DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014

Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.

O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.


sexta-feira, 18 de abril de 2008

PAISAGEM MATINAL EM FRIBURGO


Nova Friburgo, 18/04/08
Mais uma bela vista que o local onde moro me privilegia sobremaneira.
Ainda é muito cedo, mas podemos ver uma mulher ao canto esquerdo inferior da tela indo a algum lugar.
Por trás do primeiro plano a primeira montanha, ao longe, se acha parcialmente coberta por densa cortina de nuvens.
O céu se acha límpido como cristal, e os primeiros raios do sol começam a se esbater nas fachadas das casas, nas copas das árvores e ao chão se estendem como lençois, dando um toque de luz no gramado e em parte do pequeno barranco de onde sobem três troncos delgados de eucalipto - árvore muito encontrada em regiões frias. As chuvas torrenciais que cairam durante a noite desbarrancaram a pequena elevação à direita, até à base de um dos prédios do local. Esses trê pés de eucalipto infelizmente já não existem mais. Derrubaram-nos por medida de segurança. E, assim, vamos perdendo o nosso arvoredo por desculpas inaceitáveis. As chuvas violentas, mais os ventos fortes que correm por ali, nem sequer mexeram nos delgados troncos: continuaram eretos.
Essa tela foi pintada na década de 90 , em óleo sobre duratex.

sábado, 12 de abril de 2008

CASARIO E MATRIZ DE ALDEIA BRASILEIRA


Nova Friburgo, 12/04/08
Eis um lugar em que muitos brasileiros gostariam de viver. Muita tranquilidade num lugarejo sem pressa de o tempo passar, para se viver um dia como se o mesmo tivesse 48 horas.
A torre da velha igreja, que está se inclinando para a direita por motivo do terreno estar cedendo ao seu peso, teima ainda continuar de pé como baluarte da fé que determina todos os principios do mundo.
Ao seu lado um campinho, gramado, onde a molecada do lugarejo vai bater a sua bola nos finais de semana. Abaixo desse local de brincadeiras vê-se o que restou de um antigo muro que protegeu, por anos, uma casa que já não mais existe. Só na lembrança da vizinhança.
Do outro lado da rua o casario se estende até à beira do rio, mostrando as ruínas de uma outra antiga residência. Sobre o que restou do muro, um rapaz tenta pescar o almoço do dia. Esse jovem está folgando. Subindo a ladeira, um trabalhador autônomo tenta vender suas frutas, e sobre a caixa dágua do casarão, em primeiro plano, um homem ajoelhado tenta algum conserto. O prédio todo pede socorro. A pintura vai-se consumindo com a umidade do rio, mostrando o emboço e a idade do casarão. À frente passa o rio tranquilo como todo o resto da aldeia. É meio-dia. Todos estão recolhidos aos seus lares, talvez sentados às mesas para consumirem o almoço. O sol a pino não deixa os freguezes sairem à rua para atender o vendedor que sobe a ladeira com o cesto na cabeça. No céu, nuvens pesadas prenunciam chuvas vespertinas. E a vida vai sendo vencida e vencendo os moradores.
A tela foi pintada em 1991 e assinada De Moraes, medindo 0,48 x 0,63, em óleo.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

BOSQUE NO ALTO DA SERRA - MAR



Nova Friburgo, 11/04/08


Quem desce a serra que leva a Rio das Ostras, no litoral fluminense, obriga-se a desviar do seu curso para, penetrando à direita, em uma das muitas estradas que levam a fazendas naqueles rincões topar com bosques como este captado por minha câmera e posteriormente registrado em suporte igualmente de eucatex. Pintar ao vivo torna-se impossível, por causa das muitas chuvas e ventanias intensas no local.
Trata-se de região de dificil acesso e bastante inóspita. A cabana vista sob as sombras das árvores, nada reserva de atraente por dentro. É um cômodo só, e sem qualquer confôrto. A porta está sempre aberta, pelo que me foi dito, servindo tão somente de entrada aos caminhantes que procuram lugares mais ermos para um descanso do dia-a-dia das cidades, mas com um teto sob as cabeças. A água do riacho, que vem descendo em direção à serra mais abaixo, é gelada e ótima para consumo. Ali nada se ouve, a não ser o canto suave dos pássaros e, às vezes, o rosnar das onças que rondam toda a região da mata. É o típico recanto dessa serra abençoada que nos convida ao abandono de nossas vidas no corre-corre das cidades, porém com todo cuidado para se chegar lá sem tropeços.

