SURPREENDIDO A CADA DIA
Postado em 27/10/08
Não consigo entender, por maior boa-vontade que busque em minha compreensão, a razão dessa ferocidade que se descobrem todos os dias na face múltipla de uma juventude desprovida de quaisquer provimentos a um demorado raciocínio sobre seu norte na bússola do bom entendimento com o mundo, e suas causas. Há que ter um motivo muito forte que vá degringolar, de maneira abrupta, seu equilíbrio mental e nervoso face a situações incontroláveis de seu ponto de vista. No campo afetivo, age como se adonando de seu objeto sentimental; torna-se propriedade sua, exclusiva e intransferível, como expressado em termos comerciais; todavia, não pode ser esse o caminho que toma grande parte dos jovens machos; nem entre a animália selvagem há desideratos como os praticados pelo bicho Homem!
Ainda hoje, pela telinha do meu aparelho de TV, vi uma cadelinha arriscar a sua vida para salvar uns gatinhos presos em uma caixa e sem possibilidades de se livrarem de um incêndio que grassava num velho sobrado. É possível se aceitar a afirmativa de que os animais, nossos irmãos menores na escala evolutiva, não tenham "raciocínio" claro e compreensivo às situações periclitantes? A prova contrária se apresentou.
O que falta ao bicho Homem - cujo cérebro tem privilégios diferenciados dos demais seres - que conjuga a Vida lado a lado a essas "existências" menores no mesmo planeta conhecido por Terra? Grande lição nos deu a pequenina e assustada cadelinha.
Não é possível que até mesmo a violência tenha sido globalizada! Em todo rincão do nosso planeta surgem casos de violência coletiva - nos EUA esses fatos são comuns - com supressão de vidas preciosas de inocentes, e todos com requintes de barbárie - perdoem-me os bárbaros, que na antiguidade empaparam o solo terrestre com o sangue de suas vítimas por uma causa política, religiosa ou econômica, pois todos eram mais ou menos bárbaros -. Os mesmos requintes se repetem nas sociedades muçulmanas, aonde a intolerância - principalmente religiosa - chega às raias dos absurdos!
Até quando os homens - a juventude deveria marginalizar-se a esses propósitos sanguinários, abdicando ao ato possessivo - agirão como "feras" feridas e sem nada que denote tenham eles uma alma que julga com discernimento antes de condenar e executar uma sentença arbitrária?
Como éramos pacíficos em nossos tempos de juventude... A mansuetude era a marca registrada nos compêndios da Vida; éramos dóceis e as moças gráceis; éramos compreensivos e as jovens atenciosas; éramos equilibrados e elas judiciosas; não havia, salvo erro ou omissão, casos como os de hoje.
Haverá esperança para a juventude da Era Espacial? Os sonhos, desse grupo que se repete ciclicamente na sociedade humana, não passarão de pesadelos de posse total? Ou serão eles, partícipes desse conjunto de mentes brilhantes, os algozes de um futuro que já se enraizou? A nós, adultos, cabe exemplificar com condutas serenas, com amor, com compreensão e com gestos pacificadores a trilha a que eles devem
escolher. Não estamos mais na Idade Média - o Tempo do obscurantismo -, nem das Guerras Púnicas, nem das guerras napoleônicas ou, sequer, das revoluções francesas, com seus resultados sangrentos, nem dos levantes marxistas em lutas por seus direitos, e, ainda, das Primeiras e Segundas Guerras Mundiais. Assinemos o Tratado de Paz em nossos corações e teremos acertado no coração das violências cotidianas.
13:22:00 de Blog do Morani
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
sábado, 25 de outubro de 2008
CRÕNICA PARA TODOS OS FINS
CRÔNICA PARA TODOS OS FINS
Jornalístico & literário
Passada a grande turbulência do “caso” Eloá – a mártir de Santo André – ponho-me a garimpar, no ancião meio de comunicação em massa fatos já quase esquecidos da memória popular.
Fato truculento como o de Santo André, SP, não é o primeiro nem será o último; a ele já se seguiram, quase simultaneamente, mais quatro crimes de fundo passional, culminando com o último em que não houve seqüestro algum, mas com vítimas próximas ao criminoso-suicida, e de todas as idades: a senhora mãe do tresloucado e patológico executor, sua esposa (que felizmente sobreviveu a um tiro à cabeça), seus três filhos pequenos e, por fim, o agente de tanta violência: o chefe da família.
Mas, no momento, me interessa abordar aqueles crimes perpetrados e perpetuados pelos seus agentes – jovens adolescentes assassinando seus iguais, porque não consigo encaixar o pendor de tantos jovens aos crimes de mortes. Deixaram os jovens de serem jovens, pacíficos, equilibrados e normais como foi em meu tempo de juventude? As únicas violências mais contundentes que nos chegavam através de jornais e rádio eram as notícias da II Grande Guerra; a elas se juntou o famoso Crime da Mala com o esquartejamento da esposa do criminoso em parceria da amante. Despachada pelas barcas Rio - Niterói, o “volume” ia e voltava até que a putrefação dos restos mortais entrasse pelas narinas de todos – agentes e passageiros. Os crimes em série não são inventos atuais. Antes desse crime da mala houve um outro, no século retrasado. Um bastante venerado doutor do judiciário nacional – se não me falha a memória, um desembargador – atraiu a sua casa a sua amante, e com o auxílio de um escravo matou e esquartejou aquela que poderia vir se transformar em pedra de tropeço à sua carreira brilhante. Saiu dali indo direto a uma festa da sociedade local, mas deixando embalada a uma mala os membros dissecados da jovem pelo emérito desembargador. Já houve outro, quase recentemente, em que uma mulher, amante de um médico, foi sedada por ele e dissecada ainda viva; suas partes foram embaladas e jogadas ao ermo! E, mais recente ainda, o caso dos dois irmãos assassinados por asfixia, um, e com uma punhalada, o segundo, sendo, depois, desmembrados ambos e espalhados pela cidade, mas as suas vísceras foram atiradas à latrina e levadas pela descarga. Covardia inominável! Sangue frio imperdoável! Características de monstruosidades do pai e de sua atual esposa! Deus meu, a que ponto chegou à humanidade!
Por princípio, nem irei falar aqui do assassinato de meu próprio irmão Jansen na Ilha do Governador no ano de 1951. Não desejo juntar àquele bárbaro crime tantos outros com maiores repercussões, ao qual a imprensa deu total e avassaladora cobertura, já que esses são os objetivos precípuos da mídia falada, escrita e, agora, televisiva.
Em todos os casos de crimes – principalmente os passionais – a nossa cuidadosa imprensa teve papel fundamental no processo de tornar conhecidos todos os detalhes dos absurdos. Quem esqueceu o assassínio da pantera “socialite” paulistana pelo seu namorado, também socialite, Doca Street?
Todavia, não desejo ir muito além da margem do processo criminoso atual e suas conseqüências na opinião pública, não só nacional, mas internacional, porque a TV é o mais globalizado meio de comunicação da era espacial em que se vive, move, envelhece e morre. Como escapar, pois, dessas pontiagudas notícias que chegam instantâneas aos mais distantes locais do planeta, e de lá vêm? Na mesma hora chegam à Ásia, a Europa, à Oceania, à África, aos Estados Unidos, ao Ártico e à Antártica, e a nós.
Na maioria das vezes, essas notícias extrapolam em detalhes e em tempo; duram enquanto durar o interesse dos ouvintes, leitores e telespectadores, todos ávidos por notícias com cheiro de sangue. Outras vezes, a imprensa tem papel preponderante como auxiliar investigativo. Um caso de atuação compatível ao evento se deu com a prisão, julgamento e execução do senhor Hauptmann, na cadeira elétrica, que seqüestrou um bebê e o matando, acidentalmente, ao descer pela escada que colocou debaixo da janela do quarto do filho de Lindemberg, este um herói estadunidense de fato, bem diferente do “nosso” Lindemberg tupiniquim. Sobre este, já teci comentários em ELOÁ, A MÁRTIR, que o meu amigo Hudson, titular do blog Dissolvendo-no-Ar, achou por bem editar em seu espaço.
Sou pelos cuidados que a imprensa deve ter ao noticiar esses crimes tão banalizados transformando-os em quase “peças novelescas”, que já nos bastam as existentes nas telinhas, além, é claro, de dar aos criminosos papéis de destaque como se heróis fossem. O caso “Nardoni” já foi esquecido? Espero que não o ressuscitem de uma hora para outra, mas que coloquemos um “tampão” para que jamais voltem a “abrilhantar” os noticiários quixotescos de nossa Imprensa.
Morani
Jornalístico & literário
Passada a grande turbulência do “caso” Eloá – a mártir de Santo André – ponho-me a garimpar, no ancião meio de comunicação em massa fatos já quase esquecidos da memória popular.
Fato truculento como o de Santo André, SP, não é o primeiro nem será o último; a ele já se seguiram, quase simultaneamente, mais quatro crimes de fundo passional, culminando com o último em que não houve seqüestro algum, mas com vítimas próximas ao criminoso-suicida, e de todas as idades: a senhora mãe do tresloucado e patológico executor, sua esposa (que felizmente sobreviveu a um tiro à cabeça), seus três filhos pequenos e, por fim, o agente de tanta violência: o chefe da família.
Mas, no momento, me interessa abordar aqueles crimes perpetrados e perpetuados pelos seus agentes – jovens adolescentes assassinando seus iguais, porque não consigo encaixar o pendor de tantos jovens aos crimes de mortes. Deixaram os jovens de serem jovens, pacíficos, equilibrados e normais como foi em meu tempo de juventude? As únicas violências mais contundentes que nos chegavam através de jornais e rádio eram as notícias da II Grande Guerra; a elas se juntou o famoso Crime da Mala com o esquartejamento da esposa do criminoso em parceria da amante. Despachada pelas barcas Rio - Niterói, o “volume” ia e voltava até que a putrefação dos restos mortais entrasse pelas narinas de todos – agentes e passageiros. Os crimes em série não são inventos atuais. Antes desse crime da mala houve um outro, no século retrasado. Um bastante venerado doutor do judiciário nacional – se não me falha a memória, um desembargador – atraiu a sua casa a sua amante, e com o auxílio de um escravo matou e esquartejou aquela que poderia vir se transformar em pedra de tropeço à sua carreira brilhante. Saiu dali indo direto a uma festa da sociedade local, mas deixando embalada a uma mala os membros dissecados da jovem pelo emérito desembargador. Já houve outro, quase recentemente, em que uma mulher, amante de um médico, foi sedada por ele e dissecada ainda viva; suas partes foram embaladas e jogadas ao ermo! E, mais recente ainda, o caso dos dois irmãos assassinados por asfixia, um, e com uma punhalada, o segundo, sendo, depois, desmembrados ambos e espalhados pela cidade, mas as suas vísceras foram atiradas à latrina e levadas pela descarga. Covardia inominável! Sangue frio imperdoável! Características de monstruosidades do pai e de sua atual esposa! Deus meu, a que ponto chegou à humanidade!
Por princípio, nem irei falar aqui do assassinato de meu próprio irmão Jansen na Ilha do Governador no ano de 1951. Não desejo juntar àquele bárbaro crime tantos outros com maiores repercussões, ao qual a imprensa deu total e avassaladora cobertura, já que esses são os objetivos precípuos da mídia falada, escrita e, agora, televisiva.
Em todos os casos de crimes – principalmente os passionais – a nossa cuidadosa imprensa teve papel fundamental no processo de tornar conhecidos todos os detalhes dos absurdos. Quem esqueceu o assassínio da pantera “socialite” paulistana pelo seu namorado, também socialite, Doca Street?
Todavia, não desejo ir muito além da margem do processo criminoso atual e suas conseqüências na opinião pública, não só nacional, mas internacional, porque a TV é o mais globalizado meio de comunicação da era espacial em que se vive, move, envelhece e morre. Como escapar, pois, dessas pontiagudas notícias que chegam instantâneas aos mais distantes locais do planeta, e de lá vêm? Na mesma hora chegam à Ásia, a Europa, à Oceania, à África, aos Estados Unidos, ao Ártico e à Antártica, e a nós.
Na maioria das vezes, essas notícias extrapolam em detalhes e em tempo; duram enquanto durar o interesse dos ouvintes, leitores e telespectadores, todos ávidos por notícias com cheiro de sangue. Outras vezes, a imprensa tem papel preponderante como auxiliar investigativo. Um caso de atuação compatível ao evento se deu com a prisão, julgamento e execução do senhor Hauptmann, na cadeira elétrica, que seqüestrou um bebê e o matando, acidentalmente, ao descer pela escada que colocou debaixo da janela do quarto do filho de Lindemberg, este um herói estadunidense de fato, bem diferente do “nosso” Lindemberg tupiniquim. Sobre este, já teci comentários em ELOÁ, A MÁRTIR, que o meu amigo Hudson, titular do blog Dissolvendo-no-Ar, achou por bem editar em seu espaço.
Sou pelos cuidados que a imprensa deve ter ao noticiar esses crimes tão banalizados transformando-os em quase “peças novelescas”, que já nos bastam as existentes nas telinhas, além, é claro, de dar aos criminosos papéis de destaque como se heróis fossem. O caso “Nardoni” já foi esquecido? Espero que não o ressuscitem de uma hora para outra, mas que coloquemos um “tampão” para que jamais voltem a “abrilhantar” os noticiários quixotescos de nossa Imprensa.
Morani
O PT DE MG
O PT de MG
Enquanto se fala numa possível coligação entre o PSDB de Aécio Neves e o PT de Fernando Pimentel para a disputa da prefeitura de Belo Horizonte, fica patente mais uma vez a postura matreira do Partido dos Trabalhadores de Minas.
A seção estadual do PT não passa de um arquétipo de partido pragmático e que trabalha para o engodo dos movimentos sociais. O PT mineiro não resiste a argumentações sobre os motivos que o levou nos últimos 14 anos a aliar-se com o que há de mais atrasado no cenário político mineiro.
Apoiou Eduardo Azeredo no segundo turno de 1994. Quatro anos depois o partido dividiu-se entre duas “grandes” opções: Azeredo ou Itamar. Sendo que o primeiro fez em Minas o papel que Mario Covas fez em São Paulo, Marcelo Alencar no Rio, Jaime Lerner no Paraná, Antonio Brito no Rio Grande do Sul, Paulo Souto na Bahia e FFHH no plano nacional, qual seja, vender o estado a preço de banana e gerenciar os interesses do capital internacional. Enquanto Itamar encarna a política de manutenção do status-quo buscando dialogar de modo anedótico, fanfarrão e bufão com a população.
Após a eleição de Itamar aceitou sem rodeios num primeiro instante participar de seu governo, para depois assumir uma postura omissa e patética perante aquela pífia administração pública – ao adjetivar a administração Itamar Franco como pífia, gasto minha generosidade.
Antes disso em 1996 já havia embarcado na canoa fisiológica e “desideologizada” de Célio de Castro na capital e apoiado sua reeleição em 2000 já com Fernando Pimentel – então um quadro técnico do partido (é economista por profissão) – como vice na chapa. Pimentel se tornaria prefeito após o afastamento por motivos de saúde de Castro ainda no inicio do segundo mandato.
Mas não para por aí as contradições desse partido em Minas, pois ainda temos a aliança branca com o porta-voz da Rede Globo no estado, Hélio Costa, para o Senado Federal em 2002 e a aliança declarada com o ex-governador Newton Cardoso em 2006 também para a Câmara Alta. Em 2002 o tiro saiu pela culatra, pois naquele ano estavam em jogo duas cadeiras para o senado e o candidato petista, Tilden Santhiago, terminou em terceiro lugar a poucos votos do segundo colocado Hélio Costa. Assim a esperteza do PT em não lançar outro candidato para o Senado ou não apoiar algum outro de esquerda e na última hora pedir votos para Costa, lhe custou caro.
