sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Ano passado antes de Marina Silva romper com o Partido dos Trabalhadores e aceitar encarar a aventura de se candidatar à presidência da República pelo Partido Verde, escrevi-lhe uma carta aberta pedindo que repensasse no assunto e se dispusesse a pleitear tal candidatura pelo PT. Meu temor, e esse temor estava explicito naquela carta, era de que ao desembarcar no PV Marina se tornasse a inocente útil das pretensões conservadoras. Afinal tal temor se baseava no fato de o PV não passar dum partideco de aluguel sem qualquer substância ideológica ou organicidade política a não ser a de tirar proveito (próprio) do poder. Como exemplo, à época, argumentei que o PV faz parte tanto da base do governo federal quanto das bases de Serra e Aécio, assim como também fez parte da administração de Cesar Maia no Rio de Janeiro.
Hoje, passados quase sete meses daquela missiva, percebo que o inocente foi eu. Marina não se deixou engabelar pelo PV, ela sabia exatamente para onde estava indo e a inflexão sofrida por seu discurso recente escancara essa opção.
Há poucos dias a senadora culpou o PT por não dialogar com o PSDB nem enquanto oposição e nem depois enquanto governo. Na visão (estrábica) da senadora acreana apenas o PT se mostrou intransigente em ambas as oportunidades, assim o PSDB deve ser isentado, uma vez que sempre se mostrou aberto ao diálogo. Talvez a ex-ministra do Meio Ambiente pense que o PSDB queria o melhor para o Brasil quando urdia o golpe branco para derrubar o presidente Lula durante a crise do “mensalão”. Ou então enquanto os tucanos estavam à frente do governo federal tinham razão em sucatear de forma desenfreada o estado brasileiro e acentuar nossa histórica desigualdade social. Interessante esse ponto de vista.
Não bastassem declarações dessa estirpe, Marina agora também faz coro com a direita tupiniquim condenando Hugo Chávez e Irã, além de querer dar aulas de democracia para Cuba. Quiçá Marina pregue o “criacionismo” para o povo cubano.
Em entrevista para a radio CBN (das Organizações Globo) Marina soltou algumas pérolas que mostram seu modelito neoliberal:
“Não podemos ficar reféns dessa combinação que é um pouco preocupante, da democracia representativa com a democracia direta. No caso da América Latina, a Venezuela tem uma ênfase plebiscitária que pode colocar em risco a alternância de poder, a subtração de liberdade.”
Sobre Cuba:
“A revolução contribui com alguns aspectos? Contribuiu e muito. Agora, é o fim da história? Não é. Existe um desafio ali? Existe. Qual é o desafio? É de que Cuba precisa se abrir para o mundo, precisa se transformar numa a democracia. Cuba não tem que ter medo da democracia porque até os amigos de Cuba já começam a ser constrangidos pela falta de liberdade de expressão.”
Durante a semana Marina também havia gravado participação para o programa É Notícia, comandado pelo jornalista Kennedy Alencar na Rede TV. E lá foi Marina, sem pudor, jactar mais algumas pérolas do tipo:
“Para a ministra Dilma, parece que as questões ambientais não são prioridade”.
Talvez seja até triste fazer uma constatação dessas, mas Marina agora está no partido certo, um partido feito à sua medida.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 17:57
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
PROTESTO!
28/fevereiro/2010
Sobre um PPS patriótico. - "Estou velho"
"Estou velho" - Eu também, e cansado de ver as injustiças cometidas contra os idosos neste país de poucos jovens; de ser esquecido pelas autoridades sanitárias; de ser relegado a um nível bem abaixo aos cães de rua; de não ver os nosso direitos obedecidos integralmente; de saber dos desvios de verbas astronômicas em mãos de patifes como os nosso políticos, que roubam sorrindo; de tomar conhecimento, sentindo à pele, que nada somos e não mais temos capacidade para enfrentar novas missões no mercado de trabalho; de que não somos mais nada e sermos obrigados a viver com o que a Previdência acha que nos basta.
O que é sentimento patriótico? É aplaudir as palavras vomitadas por nossos presidentes? É ter que abaixar a cabeça diante de Leis desleais e capciosas? É não ter o direito de gritar em plena praça pública do nosso desconforto e da nossa agonia, correndo o risco de ir parar no fundo de um xilindró?
Se eu disser que sou um patriota, me prendam, me isolem dos demais, me fuzilem para calarem a minha boca que grita: Não! Não sou patriota e não tenho pátria, porque a pátria, que pensei minha, me vira constantemente as costas, me ignora, não me dá chances de debater as verdades, me põe para escanteio, me prendem se eu me revoltar dentro de um banco ou de uma repartição publica! Pátria é aquele lugar onde cabem todos, e com os mesmos direitos; onde o aceitam como você é. Você não envelheceu porque quiz; não ficou doente unicamente por prazer.
Se encontrarem um grupo de elementos ditos cidadãos brasileiros e patriotas, e estando eu em meio a eles tirem-me de lá, pois terá sido mera coincidência, um acidente de percurso a que não pude evitar. Envergonho-me de dizer que o Brasil é uma Pátria quando aqui o estado de direito é uma comédia para que muitos se riam; uma peça cômica cheia de humor negro. Tudo é muito belo, para inglês ver; eu diria mais: para gringos verem, justamente esses gringos que nos expoliam de nossas riquezas, que chegam, aplicam seus dólares e se vão no dia seguinte com três malas cheias contra apenas uma, que trouxeram.
Sou apátrida! Sou um perdido em meio a muitos outros que se aceditam "encontrados". Nada que diga respeito à Pátria me traz emoções, alegrias ou esperanças. Aqui tudo isso morreu. Estamos em um campo santo imensurável. Isto é um campo de extermínio silencioso, lento, pérfido, mas perfeito em sua conclusão. Tenho receio que me cobrem o ar que respiro e me neguem a Morte que aspiro, porque aqui tudo me negam. É só. Esgotei meu nojo, porque se não o esgoto podem me tomar por patriota, e isso me deixaria envergonhado e abatido para sempre.
Um brasileiro sem identidade - Morani.
Sobre um PPS patriótico. - "Estou velho"
"Estou velho" - Eu também, e cansado de ver as injustiças cometidas contra os idosos neste país de poucos jovens; de ser esquecido pelas autoridades sanitárias; de ser relegado a um nível bem abaixo aos cães de rua; de não ver os nosso direitos obedecidos integralmente; de saber dos desvios de verbas astronômicas em mãos de patifes como os nosso políticos, que roubam sorrindo; de tomar conhecimento, sentindo à pele, que nada somos e não mais temos capacidade para enfrentar novas missões no mercado de trabalho; de que não somos mais nada e sermos obrigados a viver com o que a Previdência acha que nos basta.
O que é sentimento patriótico? É aplaudir as palavras vomitadas por nossos presidentes? É ter que abaixar a cabeça diante de Leis desleais e capciosas? É não ter o direito de gritar em plena praça pública do nosso desconforto e da nossa agonia, correndo o risco de ir parar no fundo de um xilindró?
Se eu disser que sou um patriota, me prendam, me isolem dos demais, me fuzilem para calarem a minha boca que grita: Não! Não sou patriota e não tenho pátria, porque a pátria, que pensei minha, me vira constantemente as costas, me ignora, não me dá chances de debater as verdades, me põe para escanteio, me prendem se eu me revoltar dentro de um banco ou de uma repartição publica! Pátria é aquele lugar onde cabem todos, e com os mesmos direitos; onde o aceitam como você é. Você não envelheceu porque quiz; não ficou doente unicamente por prazer.
Se encontrarem um grupo de elementos ditos cidadãos brasileiros e patriotas, e estando eu em meio a eles tirem-me de lá, pois terá sido mera coincidência, um acidente de percurso a que não pude evitar. Envergonho-me de dizer que o Brasil é uma Pátria quando aqui o estado de direito é uma comédia para que muitos se riam; uma peça cômica cheia de humor negro. Tudo é muito belo, para inglês ver; eu diria mais: para gringos verem, justamente esses gringos que nos expoliam de nossas riquezas, que chegam, aplicam seus dólares e se vão no dia seguinte com três malas cheias contra apenas uma, que trouxeram.
Sou apátrida! Sou um perdido em meio a muitos outros que se aceditam "encontrados". Nada que diga respeito à Pátria me traz emoções, alegrias ou esperanças. Aqui tudo isso morreu. Estamos em um campo santo imensurável. Isto é um campo de extermínio silencioso, lento, pérfido, mas perfeito em sua conclusão. Tenho receio que me cobrem o ar que respiro e me neguem a Morte que aspiro, porque aqui tudo me negam. É só. Esgotei meu nojo, porque se não o esgoto podem me tomar por patriota, e isso me deixaria envergonhado e abatido para sempre.
Um brasileiro sem identidade - Morani.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
EXPLICAÇÕES NECESSÁRIAS AO AMIGO HUDSON
Prezado Hudson:
Recebi seu-mail sobre o seu direito de pedir voto à candidata Dilma Roussef à Presidência da República e sua lídima convição em defender o atual governo. Protesto ainda a minha grande admiração por sua postura e por sua lealdade naquilo que acredita. Defender um governo que se acredita sério e que deu nova face ao país, é direito inelienável àqueles que não vêm o seu lado negativo, pois esse governo os tem, sem dúvida. Democracia, tão apregoada por ele em seus pronunciamentos, é um estado em que todos têm os mesmos direitos. Infelizmente, não vejo isso nesse que aí se instalou e que já vai pelo seu segundo mandato sem mostrar os avanços que poderia ter. Por sua popularidade, ele tem a faca e o queijo à mão, mas se deixou escorregar pelos desvãos da soberba e da prepotência. Depois de afirmar que o Brasil estava bem e sólido, que não havia mais pobreza dentro dos límites da patria brasileira, eis que vem com a seguinte declaração, naquele seu modo chulo : "Precisamos tirar os brasileiros e a nação da merda!" Afinal, onde estávamos? Numa mar de rosas, com marolinhas e tudo, ou num "tsunami" disfarçado? O seu primeiro mandato teve um "staff'" tão mal intencionado que o traiu descaradamente ficando por isso mesmo. Egixia a situação que todos fossem expulsos - como o foi Heloisa Helena e outros, por divergirem às suas ordens de exceção; digo, aqui, que exceção também se vê em regimes ditos "democráticos" - do PT, mas Lula não é mais petista, é "Lulista" como Hitler não era mais a Alemanha, mas o Nazismo! Vimos, através dos anos, e eu mais ainda, diversos governos corruptos e corruptores. Dentre alguns destaco os de Fernando Collor - hoje amigo íntimo de Lula e defensor de suas idéias - e o de Fernando Henrique Cardoso - frágil, elitista e covarde, contudo jamais pensei ver em um ex-operário - teve o voto de toda a minha família na primeira eleição - a fragilidade e proteção aos grandes detentores da maior fatia do bolo econômico. Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. O meu crivo de avaliação ao governo que vige atualmente nesta República Federativa é o de pior que houve até os dias atuais. Ele que não confie nos tapinhas às suas costas dados por Barak Obama nem em sua exclamação: "This is the man!"