INICIO DO GRANDE BOSQUE DO PERISSÊ



Nova Friburgo, 11/04/08

O bairro em que vivo é um lugar da cidade que descortina aos nossos olhos, sempre atentos, os mais lindos recantos.
Ali se vive em meio à vegetação abundante; um bosque que vai da rua onde se encontra a casa focada até ao seu mais elevado ponto: a mata que se estende até os límites da floresta serrana.
A árvore isolada às demais, foi vítima de um poderoso raio que a fendeu de alto a baixo em um dia de muita tormenta. Só os ventos, que vêm do Alto da Caledônia, por sí sós fazem os estragos desnecessários, mas tiveram como sócio a faísca elétrica que acabou com a vida da árvore grácil.
A que se encontra mais acima dela (com o tronco e alguns galhos aparecendo) foi derrubada por questão de "segurança", disseram os soldados do Corpo de Bombeiros da cidade. Porém, já não havia vida nela, pela incúria de alguns desocupados que tocaram fogo na mata ao pé da mesma.
As outras, pouco tempo duraram. A mão violenta do homem foi mais uma vez causadora do desaparecimento das belas e antigas árvores. Hoje não se vê a casa com tal facilidade. O mato cresceu de tal forma que a tudo encobriu, juntamente com outros pequenos arbustos, que se transformarão em árvores, futuramente, se o homem deixar. Contudo, esse é mais um belo recanto do meu bairro que o meu pincel registrou em suporte de eucatex. Ao fundo, em um verde mais claro, pedaço da mata do Catarcione que corre serra abaixo seguindo paralela à mata do Perissê.

SOL CANICULAR SOBRE FAVELA


Nova Fribugro, 11/04/08
Em um céu avermelhado sobre o casario da favela
o sol, como moeda de ouro suspensa, no exagero proposital usado por mim na obra, parece ter incendiado a abóbada celeste a ponto de espalhar o fogaréu sobre os telhados dos casebres e de torrar as poucas árvores que se espalham desde o alto do morro até mais abaixo.
Podemos imaginar, numa viagem ao interior da obra, o calor que se faz presente entre as pobres construções, quase que umas sobre as outras. Não há movimento nas copas das árvores. Tudo se acha parado, como se a qualquer movimento mais possibilidade haveria de um fogaréu se espalhar por toda a favela
Esta obra é a terceira com o mesmo motivo. A primeira se encontra no acervo de minha filha Alice, em Recife, onde o calor é o mesmo registrado nas telas.
Também não se acha assinada ou datada, por qual razão não me lembra, mas aí está a realidade de quem vive numa comunidade chamada "favela" - ruelas e casas sem um plano ou projeto capaz de torná-la aprazível aos seus moradores. O Sol, porém, lá está a marcar a sua presença incendiária. E ele se levanta e se põe todos os dias para sufocar os trabalhadores honestos e as familias que vivem num aglomerado do gênero.

GAROTOS EMPINANDO PIPAS NO PERISSÊ

Nova Friburgo, 11/04/08


O mês de agôsto é quase todo ele de muitos ventos. Nessa época do ano vemos o céu coalhado de leves corpos multicoloridos como pássaros voejando ao sabor dos ventos.
No campinho do Perissê são muitos os garotos, e marmanjos de todas as idades, que se reunem para colocarem ao céu suas pipas; quanto maiores altitudes elas alcançam maior é o orgulho do empinadores.