Vale destacar ainda que nas duas eleições de Aécio Neves o partido optou por uma postura no mínimo dúbia, sendo que da última vez nitidamente lançou um candidato para “perder”.
No estado reina um marcatismo perpetrado pelo governador e seus aliados mais próximos e onde está o PT para denunciar isto? Existem algumas figuras de destaque local ou nacional que não concordam com os rumos do partido no estado, no entanto a resignação parece ter tomado conta até mesmo de parte da militância que sempre foi o diferencial da sigla. Há no ar um sentimento de abnegação a todas as lutas que o partido travou durante décadas em troca do gosto pelo poder.
Vivemos em Minas Gerais um momento antagônico onde o Palácio da Liberdade chefiado por um “playboy” e sua irmã, não respeita a liberdade de imprensa – o que vale é a lei da mordaça – quando essa fere seus interesses ou toca em assuntos os quais a população não “precisa” tomar conhecimento. E simplesmente não há contestação política organizada contra as políticas conservadoras vindas desse verdadeiro palácio e nem partido que se proponha a tal. Eis aí o antagonismo, existe um governo conservador, porém não há mobilização contraria, é um governo de consenso, todavia defende exclusivamente os interesses da burguesia.
Mas mesmo com a imprensa amordaçada por força ou por conveniência – e essa á a maioria dos casos – algumas notícias vazam e chegam aos ouvidos da sociedade.
Alguns exemplos são o envolvimento do governador com o “pai de todos os mensalões” ou a utilização de empresas estatais como Cemig e Copasa para bancar campanhas publicitárias enaltecendo as maravilhas do neto de Tancredo. A atuação da Polícia Militar no ataque ao Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais no início de abril, quando a reitoria permitiu a entrada da PM para reprimir a exibição do filme “Grass” e o silêncio do governo em relação a esse atentado a liberdade de expressão e aos direitos individuais. O sucateamento da educação e a efetivação ilegal de professores contratados sem concurso público. Ou ainda o escândalo da compra de ambulâncias em que não cabiam os necessitados por completo – cabiam apenas a cabeça, o tronco e metade das pernas.
Claro também que não me refiro a todo o PT mineiro – mesmo porque seria um desrespeito a alguns companheiros que muito estimo e conheço suas posições –, mas o seu grosso tem se mostrado de uma política execrável por ser matreira e sem princípios. Agora essa insidiosa – até pouco tempo atrás insólita – coligação em BH aprovada por 85% dos delegados do partido exacerba o caráter fisiológico da legenda. O que distingue o Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais dos partidos tipicamente ou convencionalmente chamados de direita?
A seção do PT em meu estado contrasta com outras seções, como a fluminense que sempre foi alvo de intervenção da executiva nacional por se recusar a fazer certas alianças. Ou a gaúcha que ao longo de sua historia mantêm-se coerente com os objetivos de quando o partido foi fundado e coloca-se à frente de políticas sociais inovadoras, além de defensora de uma ideologia esquerdista que em outros estados parece ter se perdido e que paga por muitas vezes não comungar das decisões do partido no âmbito nacional.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 15:03 0 comentários
O candidato perfeito a prefeito do Rio de
Enquanto se fala numa possível coligação entre o PSDB de Aécio Neves e o PT de Fernando Pimentel para a disputa da prefeitura de Belo Horizonte, fica patente mais uma vez a postura matreira do Partido dos Trabalhadores de Minas.
A seção estadual do PT não passa de um arquétipo de partido pragmático e que trabalha para o engodo dos movimentos sociais. O PT mineiro não resiste a argumentações sobre os motivos que o levou nos últimos 14 anos a aliar-se com o que há de mais atrasado no cenário político mineiro.
Apoiou Eduardo Azeredo no segundo turno de 1994. Quatro anos depois o partido dividiu-se entre duas “grandes” opções: Azeredo ou Itamar. Sendo que o primeiro fez em Minas o papel que Mario Covas fez em São Paulo, Marcelo Alencar no Rio, Jaime Lerner no Paraná, Antonio Brito no Rio Grande do Sul, Paulo Souto na Bahia e FFHH no plano nacional, qual seja, vender o estado a preço de banana e gerenciar os interesses do capital internacional. Enquanto Itamar encarna a política de manutenção do status-quo buscando dialogar de modo anedótico, fanfarrão e bufão com a população.
Após a eleição de Itamar aceitou sem rodeios num primeiro instante participar de seu governo, para depois assumir uma postura omissa e patética perante aquela pífia administração pública – ao adjetivar a administração Itamar Franco como pífia, gasto minha generosidade.
Antes disso em 1996 já havia embarcado na canoa fisiológica e “desideologizada” de Célio de Castro na capital e apoiado sua reeleição em 2000 já com Fernando Pimentel – então um quadro técnico do partido (é economista por profissão) – como vice na chapa. Pimentel se tornaria prefeito após o afastamento por motivos de saúde de Castro ainda no inicio do segundo mandato.
Mas não para por aí as contradições desse partido em Minas, pois ainda temos a aliança branca com o porta-voz da Rede Globo no estado, Hélio Costa, para o Senado Federal em 2002 e a aliança declarada com o ex-governador Newton Cardoso em 2006 também para a Câmara Alta. Em 2002 o tiro saiu pela culatra, pois naquele ano estavam em jogo duas cadeiras para o senado e o candidato petista, Tilden Santhiago, terminou em terceiro lugar a poucos votos do segundo colocado Hélio Costa. Assim a esperteza do PT em não lançar outro candidato para o Senado ou não apoiar algum outro de esquerda e na última hora pedir votos para Costa, lhe custou caro.
Vale destacar ainda que nas duas eleições de Aécio Neves o partido optou por uma postura no mínimo dúbia, sendo que da última vez nitidamente lançou um candidato para “perder”.
No estado reina um marcatismo perpetrado pelo governador e seus aliados mais próximos e onde está o PT para denunciar isto? Existem algumas figuras de destaque local ou nacional que não concordam com os rumos do partido no estado, no entanto a resignação parece ter tomado conta até mesmo de parte da militância que sempre foi o diferencial da sigla. Há no ar um sentimento de abnegação a todas as lutas que o partido travou durante décadas em troca do gosto pelo poder.
Vivemos em Minas Gerais um momento antagônico onde o Palácio da Liberdade chefiado por um “playboy” e sua irmã, não respeita a liberdade de imprensa – o que vale é a lei da mordaça – quando essa fere seus interesses ou toca em assuntos os quais a população não “precisa” tomar conhecimento. E simplesmente não há contestação política organizada contra as políticas conservadoras vindas desse verdadeiro palácio e nem partido que se proponha a tal. Eis aí o antagonismo, existe um governo conservador, porém não há mobilização contraria, é um governo de consenso, todavia defende exclusivamente os interesses da burguesia.
Mas mesmo com a imprensa amordaçada por força ou por conveniência – e essa á a maioria dos casos – algumas notícias vazam e chegam aos ouvidos da sociedade.
Alguns exemplos são o envolvimento do governador com o “pai de todos os mensalões” ou a utilização de empresas estatais como Cemig e Copasa para bancar campanhas publicitárias enaltecendo as maravilhas do neto de Tancredo. A atuação da Polícia Militar no ataque ao Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais no início de abril, quando a reitoria permitiu a entrada da PM para reprimir a exibição do filme “Grass” e o silêncio do governo em relação a esse atentado a liberdade de expressão e aos direitos individuais. O sucateamento da educação e a efetivação ilegal de professores contratados sem concurso público. Ou ainda o escândalo da compra de ambulâncias em que não cabiam os necessitados por completo – cabiam apenas a cabeça, o tronco e metade das pernas.
Claro também que não me refiro a todo o PT mineiro – mesmo porque seria um desrespeito a alguns companheiros que muito estimo e conheço suas posições –, mas o seu grosso tem se mostrado de uma política execrável por ser matreira e sem princípios. Agora essa insidiosa – até pouco tempo atrás insólita – coligação em BH aprovada por 85% dos delegados do partido exacerba o caráter fisiológico da legenda. O que distingue o Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais dos partidos tipicamente ou convencionalmente chamados de direita?
A seção do PT em meu estado contrasta com outras seções, como a fluminense que sempre foi alvo de intervenção da executiva nacional por se recusar a fazer certas alianças. Ou a gaúcha que ao longo de sua historia mantêm-se coerente com os objetivos de quando o partido foi fundado e coloca-se à frente de políticas sociais inovadoras, além de defensora de uma ideologia esquerdista que em outros estados parece ter se perdido e que paga por muitas vezes não comungar das decisões do partido no âmbito nacional.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 15:03 0 comentários
O candidato perfeito a prefeito do Rio de
O CANDIDATO PERFEITO A PREFEITO DO RIO DE JANEIRO
O candidato perfeito a prefeito do Rio de Janeiro
A primeira vez que ouvi falar em Fernando Gabeira foi durante a campanha presidencial de 1989. Naquele ano Gabeira e outros 19 candidatos – se não me falha a memória – tentaram chegar ao Palácio do Planalto. No entanto Gabeira além de entrar na disputa por uma legenda obscura para a maior parte do povão, o PV – embora isso não fosse lá grande obstáculo, pois o caçador de marajás era do não menos inexpressivo PRN – não era uma candidatura bem vista pelos setores mais avantajados economicamente e pelos grupos mais conservadores de nossa sociedade. A candidatura também sofreu o desprezo dos grandes meios de comunicação. Talvez mais pelo seu passado e o fato de sempre ter defendido a liberação de drogas – ou pelo menos algumas delas – do que pelo discurso daquele momento. A campanha em si acabou caindo no ostracismo antes mesmo de se abrirem às urnas para a votação.
Gabeira foi um ícone para a geração de 1968 – o século XX não seria o século XX sem o mágico ano de 1968 e a tentativa frustrada de colocar a imaginação no poder. Combateu a ditadura de armas em punho e foi um dos mentores daquilo que se tornaria um dos maiores golpes sofridos pelos militares durante o período que usurparam o poder, o seqüestro do embaixador estadunidense Gordon Lincoln e sua troca por presos políticos. Pagou caro por sua insolência sendo preso, torturado e depois condenado ao exílio. De volta ao Brasil já mostrava não ser o revolucionário de antes quando trocou o luta contra as desigualdades sociais e a exploração dos trabalhadores pela bandeira do ambientalismo que surgia com força no Velho Continente. Debate esse que tira o foco dos verdadeiros problemas a serem enfrentados pela classe revolucionária. Contudo ainda tinha uma visão, em termos de Brasil, bastante avançada e se posicionava no espectro de esquerda da nossa política.
Após o fracasso de 1989 seguiria adiante a carreira de parlamentar se elegendo diversas vezes deputado federal fluminense. Durante a década de 1990 rompeu com o PV – não foi nenhum desses o motivo do rompimento, mas só pra lembrar o PV nesse período trabalhou como adjacente do PSDB de Mário Covas em São Paulo e aceitou a filiação do príncipe da oligarquia maranhense Sarneyzinho – e se transferiu para o PT. Por essa legenda foi novamente eleito deputado em 2002, mas acabou se desligando do partido devido à divergência sobre a política ambiental do governo Lula. Teve lugar de destaque durante o escândalo do mensalão pousando como protetor incansável e implacável da moral e ética na vida publica – moral no seu sentido mais estrito, no condizente aos valores e normas de conduta específica duma determinada sociedade ou cultura, ou seja, da sociedade burguesa, aquela mesma sociedade contra a qual lutou e quase perdeu a vida décadas atrás. E o mais curioso é que ao seu lado nessa batalha estava o finado PFL e os tucanos. Justamente eles que pilharam o estado brasileiro durante os oito anos de FFHH – pra não dizer que fazem parte da turminha que começou a pilhar o Brasil ao desembarcar da caravela de Cabral.
Agora fico sabendo através de certo estardalhaço da grande imprensa nos últimos dias que Gabeira será candidato à prefeitura do Rio de Janeiro numa coligação entre o seu partido – retornou ao PV em 2005 e se reelegeu deputado com a maior votação no estado do RJ –, mais PSDB e PPS. Será essa uma nova frente de “esquerda” como a grande imprensa e o PIG querem que acreditemos? Será essa a “esquerda” do século XXI? Bom se a resposta for afirmativa gostaria de saber no que ela distingue substancialmente daquilo que chamamos de direita. E não me venha ninguém dizer que na alvorada desse novo milênio não existe mais distinção entre os dois pólos ideológico-políticos que nortearam a disputa pelo poder durante os séculos XIX e XX, ou que a esquerda foi sepultada sob os escombros do muro de Berlim. Pois se assim fosse como explicar as desigualdades sociais que se e aprofundam tanto nos países da periferia, quanto nos do centro do capitalismo? Mais, até onde eu saiba a luta de classes continua viva, pois é incompreensível para mim que explorados e exploradores tenham os mesmos objetivos!!! Não gastarei aqui conceitos marxistas, mas a superestrutura conseguiu sim difundir na cabeça dos proletários a mentira que existe um “bem comum", e esse é a luta pela qual proletários e burgueses devem se unir – como salvar a Terra do seu cataclismo ambiental, relegando a um segundo plano a verdade que esse cataclismo foi gerado por séculos de exploração que atingiram o auge justamente no período posterior à Revolução Industrial, ou seja, com a consumação do capitalismo. Já disse nesse mesmo espaço, que vivemos uma ditadura do pensamento único. Pensamento único esse que muitas vezes busca um pilar no filosofo alemão Immanuel Kant e tenta concretizar o conceito de homem cosmopolita. Homem cosmopolita capaz de alcançar uma paz universal.
Gabeira parece não se enrubescer de ter ao seu lado figuras que participaram do governo tucano de Marcelo Alencar – o ex-governador fazia no RJ o papel que FFHH fazia em todo o território nacional, ou seja, era gerenciador e despachante dos grandes interesses do capital internacional através da privataria – e ainda terá os liqüidacionistas do PPS – aqueles comunistas arrependidos que se converteram em admiradores do onipresente e todo-poderoso deus Mercado – a tira-colo.
Essa é uma candidatura que busca unir a Cidade Maravilhosa debaixo do guarda-sol de algum lema de campanha tipo: candidato limpo... cidade limpa. Ou qualquer outra besteira do tipo. Mas a verdade é que o discurso de Gabeira tem hoje um potencial grande. Potencial esse capaz de absorver eleitores de César Maia que (des)governa o Rio desde 1992 sem que pareça continuísmo. Nada melhor para manter o status-quo, o stabilishment, do que um antigo nome identificado com a esquerda, porém hoje convertido à realidade da direita. Que o diga FFHH.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 14:55 0 comentários
A primeira vez que ouvi falar em Fernando Gabeira foi durante a campanha presidencial de 1989. Naquele ano Gabeira e outros 19 candidatos – se não me falha a memória – tentaram chegar ao Palácio do Planalto. No entanto Gabeira além de entrar na disputa por uma legenda obscura para a maior parte do povão, o PV – embora isso não fosse lá grande obstáculo, pois o caçador de marajás era do não menos inexpressivo PRN – não era uma candidatura bem vista pelos setores mais avantajados economicamente e pelos grupos mais conservadores de nossa sociedade. A candidatura também sofreu o desprezo dos grandes meios de comunicação. Talvez mais pelo seu passado e o fato de sempre ter defendido a liberação de drogas – ou pelo menos algumas delas – do que pelo discurso daquele momento. A campanha em si acabou caindo no ostracismo antes mesmo de se abrirem às urnas para a votação.