Bem meu amigo, mantemos nossas sentinelas em extremos opostos. Eu tenho uma visão de governo e o amigo outra. Você a favor e eu contra. A mim, heróis são os nossos trabalhadores e os idosos deste país, que ainda são obrigados a retornar ao mercado de trabalho pelas razões sobejamente conhecidas a todos; aqueles, os da ativa, são os que impulsionam com os suores de seus rostos e o extremo esgotamento de seus músculos as riquezas da Nação, não os que pegam em armas para combater regimes de exceção. Por acaso os guerrilheiros da época da exceção não agiram dentro dos mesmos padrões? Estarei enganado, meu amigo? Sendo, por acaso, parcial? Não aplaudo regimes de exceção e se enganam os que assim pensam de mim, mas creio, sempre, na diplomacia e na bandeira branca da trégua, que não houve nos dois lados litigantes. Ódios se somam a outros ódios e, num crescendo, acabam por atingir inocentes. Nem todos os alemães concordavam com os pensamentos de seu Fuehrer e, no entanto, ele levou aquela Nação germânica à hecatombe! Esboroou-se os 1000 anos de prevalência da raça ariana. Isto exposto, deixo-o à vontade à solução de continuidade na remessa de seus excelentes comentários. Também sou fiel às minhas convicções, e não me permito abrir mão a futuras críticas, cada vez mais duras, ao governo atual. Você tem todo o meu respeito e consideração, como disse antes. Não passa por minha cabeça envolver o amigo, nem me envolver, aos constrangimentos que soem suceder nesses casos.
Morani
Recebi seu-mail sobre o seu direito de pedir voto à candidata Dilma Roussef à Presidência da República e sua lídima convição em defender o atual governo. Protesto ainda a minha grande admiração por sua postura e por sua lealdade naquilo que acredita. Defender um governo que se acredita sério e que deu nova face ao país, é direito inelienável àqueles que não vêm o seu lado negativo, pois esse governo os tem, sem dúvida. Democracia, tão apregoada por ele em seus pronunciamentos, é um estado em que todos têm os mesmos direitos. Infelizmente, não vejo isso nesse que aí se instalou e que já vai pelo seu segundo mandato sem mostrar os avanços que poderia ter. Por sua popularidade, ele tem a faca e o queijo à mão, mas se deixou escorregar pelos desvãos da soberba e da prepotência. Depois de afirmar que o Brasil estava bem e sólido, que não havia mais pobreza dentro dos límites da patria brasileira, eis que vem com a seguinte declaração, naquele seu modo chulo : "Precisamos tirar os brasileiros e a nação da merda!" Afinal, onde estávamos? Numa mar de rosas, com marolinhas e tudo, ou num "tsunami" disfarçado? O seu primeiro mandato teve um "staff'" tão mal intencionado que o traiu descaradamente ficando por isso mesmo. Egixia a situação que todos fossem expulsos - como o foi Heloisa Helena e outros, por divergirem às suas ordens de exceção; digo, aqui, que exceção também se vê em regimes ditos "democráticos" - do PT, mas Lula não é mais petista, é "Lulista" como Hitler não era mais a Alemanha, mas o Nazismo! Vimos, através dos anos, e eu mais ainda, diversos governos corruptos e corruptores. Dentre alguns destaco os de Fernando Collor - hoje amigo íntimo de Lula e defensor de suas idéias - e o de Fernando Henrique Cardoso - frágil, elitista e covarde, contudo jamais pensei ver em um ex-operário - teve o voto de toda a minha família na primeira eleição - a fragilidade e proteção aos grandes detentores da maior fatia do bolo econômico. Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. O meu crivo de avaliação ao governo que vige atualmente nesta República Federativa é o de pior que houve até os dias atuais. Ele que não confie nos tapinhas às suas costas dados por Barak Obama nem em sua exclamação: "This is the man!"
Bem meu amigo, mantemos nossas sentinelas em extremos opostos. Eu tenho uma visão de governo e o amigo outra. Você a favor e eu contra. A mim, heróis são os nossos trabalhadores e os idosos deste país, que ainda são obrigados a retornar ao mercado de trabalho pelas razões sobejamente conhecidas a todos; aqueles, os da ativa, são os que impulsionam com os suores de seus rostos e o extremo esgotamento de seus músculos as riquezas da Nação, não os que pegam em armas para combater regimes de exceção. Por acaso os guerrilheiros da época da exceção não agiram dentro dos mesmos padrões? Estarei enganado, meu amigo? Sendo, por acaso, parcial? Não aplaudo regimes de exceção e se enganam os que assim pensam de mim, mas creio, sempre, na diplomacia e na bandeira branca da trégua, que não houve nos dois lados litigantes. Ódios se somam a outros ódios e, num crescendo, acabam por atingir inocentes. Nem todos os alemães concordavam com os pensamentos de seu Fuehrer e, no entanto, ele levou aquela Nação germânica à hecatombe! Esboroou-se os 1000 anos de prevalência da raça ariana. Isto exposto, deixo-o à vontade à solução de continuidade na remessa de seus excelentes comentários. Também sou fiel às minhas convicções, e não me permito abrir mão a futuras críticas, cada vez mais duras, ao governo atual. Você tem todo o meu respeito e consideração, como disse antes. Não passa por minha cabeça envolver o amigo, nem me envolver, aos constrangimentos que soem suceder nesses casos.
Morani
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DO HAITI
Memórias Póstumas do Haiti
* Por Tiago Barbosa Mafra
Os dias se passam, os sobreviventes não mais são encontrados, a decomposição dos corpos ainda é grande problema sanitário, o país continua arrasado, mas o impacto visual e emocional das notícias quentes e dos salvamentos gloriosos das tropas de paz da ONU já passou. Tanto que, as menções ao Haiti pós terremoto são vagas e ocupam pequeninos espaços nos noticiário diários, quando sobra uma brecha na programação.
Estranho pensar que as desgraças parecem tão imediatas quanto as notícias, mas apenas parecem.
A história de construção das condições de miséria do Haiti são relegadas ao esquecimento. Não se fala também do controle total, que de modo velado já existia, mas que agora, com uma mãozinha da mãe natureza, se institucionaliza através dos programas de ajuda e reconstrução do país abalado pelos terremotos dos últimos meses. Ajuda que trará uma conta muito grande para as futuras gerações de haitianos, disfarçada de acordos econômicos e de “cooperação” entre países.
Um dos momentos de preparo dessas condições de miséria, pode ser visto em um pequeno texto do jornalistas uruguaio Eduardo Galeano, de 1999, que aponta a maneira que o livre comércio lida com as diferenças de desenvolvimento dos países.
Não esqueçamos que nada surge do vazio. O processo histórico não permite ocultar os verdadeiros vilões. Terremotos não podem ser controlados. Dignidade humana ao alcance de todos, pelo contrário, é muito bem controlada pelas estruturas capitalistas e serve como moeda de troca nas relações de poder no tabuleiro geopolítico mundial.
A liberdade de Comércio
As notícias de rotina não têm divulgação. Em março deste ano, sessenta haitianos rumaram para a costa dos Estados Unidos num desengonçado barquinho, com a ilusão de ser recebidos como se fossem balseiros cubanos. Os sessenta morreram afogados.
Estes fugitivos da miséria tinham sido, todos eles, plantadores de arroz.
Muita gente vivia disso, no Haiti, até que o Fundo Monetário Internacional contribuiu para o desenvolvimento desse palpérrimo país, o país mais pobre do hemisfério ocidental, proibindo os subsídios à produção nacional de arroz.
E o Haiti passou de país produtor a país importador, os agricultores de arroz haitiano se transformaram em mendigos ou balseiros e o Haiti passou a ser, acredite-se ou não, um dos quatro mais importantes mercados do arroz norte-americano no mundo. O Fundo Monetário Internacional, ao que se saiba, jamais proibiu os enormes subsídios à produção de arroz nos Estado Unidos.
1999
GALEANO, Eduardo. O teatro do bem e do mal. trad. Sérgio Faraco.- 2a. edição- Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008: 114.
Isso apenas mostra como as manobras do capital continuam a expoliar os pobres, sem se importar com as pessoas que morrem todos os dias, por falta de oportunidade, por falta de alimentos, por falta de estrutura de vida, por falta de esperança, por falta…
Como escreveu certa vez o filósofo Jean Jacques Rousseau, nas relações entre o forte e o fraco, a liberdade oprime.
Não esqueçamos das tragédias e dos Haitis espalhados pelo mundo e pelo Brasil. É o que quer a máquina de degradar homens. É o que não podemos aceitar.
* Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na Rede Municipal de Ensino e no curso pré-vestibular comunitário Educafro.
tiago.fidel@yahoo.com.br
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas
* Por Tiago Barbosa Mafra
Os dias se passam, os sobreviventes não mais são encontrados, a decomposição dos corpos ainda é grande problema sanitário, o país continua arrasado, mas o impacto visual e emocional das notícias quentes e dos salvamentos gloriosos das tropas de paz da ONU já passou. Tanto que, as menções ao Haiti pós terremoto são vagas e ocupam pequeninos espaços nos noticiário diários, quando sobra uma brecha na programação.
Estranho pensar que as desgraças parecem tão imediatas quanto as notícias, mas apenas parecem.
A história de construção das condições de miséria do Haiti são relegadas ao esquecimento. Não se fala também do controle total, que de modo velado já existia, mas que agora, com uma mãozinha da mãe natureza, se institucionaliza através dos programas de ajuda e reconstrução do país abalado pelos terremotos dos últimos meses. Ajuda que trará uma conta muito grande para as futuras gerações de haitianos, disfarçada de acordos econômicos e de “cooperação” entre países.