Começam, então, as batalhas em pleno ar. Algumas delas se perdem e vão flanando, flanando até cairem muito longe do local onde se travaram os cruzamentos desses leves objetos feitos de varetas de bambu e papel-seda.
Mas não há desânimo nem choro. Os que perdem as batalhas põem para cima outras pipas, que trazem como reserva, e os engalfinhamentos continuam cada vez mais acirrados. É que as linhas hoje são cobertas por fina camada de vidro moido que funcionam como navalhas. Apesar de aparentarem brinquedos inocentes, esses objetos voadores identificáveis se tornam armas perigosas com suas linhas cortantes.
No meu tempo de empinador, lá pelos idos de 4o, as pipas tinham "rabos", de papel ou de pano, onde se colocavam giletes em suas pontas para cortar as linhas dos adversários, às vezes empinando suas pipas em outras ruas, mas com inteligentes manobras de braço eram capazes de sair vencedores. Aquelas batalhas eram mais renhidas e mais dificeis, por exigirem uma precisão de abordagem à pipa adversária de tal modo que a gilete, nas extremidades dos rabos, cortasse a linha com precisão cirúrgica. E tudo feito a elevadas alturas.
A tela em foco representa o momento mágico e alegre desses garotos empinadores de pipa do bairro do Perissê. Não assinei nem datei a referida obra, mas calculo tenha sido num mês de agosto de 1999.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

BARCOS ANCORADOS


NOVA FRIBURGO, 09/04/08
Esta é uma marinha pintada na década de 90. Não se trata de uma pintura ao vivo e, sim, resultado de um estudo feito em tamanho médio representando uma tarde em que se prenuncia fortes chuvas.
Os barcos ancorados aguardam mais um que vem navegando a distância, para se juntar aos que já se acham resguardados aos temporais. Apesar da pesadas nuvens, o vento que impele o barco de vela alaranjada põe a água levemente agitada próxima aos barcos refletindo as cores de suas velas.
A referida tela vai assinada como De Moraes, que era a minha assinatura naquela década. As mais recentes levam a assinatura Morani, atual e definitiva.
Espero ter brindado aos quantos tenham a curiosidade de acessar o blogdomorani ficando a promessa de aqui neste espaço colocar outras obras. Para ver as outras já hospedadas no blog, basta clicar nos meses que aparecem do lado direito dos textos. "Março" trará, pelo menos, umas quatro ou cinco telas, todas acompanhadas de texto explicativo. Mais tenho a colocar, porém o farei devagar alternando obras de arte com outros textos totalmente alienados ao tema.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

COM DEUS AO NOSSO LADO

“COM DEUS AO NOSSO LADO”
(sobre o comentário de Hudson)