Gabeira foi um ícone para a geração de 1968 – o século XX não seria o século XX sem o mágico ano de 1968 e a tentativa frustrada de colocar a imaginação no poder. Combateu a ditadura de armas em punho e foi um dos mentores daquilo que se tornaria um dos maiores golpes sofridos pelos militares durante o período que usurparam o poder, o seqüestro do embaixador estadunidense Gordon Lincoln e sua troca por presos políticos. Pagou caro por sua insolência sendo preso, torturado e depois condenado ao exílio. De volta ao Brasil já mostrava não ser o revolucionário de antes quando trocou o luta contra as desigualdades sociais e a exploração dos trabalhadores pela bandeira do ambientalismo que surgia com força no Velho Continente. Debate esse que tira o foco dos verdadeiros problemas a serem enfrentados pela classe revolucionária. Contudo ainda tinha uma visão, em termos de Brasil, bastante avançada e se posicionava no espectro de esquerda da nossa política.
Após o fracasso de 1989 seguiria adiante a carreira de parlamentar se elegendo diversas vezes deputado federal fluminense. Durante a década de 1990 rompeu com o PV – não foi nenhum desses o motivo do rompimento, mas só pra lembrar o PV nesse período trabalhou como adjacente do PSDB de Mário Covas em São Paulo e aceitou a filiação do príncipe da oligarquia maranhense Sarneyzinho – e se transferiu para o PT. Por essa legenda foi novamente eleito deputado em 2002, mas acabou se desligando do partido devido à divergência sobre a política ambiental do governo Lula. Teve lugar de destaque durante o escândalo do mensalão pousando como protetor incansável e implacável da moral e ética na vida publica – moral no seu sentido mais estrito, no condizente aos valores e normas de conduta específica duma determinada sociedade ou cultura, ou seja, da sociedade burguesa, aquela mesma sociedade contra a qual lutou e quase perdeu a vida décadas atrás. E o mais curioso é que ao seu lado nessa batalha estava o finado PFL e os tucanos. Justamente eles que pilharam o estado brasileiro durante os oito anos de FFHH – pra não dizer que fazem parte da turminha que começou a pilhar o Brasil ao desembarcar da caravela de Cabral.
Agora fico sabendo através de certo estardalhaço da grande imprensa nos últimos dias que Gabeira será candidato à prefeitura do Rio de Janeiro numa coligação entre o seu partido – retornou ao PV em 2005 e se reelegeu deputado com a maior votação no estado do RJ –, mais PSDB e PPS. Será essa uma nova frente de “esquerda” como a grande imprensa e o PIG querem que acreditemos? Será essa a “esquerda” do século XXI? Bom se a resposta for afirmativa gostaria de saber no que ela distingue substancialmente daquilo que chamamos de direita. E não me venha ninguém dizer que na alvorada desse novo milênio não existe mais distinção entre os dois pólos ideológico-políticos que nortearam a disputa pelo poder durante os séculos XIX e XX, ou que a esquerda foi sepultada sob os escombros do muro de Berlim. Pois se assim fosse como explicar as desigualdades sociais que se e aprofundam tanto nos países da periferia, quanto nos do centro do capitalismo? Mais, até onde eu saiba a luta de classes continua viva, pois é incompreensível para mim que explorados e exploradores tenham os mesmos objetivos!!! Não gastarei aqui conceitos marxistas, mas a superestrutura conseguiu sim difundir na cabeça dos proletários a mentira que existe um “bem comum", e esse é a luta pela qual proletários e burgueses devem se unir – como salvar a Terra do seu cataclismo ambiental, relegando a um segundo plano a verdade que esse cataclismo foi gerado por séculos de exploração que atingiram o auge justamente no período posterior à Revolução Industrial, ou seja, com a consumação do capitalismo. Já disse nesse mesmo espaço, que vivemos uma ditadura do pensamento único. Pensamento único esse que muitas vezes busca um pilar no filosofo alemão Immanuel Kant e tenta concretizar o conceito de homem cosmopolita. Homem cosmopolita capaz de alcançar uma paz universal.
Gabeira parece não se enrubescer de ter ao seu lado figuras que participaram do governo tucano de Marcelo Alencar – o ex-governador fazia no RJ o papel que FFHH fazia em todo o território nacional, ou seja, era gerenciador e despachante dos grandes interesses do capital internacional através da privataria – e ainda terá os liqüidacionistas do PPS – aqueles comunistas arrependidos que se converteram em admiradores do onipresente e todo-poderoso deus Mercado – a tira-colo.
Essa é uma candidatura que busca unir a Cidade Maravilhosa debaixo do guarda-sol de algum lema de campanha tipo: candidato limpo... cidade limpa. Ou qualquer outra besteira do tipo. Mas a verdade é que o discurso de Gabeira tem hoje um potencial grande. Potencial esse capaz de absorver eleitores de César Maia que (des)governa o Rio desde 1992 sem que pareça continuísmo. Nada melhor para manter o status-quo, o stabilishment, do que um antigo nome identificado com a esquerda, porém hoje convertido à realidade da direita. Que o diga FFHH.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 14:55 0 comentários
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
ELOÁ A MÁRTIR
ELOÁ A MÁRTIR
Friburgo,22/10/08
Quanto mais vivemos mais nos encontramos em meio a encruzilhadas que parecem surgir do nada. Nessas encruzilhadas – que se tornam verdadeiras e famigeradas armadilhas – há uma juventude vivendo desprovida de quaisquer horizontes, sonhos, planejamentos para a construção de uma vida com futuro; vida essa que é o objetivo creio de uma grande maioria, em ser feliz, em estudar e se formar em alguma universidade, se dar bem ao final, ser aprovado em algum concurso público, que são os empregos – admitamos com certos rigores de análise fria – que mais atraem essa juventude que outrora via, na iniciativa privada, o seu trampolim ao sucesso, à independência financeira, ao seu bem-estar e à sua realização como seres humanos, com os alienáveis direitos promovidos pela Constituição do país.
Mas, casado a esses parâmetros, estão intrinsecamente unidos, para lhes dificultar suas existências, os projetos capengas de um governo que abandonou à própria sorte o ensino no país; que viraram as costas aos investimentos no setor privado, de modo que este tão aglutinador de oportunidades nada mais pode oferecer, a não ser o “primeiro emprego”. E essa juventude desvalida que, por não ter a experiência exigida pelo mundo capitalista e, portanto, globalizado, criminosamente globalizado, a meu ver, depõe as suas esperanças com o concurso de um viés totalmente divorciado àqueles acalentados sonhos juvenis.
Vimos um jovem, de 22 anos, servindo como auxiliar de produção em uma fábrica. Nada tendo a amealhar em um emprego com tão poucas seguranças canalizou todos os seus sonhos na direção da jovem Eloá – uma criança de 15 anos apenas. Ela, talvez, pudesse ser a coluna mestre de sua existência pobre, sacrificada por baixo salário e pelo receio de, a qualquer momento de abalo econômico mundial se ver lançado à porta da amargura com provável dispensa.
Como não tivesse muito a dar, materialmente entendido, tentou lhe dar o seu amor. Por três anos apenas esteve unido profundamente a Eloá, por laços, cujos nós só ele desataria; nós que o ligava, por motivos fortes, a uma jovem que, na sua condição igual, vinha acumulando, negativamente, seu relacionamento coroando-o com anel de ferro – a coroa dos pobres – numa união pautada por brigas, rusgas leves, ciúmes – o maior veneno instilado à alma de cada ser humano – que separaram, algumas vezes, o casal.
Que amor foi esse? Que amor trágico, malfadado, alienante foi esse, que desvirtuou caminhos que poderiam levar com doçura, aos corações de duas crianças sonhadoras, os mais nobres sentimentos e os mais elevados almejos aninhados em duas almas jovens?
Todavia, Lindemberg o jovem apaixonado desvirtuou, em determinado instante de caos, numa nevrose incontrolável, todo um perfil que tinha tudo a se encaixar suavemente, e com toda doçura que o verdadeiro amor, que não é egotista, tinha condições de alicerçar. Cego – que dúvida cruel! – por mais ciúmes ou por crescente amor saído das cinzas, qual Phenix cambaleante, arvorou-se aprisionador, juiz e executor de uma sentença que crescia em seu coração rechaçado pelo seu bem querer: a alegre, a doce, a bela Eloá. Desprovido, então, de sua atenção e de seus cuidados, não pôde suportar o alheamento do objeto de seus desejos. Simples desejos: “passar o máximo de tempo ao seu lado, por não poder ficar sem sentir o seu “cheirinho”, distante de seus grandes e vivazes olhos”. Palavras da perdição. Armou, portanto, o palco da tragédia expulsando, como um deus pequeno, a vida àquele corpo cheio de frescor. Dois tiros à queima-roupa fizeram baixar a cortina negra sobre a vida brilhante da jovem Eloá, e da sua também. Agora a sós, lamenta ter dado força ao dedo assassino e ter ouvido mais o “diabinho” ao “anjo”, em briga mortal dentro do cerne de sua alma infeliz. Eloá hoje se acha “encantada”; Lindemberg se faz prisioneiro de um arrependimento tardio e sem solução.
Porém, não foram apenas os projeteis que ceifaram a vida em flor de Eloá; seguiram-nas exacerbado ódio, inescrutável e celerado ciúme. Eis, pois, preparado o fio da guilhotina, a tragédia maior e a irrecuperável existência de ELOÁ A MÁRTIR.
Morani
Friburgo,22/10/08
Quanto mais vivemos mais nos encontramos em meio a encruzilhadas que parecem surgir do nada. Nessas encruzilhadas – que se tornam verdadeiras e famigeradas armadilhas – há uma juventude vivendo desprovida de quaisquer horizontes, sonhos, planejamentos para a construção de uma vida com futuro; vida essa que é o objetivo creio de uma grande maioria, em ser feliz, em estudar e se formar em alguma universidade, se dar bem ao final, ser aprovado em algum concurso público, que são os empregos – admitamos com certos rigores de análise fria – que mais atraem essa juventude que outrora via, na iniciativa privada, o seu trampolim ao sucesso, à independência financeira, ao seu bem-estar e à sua realização como seres humanos, com os alienáveis direitos promovidos pela Constituição do país.
Mas, casado a esses parâmetros, estão intrinsecamente unidos, para lhes dificultar suas existências, os projetos capengas de um governo que abandonou à própria sorte o ensino no país; que viraram as costas aos investimentos no setor privado, de modo que este tão aglutinador de oportunidades nada mais pode oferecer, a não ser o “primeiro emprego”. E essa juventude desvalida que, por não ter a experiência exigida pelo mundo capitalista e, portanto, globalizado, criminosamente globalizado, a meu ver, depõe as suas esperanças com o concurso de um viés totalmente divorciado àqueles acalentados sonhos juvenis.
Vimos um jovem, de 22 anos, servindo como auxiliar de produção em uma fábrica. Nada tendo a amealhar em um emprego com tão poucas seguranças canalizou todos os seus sonhos na direção da jovem Eloá – uma criança de 15 anos apenas. Ela, talvez, pudesse ser a coluna mestre de sua existência pobre, sacrificada por baixo salário e pelo receio de, a qualquer momento de abalo econômico mundial se ver lançado à porta da amargura com provável dispensa.
Como não tivesse muito a dar, materialmente entendido, tentou lhe dar o seu amor. Por três anos apenas esteve unido profundamente a Eloá, por laços, cujos nós só ele desataria; nós que o ligava, por motivos fortes, a uma jovem que, na sua condição igual, vinha acumulando, negativamente, seu relacionamento coroando-o com anel de ferro – a coroa dos pobres – numa união pautada por brigas, rusgas leves, ciúmes – o maior veneno instilado à alma de cada ser humano – que separaram, algumas vezes, o casal.
Que amor foi esse? Que amor trágico, malfadado, alienante foi esse, que desvirtuou caminhos que poderiam levar com doçura, aos corações de duas crianças sonhadoras, os mais nobres sentimentos e os mais elevados almejos aninhados em duas almas jovens?
Todavia, Lindemberg o jovem apaixonado desvirtuou, em determinado instante de caos, numa nevrose incontrolável, todo um perfil que tinha tudo a se encaixar suavemente, e com toda doçura que o verdadeiro amor, que não é egotista, tinha condições de alicerçar. Cego – que dúvida cruel! – por mais ciúmes ou por crescente amor saído das cinzas, qual Phenix cambaleante, arvorou-se aprisionador, juiz e executor de uma sentença que crescia em seu coração rechaçado pelo seu bem querer: a alegre, a doce, a bela Eloá. Desprovido, então, de sua atenção e de seus cuidados, não pôde suportar o alheamento do objeto de seus desejos. Simples desejos: “passar o máximo de tempo ao seu lado, por não poder ficar sem sentir o seu “cheirinho”, distante de seus grandes e vivazes olhos”. Palavras da perdição. Armou, portanto, o palco da tragédia expulsando, como um deus pequeno, a vida àquele corpo cheio de frescor. Dois tiros à queima-roupa fizeram baixar a cortina negra sobre a vida brilhante da jovem Eloá, e da sua também. Agora a sós, lamenta ter dado força ao dedo assassino e ter ouvido mais o “diabinho” ao “anjo”, em briga mortal dentro do cerne de sua alma infeliz. Eloá hoje se acha “encantada”; Lindemberg se faz prisioneiro de um arrependimento tardio e sem solução.
Porém, não foram apenas os projeteis que ceifaram a vida em flor de Eloá; seguiram-nas exacerbado ódio, inescrutável e celerado ciúme. Eis, pois, preparado o fio da guilhotina, a tragédia maior e a irrecuperável existência de ELOÁ A MÁRTIR.
Morani
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
MEU PROFUNDO PESAR
Friburgo, 20/10/08
Passei o dia de ontem, um domingo frio e chuvoso, na pequena e pacata cidade de Bom Jardim, aqui perto. Fomos levar os nossos abraços com muita alegria aos nossos parentes que vivem naquele rincão fluminense. Ao churrasco oferecido por eles juntamos o nosso "feijão tropeiro" - comida mineira - com ingredientes diferenciados.
Brincamos; tocamos violão (eu não, que nada sei de instrumento algum), mas cantei, contamos piadas, o caõzito da casa deu o seu show particular e a paisagem em volta encheu de novo os nossos olhos com sua beleza impar!
O churrasco teve seu inicio às 11h30 no momento em que caiam os primeiros pingos de uma chuva fria que se estenderia até o momento do nosso retorno. Tudo era alegria, risadas, bananas cozidas, carne de porco macia como pudim, gelatina multicolorida com creme de leite. Enfim, uma reunião do arromba pela confraternização e pela alegria de todos.
Porém, no Hospital São Lucas, o meu amigo e médico CLAUDIO CHALOUB - nefrologista de primeiríssima qualidade e ilibada competência - dava seus últimos suspiros em uma rendição inevitável de sua alma a Deus! Morria, assim, não tão solitário (a morte é sempre um fenômeno solitário)com uma coragem e aceitação inigualáveis. Consoante seu pedido, o que dele restou foi velado no saguão daquele Hospital, onde o conheci e tomei contato pela primeira vez com o médico que me arrancaria à morte.
Só nesta segunda-feira soube do seu passamento. Já descansa no seio de nossa terra. Foi sepultado às 10 horas desta manhã. Eu, ignorando sua última tragédia, não pude comparecer às exéquias, mas com ele seguem minhas tristezas, minhas saudades e a minha sempre eterna gratidão. Não estou bom, mas estou aqui entre os "vivos", graças a ele que não teve quem o tirasse dessa armadilha armada por um tumor maligno em sua garganta! Deus o guarde em Seu seio e ao Seu amparo. Adeus amigo, até que nos vejamos.