Um dos momentos de preparo dessas condições de miséria, pode ser visto em um pequeno texto do jornalistas uruguaio Eduardo Galeano, de 1999, que aponta a maneira que o livre comércio lida com as diferenças de desenvolvimento dos países.
Não esqueçamos que nada surge do vazio. O processo histórico não permite ocultar os verdadeiros vilões. Terremotos não podem ser controlados. Dignidade humana ao alcance de todos, pelo contrário, é muito bem controlada pelas estruturas capitalistas e serve como moeda de troca nas relações de poder no tabuleiro geopolítico mundial.
A liberdade de Comércio
As notícias de rotina não têm divulgação. Em março deste ano, sessenta haitianos rumaram para a costa dos Estados Unidos num desengonçado barquinho, com a ilusão de ser recebidos como se fossem balseiros cubanos. Os sessenta morreram afogados.
Estes fugitivos da miséria tinham sido, todos eles, plantadores de arroz.
Muita gente vivia disso, no Haiti, até que o Fundo Monetário Internacional contribuiu para o desenvolvimento desse palpérrimo país, o país mais pobre do hemisfério ocidental, proibindo os subsídios à produção nacional de arroz.
E o Haiti passou de país produtor a país importador, os agricultores de arroz haitiano se transformaram em mendigos ou balseiros e o Haiti passou a ser, acredite-se ou não, um dos quatro mais importantes mercados do arroz norte-americano no mundo. O Fundo Monetário Internacional, ao que se saiba, jamais proibiu os enormes subsídios à produção de arroz nos Estado Unidos.
1999
GALEANO, Eduardo. O teatro do bem e do mal. trad. Sérgio Faraco.- 2a. edição- Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008: 114.
Isso apenas mostra como as manobras do capital continuam a expoliar os pobres, sem se importar com as pessoas que morrem todos os dias, por falta de oportunidade, por falta de alimentos, por falta de estrutura de vida, por falta de esperança, por falta…
Como escreveu certa vez o filósofo Jean Jacques Rousseau, nas relações entre o forte e o fraco, a liberdade oprime.
Não esqueçamos das tragédias e dos Haitis espalhados pelo mundo e pelo Brasil. É o que quer a máquina de degradar homens. É o que não podemos aceitar.
* Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na Rede Municipal de Ensino e no curso pré-vestibular comunitário Educafro.
tiago.fidel@yahoo.com.br
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
DOBRADINHA ARRUDA/YEDA
Blog do Morani disse...
Meu Deus! Mas nem por brincadeira. Tanto Arruda como Dilma nem em pesadelo! Nem Serra. Desejo, sim, como brasileiro genuíno, uma mulher para exercer o mandato de Presidente da República pelos próximos quatro anos, a partir de 2011, todavia jamais desejando que os brasileiros entreguem o timão do país a uma do sexo feminil que não tenha passado pelo teste eleitoral, pela experiência dolorosa de um cargo eletivo [bom o candidato(dificil)não terá porque se preocupar às críticas; mau,há de passar pelo "fio da navalha" de seus adversários], cadinho onde se formam as grandes personalidades que estarão prontas aos costumeiros embates do dia a dia de nossa política tão malbaratada nesses nossos tempos de corrupções hodiernas.
12 de fevereiro de 2010
Meu Deus! Mas nem por brincadeira. Tanto Arruda como Dilma nem em pesadelo! Nem Serra. Desejo, sim, como brasileiro genuíno, uma mulher para exercer o mandato de Presidente da República pelos próximos quatro anos, a partir de 2011, todavia jamais desejando que os brasileiros entreguem o timão do país a uma do sexo feminil que não tenha passado pelo teste eleitoral, pela experiência dolorosa de um cargo eletivo [bom o candidato(dificil)não terá porque se preocupar às críticas; mau,há de passar pelo "fio da navalha" de seus adversários], cadinho onde se formam as grandes personalidades que estarão prontas aos costumeiros embates do dia a dia de nossa política tão malbaratada nesses nossos tempos de corrupções hodiernas.
12 de fevereiro de 2010
DOBRADINHA ARRUDA/YEDA
Meu Deus! Mas nem por brincadeira. Tanto Arruda como Dilma nem em pesadelo! Desejo, sim, como brasileiro genuíno, uma mulher para exercer o mandato de Presidente da República pelos próximos quatro anos, a partir de 2011, todavia jamais desejando que os brasileiros entreguem o timão do país a uma do sexo feminil que não tenha passado pelo teste eleitoral, pela experiência dolorosa de um cargo eletivo [bom o candidato(dificil)não terá porque se preocupar às críticas; mau,há de passar pelo "fio da navalha" de seus adversários], cadinho onde se formam as grandes personalidades que estarão prontas aos costumeiros embates do dia a dia de nossa política tão malbaratada nesses nossos tempos de corrupções hodiernas.
12 de fevereiro de 2010
12 de fevereiro de 2010
DOBRADINHA ARRUDA/YEDA
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Dobradinha Arruda/Yeda é alternativa para sacrossanta aliança PSDB/DEMO/PPS
Já que José Serra parece titubear ao encontrar dificuldades cada vez maiores para emplacar sua candidatura rumo ao Planalto e muitos tucanos começam a jogar a toalha – ainda agora quando o jogo nem começou a ser jogado pra valer –, sugiro uma chapa alternativa para se contrapor a Ministra Dilma Rousseff e a alta popularidade do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva...
Uma dobradinha levando os nomes de José Roberto Arruda para presidente da República e Yeda Crusius para vice, ou vice-versa, tanto faz, vai dar a mesma coisa escatológica.
Assim no Natal Arruda nos garantiria muitos panetones e meias cheias de dinheiro!!!
Quanto àquelas multas de trânsito, Yeda poderia nos ensinar o seu “jeitinho” dentro do DETRAN!!!
Não tenho dúvida alguma que essa chapa angariaria facilmente o apoio de várias organizações, dentre elas o PCC e o Comando Vermelho.
PS. Caso Serra ainda seja o presidenciável da sacrossanta aliança PSDB/DEMO/PPS e logre êxito em sua empreitada, então sugiro o nome de Arruda – ex-favorito de Serra para ser seu vice na chapa presidencial – para o Ministério da Justiça, afinal ninguém entende mais do assunto que o governador do DF.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas
Dobradinha Arruda/Yeda é alternativa para sacrossanta aliança PSDB/DEMO/PPS
Já que José Serra parece titubear ao encontrar dificuldades cada vez maiores para emplacar sua candidatura rumo ao Planalto e muitos tucanos começam a jogar a toalha – ainda agora quando o jogo nem começou a ser jogado pra valer –, sugiro uma chapa alternativa para se contrapor a Ministra Dilma Rousseff e a alta popularidade do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva...
Uma dobradinha levando os nomes de José Roberto Arruda para presidente da República e Yeda Crusius para vice, ou vice-versa, tanto faz, vai dar a mesma coisa escatológica.
Assim no Natal Arruda nos garantiria muitos panetones e meias cheias de dinheiro!!!
Quanto àquelas multas de trânsito, Yeda poderia nos ensinar o seu “jeitinho” dentro do DETRAN!!!
Não tenho dúvida alguma que essa chapa angariaria facilmente o apoio de várias organizações, dentre elas o PCC e o Comando Vermelho.
PS. Caso Serra ainda seja o presidenciável da sacrossanta aliança PSDB/DEMO/PPS e logre êxito em sua empreitada, então sugiro o nome de Arruda – ex-favorito de Serra para ser seu vice na chapa presidencial – para o Ministério da Justiça, afinal ninguém entende mais do assunto que o governador do DF.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas
MARK WEISBROT & A FILOSOFIA ESTRELADA
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Weisbrot: Porque os Estados Unidos querem derrotar o PT nas eleições de outubro
O texto que segue é dum primor só. Agradeço ao Luiz Carlos Azenha através do Vi o Mundo e a internet por nos dar a oportunidade de ler um artigo desses, coisa que eu dificilmente tomaria conhecimento em outros tempos. Sob o título original de “The US game in Latin America”, o quase bicentenário diário britânico The Guardian traz uma excelente análise sobre como os EEUU pretendem manter seu imperialismo América Latina a fora e o papel que os ianques podem desempenhar nas próximas eleições brasileiras. É bom lembrar que essa é uma análise dum economista estadunidense – Mark Weisbrot. Portanto, não é nem petista e nem foi cooptado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.
O jogo dos Estados Unidos na América Latina
Inteferência dos Estados Unidos no Haiti e em Honduras são apenas os exemplos mais recentes das manipulações de longo prazo na América Latina
Por Mark Weisbrot*, no jornal britânico Guardian, via Vi o Mundo
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/weisbrot-porque-os-estados-unidos-querem-derrotar-o-pt-nas-eleicoes-de-outubro/
Quando eu escrevo sobre a política externa dos Estados Unidos em lugares como o Haiti ou Honduras, geralmente recebo respostas de pessoas que acham difícil acreditar que os Estados Unidos se preocupam suficientemente com esses países para tentar controlar ou derrubar seus governos. Estes são países pequenos, pobres, com poucos mercados ou recursos. Por que os formuladores de política de Washington deveriam se preocupar com quem os governa?
Infelizmente, eles se preocupam. Eles se preocuparam suficientemente com o Haiti para derrubar o presidente eleito Jean-Bertrand Aristide não apenas uma vez, mas duas. Da primeira vez, em 1991, foi feito de forma encoberta. Só descobrimos depois que as pessoas que lideraram o golpe foram pagas pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos. E então o Emmanuel Constant, o líder do mais notório esquadrão da morte -- que matou milhares de apoiadores de Aristide depois do golpe -- disse à rede CBS que ele, também, foi financiado pela CIA.
Em 2004, o envolvimento dos Estados Unidos no golpe foi muito mais aberto. Washington liderou um boicote de quase toda ajuda econômica internacional ao Haiti por quatro anos, tornando o colapso do governo inevitável. Como o New York Times informou, enquanto o Departamento de Estado dos Estados Unidos dizia a Aristide que ele deveria fazer um acordo com a oposição política (financiada por milhões de dólares de dinheiro do contribuinte americano), o Instituto Republicano Internacional [Nota do Viomundo: braço de política externa do Partido Republicano] dizia à oposição que não deveria fazer acordo.