O norte-americano é um povo “sui-generis”. Adoram avocar o nome de Deus a favor de sua nação, como se cada americano pertencesse ao antigo povo hebreu que pervagou pelos desertos por 40 anos! O papel-moeda do país traz a inscrição famosa “In God We Trust” Até ai nada a criticar; o que interessa é saber se Deus confia neles, em suas ações, em seu modo de viver, em seu gosto por conquistas e o seu avanço, quer na língua – patrimônio cultural de um povo - quer financeiramente e, às vezes, politicamente.
Se esse McCain, um dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos, incorpora o “espírito” Truman, atribua-se isso a mais um “poder” daquele povo do norte. Lembro do dia do lançamento da bomba sobre Hiroshima, e posteriormente Nagazaki.
Passávamos, eu e meus irmãos, diante da casa de um major nosso vizinho, indo ao cinema do 2° RI – Vila Militar do Rio de Janeiro, onde morávamos, quando ouvimos a chamada do “Repórter Esso”.
“Os Estados Unidos acabam de lançar a bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima, no Japão.” Disse o locutor. Era uma quarta-feira do mês de agosto de 1945 por ordem de Harry S.Truman, para forçar o Japão a se render, e para vingar os ataques japoneses a Pearl Harbour num domingo cedo quando oficiais e subordinados, e seus familiares, gozavam o feriado. Ora, Japão e EUA tinham um acordo de “não agressão” quebrado pelos nipônicos. Grande parte da frota do Pacífico, ancorada em Pearl Harbour, foi ao fundo, com perdas de vidas de militares e famílias inteiras de norte-americanos que lá moravam. O dia da bomba solta pelo “Enola Gay”, se não me falha a memória, foi 07/08/45. Logo depois, uma semana, mais ou menos, jogaram a outra em Nagazaki. E foi tal a devastação (somente as rajadas de ventos de altas temperaturas pela expansão das ondas de calor) que a cidade virou um verdadeiro inferno. Truman, depois da guerra, implementou o Plano Marshall para a reconstrução da Europa, ficando, porém para sempre marcado como o “devastador” das duas cidades industriais do Japão. O Pacto de Varsóvia – aliança militar dos países comunistas do leste europeu - não permitiu o avanço do imperialismo ianque. Porém, como disse o amigo em seu comentário, a Europa tornou-se campo fértil à imposição do imperialismo com a desculpa da política do “Bem Estar” imposta às nações devastadas. O que fazer se não se tornassem dependentes da “grande Nação estrelada”? Quanto à disputa pela presidência na campanha atual naquela nação prefiro me calar, mas asseguro, salve erro ou omissão, que a dama “traída” não levará com vitória a sua participação. Já tratei num comentário em meu blogdomorani à pretensão do Brasil de ser admitido no G8. A Alemanha tem muito mais chance do que o nosso país. Nele, digo as razões da preferência pelo país germânico em detrimento ao Brasil. As visitas de Lula com tais objetivos estão frustradas. Com toda a honestidade, não podemos comparar as duas economias e os seus planos políticos, de modo a esperar seja o Brasil agraciado pelo G8. Falta-nos muito!