Morani
Passei o dia de ontem, um domingo frio e chuvoso, na pequena e pacata cidade de Bom Jardim, aqui perto. Fomos levar os nossos abraços com muita alegria aos nossos parentes que vivem naquele rincão fluminense. Ao churrasco oferecido por eles juntamos o nosso "feijão tropeiro" - comida mineira - com ingredientes diferenciados.
Brincamos; tocamos violão (eu não, que nada sei de instrumento algum), mas cantei, contamos piadas, o caõzito da casa deu o seu show particular e a paisagem em volta encheu de novo os nossos olhos com sua beleza impar!
O churrasco teve seu inicio às 11h30 no momento em que caiam os primeiros pingos de uma chuva fria que se estenderia até o momento do nosso retorno. Tudo era alegria, risadas, bananas cozidas, carne de porco macia como pudim, gelatina multicolorida com creme de leite. Enfim, uma reunião do arromba pela confraternização e pela alegria de todos.
Porém, no Hospital São Lucas, o meu amigo e médico CLAUDIO CHALOUB - nefrologista de primeiríssima qualidade e ilibada competência - dava seus últimos suspiros em uma rendição inevitável de sua alma a Deus! Morria, assim, não tão solitário (a morte é sempre um fenômeno solitário)com uma coragem e aceitação inigualáveis. Consoante seu pedido, o que dele restou foi velado no saguão daquele Hospital, onde o conheci e tomei contato pela primeira vez com o médico que me arrancaria à morte.
Só nesta segunda-feira soube do seu passamento. Já descansa no seio de nossa terra. Foi sepultado às 10 horas desta manhã. Eu, ignorando sua última tragédia, não pude comparecer às exéquias, mas com ele seguem minhas tristezas, minhas saudades e a minha sempre eterna gratidão. Não estou bom, mas estou aqui entre os "vivos", graças a ele que não teve quem o tirasse dessa armadilha armada por um tumor maligno em sua garganta! Deus o guarde em Seu seio e ao Seu amparo. Adeus amigo, até que nos vejamos.
Morani
O TUCANATO E A TRAGÉDIA PAULISTA
Domingo, 19 de Outubro de 2008
O tucanato e a tragédia paulista
Os tucanos governam o estado de São Paulo há pelo menos vinte – considerando sua participação nos primeiros anos do governo Orestes Quércia – dos 26 anos em que a população voltou a escolher de forma direta os governadores do estado. O que fizeram nesse quinto de século:
– Sucatearam e venderam as principais empresas estatais (Comgás, Cesp, Eletropaulo, CPFL, FEPASA, etc.);
– As tarifas de serviços públicos sofrem ano a ano aumento muito superior a inflação registrada no período;
– Jogaram as rodovias estaduais nas mãos dum cartel de pedágios e o resultado catastrófico é não conseguirmos andar 50 km, ou menos ainda, sem sermos tungados por um valor qualquer (que pode chegar a incríveis R$12,00 na Imigrantes) num posto de pedágio;
– Gastaram bilhões de dólares para sanear o Banespa e o venderam por um valor inferior ao gasto nesse processo;
– O sistema de transporte público é o verdadeiro caos na capital e em outras grandes cidades paulistas, além disso, os congestionamentos gigantes tornaram-se freqüentes;
– O estado viu sua participação no PIB nacional cair brutalmente;
– Muitas empresas multinacionais levaram sua planta para outras regiões do Brasil sem que o governo estadual tomasse nenhuma atitude no sentido de reverter o processo ou promover políticas públicas que resolvessem a situação e/ou amenizasse a perda de tantos postos de trabalho;
– A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo é a maior do Brasil;
– Os funcionários públicos têm salários irrisórios se comparado a outros estados com menor força econômica;
– A pujança econômica paulista não se reflete no seu IDH mesmo após 14 anos consecutivos de governo nas mãos do mesmo grupo político;
– Criaram uma política educacional na qual alunos chegam ao ensino médio sem saber ler;
– Os professores do da rede estadual têm um salário menor que o piso de outros 10 estados;
– Uma paralisação iniciada por estudantes, professores e funcionários das três universidades estaduais paulistas – USP, Unesp e Unicamp – durou meses e foi resolvida na base da truculência;
– O PCC surgiu e robusteceu-se dentro do sistema prisional estadual para depois literalmente tomar de “assalto” o estado em março de 2006;
– O número de chacinas ocorridas na região da Grande São Paulo durante um ano é comparável as baixas em guerras modernas;
– Policiais civis e militares entraram em guerra – guerra aqui não é força de expressão e nem semântica – nas vizinhanças do Palácio dos Bandeirantes;
– A polícia paulista conseguiu a proeza inédita de devolver ao seqüestrador uma refém que o próprio seqüestrador havia libertado dois dias antes.
Será que a Regina Duarte – lembram-se dela no segundo turno da campanha presidencial em 2002 – não ficou com medo em nenhuma nessas horas?!
A imagem desses catastróficos anos a passarem para a posteridade serão as de Mário Covas sendo esmurrado por professores, o caos perpetrado pelo PCC, o enorme buraco da Alstom (metrô) e a guerra entre policiais civis e militares.
Esses formam o retrato mal-acabado da intransigência, inépcia e irresponsabilidade com as quais os tucanos, na maioria das vezes consorciados com os demos, governam o estado mais rico da federação.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 09:27 0 comentários
O tucanato e a tragédia paulista
Os tucanos governam o estado de São Paulo há pelo menos vinte – considerando sua participação nos primeiros anos do governo Orestes Quércia – dos 26 anos em que a população voltou a escolher de forma direta os governadores do estado. O que fizeram nesse quinto de século:
– Sucatearam e venderam as principais empresas estatais (Comgás, Cesp, Eletropaulo, CPFL, FEPASA, etc.);
– As tarifas de serviços públicos sofrem ano a ano aumento muito superior a inflação registrada no período;
– Jogaram as rodovias estaduais nas mãos dum cartel de pedágios e o resultado catastrófico é não conseguirmos andar 50 km, ou menos ainda, sem sermos tungados por um valor qualquer (que pode chegar a incríveis R$12,00 na Imigrantes) num posto de pedágio;
– Gastaram bilhões de dólares para sanear o Banespa e o venderam por um valor inferior ao gasto nesse processo;
– O sistema de transporte público é o verdadeiro caos na capital e em outras grandes cidades paulistas, além disso, os congestionamentos gigantes tornaram-se freqüentes;
– O estado viu sua participação no PIB nacional cair brutalmente;
– Muitas empresas multinacionais levaram sua planta para outras regiões do Brasil sem que o governo estadual tomasse nenhuma atitude no sentido de reverter o processo ou promover políticas públicas que resolvessem a situação e/ou amenizasse a perda de tantos postos de trabalho;
– A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo é a maior do Brasil;
– Os funcionários públicos têm salários irrisórios se comparado a outros estados com menor força econômica;
– A pujança econômica paulista não se reflete no seu IDH mesmo após 14 anos consecutivos de governo nas mãos do mesmo grupo político;
– Criaram uma política educacional na qual alunos chegam ao ensino médio sem saber ler;
– Os professores do da rede estadual têm um salário menor que o piso de outros 10 estados;
– Uma paralisação iniciada por estudantes, professores e funcionários das três universidades estaduais paulistas – USP, Unesp e Unicamp – durou meses e foi resolvida na base da truculência;
– O PCC surgiu e robusteceu-se dentro do sistema prisional estadual para depois literalmente tomar de “assalto” o estado em março de 2006;
– O número de chacinas ocorridas na região da Grande São Paulo durante um ano é comparável as baixas em guerras modernas;
– Policiais civis e militares entraram em guerra – guerra aqui não é força de expressão e nem semântica – nas vizinhanças do Palácio dos Bandeirantes;
– A polícia paulista conseguiu a proeza inédita de devolver ao seqüestrador uma refém que o próprio seqüestrador havia libertado dois dias antes.
Será que a Regina Duarte – lembram-se dela no segundo turno da campanha presidencial em 2002 – não ficou com medo em nenhuma nessas horas?!
A imagem desses catastróficos anos a passarem para a posteridade serão as de Mário Covas sendo esmurrado por professores, o caos perpetrado pelo PCC, o enorme buraco da Alstom (metrô) e a guerra entre policiais civis e militares.
Esses formam o retrato mal-acabado da intransigência, inépcia e irresponsabilidade com as quais os tucanos, na maioria das vezes consorciados com os demos, governam o estado mais rico da federação.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 09:27 0 comentários
A CARA ANTIDEMOCRATICA DO CAPTALISMO
SEGUNDA-FEIRA, 13 DE OUTUBRO DE 2008
A cara antidemocrática do capitalismo
Por Noam Chomsky no Sin Permiso
O desenvolvimento de uma campanha presidencial norte-americana simultaneamente ao desenlace da crise dos mercados financeiros oferece uma dessas ocasiões em que os sistemas político e econômico revelam vigorosamente sua natureza.
Pode ser que a paixão pela campanha não seja uma coisa universalmente compartilhada, mas quase todo mundo pode perceber a ansiedade desencadeada pela execução hipotecária de um milhão de residências, assim como a preocupação com os riscos que correm os postos de trabalho, as poupanças e os serviços de saúde.
As propostas iniciais de Bush para lidar com a crise fediam a tal ponto a totalitarismo, que não tardaram a ser modificadas. Sob intensa pressão dos lobbies, foram reformuladas “para o claro benefício das maiores instituições do sistema...uma forma de desfazer-se dos ativos sem necessidade de fracassar ou quase”, segundo descreveu James Rickards, que negociou o resgate federal por parte do fundo de cobertura de derivativos financeiros Long Term Capital Management em 1998, lembrando-nos de que estamos caminhando em terreno conhecido.
As origens imediatas do desmoronamento atual estão no colapso da bolha imobiliária supervisionada pelo presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, que foi quem sustentou a coitada da economia dos anos Bush, misturando o gasto de consumo fundado na dívida com a tomada de empréstimos do exterior. Mas as razões são mais profundas. Em parte, fala-se no triunfo da liberalização financeira dos últimos 30 anos, quer dizer, nas políticas consistentes em liberar o máximo possível os mercados da regulação estatal.
Como era previsível, as medidas tomadas a esse respeito incrementaram a frequência e a profundidade dos grandes reveses econômicos, e agora estamos diante da ameaça de que se desencadeie a pior crise desde a Grande Depressão.
Também era previsível que os poucos setores que cresceram com os enormes lucros oriundos da liberalização demandariam uma intervenção maciça do estado, a fim de resgatar as instituições financeiras colapsadas.
Esse tipo de intervencionismo é um traço característico do capitalismo de estado, ainda que na escala atual seja inesperado. Um estudo dos pesquisadores em economia internacional Winfried Ruigrok e Rob van Tulder descobriu, há 15 anos, que pelo menos 20 companhias entre as100 primeiras do ranking da revista Fortune, não teriam sobrevivido se não tivessem sido salvas por seus respectivos governos, e que muitas, entre as 80 restantes, obtiveram ganhos substanciais através das demandas aos governos para que “socializassem suas perdas”, como hoje o é o resgate financiado pelo contribuinte. Tal intervenção pública “foi a regra, mais que a exceção, nos dois últimos séculos”, concluíram.
Numa sociedade democrática efetiva, uma campanha política teria de abordar esses assuntos fundamentais, observar as causas e os remédios para essas causas, e propor os meios através dos quais o povo que sofre as conseqüências pudessem chegar a exercer um controle efetivo.
O mercado financeiro “despreza o risco” e é “sistematicamente ineficiente”, como escreveram há uma década os economistas John Eatwell e Lance Taylor, alertando sobre os gravísimos perigos que a liberalização financeira engendrava, e mostrando os custos em que se já se tinha incorrido.
Ademais, propuseram soluções que, deve-se dizer, foram ignoradas. Um fator de peso é a incapacidade de calcular os custos que recaem entre aqueles que não participam dessas transações. Essas externalidades podem ser enormes. A ignorância do risco sistêmico leva a uma maior aceitação de riscos que se daria numa economia eficiente, e isso adotando inclusive os critérios menos exigentes.
A tarefa das instituições financeiras é arriscar-se e, se são bem gestionadas, assegurar que as potenciais perdas em que elas mesmas podem incorrer serão cobertas. A ênfase há que pôr-se “nelas mesmas”. Segundo as regras do capitalismo de estado, levar em conta os custos que para os outros possam ter – as “externalidades” de uma sobrevivência decente – umas práticas que levem, como espectro, a crises financeiras é algo que não lhes diz respeito.
A liberalização financeira teve efeitos para muito além da economia. Há muito que se compreendeu que era uma arma poderosa contra a democracia. O movimento livre dos capitais cria o que alguns chamaram um “parlamento virtual” de investidores e credores que controlam de perto os programas governamentais e “votam” contra eles, se os consideram “irracionais”, quer dizer, se são em benefício do povo e não do poder privado concentrado.
Os investidores e credores podem “votar” com a fuga de capitais, com ataques às divisas e com outros instrumentos que a liberalização financeira lhes serve de bandeja. Essa é uma das razões pelas quais o sistema de Bretton Woods, estabelecido pelos EUA e pela Grã Bretanha depois da II Guerra Mundial, instituiu controle de capitais e regulou o mercado de divisas (1).
A Grande Depressão e a Guerra puseram em marcha poderosas correntes democráticas radicais que iam desde a resistência antifascita até as organizações da classe trabalhadora. Essas pressões tornaram possível que se tolerassem políticas sociais democráticas. O sistema Bretton Woods foi, em parte, concebido para criar um espaço no qual a ação governamental pudesse responder à vontade pública cidadã, quer dizer, para permitir certa democracia.
John Maynard Keynes, o negociador britânico, considerou o direito dos governos a restringir os movimentos de capitais a mais importante conquista estabelecida em Bretton Woods.
Num contraste espetacular, na fase neoliberal que se seguiu ao desmonte do sistema de Bretton Woods nos anos 70, o Tesouro norte-americano passa a considerar a livre circulalação de capitais um “direito fundamental”. À diferença, nem precisa dizer, dos pretensos “direitos” garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos: direito à saúde, à educação, ao emprego decente, à segurança e outros direitos que as administrações de Reagan e de Bush chamaram com desprezo de “cartas a Papai Noel”, “ridículos” ou meros “mitos”.
Nos primeiros anos, as pessoas não tiveram maiores problemas com o assunto. As razões disso Barry Eichengreen estudou em sua história, impecavelmente acadêmica, do sistema monetário. Nessa obra se explica que, no século XIX, os governos “ainda não estavam politizados pelo sufrágio universal masculino, o sindicalismo e os partidos trabalhistas parlamentares. Por conseguinte, os graves custos impostos pelo parlamento virtual podiam se transferidos para toda a população.
Porém, com a radicalização da população e da opinião pública que se seguiu à Grande Depressão e à guerra antifascista, o poder e a riqueza privados privaram-se desse luxo. Daí que no sistema Bretton Woods “os limites da democracia como fonte de resistência às pressões do mercado foram substituídos por limites à circulação de capitais.”
O corolário óbvio é que no rastro do desmantelamento do sistema do pós-guerra a democracia tenha sido restringida. Fez-se necessário controlar e marginalizar de algum modo a população e a opinião pública, processos particularmente evidentes nas sociedades mais avançadas no mundo dos negócios, como os EUA. A gestão das extravagâncias eleitorais por parte da indústria de relações públicas constitui uma boa ilustração.