Em Honduras no último verão e outono, o governo dos Estados Unidos fez tudo o que pôde para evitar que o resto do hemisfério fizesse uma política eficaz de oposição ao golpe em Honduras. Por exemplo, bloqueou uma decisão da Organização dos Estados Americanos de que não reconheceria as eleições que fossem realizadas sob a ditadura. Ao mesmo tempo, o governo Obama se dizia publicamente contrária ao golpe.
Isso foi apenas parcialmente bem sucedido, do ponto-de-vista das relações públicas. A maioria do público dos Estados Unidos acha que o governo Obama foi contra o golpe em Honduras, embora em novembro do ano passado foram publicadas várias reportagens e editoriais críticos dizendo que Obama tinha cedido à pressão dos republicanos e não tinha feito o suficiente. Mas isso era uma leitura equivocada do que aconteceu: a pressão republicana de apoio ao golpe hondurenho mudou a estratégia de relações públicas do governo Obama, não sua estratégia política. Quem acompanhou os eventos de perto desde o início pode ver que a estratégia política era bloquear e adiar quaisquer tentativas de restaurar o presidente eleito [Manuel Zelaya], enquanto se pretendia que o retorno à democracia era o verdadeiro objetivo.
Entre os que entenderam isso estavam os governos da América Latina, inclusive os peso-pesados como o Brasil. Isso é importante porque demonstra que o Departamento de Estado estava disposto a pagar um preço político significativo para ajudar a direita em Honduras. Isso convenceu a grande maioria dos governos da América Latina de que [o governo Obama] não era diferente do governo Bush em seus objetivos no hemisfério, o que não é um resultado prazeiroso do ponto-de-vista diplomático.
Por que se preocupar com a forma com que esses países pobres são governados? Como qualquer bom jogador de xadrez sabe, os peões contam. A perda de alguns peões no começo de um jogo pode fazer a diferença entre quem vence e quem perde. Eles olham para esses países como uma questão de poder bruto. De governos que concordam com a maximização do poder dos Estados Unidos no mundo, eles gostam. Daqueles que tem outros objetivos -- não necessariamente antagônicos aos Estados Unidos -- eles não gostam.
Não é surpreendente que os aliados mais próximos do governo Obama no hemisfério são os governos direitistas da Colômbia ou Panamá, embora Obama não seja ele próprio um político de direita. Isso demonstra a continuidade da política de controle. A vitória da direita no Chile, a primeira vez que venceu uma eleição em meio século, foi uma vitória significativa para os Estados Unidos.
Se o Partido dos Trabalhadores de Lula perder a eleição presidencial no Brasil no outono, isso seria outra vitória para o Departamento de Estado. Embora autoridades do Departamento de Estado sob Bush e Obama tenham mantido uma postura amigável em relação ao Brasil, é óbvio que eles se ressentem profundamente das mudanças na política externa brasileira que aliaram o Brasil a outros governos social-democratas do hemisfério e se ressentem da posição independente do Brasil em relação ao Oriente Médio, ao Irã e a outros lugares.
Os Estados Unidos intervieram na política brasileira tão recentemente quanto em 2005, organizando uma conferência para promover mudanças legais que tornariam mais difícil para legisladores mudar de partido. Isso teria fortalecido a oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT) do governo Lula, já que o PT tem disciplina partidária mas muitos políticos da oposição, não. Essa intervenção do governo dos Estados Unidos só foi descoberta no ano passado através de um pedido de informações sob o Freedom of Information Act [Nota do Viomundo: Lei americana que permite obter, na Justiça, informações sigilosas do governo] apresentado em Washington. Há muitas outros intervenções por todo o hemisfério das quais não sabemos. Os Estados Unidos tem estado pesadamente envolvidos na política do Chile desde os anos 60, muito antes de organizar a derrubada da democracia chilena em 1973.
Em outubro de 1970, o presidente Richard Nixon andou gritando no Salão Oval, sobre o presidente social democrata do Chile, Salvador Allende: "Aquele filho da puta!", disse Richard Nixon no dia 15 de outubro. "Aquele filho da puta do Allende -- vamos esmagá-lo". Algumas semanas depois ele explicou:
A maior preocupação no Chile é que [Allende] consolide seu poder e a imagem projetada para o mundo será de seu sucesso... Se deixarmos líderes em potencial da América do Sul pensarem que podem se mover como o Chile, teremos dificuldades.
Este é outro motivo pelo qual peões contam e o pesadelo de Nixon se tornou verdadeiro 25 anos depois, quando um país depois do outro elegeu governos de esquerda independentes que Washington não queria. Os Estados Unidos acabaram "perdendo" a maior parte da região. Mas estão tentando ganhar de volta, um país por vez. Os menores e mais pobres e mais próximos dos Estados Unidos são os que mais correm risco. Honduras e o Haiti terão eleições democráticas um dia, mas apenas quando a influência de Washington sobre a política deles for reduzida.
* Mark Weisbrot é co-diretor do Centro de Pesquisa Política e Econômica de Washington
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas
Weisbrot: Porque os Estados Unidos querem derrotar o PT nas eleições de outubro
O texto que segue é dum primor só. Agradeço ao Luiz Carlos Azenha através do Vi o Mundo e a internet por nos dar a oportunidade de ler um artigo desses, coisa que eu dificilmente tomaria conhecimento em outros tempos. Sob o título original de “The US game in Latin America”, o quase bicentenário diário britânico The Guardian traz uma excelente análise sobre como os EEUU pretendem manter seu imperialismo América Latina a fora e o papel que os ianques podem desempenhar nas próximas eleições brasileiras. É bom lembrar que essa é uma análise dum economista estadunidense – Mark Weisbrot. Portanto, não é nem petista e nem foi cooptado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.
O jogo dos Estados Unidos na América Latina
Inteferência dos Estados Unidos no Haiti e em Honduras são apenas os exemplos mais recentes das manipulações de longo prazo na América Latina
Por Mark Weisbrot*, no jornal britânico Guardian, via Vi o Mundo
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/weisbrot-porque-os-estados-unidos-querem-derrotar-o-pt-nas-eleicoes-de-outubro/
Quando eu escrevo sobre a política externa dos Estados Unidos em lugares como o Haiti ou Honduras, geralmente recebo respostas de pessoas que acham difícil acreditar que os Estados Unidos se preocupam suficientemente com esses países para tentar controlar ou derrubar seus governos. Estes são países pequenos, pobres, com poucos mercados ou recursos. Por que os formuladores de política de Washington deveriam se preocupar com quem os governa?
Infelizmente, eles se preocupam. Eles se preocuparam suficientemente com o Haiti para derrubar o presidente eleito Jean-Bertrand Aristide não apenas uma vez, mas duas. Da primeira vez, em 1991, foi feito de forma encoberta. Só descobrimos depois que as pessoas que lideraram o golpe foram pagas pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos. E então o Emmanuel Constant, o líder do mais notório esquadrão da morte -- que matou milhares de apoiadores de Aristide depois do golpe -- disse à rede CBS que ele, também, foi financiado pela CIA.
Em 2004, o envolvimento dos Estados Unidos no golpe foi muito mais aberto. Washington liderou um boicote de quase toda ajuda econômica internacional ao Haiti por quatro anos, tornando o colapso do governo inevitável. Como o New York Times informou, enquanto o Departamento de Estado dos Estados Unidos dizia a Aristide que ele deveria fazer um acordo com a oposição política (financiada por milhões de dólares de dinheiro do contribuinte americano), o Instituto Republicano Internacional [Nota do Viomundo: braço de política externa do Partido Republicano] dizia à oposição que não deveria fazer acordo.
Em Honduras no último verão e outono, o governo dos Estados Unidos fez tudo o que pôde para evitar que o resto do hemisfério fizesse uma política eficaz de oposição ao golpe em Honduras. Por exemplo, bloqueou uma decisão da Organização dos Estados Americanos de que não reconheceria as eleições que fossem realizadas sob a ditadura. Ao mesmo tempo, o governo Obama se dizia publicamente contrária ao golpe.
Isso foi apenas parcialmente bem sucedido, do ponto-de-vista das relações públicas. A maioria do público dos Estados Unidos acha que o governo Obama foi contra o golpe em Honduras, embora em novembro do ano passado foram publicadas várias reportagens e editoriais críticos dizendo que Obama tinha cedido à pressão dos republicanos e não tinha feito o suficiente. Mas isso era uma leitura equivocada do que aconteceu: a pressão republicana de apoio ao golpe hondurenho mudou a estratégia de relações públicas do governo Obama, não sua estratégia política. Quem acompanhou os eventos de perto desde o início pode ver que a estratégia política era bloquear e adiar quaisquer tentativas de restaurar o presidente eleito [Manuel Zelaya], enquanto se pretendia que o retorno à democracia era o verdadeiro objetivo.
Entre os que entenderam isso estavam os governos da América Latina, inclusive os peso-pesados como o Brasil. Isso é importante porque demonstra que o Departamento de Estado estava disposto a pagar um preço político significativo para ajudar a direita em Honduras. Isso convenceu a grande maioria dos governos da América Latina de que [o governo Obama] não era diferente do governo Bush em seus objetivos no hemisfério, o que não é um resultado prazeiroso do ponto-de-vista diplomático.
Por que se preocupar com a forma com que esses países pobres são governados? Como qualquer bom jogador de xadrez sabe, os peões contam. A perda de alguns peões no começo de um jogo pode fazer a diferença entre quem vence e quem perde. Eles olham para esses países como uma questão de poder bruto. De governos que concordam com a maximização do poder dos Estados Unidos no mundo, eles gostam. Daqueles que tem outros objetivos -- não necessariamente antagônicos aos Estados Unidos -- eles não gostam.
Não é surpreendente que os aliados mais próximos do governo Obama no hemisfério são os governos direitistas da Colômbia ou Panamá, embora Obama não seja ele próprio um político de direita. Isso demonstra a continuidade da política de controle. A vitória da direita no Chile, a primeira vez que venceu uma eleição em meio século, foi uma vitória significativa para os Estados Unidos.
Se o Partido dos Trabalhadores de Lula perder a eleição presidencial no Brasil no outono, isso seria outra vitória para o Departamento de Estado. Embora autoridades do Departamento de Estado sob Bush e Obama tenham mantido uma postura amigável em relação ao Brasil, é óbvio que eles se ressentem profundamente das mudanças na política externa brasileira que aliaram o Brasil a outros governos social-democratas do hemisfério e se ressentem da posição independente do Brasil em relação ao Oriente Médio, ao Irã e a outros lugares.