A Índia, por seu turno, é o segundo pais em população do mundo e a sua economia está em um patamar respeitável de crescimento. Apesar das várias línguas, dialetos e costumes de seu povo, dividido em castas, e cuja estrutura social rígida determina quase todos os aspectos do indivíduo e o seu “status” familiar, estaria entre os candidatos à admissão ao G8.
Desconheço as determinantes que tornam um país foco de atenção aos líderes do G8. Se levarem em conta o seu crescimento, lógico que a Índia leva vantagem sobre nós; se a hegemonia da língua, a estrutura familiar sem castas e o esforço hercúleo do ensino tiver peso podemos pensar numa possibilidade, ainda que o nosso crescimento seja incipiente e não alcance os patamares de outras nações irmãs, mesmo as daqui da América Latina.
Muito bem. Há assuntos importantes a comentar, voltando à hegemonia norte-americana no mundo de antes da Guerra Fria e nos momentos mais atuais. Émile Durkheim – que desenvolveu a Sociologia sustentava que as crenças, atitudes e comportamentos de cada indivíduo eram moldados por uma consciência coletiva. (Fonte: Enciclopédia Ilustrada do Conhecimento Essencial de Reader´s Digest)
Não será aquele povo do norte (a nação estrelada) movido por essa assertiva? Há frases, como a que abre o seu estimado e profundo comentário [Whit God...], e [In God we...], que impulsionam, como num torvelinho de idéias absurdas, os pensamentos de que a Nação Norte-Americana está fadada a ser a Líder das nações e a comandar os destinos dos desprevenidos, e como você diz: dos (dês) informados tupiniquins. A esse critério podemos taxar de “elitismo”. Ela é radicalmente a favor do extermínio daqueles taxados por ela de “perigosos terroristas”, mas não leva em conta o covarde e constante terrorismo praticado pelos judeus contra os árabes com assédio bélico a quem só deseja ter, como o próprio povo judeu sempre desejou: um país onde possam desenvolver a sua cultura, a sua religião e os seus filhos. Aplica-se bem no caso dos norte-americanos o termo “establishment” que detêm privilégios sociais, econômicos e/ou políticos. Podemos enumerar as atitudes tomadas contra os países em que os Aliados saíram vencedores (tendo à frente logicamente “eles”, os supermans). O Tratado de Versalhes, p.exemplo, veio a se constituir no estopim da revolta de um austríaco – Adolf Hitler - que erguendo a Alemanha criou o III Reich iniciando, com a invasão da Polônia, em setembro/39, a II Grande Guerra Mundial. Mais uma vez saíram vencedores os “Aliados” e o Pacto de Ialta serviu para que os três grandes – Churchill, Stalin e Roosevelt – traçassem planos e objetivos para derrotar e dividir a Alemanha. E isto foi feito. Presentemente, “eles” pisam o chão da antiga Babilônia, hoje Iraque. Essa política de não respeitar a autonomia dos povos trará graves conseqüências na atual campanha eleitoral dos EUA.. Sem mais delongas, torço pelo negro Obama de origem muçulmana. Você, amigo, já pensou na possibilidade e na disparidade da vitória de Obama? Um povo que odeia os muçulmanos, principalmente depois de 11 de setembro de 2001, elegendo um muçulmano e negro ao mesmo tempo? A queda das Torres gêmeas não foi apenas simbólica, no contexto da História norte-americana; além de real foi uma espécie de premonição de que os fatos teriam uma mudança contundente, porque a tragédia deu ensejo a que o “cow-boy” Bush invadisse o Iraque e enforcasse o seu líder. Ao executar Hussein, acho que ele contribuiu para as atuais mudanças do pensamento dos seus compatriotas. Mas a América mudou. O norte-americano não é conservador como o inglês. A paciência deverá ser a nossa bússola e companheira. O que sair vencedor, não terá política diferente para os países da América Latina, e nós continuaremos vivendo em um país de desigualdades marcantes e injustas.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

CONSIDERAÇÕES SOBRE O NEOLIBERALISMO

Considerações sobre o neoliberalismo


Tenho em mãos comentário muito claro e objetivo da lavra intelectual e política do Senhor Hudson, emérito comentarista do blogdohudsonlvboas@yahoo.com.
O mencionado comentário foi desmembrado em duas partes distintas, com os títulos “O GOVERNO NA BERLINDA I” e, consequentemente o “O GOVERNO [...] II.
De imediato, ele nos informa, com todo o seu conhecimento político, que o “Brasil vive hoje uma enorme contradição.” Esta contradição se acha consubstanciada na guerra travada entre o PIG, o chamado “PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA” e o governo neoliberal propriamente dito do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Confessa o excelente comentarista, no qual procuro me espelhar, que “essa é uma tese que venho formulando e que carece de maiores reflexões.”
Essas reflexões, que bailam na mente brilhante do Senhor Hudson a quem considero e chamo de amigo (e é real o afeto) em meus contatos através de e-mails, não deixam de se fazer verdadeiramente necessária. Contudo, como seu leitor assíduo se dele recebo sua abordagem sobre diversos problemas que nos afligem quase hodiernamente, me estarrece saber que o governo do Senhor Lula é na essência dos objetivos neoliberal. Ora, para quem veio da massa de trabalhadores, sendo ele um metalúrgico de inteligência superlativa e de uma coerência consistente, é de se estranhar ter ele assimilado o processo do neoliberalismo. Sabem os estudiosos e pesquisadores que a linha de ação dos neoliberais se baseia em pilares ao viés dos anseios da classe trabalhadora mundial como dos sindicatos dos trabalhadores, que existem com o objetivo de pleitear todos os direitos: salários dignos, respeito aos seus direitos e o cumprimento de acordos levados a efeito nas mesas de negociações dos governos.