“A política é a sombra da grande empresa sobre a sociedade”, concluiu em seus dias o maior filósofo norte-americano do século XX, John Dewey, e assim seguirá sendo, enquanto o poder consista “nos negócios para benefício privado através do controle da banca, do território e da indústria que agora se vê reforçada pelo controle da imprensa, dos jornalistas e sobretudo dos meios de publicidade e propaganda.”
Os EUA tem efetivamente um sistema de um só partido, o partido dos negócios, com duas facções, republicanos e democratas. Há diferenças entre eles. Em seu estudo sobre A Democracia Desigual: a economia política da nova Era da Cobiça, Larry Bartels mostra que durante as últimas seis décadas “a renda real das famílias de classe média cresceu duas vezes mais rápido sob administração democrata que republicana, enquanto a renda real das famílias pobres da classe trabalhadora cresceu seis vezes mais rápido sob os democratas que sob os republicanos”.
Essas diferenças também podem ser vistas nestas eleições. Os eleitores deveriam tê-las em conta, mas sem ter ilusões sobre os partidos políticos, e reconhecendo o padrão regular que, nos últimos séculos, vem revelando que a legislação progressista e de bem-estar social sempre foram conquistas das lutas populares, nunca presentes dos de cima.
Essas lutas seguem ciclos de êxitos e de retrocessos. Hão de ser travadas a cada dia, não só a cada quatro anos, e sempre visando à criação de uma sociedade genuinamente democrática, capaz de resposta em toda parte, nas urnas não menos do que no posto de trabalho.
* Noam Chomsky, professor emérito de linguística no MIT – Massachussets Institute of Technology
(1) O sistema de Bretton Woods de gestão financeira global foi criado por 730 delegados de 44 nações aliadas na II Guerra Mundial, que compareceram a uma Conferência Monetária e Financeira organizada pela ONU no hotel Mont Washington, em Bretton Woods, New Hampshire, em 1944. Bretton Woods, que colapsou em 1971, era o sistema de normas, instituições e procedimentos que regulavam o sistema monetário internacional e sob cujos auspícios se criou o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) – agora uma das cinco instituições que compõem o Grupo do Banco Mundial— e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que passaram a funcionar em 1945.
O traço principal de Bretton Woods era a obrigação de todos os paísses de adotar uma política monetária que mantivesse dentro de valores fixos a taxa de câmbio de sua moeda. O sistema colapsou quando os EUA suspenderam a convertibilidade do padrão ouro do dólar. Isso criou a insólita situação na qual o dólar chegou a converter-se em “moeda de reserva” para os outros países que estavam no Bretton Woods.
Tradução: Katarina Peixoto
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:53 1 comentários
SÁBADO, 11 DE OUTUBRO DE 2008
Eric Hobsbawm
A cara antidemocrática do capitalismo
Por Noam Chomsky no Sin Permiso
O desenvolvimento de uma campanha presidencial norte-americana simultaneamente ao desenlace da crise dos mercados financeiros oferece uma dessas ocasiões em que os sistemas político e econômico revelam vigorosamente sua natureza.
Pode ser que a paixão pela campanha não seja uma coisa universalmente compartilhada, mas quase todo mundo pode perceber a ansiedade desencadeada pela execução hipotecária de um milhão de residências, assim como a preocupação com os riscos que correm os postos de trabalho, as poupanças e os serviços de saúde.
As propostas iniciais de Bush para lidar com a crise fediam a tal ponto a totalitarismo, que não tardaram a ser modificadas. Sob intensa pressão dos lobbies, foram reformuladas “para o claro benefício das maiores instituições do sistema...uma forma de desfazer-se dos ativos sem necessidade de fracassar ou quase”, segundo descreveu James Rickards, que negociou o resgate federal por parte do fundo de cobertura de derivativos financeiros Long Term Capital Management em 1998, lembrando-nos de que estamos caminhando em terreno conhecido.
As origens imediatas do desmoronamento atual estão no colapso da bolha imobiliária supervisionada pelo presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, que foi quem sustentou a coitada da economia dos anos Bush, misturando o gasto de consumo fundado na dívida com a tomada de empréstimos do exterior. Mas as razões são mais profundas. Em parte, fala-se no triunfo da liberalização financeira dos últimos 30 anos, quer dizer, nas políticas consistentes em liberar o máximo possível os mercados da regulação estatal.
Como era previsível, as medidas tomadas a esse respeito incrementaram a frequência e a profundidade dos grandes reveses econômicos, e agora estamos diante da ameaça de que se desencadeie a pior crise desde a Grande Depressão.
Também era previsível que os poucos setores que cresceram com os enormes lucros oriundos da liberalização demandariam uma intervenção maciça do estado, a fim de resgatar as instituições financeiras colapsadas.
Esse tipo de intervencionismo é um traço característico do capitalismo de estado, ainda que na escala atual seja inesperado. Um estudo dos pesquisadores em economia internacional Winfried Ruigrok e Rob van Tulder descobriu, há 15 anos, que pelo menos 20 companhias entre as100 primeiras do ranking da revista Fortune, não teriam sobrevivido se não tivessem sido salvas por seus respectivos governos, e que muitas, entre as 80 restantes, obtiveram ganhos substanciais através das demandas aos governos para que “socializassem suas perdas”, como hoje o é o resgate financiado pelo contribuinte. Tal intervenção pública “foi a regra, mais que a exceção, nos dois últimos séculos”, concluíram.
Numa sociedade democrática efetiva, uma campanha política teria de abordar esses assuntos fundamentais, observar as causas e os remédios para essas causas, e propor os meios através dos quais o povo que sofre as conseqüências pudessem chegar a exercer um controle efetivo.
O mercado financeiro “despreza o risco” e é “sistematicamente ineficiente”, como escreveram há uma década os economistas John Eatwell e Lance Taylor, alertando sobre os gravísimos perigos que a liberalização financeira engendrava, e mostrando os custos em que se já se tinha incorrido.
Ademais, propuseram soluções que, deve-se dizer, foram ignoradas. Um fator de peso é a incapacidade de calcular os custos que recaem entre aqueles que não participam dessas transações. Essas externalidades podem ser enormes. A ignorância do risco sistêmico leva a uma maior aceitação de riscos que se daria numa economia eficiente, e isso adotando inclusive os critérios menos exigentes.
A tarefa das instituições financeiras é arriscar-se e, se são bem gestionadas, assegurar que as potenciais perdas em que elas mesmas podem incorrer serão cobertas. A ênfase há que pôr-se “nelas mesmas”. Segundo as regras do capitalismo de estado, levar em conta os custos que para os outros possam ter – as “externalidades” de uma sobrevivência decente – umas práticas que levem, como espectro, a crises financeiras é algo que não lhes diz respeito.
A liberalização financeira teve efeitos para muito além da economia. Há muito que se compreendeu que era uma arma poderosa contra a democracia. O movimento livre dos capitais cria o que alguns chamaram um “parlamento virtual” de investidores e credores que controlam de perto os programas governamentais e “votam” contra eles, se os consideram “irracionais”, quer dizer, se são em benefício do povo e não do poder privado concentrado.
Os investidores e credores podem “votar” com a fuga de capitais, com ataques às divisas e com outros instrumentos que a liberalização financeira lhes serve de bandeja. Essa é uma das razões pelas quais o sistema de Bretton Woods, estabelecido pelos EUA e pela Grã Bretanha depois da II Guerra Mundial, instituiu controle de capitais e regulou o mercado de divisas (1).
A Grande Depressão e a Guerra puseram em marcha poderosas correntes democráticas radicais que iam desde a resistência antifascita até as organizações da classe trabalhadora. Essas pressões tornaram possível que se tolerassem políticas sociais democráticas. O sistema Bretton Woods foi, em parte, concebido para criar um espaço no qual a ação governamental pudesse responder à vontade pública cidadã, quer dizer, para permitir certa democracia.
John Maynard Keynes, o negociador britânico, considerou o direito dos governos a restringir os movimentos de capitais a mais importante conquista estabelecida em Bretton Woods.
Num contraste espetacular, na fase neoliberal que se seguiu ao desmonte do sistema de Bretton Woods nos anos 70, o Tesouro norte-americano passa a considerar a livre circulalação de capitais um “direito fundamental”. À diferença, nem precisa dizer, dos pretensos “direitos” garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos: direito à saúde, à educação, ao emprego decente, à segurança e outros direitos que as administrações de Reagan e de Bush chamaram com desprezo de “cartas a Papai Noel”, “ridículos” ou meros “mitos”.
Nos primeiros anos, as pessoas não tiveram maiores problemas com o assunto. As razões disso Barry Eichengreen estudou em sua história, impecavelmente acadêmica, do sistema monetário. Nessa obra se explica que, no século XIX, os governos “ainda não estavam politizados pelo sufrágio universal masculino, o sindicalismo e os partidos trabalhistas parlamentares. Por conseguinte, os graves custos impostos pelo parlamento virtual podiam se transferidos para toda a população.
Porém, com a radicalização da população e da opinião pública que se seguiu à Grande Depressão e à guerra antifascista, o poder e a riqueza privados privaram-se desse luxo. Daí que no sistema Bretton Woods “os limites da democracia como fonte de resistência às pressões do mercado foram substituídos por limites à circulação de capitais.”
O corolário óbvio é que no rastro do desmantelamento do sistema do pós-guerra a democracia tenha sido restringida. Fez-se necessário controlar e marginalizar de algum modo a população e a opinião pública, processos particularmente evidentes nas sociedades mais avançadas no mundo dos negócios, como os EUA. A gestão das extravagâncias eleitorais por parte da indústria de relações públicas constitui uma boa ilustração.
“A política é a sombra da grande empresa sobre a sociedade”, concluiu em seus dias o maior filósofo norte-americano do século XX, John Dewey, e assim seguirá sendo, enquanto o poder consista “nos negócios para benefício privado através do controle da banca, do território e da indústria que agora se vê reforçada pelo controle da imprensa, dos jornalistas e sobretudo dos meios de publicidade e propaganda.”
Os EUA tem efetivamente um sistema de um só partido, o partido dos negócios, com duas facções, republicanos e democratas. Há diferenças entre eles. Em seu estudo sobre A Democracia Desigual: a economia política da nova Era da Cobiça, Larry Bartels mostra que durante as últimas seis décadas “a renda real das famílias de classe média cresceu duas vezes mais rápido sob administração democrata que republicana, enquanto a renda real das famílias pobres da classe trabalhadora cresceu seis vezes mais rápido sob os democratas que sob os republicanos”.
Essas diferenças também podem ser vistas nestas eleições. Os eleitores deveriam tê-las em conta, mas sem ter ilusões sobre os partidos políticos, e reconhecendo o padrão regular que, nos últimos séculos, vem revelando que a legislação progressista e de bem-estar social sempre foram conquistas das lutas populares, nunca presentes dos de cima.
Essas lutas seguem ciclos de êxitos e de retrocessos. Hão de ser travadas a cada dia, não só a cada quatro anos, e sempre visando à criação de uma sociedade genuinamente democrática, capaz de resposta em toda parte, nas urnas não menos do que no posto de trabalho.
* Noam Chomsky, professor emérito de linguística no MIT – Massachussets Institute of Technology
(1) O sistema de Bretton Woods de gestão financeira global foi criado por 730 delegados de 44 nações aliadas na II Guerra Mundial, que compareceram a uma Conferência Monetária e Financeira organizada pela ONU no hotel Mont Washington, em Bretton Woods, New Hampshire, em 1944. Bretton Woods, que colapsou em 1971, era o sistema de normas, instituições e procedimentos que regulavam o sistema monetário internacional e sob cujos auspícios se criou o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) – agora uma das cinco instituições que compõem o Grupo do Banco Mundial— e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que passaram a funcionar em 1945.
O traço principal de Bretton Woods era a obrigação de todos os paísses de adotar uma política monetária que mantivesse dentro de valores fixos a taxa de câmbio de sua moeda. O sistema colapsou quando os EUA suspenderam a convertibilidade do padrão ouro do dólar. Isso criou a insólita situação na qual o dólar chegou a converter-se em “moeda de reserva” para os outros países que estavam no Bretton Woods.
Tradução: Katarina Peixoto
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:53 1 comentários
SÁBADO, 11 DE OUTUBRO DE 2008
Eric Hobsbawm
PREPARADOS OU NÃO PARA ENFRENTAR A CRISE?
SEXTA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2008
Preparados ou não para enfrentar a crise?
O mundo todo espera com uma mescla de espanto e falso otimismo – será que alguém é capaz de ter otimismo de fato diante dum sistema (capitalista) que na própria essência é desumano, cruel e impiedoso? – os rumos a serem tomados pelos governos dos países desenvolvidos a fim de dar sobrevida ao sistema.
Enquanto isso assistimos as bolsas de valores seguirem num sobe e desce de montanha russa e a quebradeira de várias instituições até ontem confiáveis – nessa algazarra toda onde está a mão invisível do mercado, ficou mais invisível ainda? - e aqui no Brasil a outra mescla sofrível, a do contorcionismo e prestidigitação de alguns defensores irracionais do atual governo, dizendo que não seremos afetados pela crise desencadeada no centro do capitalismo.
Esquecem-se esses “artistas” que no mundo altamente globalizado um espirro no centro do sistema nos atinge em menor ou maior intensidade dependendo do quão abertos estamos ao mercado internacional.
Se hoje temos fundamentos bem mais sólidos como muitos economistas afirmam, também é verdade que continuamos participando da mesma ciranda financeira dos anos FFHH e chega a ser patético ver o presidente Lula choramingando porque o sistema financeiro internacional tornou-se um enorme cassino e por irresponsabilidade desses jogadores o sistema financeiro internacional está à beira dum colapso. O próprio Lula em seis anos de governo não tomou nenhuma atitude contra essa jogatina desenfreada, não utilizou um minuto sequer da função de chefe de governo duma nação soberana para impor limites ao cassino que agora maldiz.
Àqueles defensores do governo Lula ao perorarem que a crise não chegará ao Brasil apenas porque o país hoje é governado por Lula e não por FFHH, mostram unicamente seu partidarismo e relutam em fazer uma análise mais objetiva e critica da conjuntura internacional, além de não enxergarem que ambos os governos são face da mesma moeda.
Lula pode até não ter a mesma volúpia entreguista de FFHH, mas o neoliberalismo é tão patente no governo Lula que até já abraçou idéias repugnantes e odiosas sobre o prisma da construção de uma sociedade mais igualitária. Idéias que não passam de excremento neoliberal como o PPP (Participação Público Privada)– ou seja, os investidores privados colocariam seu rico dinheiro em obras púbicas com garantia certa de retorno contrariando todas as regras de mercado onde o que você investe pode ou não lhe ser retornado – ou o famigerado déficit nominal zero – que significa nada mais nada menos que corte de investimento em educação e saúde.
Salve... salve o governo revolucionário de Luis Inácio Lula da Silva.
Já escrevi que o estado brasileiro vem aos poucos, mas a passos firmes, perdendo sua soberania ao ceder enormes nacos de terra a estrangeiros e não ter nenhum controle oficial sobre isso, ao incentivar o agronegócio em detrimento da agricultura familiar, ao liberar a plantação de transgênicos – o que em longo prazo beneficia exclusivamente a Monsanto – e mais recentemente ao vender os agrocombustiveis como salvação do mundo – talvez seja a salvação de uma parte muito pequena do mundo, conquanto para nós brasileiros significa desnacionalização, recolonização e péssimas condições de trabalho.