Os Estados Unidos intervieram na política brasileira tão recentemente quanto em 2005, organizando uma conferência para promover mudanças legais que tornariam mais difícil para legisladores mudar de partido. Isso teria fortalecido a oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT) do governo Lula, já que o PT tem disciplina partidária mas muitos políticos da oposição, não. Essa intervenção do governo dos Estados Unidos só foi descoberta no ano passado através de um pedido de informações sob o Freedom of Information Act [Nota do Viomundo: Lei americana que permite obter, na Justiça, informações sigilosas do governo] apresentado em Washington. Há muitas outros intervenções por todo o hemisfério das quais não sabemos. Os Estados Unidos tem estado pesadamente envolvidos na política do Chile desde os anos 60, muito antes de organizar a derrubada da democracia chilena em 1973.
Em outubro de 1970, o presidente Richard Nixon andou gritando no Salão Oval, sobre o presidente social democrata do Chile, Salvador Allende: "Aquele filho da puta!", disse Richard Nixon no dia 15 de outubro. "Aquele filho da puta do Allende -- vamos esmagá-lo". Algumas semanas depois ele explicou:
A maior preocupação no Chile é que [Allende] consolide seu poder e a imagem projetada para o mundo será de seu sucesso... Se deixarmos líderes em potencial da América do Sul pensarem que podem se mover como o Chile, teremos dificuldades.
Este é outro motivo pelo qual peões contam e o pesadelo de Nixon se tornou verdadeiro 25 anos depois, quando um país depois do outro elegeu governos de esquerda independentes que Washington não queria. Os Estados Unidos acabaram "perdendo" a maior parte da região. Mas estão tentando ganhar de volta, um país por vez. Os menores e mais pobres e mais próximos dos Estados Unidos são os que mais correm risco. Honduras e o Haiti terão eleições democráticas um dia, mas apenas quando a influência de Washington sobre a política deles for reduzida.
* Mark Weisbrot é co-diretor do Centro de Pesquisa Política e Econômica de Washington
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas
EUA - INTERVENCIONISTAS DECLARADOS
Meu caro Hudson:
O seu comentário, abordando as palavras ditas por Weisbrot a respeito da intervenção do Estados Unidos nas próximas eleições aqui dentro do Brasil, para a Presidêndia da República, está coberto de verdades inquestionáveis. Lula deveria pensar três vezes antes de se postar ao papel de "aliado", ou de um "estadista" sul-americano, que recebeu o presidente iraniano - inimigo público dos EUA e de Israel. Ora, o "Este é o cara" passou dos limites aos olhos do Barak Obama. Então Lula não terá conhecimento ao intervencionismo do país da bandeira estrelada, em relação aos chamados países do Cone Sul? Eles sempre tiveram essa vocação e jamais a perderão. Faltou a Lula, mais uma vez, a humildade e o bom senso para saber que em casa de maribondo não se cutuca com vara curta, nem comprida. Os EUA, ainda são, quer queiramos ou não, o maestro dessa banda de cá dos continentes americanos. Acho que Lula está se fiando demais em sua popularidade dentro desse Brasil - eterno vassalo aos governos norte-americanos - dando um passo perigoso em direção ao apoio velado à política do enriquecimento de urânio iraniano.
Tem razão, você, em reafirmar o que disse Weisbrot: eles irão intervir, sim, no processo eleitoral brasileiro e com força coercitiva. Não se brinca com os EUA. Infelizmente,eles ainda são o termômetro que indica esse ou aquele caminho a ser tomado por governos sul-americanos, e mais, ainda, os nossos. Lula já terá esquecido a famigerada "Operação Condor?" Não devia, mas ele está muito preocupado em fazer de Dilma Roussef sua substituta ao cargo mais elevado da política brasileira, e erradamente e, ainda, contra todos os princípios das Leis Eleitorais vigentes em nosso país.
12 de fevereiro de 2010 02:15
O seu comentário, abordando as palavras ditas por Weisbrot a respeito da intervenção do Estados Unidos nas próximas eleições aqui dentro do Brasil, para a Presidêndia da República, está coberto de verdades inquestionáveis. Lula deveria pensar três vezes antes de se postar ao papel de "aliado", ou de um "estadista" sul-americano, que recebeu o presidente iraniano - inimigo público dos EUA e de Israel. Ora, o "Este é o cara" passou dos limites aos olhos do Barak Obama. Então Lula não terá conhecimento ao intervencionismo do país da bandeira estrelada, em relação aos chamados países do Cone Sul? Eles sempre tiveram essa vocação e jamais a perderão. Faltou a Lula, mais uma vez, a humildade e o bom senso para saber que em casa de maribondo não se cutuca com vara curta, nem comprida. Os EUA, ainda são, quer queiramos ou não, o maestro dessa banda de cá dos continentes americanos. Acho que Lula está se fiando demais em sua popularidade dentro desse Brasil - eterno vassalo aos governos norte-americanos - dando um passo perigoso em direção ao apoio velado à política do enriquecimento de urânio iraniano.
Tem razão, você, em reafirmar o que disse Weisbrot: eles irão intervir, sim, no processo eleitoral brasileiro e com força coercitiva. Não se brinca com os EUA. Infelizmente,eles ainda são o termômetro que indica esse ou aquele caminho a ser tomado por governos sul-americanos, e mais, ainda, os nossos. Lula já terá esquecido a famigerada "Operação Condor?" Não devia, mas ele está muito preocupado em fazer de Dilma Roussef sua substituta ao cargo mais elevado da política brasileira, e erradamente e, ainda, contra todos os princípios das Leis Eleitorais vigentes em nosso país.
12 de fevereiro de 2010 02:15
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
ELEIÇÕES 2010 EM MG PARTE II
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Eleições 2010 em MG: Parte II – A disputa pelo Palácio da Liberdade
Aécio Neves diz aos quatro ventos , e acredito que seja sincero nesse quesito, querer eleger seu vice Antônio Anastasia governador de Minas Gerais. Por quê? Porque Aécio é deveras esperto e ardiloso, talvez até mais que seu avô que tinha o apelido de Raposa das Alterosas. Aécio deverá deixar o governo de Minas antes do prazo mínimo exigido pela Justiça Eleitoral para desincompatibilização. Assim, Anastasia seria candidato não a eleição pura, mas sim a reeleição e Aécio não correria o perigo que César Maia correu em 2000 quando disputou o segundo turno para a prefeitura carioca contra sua cria, Luiz Paulo Conde. Na possibilidade de Aécio mais uma vez não conseguir viabilizar o seu nome para a disputa da presidência da República, o mais provável é que queira retornar ao Palácio da Liberdade em 2014.
Porém, antes disso, pretende chegar a Brasília como vice-presidente ou Senador com força o suficiente para se tornar o grande nome nacional do PSDB. Caso seja vice-presidente esse papel, obviamente, será mais difícil, mas dependendo do acordo que firmar com Serra poderá ser candidato a presidente com apoio desse último em 2014. Se chegar como Senador com Serra eleito presidente será o homem forte do eventual bloco governista no Congresso. Em outra hipótese, com Aécio Senador e Dilma Presidente, alguém duvida quem seria o aglutinador da oposição e o nome natural dessa para dali quatro anos? Acredito eu que na impossibilidade de ser candidato a presidência esse ano pela forma como foi tratorado por Serra, o cenário com ele Senador, Anastasia governador de Minas e o PT elegendo Dilma Presidente, é de longe o melhor para o neto de Tancredo.
Todavia a sacrossanta aliança PSDB/DEMO/PPS vem pressionando para que Aécio ceda e aceite o papel de coadjuvante na chapa de José Serra. E é justamente aí que o xadrez político em Minas fica mais complicado. Sendo vice de Serra Aécio não poderá se dedicar tanto quanto gostaria a campanha em Minas. Embora Aécio tenha construído em torno de si um robusto cinturão de alianças com inúmeros partidos fazendo parte do seu governo – inclusive PSB e PDT – e boa parte do PMDB – o que lhe garante também o apoio da grande maioria dos prefeitos no interior do estado – Anastasia, tal qual Dilma, é neófito em eleições. É quase certo que Anastasia estará no segundo turno, mas essa certeza dependerá do esforço desprendido por Aécio.
Atualmente os pretensos adversários de Anastasia são o ministro das Comunicações Hélio Costa e/ou algum candidato indicado pelo Partido dos Trabalhadores.
O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias vêm travando uma disputa fratricida dentro da agremiação petista, mas caso haja algum vencedor o mais provável, por ora, é que seja Pimentel. Pimentel goza de boa avaliação como ex-prefeito da capital mineira e o PT como um todo é bastante forte na região metropolitana.
Já Costa é conhecido como cavalo paraguaio, aquele bom de largada e inversamente ruim de chegada. Costa disputou o governo em duas ocasiões. Em 1990 surgiu com amplo favoritismo. Perdeu no segundo turno para o xará Hélio Garcia por menos de 1% dos votos validos. Em 1994 de novo era o favorito e quase faturou a conta no primeiro turno obtendo 49% dos votos validos. No entanto conseguiu a proeza de ter menos votos no segundo turno e perdeu para Eduardo Azeredo.
Não é difícil imaginar que numa disputa entre Anastasia, o candidato do PT e Costa, falte fôlego ao menino da Globo e os dois primeiros façam a refrega no segundo turno. O próprio Costa parece estar ciente disso e vem acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo.É comum vê-lo chantageando o PT, declarando que se o Partido dos Trabalhadores levar adiante a idéia de ter candidato próprio, ele (Costa) buscará uma aliança com Aécio. Essa aliança poderia ser no sentido de ter Anastasia como vice ou disputar o Senado com o apoio dos tucanos. Na verdade Costa se sente emparedado tanto pela força do grupo de Aécio quanto do PT e não lhe resta muita alternativa a não ser buscar aliança com um desses dois. Pelo andar da carruagem, no que depender do PT nacional e do Presidente Lula o PT mineiro fecha com Costa.
Não obstante na última semana apareceu um novo jogador que pode deixar ainda mais complicado o xadrez político em Minas.
