“COM DEUS AO NOSSO LADO”
(sobre o comentário de Hudson)
O norte-americano é um povo “sui-generis”. Adoram avocar o nome de Deus a favor de sua nação, como se cada americano pertencesse ao antigo povo hebreu que pervagou pelos desertos por 40 anos! O papel-moeda do país traz a inscrição famosa “In God We Trust” Até ai nada a criticar; o que interessa é saber se Deus confia neles, em suas ações, em seu modo de viver, em seu gosto por conquistas e o seu avanço, quer na língua – patrimônio cultural de um povo - quer financeiramente e, às vezes, politicamente.
Se esse McCain, um dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos, incorpora o “espírito” Truman, atribua-se isso a mais um “poder” daquele povo do norte. Lembro do dia do lançamento da bomba sobre Hiroshima, e posteriormente Nagazaki.
Passávamos, eu e meus irmãos, diante da casa de um major nosso vizinho, indo ao cinema do 2° RI – Vila Militar do Rio de Janeiro, onde morávamos, quando ouvimos a chamada do “Repórter Esso”.
“Os Estados Unidos acabam de lançar a bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima, no Japão.” Disse o locutor. Era uma quarta-feira do mês de agosto de 1945 por ordem de Harry S.Truman, para forçar o Japão a se render, e para vingar os ataques japoneses a Pearl Harbour num domingo cedo quando oficiais e subordinados, e seus familiares, gozavam o feriado. Ora, Japão e EUA tinham um acordo de “não agressão” quebrado pelos nipônicos. Grande parte da frota do Pacífico, ancorada em Pearl Harbour, foi ao fundo, com perdas de vidas de militares e famílias inteiras de norte-americanos que lá moravam. O dia da bomba solta pelo “Enola Gay”, se não me falha a memória, foi 07/08/45. Logo depois, uma semana, mais ou menos, jogaram a outra em Nagazaki. E foi tal a devastação (somente as rajadas de ventos de altas temperaturas pela expansão das ondas de calor) que a cidade virou um verdadeiro inferno. Truman, depois da guerra, implementou o Plano Marshall para a reconstrução da Europa, ficando, porém para sempre marcado como o “devastador” das duas cidades industriais do Japão. O Pacto de Varsóvia – aliança militar dos países comunistas do leste europeu - não permitiu o avanço do imperialismo ianque. Porém, como disse o amigo em seu comentário, a Europa tornou-se campo fértil à imposição do imperialismo com a desculpa da política do “Bem Estar” imposta às nações devastadas. O que fazer se não se tornassem dependentes da “grande Nação estrelada”? Quanto à disputa pela presidência na campanha atual naquela nação prefiro me calar, mas asseguro, salve erro ou omissão, que a dama “traída” não levará com vitória a sua participação. Já tratei num comentário em meu blogdomorani à pretensão do Brasil de ser admitido no G8. A Alemanha tem muito mais chance do que o nosso país. Nele, digo as razões da preferência pelo país germânico em detrimento ao Brasil. As visitas de Lula com tais objetivos estão frustradas. Com toda a honestidade, não podemos comparar as duas economias e os seus planos políticos, de modo a esperar seja o Brasil agraciado pelo G8. Falta-nos muito!
A Índia, por seu turno, é o segundo pais em população do mundo e a sua economia está em um patamar respeitável de crescimento. Apesar das várias línguas, dialetos e costumes de seu povo, dividido em castas, e cuja estrutura social rígida determina quase todos os aspectos do indivíduo e o seu “status” familiar, estaria entre os candidatos à admissão ao G8.
Desconheço as determinantes que tornam um país foco de atenção aos líderes do G8. Se levarem em conta o seu crescimento, lógico que a Índia leva vantagem sobre nós; se a hegemonia da língua, a estrutura familiar sem castas e o esforço hercúleo do ensino tiver peso podemos pensar numa possibilidade, ainda que o nosso crescimento seja incipiente e não alcance os patamares de outras nações irmãs, mesmo as daqui da América Latina.
Muito bem. Há assuntos importantes a comentar, voltando à hegemonia norte-americana no mundo de antes da Guerra Fria e nos momentos mais atuais. Émile Durkheim – que desenvolveu a Sociologia sustentava que as crenças, atitudes e comportamentos de cada indivíduo eram moldados por uma consciência coletiva. (Fonte: Enciclopédia Ilustrada do Conhecimento Essencial de Reader´s Digest)
Não será aquele povo do norte (a nação estrelada) movido por essa assertiva? Há frases, como a que abre o seu estimado e profundo comentário [Whit God...], e [In God we...], que impulsionam, como num torvelinho de idéias absurdas, os pensamentos de que a Nação Norte-Americana está fadada a ser a Líder das nações e a comandar os destinos dos desprevenidos, e como você diz: dos (dês) informados tupiniquins. A esse critério podemos taxar de “elitismo”. Ela é radicalmente a favor do extermínio daqueles taxados por ela de “perigosos terroristas”, mas não leva em conta o covarde e constante terrorismo praticado pelos judeus contra os árabes com assédio bélico a quem só deseja ter, como o próprio povo judeu sempre desejou: um país onde possam desenvolver a sua cultura, a sua religião e os seus filhos. Aplica-se bem no caso dos norte-americanos o termo “establishment” que detêm privilégios sociais, econômicos e/ou políticos. Podemos enumerar as atitudes tomadas contra os países em que os Aliados saíram vencedores (tendo à frente logicamente “eles”, os supermans). O Tratado de Versalhes, p.exemplo, veio a se constituir no estopim da revolta de um austríaco – Adolf Hitler - que erguendo a Alemanha criou o III Reich iniciando, com a invasão da Polônia, em setembro/39, a II Grande Guerra Mundial. Mais uma vez saíram vencedores os “Aliados” e o Pacto de Ialta serviu para que os três grandes – Churchill, Stalin e Roosevelt – traçassem planos e objetivos para derrotar e dividir a Alemanha. E isto foi feito. Presentemente, “eles” pisam o chão da antiga Babilônia, hoje Iraque. Essa política de não respeitar a autonomia dos povos trará graves conseqüências na atual campanha eleitoral dos EUA.. Sem mais delongas, torço pelo negro Obama de origem muçulmana. Você, amigo, já pensou na possibilidade e na disparidade da vitória de Obama? Um povo que odeia os muçulmanos, principalmente depois de 11 de setembro de 2001, elegendo um muçulmano e negro ao mesmo tempo? A queda das Torres gêmeas não foi apenas simbólica, no contexto da História norte-americana; além de real foi uma espécie de premonição de que os fatos teriam uma mudança contundente, porque a tragédia deu ensejo a que o “cow-boy” Bush invadisse o Iraque e enforcasse o seu líder. Ao executar Hussein, acho que ele contribuiu para as atuais mudanças do pensamento dos seus compatriotas. Mas a América mudou. O norte-americano não é conservador como o inglês. A paciência deverá ser a nossa bússola e companheira. O que sair vencedor, não terá política diferente para os países da América Latina, e nós continuaremos vivendo em um país de desigualdades marcantes e injustas.