Sabe-se de uma reunião no ano de 1947 na pequena estação de Mont Pèlerin, na Suíça, tendo como cabeça Friederich Hayek, autor de “O CAMINHO DA SERVIDÃO” escrito em 1944, ainda na vigência da II Grande Guerra Mundial, que terminou com a rendição incondicional da Alemanha de Adolf Hitler aos Aliados. (A reunião de Mont Pèlerin é citada por Perry Anderson, historiador marxista e professor de História e Sociologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles e editor da New Left Review em o “BALANÇO DO NEOLIBERALISMO” – Filosofia e Questões Teóricas, e publicadas pela FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS, criada pelo PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL).
Reuniram-se a Hayek Milton Friedman, Karl Popper, Lionel Robbins, Ludwig Von Mises, Walter Eupken, Walter Lipman, Michael Polanyi, Salvador de Madariaga, entre outros, tendo sido fundada a Sociedade de Mont Pèlerin, uma espécie de franco-maçonaria neoliberal com reuniões a cada dois anos, com o propósito de combater o keynesianismo e o solidarismo reinantes e preparar as bases de um outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o futuro. (Informação da mesma fonte: Fundação Lauro Campos) Consoante os princípios dessas brilhantes mentes neoliberais o Estado não poderia intervir no mercado, regulando-o. Para aquelas mentes, a desigualdade era um valor positivo sendo imprescindível em si, pois disso necessitavam as sociedades ocidentais.
As metas principais se escoravam numa política de “arrasa quarteirão”, ou sejam tais: “política próxima à ortodoxia neoliberal com prioridade para a estabilidade monetária, contenção do orçamento, concessões fiscais aos detentores de capital e o abandono do pleno emprego”. Tanto o governo Tatcher na Inglaterra, como o espanhol de González jamais tratou de realizar uma política keynesiana ou redistributiva. Ao contrário, foram unânime e firmemente monetaristas. Na Espanha o desemprego alcançou rapidamente o recorde europeu de 20% da população ativa.
Por esses dados vemos que o neoliberalismo faz parte da Nova Ordem Mundial abraçando o capitalismo, e que a reunião levada a efeito em Mont Pèlerin realmente propôs, de um modo muito singular, e por que não dizer cruel, com tais objetivos, a dizimação de 1/3 da humanidade economicamente ativa abaixo da Linha do Equador.
Esse é o escopo principal do neoliberalismo, seja ele de uma Tatcher, um González, de um Reagan e incluindo, entre outros mais, o apagado governo de Fernando Henrique Cardoso.
Não irei me tornar prolixo nessa matéria tão densa e tão complicada porque ela abrange uma enormidade de países e de governantes que se “associaram” ao destruidor neoliberalismo que tem sido a favor da concentração de renda nas mãos de uns poucos; nos aumentos dos lucros (tome-se os dos bancos aqui no Brasil), na massiva supressão dos empregos e dos sindicatos e, possivelmente, em mais uma “reforma trabalhista, previdenciária e social”, que será o mesmo que declarar que a “raia miúda” não terá vez em anos futuros e estarão sujeitas aos ditames insensíveis dos “novos” neoliberais, como Lula. Já estamos “cheios” de acrônimos como INCRA, ONGs, OCDE, PAC, mas vazios de resultados convincentes de que o atual governo, por traição às tradições do PT, se entregou de corpo e alma ao famigerado neoliberalismo que o acrônimo PAC procura esconder. Obrigamo-nos a não permitir seja a nossa Constituição rasgada aceitando um terceiro mandato ao governante atual. Basta de “paternalismo” fajuto, de Medidas Provisórias que entravam a pauta de votações do Congresso que deseja votar as PLs., os Requerimentos dos parlamentares, e as “Emendas”, todas verdadeiramente de interesse das classes mais atingidas por uma política de “terra arrasada”.

02/04/08 Morani