O vice-presidente José Alencar primeiro mostrou disposição em retornar ao Senado. Para tanto teria de se candidatar por seu estado natal, Minas Gerais. Lula decretou que se Alencar quiser retornar ao Senado terá o apoio do PT mineiro. Patrus numa entrevista a um programa da TV Brasil disse que admira e estará sempre ao lado de dois homens, Lula e Alencar. Alencar mal acabara de fechar a boca e já surgira a idéia de lançá-lo ao governo. Penso eu que isso faz parte duma estratégia de Lula que teria dois alvos. O primeiro mandar um recado ao PT e ao PMDB mineiros, “resolvam logo a situação, fechem uma aliança ou então o PT, fechará com Alencar”. Cá entre nós, entre Costa e Alencar o PT de longe prefere ter candidato próprio, se não tiver que seja Alencar.
O outro alvo e outro recado seria para Aécio: “Se você ceder e se tornar vice de Serra, vamos atazanar a sua vida e lançar José Alencar candidato a governador com o apoio do PT”.
José Alencar saiu de uma infância pobre para se tornar um dos homens mais ricos do Brasil. Posteriormente deixou o comando do grupo empresarial que construiu nas mãos dos filhos, passando os últimos anos a se dedicar exclusivamente a vida pública. Desde que foi eleito Senador em 1998 passou a ser sempre lembrado para cargos executivos em Minas e possui um dialogo fácil tanto com setores mais conservadores quanto com a maior parte da esquerda mineira. Figura de respeito, com a vida pública ilibada, também goza de grande popularidade em seu estado. Ademais, recentemente passou por um drama pessoal no qual o país inteiro torceu por ele numa batalha desigual contra o câncer. Prova disso é a forma como foi aplaudido efusivamente durante a abertura dos trabalhos do Congresso Nacional ontem à tarde.
Qualquer figura com uma biografia dessas daria um candidato de peso, ainda mais num estado tão conservador quanto Minas Gerais. Daí o receio de Aécio em ver o nome de Alencar disputando o governo estadual. Se o PT tem rachas internos e pouca capilaridade no interior do estado, e se Hélio Costa é considerado cavalo paraguaio, Alencar é o oponente para Anastasia que Aécio não imaginava.
Mais. No caso de Alencar de fato candidatar-se ao Palácio da Liberdade, Costa poderia não agüentar a pressão, desistir da refrega e buscar a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff, o que deixaria Lula bastante contente.
Por ora o PMDB insiste no nome de Michel Temer, porém o PT não engole muito bem o nome do deputado paulista. Outro nome que vem sendo ventilado é o de Henrique Meireles, atual presidente do Banco Central, mas esse conta com restrições dentro do próprio PMDB. Costa, embora não seja o nome dos sonhos do PT, é mais forte eleitoralmente que as outras duas opções e representaria menos divergência dentro da aliança.
Assim está sendo jogado o xadrez político em Minas e suas conseqüências terão efeito (ou serão a causa?) das articulações que se desenrolam no cenário nacional. Definitivamente, a sucessão presidencial passará por Minas.
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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Eleições 2010 em MG: Parte II – A disputa pelo Palácio da Liberdade
Aécio Neves diz aos quatro ventos , e acredito que seja sincero nesse quesito, querer eleger seu vice Antônio Anastasia governador de Minas Gerais. Por quê? Porque Aécio é deveras esperto e ardiloso, talvez até mais que seu avô que tinha o apelido de Raposa das Alterosas. Aécio deverá deixar o governo de Minas antes do prazo mínimo exigido pela Justiça Eleitoral para desincompatibilização. Assim, Anastasia seria candidato não a eleição pura, mas sim a reeleição e Aécio não correria o perigo que César Maia correu em 2000 quando disputou o segundo turno para a prefeitura carioca contra sua cria, Luiz Paulo Conde. Na possibilidade de Aécio mais uma vez não conseguir viabilizar o seu nome para a disputa da presidência da República, o mais provável é que queira retornar ao Palácio da Liberdade em 2014.
Porém, antes disso, pretende chegar a Brasília como vice-presidente ou Senador com força o suficiente para se tornar o grande nome nacional do PSDB. Caso seja vice-presidente esse papel, obviamente, será mais difícil, mas dependendo do acordo que firmar com Serra poderá ser candidato a presidente com apoio desse último em 2014. Se chegar como Senador com Serra eleito presidente será o homem forte do eventual bloco governista no Congresso. Em outra hipótese, com Aécio Senador e Dilma Presidente, alguém duvida quem seria o aglutinador da oposição e o nome natural dessa para dali quatro anos? Acredito eu que na impossibilidade de ser candidato a presidência esse ano pela forma como foi tratorado por Serra, o cenário com ele Senador, Anastasia governador de Minas e o PT elegendo Dilma Presidente, é de longe o melhor para o neto de Tancredo.
Todavia a sacrossanta aliança PSDB/DEMO/PPS vem pressionando para que Aécio ceda e aceite o papel de coadjuvante na chapa de José Serra. E é justamente aí que o xadrez político em Minas fica mais complicado. Sendo vice de Serra Aécio não poderá se dedicar tanto quanto gostaria a campanha em Minas. Embora Aécio tenha construído em torno de si um robusto cinturão de alianças com inúmeros partidos fazendo parte do seu governo – inclusive PSB e PDT – e boa parte do PMDB – o que lhe garante também o apoio da grande maioria dos prefeitos no interior do estado – Anastasia, tal qual Dilma, é neófito em eleições. É quase certo que Anastasia estará no segundo turno, mas essa certeza dependerá do esforço desprendido por Aécio.
Atualmente os pretensos adversários de Anastasia são o ministro das Comunicações Hélio Costa e/ou algum candidato indicado pelo Partido dos Trabalhadores.
O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias vêm travando uma disputa fratricida dentro da agremiação petista, mas caso haja algum vencedor o mais provável, por ora, é que seja Pimentel. Pimentel goza de boa avaliação como ex-prefeito da capital mineira e o PT como um todo é bastante forte na região metropolitana.
Já Costa é conhecido como cavalo paraguaio, aquele bom de largada e inversamente ruim de chegada. Costa disputou o governo em duas ocasiões. Em 1990 surgiu com amplo favoritismo. Perdeu no segundo turno para o xará Hélio Garcia por menos de 1% dos votos validos. Em 1994 de novo era o favorito e quase faturou a conta no primeiro turno obtendo 49% dos votos validos. No entanto conseguiu a proeza de ter menos votos no segundo turno e perdeu para Eduardo Azeredo.
Não é difícil imaginar que numa disputa entre Anastasia, o candidato do PT e Costa, falte fôlego ao menino da Globo e os dois primeiros façam a refrega no segundo turno. O próprio Costa parece estar ciente disso e vem acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo.É comum vê-lo chantageando o PT, declarando que se o Partido dos Trabalhadores levar adiante a idéia de ter candidato próprio, ele (Costa) buscará uma aliança com Aécio. Essa aliança poderia ser no sentido de ter Anastasia como vice ou disputar o Senado com o apoio dos tucanos. Na verdade Costa se sente emparedado tanto pela força do grupo de Aécio quanto do PT e não lhe resta muita alternativa a não ser buscar aliança com um desses dois. Pelo andar da carruagem, no que depender do PT nacional e do Presidente Lula o PT mineiro fecha com Costa.
Não obstante na última semana apareceu um novo jogador que pode deixar ainda mais complicado o xadrez político em Minas.
O vice-presidente José Alencar primeiro mostrou disposição em retornar ao Senado. Para tanto teria de se candidatar por seu estado natal, Minas Gerais. Lula decretou que se Alencar quiser retornar ao Senado terá o apoio do PT mineiro. Patrus numa entrevista a um programa da TV Brasil disse que admira e estará sempre ao lado de dois homens, Lula e Alencar. Alencar mal acabara de fechar a boca e já surgira a idéia de lançá-lo ao governo. Penso eu que isso faz parte duma estratégia de Lula que teria dois alvos. O primeiro mandar um recado ao PT e ao PMDB mineiros, “resolvam logo a situação, fechem uma aliança ou então o PT, fechará com Alencar”. Cá entre nós, entre Costa e Alencar o PT de longe prefere ter candidato próprio, se não tiver que seja Alencar.
O outro alvo e outro recado seria para Aécio: “Se você ceder e se tornar vice de Serra, vamos atazanar a sua vida e lançar José Alencar candidato a governador com o apoio do PT”.
José Alencar saiu de uma infância pobre para se tornar um dos homens mais ricos do Brasil. Posteriormente deixou o comando do grupo empresarial que construiu nas mãos dos filhos, passando os últimos anos a se dedicar exclusivamente a vida pública. Desde que foi eleito Senador em 1998 passou a ser sempre lembrado para cargos executivos em Minas e possui um dialogo fácil tanto com setores mais conservadores quanto com a maior parte da esquerda mineira. Figura de respeito, com a vida pública ilibada, também goza de grande popularidade em seu estado. Ademais, recentemente passou por um drama pessoal no qual o país inteiro torceu por ele numa batalha desigual contra o câncer. Prova disso é a forma como foi aplaudido efusivamente durante a abertura dos trabalhos do Congresso Nacional ontem à tarde.
Qualquer figura com uma biografia dessas daria um candidato de peso, ainda mais num estado tão conservador quanto Minas Gerais. Daí o receio de Aécio em ver o nome de Alencar disputando o governo estadual. Se o PT tem rachas internos e pouca capilaridade no interior do estado, e se Hélio Costa é considerado cavalo paraguaio, Alencar é o oponente para Anastasia que Aécio não imaginava.
Mais. No caso de Alencar de fato candidatar-se ao Palácio da Liberdade, Costa poderia não agüentar a pressão, desistir da refrega e buscar a vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff, o que deixaria Lula bastante contente.
Por ora o PMDB insiste no nome de Michel Temer, porém o PT não engole muito bem o nome do deputado paulista. Outro nome que vem sendo ventilado é o de Henrique Meireles, atual presidente do Banco Central, mas esse conta com restrições dentro do próprio PMDB. Costa, embora não seja o nome dos sonhos do PT, é mais forte eleitoralmente que as outras duas opções e representaria menos divergência dentro da aliança.
Assim está sendo jogado o xadrez político em Minas e suas conseqüências terão efeito (ou serão a causa?) das articulações que se desenrolam no cenário nacional. Definitivamente, a sucessão presidencial passará por Minas.