Mais, o governo Lula quando confrontado pela disputa entre o interesse público-nacional versus o grande capital internacional não titubeou em defender o segundo. Haja visto a ridícula participação brasileira na rodada de Doha onde viramos as costas para o grupo dos países emergentes e subdesenvolvidos para abraçarmos estapafurdiamente a defesa do agronegócio e conseqüentemente a proposta estadunidense.
Para definir a atual crise e independência do capital em relação ao estado no Brasil replico as palavras de Noam Chomsky que estão no post aí em baixo:
“A liberalização financeira teve efeitos para muito além da economia. Há muito que se compreendeu que era uma arma poderosa contra a democracia. O movimento livre dos capitais cria o que alguns chamaram um ‘parlamento virtual’ de investidores e credores que controlam de perto os programas governamentais e ‘votam’ contra eles, se os consideram ‘irracionais’, quer dizer, se são em benefício do povo e não do poder privado concentrado”.
Como o Brasil não tomou nenhuma atitude sensata nos últimos anos rumo a outrem modelo diferente do vigente, não sei ao certo dizer se o discurso que o Brasil passará ao largo dessa crise é coisa de Polyana, torcida de Fla-Flu, ou se é simplesmente tentar tampar o sol com peneira.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 09:40 1 comentários
Preparados ou não para enfrentar a crise?
O mundo todo espera com uma mescla de espanto e falso otimismo – será que alguém é capaz de ter otimismo de fato diante dum sistema (capitalista) que na própria essência é desumano, cruel e impiedoso? – os rumos a serem tomados pelos governos dos países desenvolvidos a fim de dar sobrevida ao sistema.
Enquanto isso assistimos as bolsas de valores seguirem num sobe e desce de montanha russa e a quebradeira de várias instituições até ontem confiáveis – nessa algazarra toda onde está a mão invisível do mercado, ficou mais invisível ainda? - e aqui no Brasil a outra mescla sofrível, a do contorcionismo e prestidigitação de alguns defensores irracionais do atual governo, dizendo que não seremos afetados pela crise desencadeada no centro do capitalismo.
Esquecem-se esses “artistas” que no mundo altamente globalizado um espirro no centro do sistema nos atinge em menor ou maior intensidade dependendo do quão abertos estamos ao mercado internacional.
Se hoje temos fundamentos bem mais sólidos como muitos economistas afirmam, também é verdade que continuamos participando da mesma ciranda financeira dos anos FFHH e chega a ser patético ver o presidente Lula choramingando porque o sistema financeiro internacional tornou-se um enorme cassino e por irresponsabilidade desses jogadores o sistema financeiro internacional está à beira dum colapso. O próprio Lula em seis anos de governo não tomou nenhuma atitude contra essa jogatina desenfreada, não utilizou um minuto sequer da função de chefe de governo duma nação soberana para impor limites ao cassino que agora maldiz.
Àqueles defensores do governo Lula ao perorarem que a crise não chegará ao Brasil apenas porque o país hoje é governado por Lula e não por FFHH, mostram unicamente seu partidarismo e relutam em fazer uma análise mais objetiva e critica da conjuntura internacional, além de não enxergarem que ambos os governos são face da mesma moeda.
Lula pode até não ter a mesma volúpia entreguista de FFHH, mas o neoliberalismo é tão patente no governo Lula que até já abraçou idéias repugnantes e odiosas sobre o prisma da construção de uma sociedade mais igualitária. Idéias que não passam de excremento neoliberal como o PPP (Participação Público Privada)– ou seja, os investidores privados colocariam seu rico dinheiro em obras púbicas com garantia certa de retorno contrariando todas as regras de mercado onde o que você investe pode ou não lhe ser retornado – ou o famigerado déficit nominal zero – que significa nada mais nada menos que corte de investimento em educação e saúde.
Salve... salve o governo revolucionário de Luis Inácio Lula da Silva.
Já escrevi que o estado brasileiro vem aos poucos, mas a passos firmes, perdendo sua soberania ao ceder enormes nacos de terra a estrangeiros e não ter nenhum controle oficial sobre isso, ao incentivar o agronegócio em detrimento da agricultura familiar, ao liberar a plantação de transgênicos – o que em longo prazo beneficia exclusivamente a Monsanto – e mais recentemente ao vender os agrocombustiveis como salvação do mundo – talvez seja a salvação de uma parte muito pequena do mundo, conquanto para nós brasileiros significa desnacionalização, recolonização e péssimas condições de trabalho.
Mais, o governo Lula quando confrontado pela disputa entre o interesse público-nacional versus o grande capital internacional não titubeou em defender o segundo. Haja visto a ridícula participação brasileira na rodada de Doha onde viramos as costas para o grupo dos países emergentes e subdesenvolvidos para abraçarmos estapafurdiamente a defesa do agronegócio e conseqüentemente a proposta estadunidense.
Para definir a atual crise e independência do capital em relação ao estado no Brasil replico as palavras de Noam Chomsky que estão no post aí em baixo:
“A liberalização financeira teve efeitos para muito além da economia. Há muito que se compreendeu que era uma arma poderosa contra a democracia. O movimento livre dos capitais cria o que alguns chamaram um ‘parlamento virtual’ de investidores e credores que controlam de perto os programas governamentais e ‘votam’ contra eles, se os consideram ‘irracionais’, quer dizer, se são em benefício do povo e não do poder privado concentrado”.
Como o Brasil não tomou nenhuma atitude sensata nos últimos anos rumo a outrem modelo diferente do vigente, não sei ao certo dizer se o discurso que o Brasil passará ao largo dessa crise é coisa de Polyana, torcida de Fla-Flu, ou se é simplesmente tentar tampar o sol com peneira.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 09:40 1 comentários
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
'BILHÕES PARA OS BANQUEIROS....
BILHÕES PARA OS BANQUEIROS,
ESMOLAS PARA OS FAMINTOS
Fonte primária: Agência Bolivariana de Notícias
Fonte secundária: Fundação Lauro Campos
Mais uma vez o mundo se vê envolvido pela sombra de uma gravíssima recessão, após o grande segundo “crack” 79 anos depois de a Bolsa de Nova York ter levado meio mundo à falência, com resultados catastróficos, com suicídios, desemprego e fome. Quem pode esquecer as sopas servidas de Nova York, e em outros estados norte-americanos, às ruas de Wingan, na Inglaterra, sem contar com o caos em outros países?
Pois aí temos a mais nova versão da incúria capitalista unida umbilicalmente ao neoliberalismo. E, como sempre, os governos, a título de socorrer bancos falidos (?), promovem um Proer sem limites! Bilhões de dólares, de euros, de reais e de outras moedas estão sendo injetados, não só aos bancos, que sempre publicaram seus lucros astronômicos a cada ano, mas às empresas naturalmente multinacionais e mesmo nacionais de grande porte, com o intuito de não permitir o desemprego (como se ele não existisse nos maiores mercados do mundo), com a “quebradeira” de alguns sempre apaniguados dos governos, como os banqueiros poderosos, que se locupletam desses lapsos econômico-financeiros para distribuir a rodo as reservas jamais usadas para saciar a fome no mundo!
Aos banqueiros, que guiam à vida econômica mundial, tudo é possível. É da ordem de bilhões – isto mesmo – bilhões, que ninguém sabe de onde aparecem a serem jogados às mãos insanas dessa elite capitalista que já tem o resguardo dos governos nessa troca de “favores”. A FAO – órgão que trata de debelar a fome mundial – só arrecadou a mísera importância (se levarmos em conta o número de pessoas em torno do planeta com fome secular) de 7 bilhões e 500 milhões de dólares, o que vem a dar apenas 2 dólares por cada pessoa faminta no planeta!
Porém. Entre os dias 30/09/08 a 08/10/08, os EUA aprovaram US$ 700 bilhões para o “pacote de resgate financeiro”! A Alemanha salvou um banco injetando 50 bilhões de euros; a Grã Bretanha comprou ações de sete bancos por uns US$ 90 bilhões, como pôs à disposição dos bancos US$ 350 bilhões em garantias creditícias!
Pergunta muito à vontade Pablo Siris – autor desta exposição – “como explicar a pessoas com sentido comum e boa fé que não é possível encontrar US $ 30 bilhões ao ano que permitam a 862 milhões de pessoas famintas desfrutarem do mais elementar dos direitos humanos: o direito à alimentação” , no dizer do Sr. Douf em junho passado. Estamos vivenciando o “começo do fim do mundo”!
Morani
ESMOLAS PARA OS FAMINTOS
Fonte primária: Agência Bolivariana de Notícias
Fonte secundária: Fundação Lauro Campos
Mais uma vez o mundo se vê envolvido pela sombra de uma gravíssima recessão, após o grande segundo “crack” 79 anos depois de a Bolsa de Nova York ter levado meio mundo à falência, com resultados catastróficos, com suicídios, desemprego e fome. Quem pode esquecer as sopas servidas de Nova York, e em outros estados norte-americanos, às ruas de Wingan, na Inglaterra, sem contar com o caos em outros países?
Pois aí temos a mais nova versão da incúria capitalista unida umbilicalmente ao neoliberalismo. E, como sempre, os governos, a título de socorrer bancos falidos (?), promovem um Proer sem limites! Bilhões de dólares, de euros, de reais e de outras moedas estão sendo injetados, não só aos bancos, que sempre publicaram seus lucros astronômicos a cada ano, mas às empresas naturalmente multinacionais e mesmo nacionais de grande porte, com o intuito de não permitir o desemprego (como se ele não existisse nos maiores mercados do mundo), com a “quebradeira” de alguns sempre apaniguados dos governos, como os banqueiros poderosos, que se locupletam desses lapsos econômico-financeiros para distribuir a rodo as reservas jamais usadas para saciar a fome no mundo!
Aos banqueiros, que guiam à vida econômica mundial, tudo é possível. É da ordem de bilhões – isto mesmo – bilhões, que ninguém sabe de onde aparecem a serem jogados às mãos insanas dessa elite capitalista que já tem o resguardo dos governos nessa troca de “favores”. A FAO – órgão que trata de debelar a fome mundial – só arrecadou a mísera importância (se levarmos em conta o número de pessoas em torno do planeta com fome secular) de 7 bilhões e 500 milhões de dólares, o que vem a dar apenas 2 dólares por cada pessoa faminta no planeta!
Porém. Entre os dias 30/09/08 a 08/10/08, os EUA aprovaram US$ 700 bilhões para o “pacote de resgate financeiro”! A Alemanha salvou um banco injetando 50 bilhões de euros; a Grã Bretanha comprou ações de sete bancos por uns US$ 90 bilhões, como pôs à disposição dos bancos US$ 350 bilhões em garantias creditícias!
Pergunta muito à vontade Pablo Siris – autor desta exposição – “como explicar a pessoas com sentido comum e boa fé que não é possível encontrar US $ 30 bilhões ao ano que permitam a 862 milhões de pessoas famintas desfrutarem do mais elementar dos direitos humanos: o direito à alimentação” , no dizer do Sr. Douf em junho passado. Estamos vivenciando o “começo do fim do mundo”!
Morani
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
ANTONIO, O LOURO
ANTONIO, O LOURO
Quanto Antonio você conheceu, meu amigo leitor? Mas quanto Antonio, o Louro? Hum? Poderia me fazer, por um acaso, uma lista de um Antonio, ao menos, conhecido por Louro?
Muito e muitos são os Antonio da vida! Em seu bairro, em sua rua ou dentro de seu círculo de amigos e, mesmo, em sua casa, quanto, quanto deles? Tem que ser Antonio, o Louro, e não só Antonio, que esses se encontram muitos por aí. Esse é um nome de pessoas de ascendência portuguesa; ao menos nos primórdios de nossa colonização pelos lusitanos era assim. Depois, bem depois o nome se generalizou. Pessoas nativas deste Brasil começaram a batizar seus filhos com igual nome, e outros como Manoel, João, Augusto, enfim, nomes legitimamente lusitanos, da boa “terrinha”.
O meu o conheci na empresa rodoviária da Salutaris, lá no bairro de Duas Pedras. Ele era lanterneiro e um pintor de profissão; mas lanterneiro e pintor de peso, não qualquer um, e com as qualidades técnicas aprimoradas a tal ponto de não se poder avaliar se o veículo coletivo, pintado e recuperado, era um carro usado ou novo! Deus colocou à mão do Louro – como era por mim chamado há muito – a magia dos escolhidos para artistas no mundo. E ele era um artista! E que arte tinha nos olhos investigadores, nas mãos firmes e na disposição de bem fazer as coisas.
Depois, sai da empresa, então Auto Viação 1001, que comprara a Salutaris da família Noel, de Três Rios. Não via mais o Louro. Já naquela época o rapaz bebia muito e quanto mais bebia melhor trabalhava. Incrível! Fui encontrá-lo largado, sujo e bêbado como um gambá, com os olhos injetados de sangue e sem poder de fixação. Deixou a casa materna, depois da morte da genitora (foi-me assim contado). Por 11 anos perambulava pelas ruas do bairro Perissê; dormia no meio do matagal – um sítio de eucaliptos – ou dentro de veículos quebrados e abandonados na rua.
Carregava consigo uma doença dos deuses, por que não sei a chamam assim, mas é assim mesmo. Desse jeito, assim mesmo, dos deuses gregos das lendas. Os gregos, geralmente, têm os cabelos negros, e os antigos os tinham alourado e encaracolados. Rezam assim as lendas daquele país de grandes filósofos, consumados artistas e destemidos desportistas.
Mas o Louro que eu conhecia era mais para ruivo, também em sua barba abundante, qual filósofo urbano contemporâneo. Muitas vezes sem conta ele me cortava as passadas para me acompanhar até mais a frente, e na hora da despedida me vinha com o pedido de uma “moedinha para o café”, que não era; serviria mais para a cachaça, mas eu fingia acreditar. Vejam vocês como ele era humilde ao pedir apenas uma moedinha, qualquer delas, de qualquer valor. Mas se eu não tinha, ele se ia sem reclamar e continuando, depois, o mesmo, sempre: sem rancores, faminto muitas vezes mais de um “trago” a um prato de refeição. Às vezes fazia um bico. Fez no meu carro, e eu o paguei além do valor pedido por respeito a sua profissão, embora não mais a exercesse. Todavia, não perdeu a consciência da coisa bem feita, como eu não perdera a compaixão por quem estava largado só no mundo de Deus e que me servira com toda a sua boa-vontade. Hoje, um choque me abalou por inteiro: soube, cedo ainda, que Antonio, o Louro, à meia-noite de ontem, 07 de outubro de 2008, carregando um prato de comida a uma das mãos, tateava com a outra uma parede que achava, sempre, antes da escada que dava ao lugar onde dormia: uma espécie de passagem de ar de uma casa abaixo do nível da rua. Devia ter bebido muito, e sem notar o final da parede da casa, na rua principal, encontrou o vazio nele mergulhando de ponta cabeça. Disseram-me que ele estava numa posição que lembraria um Cristo crucificado de lado, com os braços abertos, um deles retorcido sobre o corpo. Não teve noção de defesa. Bateu violentamente com o crânio abrindo-o à altura da fronte e quebrando o pescoço. Bom moço, apesar da falha de caráter, foi recolhido pelos anjos de Deus e colocado em lugar limpo, sarado e alimentado com o pão da vida eterna e com a água celestina, em vez da água assassina da cachaça. Ótima viagem para você Antonio, o Louro. Um grande abraço de saudade, e de muito arrependimento, que só o Senhor sabe qual.
Morani
CRÕNICA DA VIDA REAL 08/10/08
Quanto Antonio você conheceu, meu amigo leitor? Mas quanto Antonio, o Louro? Hum? Poderia me fazer, por um acaso, uma lista de um Antonio, ao menos, conhecido por Louro?
