Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. O menino havia nascido numa das fazendas em Pernambuco com sério problema de saúde. Quase morreu o bichinho enquanto ainda era pequerrucho, como saíra da barriga da mãe. Então a fazenda inteira, quero dizer todos os moradores, donos e colonos, e escravos, caíram em rezas diárias com visitas de Santa Maria à casa grande, simpatias de pretos velhos de lá mesmos.
Chegou-se até a uma procissão em dentro das terras. Pois sim, foi mesmo, pelo que soube por um dos conhecidos dos dois sábios profetas dos sertões, sendo um Elias Pantaleão, diz-se o mais letrado dos dois, e o outro Isaias, de mais em idade.
Pois o pequerrucho não é que se saiu bem daquela situação difícil? Ele não conseguia respiração direita ficando roxinho, roxinho, e quase se afogando sem ar. Tu já viste alguém se afogar sem ser na água de um rio, de um lago ou lagoa, ou de um mar? Pois eu nunca que vi, mas o bichinho estava, sim, morrendo. Foram tantas as rezas, as procissões, as simpatias, e os jejuns forçados aos colonos e escravos, que desceu do céu algumas coisas que curou o menininho em poucas semanas. Logo, logo estava saltando por cercas, nadando nos açudes, montando nos lombos puros de cavalos, aporrinhando os filhos da escravatura das fazendas, se enxerindo desavergonhado às mucamas das casas grandes e das menininhas dos colonos. O que parecia defunto, logo se aprumou dando uma de galo e dono do galinheiro. Corisco de garoto, contava-se. Tudo da boca de Elias Pantaleão a um meu companheiro de lutas em Canudos, que eu não disse. O outro profeta, Isaias, carregou consigo no seu embornal uma predição de um outro sujeito profeta que viveu e morreu lá na vila de Canudos. Nunca que se viram tantos profetas nascidos a um só tempo. A, pois foi sim. Bem, o tal menino doente demais se curou de todos os seus males. Diziam que fora o Capeta que pegou ele no ventre ainda da mãe e o tomou pra si.
Acredito não, nadinha nessa história de Demo em luta com o feto no bucho de sua mãe. São coisas de Trancoso, podes crer. Pois vamos adiante. O moço se tornou um homem letrado, forte, belo, figura impávida de homem, rico e logo arranjou paixão de muitas mulheres, muitas mesmo. Dizem que tantas quantas são as estrelas do céu. Também, outra mentira escabrosa. Não dou à mínima. Pois o rapaz escolheu a sua, aquela filha de fazendeiros, ricos também. Juntou, então, a fome com a vontade de comer. Emma, com dois “emes” era o seu nome. Bela mulher, do tipo artista, bela estampa de cabelos longos e de olhos bonitos, e mais longos os olhares para o tal João de Deus. Casaram. Viveram bem uns anos. Depois que lhes nasceu o único filho, nomeado Samuel, começou as desavenças; os ciúmes de João de Deus e as imprecações contra ela e as ameaças, e as pancadas, e as promessas de nada lhe dar de sua fortuna que ele – não pensasse ela – iria sustentar a ela e ao seu vagabundo amante. Era por ela ser linda demais de chamar a atenção dos cabras.
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