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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
ELEIÇÕES 2010 EM MINAS GERAIS - Parte I
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Eleições 2010 em MG – Parte I, a disputa pelo Senado
Dizer que a eleição para presidente da República deste ano passará por Minas Gerais é redundância, chega quase a ser um pleonasmo. Ou para usar uma frase bem popular aqui em Minas, “é chover no molhado”. Só o fato de Minas possuir o segundo maior colégio eleitoral do país, com cerca de 13,2 milhões de eleitores, o que por sua vez corresponde a aproximadamente 10,5% do eleitorado nacional, já é o suficiente para se fazer tal afirmação. No entanto nesse ano de 2010, em particular, Minas Gerais será decisiva para as pretensões tanto do atual grupo político que governa o Brasil quanto para o bloco de oposição conservadora. Por isso a necessidade de ficar atento a todos os lances dum intricado xadrez que precede a homologação das candidaturas ao governo estadual e ao Senado por Minas.
Caso Aécio ceda a pressão do bloco de oposição conservadora e aceite o papel de coadjuvante na chapa protagonizada por José Serra, os tucanos sairão de Minas com uma votação expressiva que somada a votação que supostamente terão – e hoje essa é uma suposição bem fundamentada e bastante verossímil – no estado de São Paulo pode lhes garantir o retorno ao Palácio do Planalto.
Por outro lado, se Aécio não se vergar diante dos demais cardeais tucanos e demos, se preocupando basicamente em empossar alguém de sua extrema confiança na cadeira que hoje é sua e se dedicar a uma vitória certa, tranqüila e sem maiores sobressaltos ao Senado Federal, então o caminho estará aberto, ainda que com algumas dificuldades, para que o presidente Lula, do alto da popularidade que detém em Minas, transfira votos para sua candidata Dilma Rousseff.
Como disse acima, se Aécio mantiver o que vem dizendo até agora e realmente se candidatar ao Senado terá uma vitória certa, tranqüila e sem maiores sobressaltos. Restaria ainda uma segunda vaga. Tilden Santiago que foi candidato ao mesmo cargo pelo PT em 2002 e por pouco não logrou êxito, agora é um neo-aécista, migrou para o PSB e já está em campanha, embora não oficial por enquanto, pelo estado. Tilden parece se fiar num suposto acordo com Aécio. Penso que Tilden confia mais do que deveria no governador mineiro. Ademais, Tilden que dificilmente terá o apoio entusiasmado de Aécio e sem a máquina petista que lhe garantiu milhões de votos há 8 anos atrás não terá condições de repetir o desempenho daquele ano quando disputou voto a voto com Hélio Costa a segunda vaga mineira – a primeira foi ocupada por Eduardo Azeredo. Aliás, Hélio Costa é devedor ao PT mineiro, pois não fosse a aliança branda entre PT e PMDB com os petistas descarregando o segundo voto para Senador em Costa, ele jamais seria eleito e a segunda vaga certamente ficaria com Tilden.
Pelo lado do Partido dos Trabalhadores a coisa anda um tanto complicada. Até o momento o partido possui dois pré-candidatos ao Palácio da Liberdade, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias. Existe ainda uma chance bastante razoável de nenhum deles ser candidato a governador. Estou falando da possibilidade real, e um temor tanto da maioria dos filiados quanto da militância, de o PT nacional intervir em Minas por um acordo com o atual ministro das Organizações Globo, perdão, das Comunicações Hélio Costa, o candidato do PMDB.
Trabalhando com o cenário de Fernando Pimentel ser o candidato, pois é o favorito nas prévias internas --Pimentel tem hoje a maioria no Diretório Estadual e no recentemente reeleito presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, o principal cabo eleitoral ¬--Patrus seria o nome natural ao Senado. Com certeza Patrus largaria bem, tendo o apoio dos mais diversos movimentos sociais, inclusive da parte progressista da Igreja Católica. O ministro do DS também já foi prefeito de BH e permanece na lembrança do eleitorado da capital como excelente governante. Patrus contaria também com a força do PT na região metropolitana. Portanto, um candidato nada desprezível a segunda vaga ao Senado.
Porém, na última semana o vice-presidente José Alencar manifestou a intenção de continuar a carreira de homem público e o desejo de retornar ao Senado. Alencar foi eleito Senador em 1998, deixando o cargo em janeiro de 2003 para assumir a vice-presidência da República. Enquanto Alencar manifestava seu desejo, Lula declarava em alto e bom som, se Alencar de fato quiser retornar ao Senado o PT o apoiará. Alencar, peça nova nesse xadrez, conta com imensa popularidade no estado e além de tudo acaba de sair de um drama pessoal, uma luta árdua contra o câncer. O público em geral se comove com histórias como esta, o que acaba refletindo na hora do voto. Coligando-se com Alencar o PT dificilmente terá outro nome de expressão disputando o Senado.
Igualmente durante a última semana, para a surpresa dos mais desavisados, Itamar Franco se lançou candidato ao Senado pelo liqüidacionista PPS. Aécio Neves é o guia político da vez de Itamar. Antes já foram seus guias o avô de Aécio, Tancredo, seguido por Collor, FHC e Lula.
O nome de Itamar vinha sendo ventilado para ocupar o posto de vice-presidente na chapa de José Serra caso Aécio realmente refute o papel. Com certeza tratava-se de uma piada, pois não acredito que ninguém em sã consciência possa querer nosso Forrest Gump tupiniquim para ser vice de qualquer coisa. Itamar depois de passar a faixa presidencial para seu ex-primeiro-ministro FHC esperando que este lhe retribuísse o gesto dali quatro anos, sentiu-se traído pelo golpe branco da reeleição dado por FHC. No mais FHC pode até ter vendido o Brasil – aqui vender é força de expressão – mas não seria tão irresponsável a ponto de levar a sério as pretensões de nosso Forrest Gump. Por fim, mas pouco conformado de não retornar ao Palácio do Planalto, candidatou e sagrou-se governador de Minas Gerais em 1998 fazendo um governo – governo aqui é outra força de expressão – entre o pífio e o desastroso, o catastrófico e o anedótico.
Pode-se afirmar com certeza que sem o apoio de Aécio, Itamar seria nome mediocre para o Senado. Todavia Aécio além de ótimo marqueteiro, amordaçador de imprensa, inimigo dos movimentos sociais, yuppie- playboy e chegado a obras faraônicas que pouco ou nada representam para o conjunto da sociedade (vide a Cidade Administrativa), também tem se notabilizado pela capacidade de ressuscitar múmias políticas. Em 2006 elegeu Eliseu Rezende, então com 77 anos e há muito num diletante ostracismo que não fazia mal a ninguém, Senador da República. A campanha na TV parecia quadro de programa humorístico. Eliseu sentado sem dizer nada, apenas sorrindo, e Aécio em pé ao seu lado, vendendo-o qual um produto que recomendasse.
Sendo assim Itamar e o PPS – partido que não possui vontade própria e vive a reboque de PSDB e DEMO – não se aventurariam a lançar candidatura ao Senado sem o aval de Aécio, e aí pode estar um recado para José Serra. Levemos a sério as sondagens em torno de Itamar para vice de Serra, tirando Forrest Gump da cena nacional Aécio pode estar sinalizando que ainda há a possibilidade de se ter uma chapa tucana puro sangue.
A única coisa que parece mais ou menos delineada nessa refrega ao Senado por Minas é a vontade de Itamar e Tilden por falta de melhor opção para ambos. Pois o futuro de Aécio pode ser, como escrevi antes, a campanha a vice-presidência ou ao Senado. O candidato do PT depende de se resolver primeiro quem será o candidato a governador do partido e se o partido terá um candidato a governador. Caso o partido coligue com Hélio Costa deverá ter a premissa de indicar o candidato mais forte ao Senado e é bem provável nesse quadro que Patrus seja o escolhido. Pimentel é no momento um dos principais coordenadores da pré-campanha de Dilma e deverá, numa eventual desistência da disputa mineira conjugada a terceira presidência petista, ocupar um cargo de destaque, quiçá até o Ministério da Fazenda.
Já José Alencar pode ter colocado seu nome no jogo apenas a pedido de Lula. O nome de Alencar tem o poder de enturvecer o futuro do PSDB, mais precisamente o de José Serra. Mas isso veremos no próximo artigo.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às
Eleições 2010 em MG – Parte I, a disputa pelo Senado
Dizer que a eleição para presidente da República deste ano passará por Minas Gerais é redundância, chega quase a ser um pleonasmo. Ou para usar uma frase bem popular aqui em Minas, “é chover no molhado”. Só o fato de Minas possuir o segundo maior colégio eleitoral do país, com cerca de 13,2 milhões de eleitores, o que por sua vez corresponde a aproximadamente 10,5% do eleitorado nacional, já é o suficiente para se fazer tal afirmação. No entanto nesse ano de 2010, em particular, Minas Gerais será decisiva para as pretensões tanto do atual grupo político que governa o Brasil quanto para o bloco de oposição conservadora. Por isso a necessidade de ficar atento a todos os lances dum intricado xadrez que precede a homologação das candidaturas ao governo estadual e ao Senado por Minas.
Caso Aécio ceda a pressão do bloco de oposição conservadora e aceite o papel de coadjuvante na chapa protagonizada por José Serra, os tucanos sairão de Minas com uma votação expressiva que somada a votação que supostamente terão – e hoje essa é uma suposição bem fundamentada e bastante verossímil – no estado de São Paulo pode lhes garantir o retorno ao Palácio do Planalto.
Por outro lado, se Aécio não se vergar diante dos demais cardeais tucanos e demos, se preocupando basicamente em empossar alguém de sua extrema confiança na cadeira que hoje é sua e se dedicar a uma vitória certa, tranqüila e sem maiores sobressaltos ao Senado Federal, então o caminho estará aberto, ainda que com algumas dificuldades, para que o presidente Lula, do alto da popularidade que detém em Minas, transfira votos para sua candidata Dilma Rousseff.