Muito e muitos são os Antonio da vida! Em seu bairro, em sua rua ou dentro de seu círculo de amigos e, mesmo, em sua casa, quanto, quanto deles? Tem que ser Antonio, o Louro, e não só Antonio, que esses se encontram muitos por aí. Esse é um nome de pessoas de ascendência portuguesa; ao menos nos primórdios de nossa colonização pelos lusitanos era assim. Depois, bem depois o nome se generalizou. Pessoas nativas deste Brasil começaram a batizar seus filhos com igual nome, e outros como Manoel, João, Augusto, enfim, nomes legitimamente lusitanos, da boa “terrinha”.
O meu o conheci na empresa rodoviária da Salutaris, lá no bairro de Duas Pedras. Ele era lanterneiro e um pintor de profissão; mas lanterneiro e pintor de peso, não qualquer um, e com as qualidades técnicas aprimoradas a tal ponto de não se poder avaliar se o veículo coletivo, pintado e recuperado, era um carro usado ou novo! Deus colocou à mão do Louro – como era por mim chamado há muito – a magia dos escolhidos para artistas no mundo. E ele era um artista! E que arte tinha nos olhos investigadores, nas mãos firmes e na disposição de bem fazer as coisas.
Depois, sai da empresa, então Auto Viação 1001, que comprara a Salutaris da família Noel, de Três Rios. Não via mais o Louro. Já naquela época o rapaz bebia muito e quanto mais bebia melhor trabalhava. Incrível! Fui encontrá-lo largado, sujo e bêbado como um gambá, com os olhos injetados de sangue e sem poder de fixação. Deixou a casa materna, depois da morte da genitora (foi-me assim contado). Por 11 anos perambulava pelas ruas do bairro Perissê; dormia no meio do matagal – um sítio de eucaliptos – ou dentro de veículos quebrados e abandonados na rua.
Carregava consigo uma doença dos deuses, por que não sei a chamam assim, mas é assim mesmo. Desse jeito, assim mesmo, dos deuses gregos das lendas. Os gregos, geralmente, têm os cabelos negros, e os antigos os tinham alourado e encaracolados. Rezam assim as lendas daquele país de grandes filósofos, consumados artistas e destemidos desportistas.
Mas o Louro que eu conhecia era mais para ruivo, também em sua barba abundante, qual filósofo urbano contemporâneo. Muitas vezes sem conta ele me cortava as passadas para me acompanhar até mais a frente, e na hora da despedida me vinha com o pedido de uma “moedinha para o café”, que não era; serviria mais para a cachaça, mas eu fingia acreditar. Vejam vocês como ele era humilde ao pedir apenas uma moedinha, qualquer delas, de qualquer valor. Mas se eu não tinha, ele se ia sem reclamar e continuando, depois, o mesmo, sempre: sem rancores, faminto muitas vezes mais de um “trago” a um prato de refeição. Às vezes fazia um bico. Fez no meu carro, e eu o paguei além do valor pedido por respeito a sua profissão, embora não mais a exercesse. Todavia, não perdeu a consciência da coisa bem feita, como eu não perdera a compaixão por quem estava largado só no mundo de Deus e que me servira com toda a sua boa-vontade. Hoje, um choque me abalou por inteiro: soube, cedo ainda, que Antonio, o Louro, à meia-noite de ontem, 07 de outubro de 2008, carregando um prato de comida a uma das mãos, tateava com a outra uma parede que achava, sempre, antes da escada que dava ao lugar onde dormia: uma espécie de passagem de ar de uma casa abaixo do nível da rua. Devia ter bebido muito, e sem notar o final da parede da casa, na rua principal, encontrou o vazio nele mergulhando de ponta cabeça. Disseram-me que ele estava numa posição que lembraria um Cristo crucificado de lado, com os braços abertos, um deles retorcido sobre o corpo. Não teve noção de defesa. Bateu violentamente com o crânio abrindo-o à altura da fronte e quebrando o pescoço. Bom moço, apesar da falha de caráter, foi recolhido pelos anjos de Deus e colocado em lugar limpo, sarado e alimentado com o pão da vida eterna e com a água celestina, em vez da água assassina da cachaça. Ótima viagem para você Antonio, o Louro. Um grande abraço de saudade, e de muito arrependimento, que só o Senhor sabe qual.
Morani
CRÕNICA DA VIDA REAL 08/10/08
sábado, 4 de outubro de 2008
CARTA A UMA PESSOA DA FAMÍLIA
Em 04/10/09
Querida Aninha:
Depois de alguns dias de "molho" numa cama dura, estou de volta, mas não muito firme ainda; tive uma das minhas crises de colunas - cervical e lombar. Terrível! Eu parecia estar andando sobre nuvens. O tempo todo fui preso de vertigens; fui aconselhado a permanecer deitado, mas isto não impediu de eu enviar os meus comentários aos amigos cientistas políticos; Aliás, quem os enviava era a Marina; eu ditava, ela anotava e fazia o resto no computador. Mas, a você, eu quis, e fiz questão, de responder o seu último e-mail de 29/09 passados.
Quero que entenda que não a critico por cuidar de animais - cachorros principalmente - que precisam de cuidados. Mas, cuidados exagerados, a ponto de lhe tomar seu descanso e a sua vida particular, vão grande distância. Há um limite para tudo, até mesmo para se amar outro ser humano, o que dirá a um animal. A Natureza - Mãe Pródiga - toma conta deles; eles se viram ou encontram outras pessoas capazes de se emocionar com a situação deles. Não queira abarcar o mundo com as pernas. Cuide-se, e de sua filha, e de sua casa, e de seus problemas; os cães abandonados não estão a sós.
Uma pessoa que conheço chega à raia do incompreensível! É bem capaz de deixar um ser humano com fome a um cão de rua sem socorro. Isto não tem cabimento e é, pois, inadmissível! Desumano - ato dos que não se preocupa muito aos seres humanos. Cada um de nós tem uma cruz a levar na vida; com os animais de rua se dá o mesmo. Não podemos mudar o determinismo da existência. É o que é; será o que tiver de ser. Louve-se, contudo, o seu trabalho, mas nunca a sua preocupação demasiada, que influencia a sua vida porque, tenho a certeza, você fica o dia inteiro ruminando na mente - a Casa de Deus - por não ter dado a sua atenção à animália sem dono. Há outros modos de nos sentirmos pagos pelos nossos cuidados com quaisquer uns. Desde o instante em que você se preocupa com eles, desde esse minuto, Deus já sabe e conhece as suas intenções. Eu amo animais. Ainda hoje esteve aqui minha filha Nelma e Marina sua filha. Nelma trouxe de Mury um filhotinho de sabiá que teve a asa quebrada por um caminhão. Já está emplumado e voando. Voava, quando foi atropelado de leve. Dei a ela as instruções de como tratá-lo porque já tive um pardal que caiu do ninho; não tinha nem plumagem: estava nu, como se diz. Levei-o para casa, tratei dele dando comida em uma ponta de tampa de caneta esferográfica, e água da mesma maneira. Dormia numa caixa, ao meu lado, em meu quarto. Pois ele cresceu. Mal eu abria a porta de casa e já vinha o meu pequerrucho emplumado, então, voando pelo corredor e batendo em meu peito. Agarrava-se com as unhas afiadas e subia ao meu ombro; depois, à noite, após o banho, eu assistia TV e ele vinha, aos pulinhos, subindo por minhas pernas e se aninhando em meus braços. Na rua, eu o levava num dos ombros. As pessoas se admiravam de ele não fugir. Eu o treinei a voar na laje de casa. Ele ia longe, mas eu imitava o canto de um pássaro e ele voltava pousando direto em minha mão. Para onde eu ia, ele ia, dentro de casa. Enquanto eu fazia a minha comida, ele ficava num poleiro que eu lhe fiz, olhando, olhando... Um dia o levei de volta ao lugar em que caíra: a garagem da empresa em que eu trabalhava. Como por ali havia uma passarada de todo o tipo - muitos pardais – cri, eu, tenha atendido ao chamado de seus irmãos e se indo. Dei graças a Deus por ele se encontrar em meio aos seus iguais, voando livre e em espaços abertos. Ele encontrou a paz e a vida de um pássaro. Não o prendi, jamais, a uma gaiola. Estava sempre livre para partir, mas achava que eu era sua "mãe". Sozinho outra vez em minha casa, senti muito a falta de sua companhia, mas o imperioso era eu lhe dar a chance de retornar à Natureza, dormir sob a proteção de árvores, de se acasalar, de proliferar e de morrer, como morrem os pássaros. Dá-me uma forte emoção ao lembrar esse episódio. Nem por isso corri atrás de outras aves; Uma tarde, em minha laje, encontrei um outro, mas emplumado e ferido na patinha. Cuidei dele e o soltei. Vi o seu vôo alegre e rápido e o vi sumir-se entre as árvores de um terreno imenso. Contribui à Natureza, sem me envolver mais a algum deles. No dia em que Deus achar que eu deverei cumprir mais uma missão igual, estarei pronto e o fazendo com muito amor e dedicação. Deixe a Natureza cuidar de seus cães dirigindo os seus passos ou vê-los morrer como um cão. Não temos o direito de modificar os seus destinos, assim como muitos pretendem mudar os de seus semelhantes, pois nem um outro ser humano tem o direito de mudar o meu. Pense nisto, minha cara, e terá o alívio de não se sentir culposa por aquela vida. Um grande abraço, extensivo a sua filha. Fique com o seu coração em paz e com o sentimento de ter cumprido a sua missão.
Tio Mario
Querida Aninha:
Depois de alguns dias de "molho" numa cama dura, estou de volta, mas não muito firme ainda; tive uma das minhas crises de colunas - cervical e lombar. Terrível! Eu parecia estar andando sobre nuvens. O tempo todo fui preso de vertigens; fui aconselhado a permanecer deitado, mas isto não impediu de eu enviar os meus comentários aos amigos cientistas políticos; Aliás, quem os enviava era a Marina; eu ditava, ela anotava e fazia o resto no computador. Mas, a você, eu quis, e fiz questão, de responder o seu último e-mail de 29/09 passados.
Quero que entenda que não a critico por cuidar de animais - cachorros principalmente - que precisam de cuidados. Mas, cuidados exagerados, a ponto de lhe tomar seu descanso e a sua vida particular, vão grande distância. Há um limite para tudo, até mesmo para se amar outro ser humano, o que dirá a um animal. A Natureza - Mãe Pródiga - toma conta deles; eles se viram ou encontram outras pessoas capazes de se emocionar com a situação deles. Não queira abarcar o mundo com as pernas. Cuide-se, e de sua filha, e de sua casa, e de seus problemas; os cães abandonados não estão a sós.
Uma pessoa que conheço chega à raia do incompreensível! É bem capaz de deixar um ser humano com fome a um cão de rua sem socorro. Isto não tem cabimento e é, pois, inadmissível! Desumano - ato dos que não se preocupa muito aos seres humanos. Cada um de nós tem uma cruz a levar na vida; com os animais de rua se dá o mesmo. Não podemos mudar o determinismo da existência. É o que é; será o que tiver de ser. Louve-se, contudo, o seu trabalho, mas nunca a sua preocupação demasiada, que influencia a sua vida porque, tenho a certeza, você fica o dia inteiro ruminando na mente - a Casa de Deus - por não ter dado a sua atenção à animália sem dono. Há outros modos de nos sentirmos pagos pelos nossos cuidados com quaisquer uns. Desde o instante em que você se preocupa com eles, desde esse minuto, Deus já sabe e conhece as suas intenções. Eu amo animais. Ainda hoje esteve aqui minha filha Nelma e Marina sua filha. Nelma trouxe de Mury um filhotinho de sabiá que teve a asa quebrada por um caminhão. Já está emplumado e voando. Voava, quando foi atropelado de leve. Dei a ela as instruções de como tratá-lo porque já tive um pardal que caiu do ninho; não tinha nem plumagem: estava nu, como se diz. Levei-o para casa, tratei dele dando comida em uma ponta de tampa de caneta esferográfica, e água da mesma maneira. Dormia numa caixa, ao meu lado, em meu quarto. Pois ele cresceu. Mal eu abria a porta de casa e já vinha o meu pequerrucho emplumado, então, voando pelo corredor e batendo em meu peito. Agarrava-se com as unhas afiadas e subia ao meu ombro; depois, à noite, após o banho, eu assistia TV e ele vinha, aos pulinhos, subindo por minhas pernas e se aninhando em meus braços. Na rua, eu o levava num dos ombros. As pessoas se admiravam de ele não fugir. Eu o treinei a voar na laje de casa. Ele ia longe, mas eu imitava o canto de um pássaro e ele voltava pousando direto em minha mão. Para onde eu ia, ele ia, dentro de casa. Enquanto eu fazia a minha comida, ele ficava num poleiro que eu lhe fiz, olhando, olhando... Um dia o levei de volta ao lugar em que caíra: a garagem da empresa em que eu trabalhava. Como por ali havia uma passarada de todo o tipo - muitos pardais – cri, eu, tenha atendido ao chamado de seus irmãos e se indo. Dei graças a Deus por ele se encontrar em meio aos seus iguais, voando livre e em espaços abertos. Ele encontrou a paz e a vida de um pássaro. Não o prendi, jamais, a uma gaiola. Estava sempre livre para partir, mas achava que eu era sua "mãe". Sozinho outra vez em minha casa, senti muito a falta de sua companhia, mas o imperioso era eu lhe dar a chance de retornar à Natureza, dormir sob a proteção de árvores, de se acasalar, de proliferar e de morrer, como morrem os pássaros. Dá-me uma forte emoção ao lembrar esse episódio. Nem por isso corri atrás de outras aves; Uma tarde, em minha laje, encontrei um outro, mas emplumado e ferido na patinha. Cuidei dele e o soltei. Vi o seu vôo alegre e rápido e o vi sumir-se entre as árvores de um terreno imenso. Contribui à Natureza, sem me envolver mais a algum deles. No dia em que Deus achar que eu deverei cumprir mais uma missão igual, estarei pronto e o fazendo com muito amor e dedicação. Deixe a Natureza cuidar de seus cães dirigindo os seus passos ou vê-los morrer como um cão. Não temos o direito de modificar os seus destinos, assim como muitos pretendem mudar os de seus semelhantes, pois nem um outro ser humano tem o direito de mudar o meu. Pense nisto, minha cara, e terá o alívio de não se sentir culposa por aquela vida. Um grande abraço, extensivo a sua filha. Fique com o seu coração em paz e com o sentimento de ter cumprido a sua missão.
Tio Mario
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
REFLEXÕES, INFLEXÕES E ESPERANÇA
TERÇA-FEIRA, 30 DE SETEMBRO DE 2008
Reflexões, inflexões e esperança
A história tem sua própria dinâmica, continua, ininterrupta. Por vezes parece andar de modo mais lento, outras a passos mais largos e velozes. É também a soma de todos os acontecimentos do nosso pequeno cotidiano. Decretar o fim do capitalismo, do socialismo ou da própria historia é tão insano quanto irracional e inverídico. Fukuyama sabe bem disso.
Lênin teria dito a seus camaradas bolcheviques após a revolução menchevique em março de 1917, que àquela geração passaria, bem como a de seus filhos até haver outra revolução na Rússia. Todavia em outubro do mesmo ano os bolcheviques liderados por Lênin e Trotsky tomavam o poder. E os críticos podem dizer tudo de Lênin, menos que ele não entendesse de história.