Como disse acima, se Aécio mantiver o que vem dizendo até agora e realmente se candidatar ao Senado terá uma vitória certa, tranqüila e sem maiores sobressaltos. Restaria ainda uma segunda vaga. Tilden Santiago que foi candidato ao mesmo cargo pelo PT em 2002 e por pouco não logrou êxito, agora é um neo-aécista, migrou para o PSB e já está em campanha, embora não oficial por enquanto, pelo estado. Tilden parece se fiar num suposto acordo com Aécio. Penso que Tilden confia mais do que deveria no governador mineiro. Ademais, Tilden que dificilmente terá o apoio entusiasmado de Aécio e sem a máquina petista que lhe garantiu milhões de votos há 8 anos atrás não terá condições de repetir o desempenho daquele ano quando disputou voto a voto com Hélio Costa a segunda vaga mineira – a primeira foi ocupada por Eduardo Azeredo. Aliás, Hélio Costa é devedor ao PT mineiro, pois não fosse a aliança branda entre PT e PMDB com os petistas descarregando o segundo voto para Senador em Costa, ele jamais seria eleito e a segunda vaga certamente ficaria com Tilden.
Pelo lado do Partido dos Trabalhadores a coisa anda um tanto complicada. Até o momento o partido possui dois pré-candidatos ao Palácio da Liberdade, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias. Existe ainda uma chance bastante razoável de nenhum deles ser candidato a governador. Estou falando da possibilidade real, e um temor tanto da maioria dos filiados quanto da militância, de o PT nacional intervir em Minas por um acordo com o atual ministro das Organizações Globo, perdão, das Comunicações Hélio Costa, o candidato do PMDB.
Trabalhando com o cenário de Fernando Pimentel ser o candidato, pois é o favorito nas prévias internas --Pimentel tem hoje a maioria no Diretório Estadual e no recentemente reeleito presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, o principal cabo eleitoral ¬--Patrus seria o nome natural ao Senado. Com certeza Patrus largaria bem, tendo o apoio dos mais diversos movimentos sociais, inclusive da parte progressista da Igreja Católica. O ministro do DS também já foi prefeito de BH e permanece na lembrança do eleitorado da capital como excelente governante. Patrus contaria também com a força do PT na região metropolitana. Portanto, um candidato nada desprezível a segunda vaga ao Senado.
Porém, na última semana o vice-presidente José Alencar manifestou a intenção de continuar a carreira de homem público e o desejo de retornar ao Senado. Alencar foi eleito Senador em 1998, deixando o cargo em janeiro de 2003 para assumir a vice-presidência da República. Enquanto Alencar manifestava seu desejo, Lula declarava em alto e bom som, se Alencar de fato quiser retornar ao Senado o PT o apoiará. Alencar, peça nova nesse xadrez, conta com imensa popularidade no estado e além de tudo acaba de sair de um drama pessoal, uma luta árdua contra o câncer. O público em geral se comove com histórias como esta, o que acaba refletindo na hora do voto. Coligando-se com Alencar o PT dificilmente terá outro nome de expressão disputando o Senado.
Igualmente durante a última semana, para a surpresa dos mais desavisados, Itamar Franco se lançou candidato ao Senado pelo liqüidacionista PPS. Aécio Neves é o guia político da vez de Itamar. Antes já foram seus guias o avô de Aécio, Tancredo, seguido por Collor, FHC e Lula.
O nome de Itamar vinha sendo ventilado para ocupar o posto de vice-presidente na chapa de José Serra caso Aécio realmente refute o papel. Com certeza tratava-se de uma piada, pois não acredito que ninguém em sã consciência possa querer nosso Forrest Gump tupiniquim para ser vice de qualquer coisa. Itamar depois de passar a faixa presidencial para seu ex-primeiro-ministro FHC esperando que este lhe retribuísse o gesto dali quatro anos, sentiu-se traído pelo golpe branco da reeleição dado por FHC. No mais FHC pode até ter vendido o Brasil – aqui vender é força de expressão – mas não seria tão irresponsável a ponto de levar a sério as pretensões de nosso Forrest Gump. Por fim, mas pouco conformado de não retornar ao Palácio do Planalto, candidatou e sagrou-se governador de Minas Gerais em 1998 fazendo um governo – governo aqui é outra força de expressão – entre o pífio e o desastroso, o catastrófico e o anedótico.
Pode-se afirmar com certeza que sem o apoio de Aécio, Itamar seria nome mediocre para o Senado. Todavia Aécio além de ótimo marqueteiro, amordaçador de imprensa, inimigo dos movimentos sociais, yuppie- playboy e chegado a obras faraônicas que pouco ou nada representam para o conjunto da sociedade (vide a Cidade Administrativa), também tem se notabilizado pela capacidade de ressuscitar múmias políticas. Em 2006 elegeu Eliseu Rezende, então com 77 anos e há muito num diletante ostracismo que não fazia mal a ninguém, Senador da República. A campanha na TV parecia quadro de programa humorístico. Eliseu sentado sem dizer nada, apenas sorrindo, e Aécio em pé ao seu lado, vendendo-o qual um produto que recomendasse.
Sendo assim Itamar e o PPS – partido que não possui vontade própria e vive a reboque de PSDB e DEMO – não se aventurariam a lançar candidatura ao Senado sem o aval de Aécio, e aí pode estar um recado para José Serra. Levemos a sério as sondagens em torno de Itamar para vice de Serra, tirando Forrest Gump da cena nacional Aécio pode estar sinalizando que ainda há a possibilidade de se ter uma chapa tucana puro sangue.
A única coisa que parece mais ou menos delineada nessa refrega ao Senado por Minas é a vontade de Itamar e Tilden por falta de melhor opção para ambos. Pois o futuro de Aécio pode ser, como escrevi antes, a campanha a vice-presidência ou ao Senado. O candidato do PT depende de se resolver primeiro quem será o candidato a governador do partido e se o partido terá um candidato a governador. Caso o partido coligue com Hélio Costa deverá ter a premissa de indicar o candidato mais forte ao Senado e é bem provável nesse quadro que Patrus seja o escolhido. Pimentel é no momento um dos principais coordenadores da pré-campanha de Dilma e deverá, numa eventual desistência da disputa mineira conjugada a terceira presidência petista, ocupar um cargo de destaque, quiçá até o Ministério da Fazenda.
Já José Alencar pode ter colocado seu nome no jogo apenas a pedido de Lula. O nome de Alencar tem o poder de enturvecer o futuro do PSDB, mais precisamente o de José Serra. Mas isso veremos no próximo artigo.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às
ELEIÇÕES 2010 EM MINAS GERAIS
Blogger Blog do Morani disse...
Hudson: De todo o seu comentário sobre as eleições de 2010 em Minas Gerais, muito me agradou à alusão sobre o "Ministro" das Organizações Globo, que é realmente o papel primordial do senhor Helio Costa para só depois assumir postura de Ministro das Comunicações. Não possuo conhecimento profundo sobre os canditados de Minas ao Senado, mas Patrus Ananias, que já esteve cotado à possível candidatura à Presidência da República, em lugar de Dilma Roussef - que Deus nos livre! - tem toda chance a qualquer cargo eletivo. Influências do Planalto... Se mineiro eu fosse, nem um só deles seria o meu candidato. Sobre Alencar, concordo com tudo o que diz; o brasileiro age apenas com o emocional, nunca com o racional, mas ele não é um candidato ruím. Aécio não nos servirá nem como Senador, justamente por ser contrário aos movimentos sociais, que soem acontecer em um país em que o "social" jamais foi levado a sério, e é sempre o menos lembrado pelos politiqueiros de última hora. O que é ou o que era Aécio antes do surgimento em caráter nacional de Tacredo Neves? Que apito tocava? Surgiu graças ao mal que se abateu sobre o nobre mineiro, seu parente. Uma simbiose se processou durante à sua proximidade ao candidato à Presidência, Tancredo Neves, caso contrário continuaria o "play-boy" das noites belo-horizontinas.
Esse jogo de interesses policos é que tem se tornado o cancro de nossa política: as coligações entre cidadãos antes "azedos" uns aos outros. Tornam-se práticos dos "tapinhas carinhosos e fingidos" às costas, como nos acostumamos a ver e a nos enojar. Lula ensinou o que é "não fazer política", e parece que arregimentou adeptos a granel. Repito o que já disse anteriormente, e já há algum tempo atrás: "enquanto não se mudar a consciência do brasileiro - eleitor ou não - como cidadão simplesmente, não teremos no Brasil um só governante, ou um só político honorável". O cancro se enraizou nesse meio onde pululam ignorantes, boçais, interessados só em seus ganhos e em acumular bens, e o povo que se lixe!
1 de fevereiro de 2010 13:20
Hudson: De todo o seu comentário sobre as eleições de 2010 em Minas Gerais, muito me agradou à alusão sobre o "Ministro" das Organizações Globo, que é realmente o papel primordial do senhor Helio Costa para só depois assumir postura de Ministro das Comunicações. Não possuo conhecimento profundo sobre os canditados de Minas ao Senado, mas Patrus Ananias, que já esteve cotado à possível candidatura à Presidência da República, em lugar de Dilma Roussef - que Deus nos livre! - tem toda chance a qualquer cargo eletivo. Influências do Planalto... Se mineiro eu fosse, nem um só deles seria o meu candidato. Sobre Alencar, concordo com tudo o que diz; o brasileiro age apenas com o emocional, nunca com o racional, mas ele não é um candidato ruím. Aécio não nos servirá nem como Senador, justamente por ser contrário aos movimentos sociais, que soem acontecer em um país em que o "social" jamais foi levado a sério, e é sempre o menos lembrado pelos politiqueiros de última hora. O que é ou o que era Aécio antes do surgimento em caráter nacional de Tacredo Neves? Que apito tocava? Surgiu graças ao mal que se abateu sobre o nobre mineiro, seu parente. Uma simbiose se processou durante à sua proximidade ao candidato à Presidência, Tancredo Neves, caso contrário continuaria o "play-boy" das noites belo-horizontinas.
Esse jogo de interesses policos é que tem se tornado o cancro de nossa política: as coligações entre cidadãos antes "azedos" uns aos outros. Tornam-se práticos dos "tapinhas carinhosos e fingidos" às costas, como nos acostumamos a ver e a nos enojar. Lula ensinou o que é "não fazer política", e parece que arregimentou adeptos a granel. Repito o que já disse anteriormente, e já há algum tempo atrás: "enquanto não se mudar a consciência do brasileiro - eleitor ou não - como cidadão simplesmente, não teremos no Brasil um só governante, ou um só político honorável". O cancro se enraizou nesse meio onde pululam ignorantes, boçais, interessados só em seus ganhos e em acumular bens, e o povo que se lixe!
1 de fevereiro de 2010 13:20
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