O capitalismo mostrou-se ao longo do tempo duma capacidade de superação formidável que nem Marx ou filósofos e pensadores liberais como Adam Smith, Stuart Mill ou David Ricardo – para ficarmos nos mais conhecidos –, poderiam imaginar. No entanto o capitalismo vive de “crises”. Ele necessita dessas tanto quanto de proletários, da concentração de renda, do exército de mão-de-obra ou o vampiro necessita de vítimas para sugar-lhes o sangue. Essas crises ao contrário do que dizem os pregadores da cartilha neoliberal não são conjunturais ou para os durkheiminianos de plantão, não são axiomas ou sinal de doença e sim parte da estrutura perversa do sistema. Por esse motivo são cíclicas, são estruturais.
Não foi apenas a crash da Bolsa de Nova York em 1928 o responsável pela Europa e o mundo correrem rumo ao fascinante fascismo de respostas rápidas. Muito antes a Europa era literalmente terra arrasada por uma guerra imperialista que opôs proletários de várias nações. A Europa devastada e amedrontada com o perigo “vermelho” proveniente de Moscou foi o primeiro motivo para as elites locais optarem por Mussolini, Hitler e congêneres no totalitarismo. Enquanto isso os trabalhadores iludidos pela eficiente propaganda demagoga do fascismo morriam de fome e miséria.
Hoje o totalitarismo se apresenta travestido cinicamente de democracia e liberdade de expressão. Democracia dentro dos limites do representativismo ineficiente, corrompido e distante da população, e que ainda assim não passa do portão para dentro da fábrica. Democracia expressa na capitulação das forças sociais a onipresença do “deus mercado”. Democracia desde que o status quo seja mantido inalterado. A liberdade de expressão se resume à liberdade dos grandes oligopólios de comunicação defenderem os interesses de seus donos e vincular peças publicitárias com intuito único de atingir um nicho de consumidores para depois reproduzi-los.
É essa a democracia na qual vivemos confinados. Na verdade a democracia dos dias atuais se prece mais com uma peça publicitária de um mundo melhor que nunca chega. Ou com outra peça, essa teatral do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, O Inimigo do Povo. Nessa peça os que ousam pensar, expor seu pensamento e questionar, são degradados e fadados a viverem isolados do resto da sociedade por tratarem-se de lunáticos perigosos.
O totalitarismo está no nosso cotidiano e nem nos damos conta dele. Eu como, bebo, fumo, ouço, visto, leio... enfim consumo aquilo que a industria de massa quer. Sou alienado quando me conformo com a situação de pobreza dos excluídos e acho natural a divisão de classes pois essa história de luta entre elas é conversa pra boi dormir, no mais o importante hoje é defender o meio-ambiente e dar um prato de comida a quem passa fome. Não tomo conhecimento duma celebre frase de Rousseau: “O primeiro que, tendo cercado um terreno, disse: Isto me pertence foi o real fundador da sociedade civil. Quantos crimes e horrores teria poupado, quem tivesse gritado: Evitai ouvir esse impostor; porque os frutos são de todos e a terra de ninguém.”
Engano-me e me iludo pensando que um dia...há um dia!!! todos encontraremos o Éden na terra através do “homem cosmopolita” de Kant.
Não percebo que Morales e Chavez fizeram respectivamente por Bolívia e Venezuela em poucos anos o que ninguém fez em cinco séculos. Não percebo que em Cuba os valores são distintos dos nossos. Enquanto me mato de trabalhar para pagar as prestações do meu carro, da minha casa, da minha tv de LCD, do meu celular, etc e tal, lá na pequena ilha do Caribe eles lutam dia e noite pela dignidade e hombridade. Lutam pelo bem coletivo para alcançar o bem individual.
E nós? Lutamos pelo o quê exatamente? Somos individualistas e não lutamos nem por nós mesmos.
Algum imbecilóide disse certa feita, e outros repetiram, que ser comunista é bom desde que haja um rico para sustentá-lo. O que vemos nesses dias é que o liberalismo econômico só é bom se tiver um estado a lhe garantir em caso de infortúnios e portanto o estado não pode ser tão mínimo quanto Reagan e Tatcher pregavam. Vemos a adoção do “socialismo” para os ricos e o mais puro liberalismo econômico para os pobres.
O pseudogoverno ianque do cawboy Bush “privatiza o lucro e socializa as perdas” –parafraseando Celso Furtado – dos gananciosos banqueiros estadunidenses por conta da crise dos subprimes, tentando entregar-lhes a bagatela, imensurável para nós pobres mortais, de “700 bilhões de dólares”. Essa pressa de Bush contrasta com a atitude do próprio diante dos flagelados de Nova Orleans quando da passagem do furacão Katrina. Pois afinal de contas quem necessitava de ajuda naquela intempérie eram em sua maioria negros e pobres moradores das periferias.
Não deixa de ser didático o fato do mesmo pseudogoverno estadunidense – o verdadeiro governo como é do conhecimento de todos está nas mãos das grandes corporações – pregou e conseguiu aprovar no congresso menos impostos para a parcela mais rica da população enquanto ela enchia as burras de dinheiro. Agora quer retirar dinheiro do contribuinte para salvar a burguesia.
Mesmo vendo a desmoralização do neoliberalismo infelizmente penso não ser a crise dos subprimes o epílogo do capitalismo. Mas como Lênin após a revolução menchevique, torço para estar equivocado.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:58 0 comentários
Reflexões, inflexões e esperança
A história tem sua própria dinâmica, continua, ininterrupta. Por vezes parece andar de modo mais lento, outras a passos mais largos e velozes. É também a soma de todos os acontecimentos do nosso pequeno cotidiano. Decretar o fim do capitalismo, do socialismo ou da própria historia é tão insano quanto irracional e inverídico. Fukuyama sabe bem disso.
Lênin teria dito a seus camaradas bolcheviques após a revolução menchevique em março de 1917, que àquela geração passaria, bem como a de seus filhos até haver outra revolução na Rússia. Todavia em outubro do mesmo ano os bolcheviques liderados por Lênin e Trotsky tomavam o poder. E os críticos podem dizer tudo de Lênin, menos que ele não entendesse de história.
O capitalismo mostrou-se ao longo do tempo duma capacidade de superação formidável que nem Marx ou filósofos e pensadores liberais como Adam Smith, Stuart Mill ou David Ricardo – para ficarmos nos mais conhecidos –, poderiam imaginar. No entanto o capitalismo vive de “crises”. Ele necessita dessas tanto quanto de proletários, da concentração de renda, do exército de mão-de-obra ou o vampiro necessita de vítimas para sugar-lhes o sangue. Essas crises ao contrário do que dizem os pregadores da cartilha neoliberal não são conjunturais ou para os durkheiminianos de plantão, não são axiomas ou sinal de doença e sim parte da estrutura perversa do sistema. Por esse motivo são cíclicas, são estruturais.
Não foi apenas a crash da Bolsa de Nova York em 1928 o responsável pela Europa e o mundo correrem rumo ao fascinante fascismo de respostas rápidas. Muito antes a Europa era literalmente terra arrasada por uma guerra imperialista que opôs proletários de várias nações. A Europa devastada e amedrontada com o perigo “vermelho” proveniente de Moscou foi o primeiro motivo para as elites locais optarem por Mussolini, Hitler e congêneres no totalitarismo. Enquanto isso os trabalhadores iludidos pela eficiente propaganda demagoga do fascismo morriam de fome e miséria.
Hoje o totalitarismo se apresenta travestido cinicamente de democracia e liberdade de expressão. Democracia dentro dos limites do representativismo ineficiente, corrompido e distante da população, e que ainda assim não passa do portão para dentro da fábrica. Democracia expressa na capitulação das forças sociais a onipresença do “deus mercado”. Democracia desde que o status quo seja mantido inalterado. A liberdade de expressão se resume à liberdade dos grandes oligopólios de comunicação defenderem os interesses de seus donos e vincular peças publicitárias com intuito único de atingir um nicho de consumidores para depois reproduzi-los.
É essa a democracia na qual vivemos confinados. Na verdade a democracia dos dias atuais se prece mais com uma peça publicitária de um mundo melhor que nunca chega. Ou com outra peça, essa teatral do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, O Inimigo do Povo. Nessa peça os que ousam pensar, expor seu pensamento e questionar, são degradados e fadados a viverem isolados do resto da sociedade por tratarem-se de lunáticos perigosos.
O totalitarismo está no nosso cotidiano e nem nos damos conta dele. Eu como, bebo, fumo, ouço, visto, leio... enfim consumo aquilo que a industria de massa quer. Sou alienado quando me conformo com a situação de pobreza dos excluídos e acho natural a divisão de classes pois essa história de luta entre elas é conversa pra boi dormir, no mais o importante hoje é defender o meio-ambiente e dar um prato de comida a quem passa fome. Não tomo conhecimento duma celebre frase de Rousseau: “O primeiro que, tendo cercado um terreno, disse: Isto me pertence foi o real fundador da sociedade civil. Quantos crimes e horrores teria poupado, quem tivesse gritado: Evitai ouvir esse impostor; porque os frutos são de todos e a terra de ninguém.”
Engano-me e me iludo pensando que um dia...há um dia!!! todos encontraremos o Éden na terra através do “homem cosmopolita” de Kant.
Não percebo que Morales e Chavez fizeram respectivamente por Bolívia e Venezuela em poucos anos o que ninguém fez em cinco séculos. Não percebo que em Cuba os valores são distintos dos nossos. Enquanto me mato de trabalhar para pagar as prestações do meu carro, da minha casa, da minha tv de LCD, do meu celular, etc e tal, lá na pequena ilha do Caribe eles lutam dia e noite pela dignidade e hombridade. Lutam pelo bem coletivo para alcançar o bem individual.
E nós? Lutamos pelo o quê exatamente? Somos individualistas e não lutamos nem por nós mesmos.
Algum imbecilóide disse certa feita, e outros repetiram, que ser comunista é bom desde que haja um rico para sustentá-lo. O que vemos nesses dias é que o liberalismo econômico só é bom se tiver um estado a lhe garantir em caso de infortúnios e portanto o estado não pode ser tão mínimo quanto Reagan e Tatcher pregavam. Vemos a adoção do “socialismo” para os ricos e o mais puro liberalismo econômico para os pobres.
O pseudogoverno ianque do cawboy Bush “privatiza o lucro e socializa as perdas” –parafraseando Celso Furtado – dos gananciosos banqueiros estadunidenses por conta da crise dos subprimes, tentando entregar-lhes a bagatela, imensurável para nós pobres mortais, de “700 bilhões de dólares”. Essa pressa de Bush contrasta com a atitude do próprio diante dos flagelados de Nova Orleans quando da passagem do furacão Katrina. Pois afinal de contas quem necessitava de ajuda naquela intempérie eram em sua maioria negros e pobres moradores das periferias.
Não deixa de ser didático o fato do mesmo pseudogoverno estadunidense – o verdadeiro governo como é do conhecimento de todos está nas mãos das grandes corporações – pregou e conseguiu aprovar no congresso menos impostos para a parcela mais rica da população enquanto ela enchia as burras de dinheiro. Agora quer retirar dinheiro do contribuinte para salvar a burguesia.
Mesmo vendo a desmoralização do neoliberalismo infelizmente penso não ser a crise dos subprimes o epílogo do capitalismo. Mas como Lênin após a revolução menchevique, torço para estar equivocado.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:58 0 comentários
MORANI COMENTA
Em 02/10/08 – Morani comenta
A respeito desse seu último comentário, o amigo dissecou bem, muito bem, a dinâmica da história – igual a um dissector que investiga os males de órgãos de um corpo – em suas marchas e contramarchas, quando diz ser “a soma de todos os acontecimentos do nosso pequeno cotidiano”.
Cosmo significa “a ordem do universo”; o caos é o seu antípoda cosmológico. Quando o amigo “dissecou” a sua mente encontrando a afirmação acima mencionada (aspada por mim), veio de encontro a uma verdade maior que teve seu começo nos primórdios da existência humana na Terra; e em termos cosmológicos essa história cabe, toda ela, no espaço de um quadrilátero de poucos centímetros! Nessa hipótese, calculada por um geômetra, físico, matemático e astrônomo que viveu em Alexandria há 2.500 anos a.C., a revolução menchevique em março de 19l7, com a posterior tomada do poder pelos bolcheviques liderados por Lênin e Trotsky, estão inseridas num espaço diminuto – imperceptível até mesmo à maior lente telescópica –, mas estão lá! Esses dois movimentos de cunho político-social poderiam ser revividos com nova revolução se o nosso tempo tivesse um ou mais ídolos com notáveis e notórias forças capazes de movimentar a massa humana, no dizer do sociólogo francês Alain Touraine. O seu terceiro parágrafo está todo ele eivado de total acerto.
Agora, a corrida das elites, pós Primeira Grande Guerra, em direção aos “ídolos” Mussolini e Hitler, deveu-se em grande parte ao Tratado de Versalhes. A figura Hitler foi gestada, sem pressa, na sopa do ódio causado nas barreiras impostas pelas nações vencedoras à Alemanha do Kaiser. E Moscou ainda não tinha outro “ídolo” – Stalin! Mais uma vez você acertou: não foi apenas a quebradeira da Bolsa de Nova York a responsável pela corrida “rumo ao fascinante fascismo de respostas rápidas”. DEMOCRACIA! Vem de há muito minha aversão pela democracia! Esse seu parágrafo vem cimentar a minha convicção de que ela sempre encobriu o totalitarismo “travestido cinicamente de democracia e liberdade de expressão”. Das duas comparações sobre “ela” preferi a segunda à primeira – uma peça do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, embora a primeira possa ser inserida como parte doentia do sistema capitalista-totalitarista – uma ópera bufa, com péssimos atores, na qual se mostra a “privatização ao lucro e a socialização às perdas”. Eis, em resumo, a DEMONOCRACIA de meu avô Bapum – filósofo doméstico de muita sapiência. Quanto ao “homem cosmopolita” de Kant, não creio ser possível tal sonho pelo egotismo dos sistemas que nos apertam quais tentáculos de aço. Somos presas fáceis, até que surjam aqueles “ídolos” dispostos a pegar em armas numa revolução final e definitiva contras as forças que nos jungem!
A respeito desse seu último comentário, o amigo dissecou bem, muito bem, a dinâmica da história – igual a um dissector que investiga os males de órgãos de um corpo – em suas marchas e contramarchas, quando diz ser “a soma de todos os acontecimentos do nosso pequeno cotidiano”.
Cosmo significa “a ordem do universo”; o caos é o seu antípoda cosmológico. Quando o amigo “dissecou” a sua mente encontrando a afirmação acima mencionada (aspada por mim), veio de encontro a uma verdade maior que teve seu começo nos primórdios da existência humana na Terra; e em termos cosmológicos essa história cabe, toda ela, no espaço de um quadrilátero de poucos centímetros! Nessa hipótese, calculada por um geômetra, físico, matemático e astrônomo que viveu em Alexandria há 2.500 anos a.C., a revolução menchevique em março de 19l7, com a posterior tomada do poder pelos bolcheviques liderados por Lênin e Trotsky, estão inseridas num espaço diminuto – imperceptível até mesmo à maior lente telescópica –, mas estão lá! Esses dois movimentos de cunho político-social poderiam ser revividos com nova revolução se o nosso tempo tivesse um ou mais ídolos com notáveis e notórias forças capazes de movimentar a massa humana, no dizer do sociólogo francês Alain Touraine. O seu terceiro parágrafo está todo ele eivado de total acerto.
Agora, a corrida das elites, pós Primeira Grande Guerra, em direção aos “ídolos” Mussolini e Hitler, deveu-se em grande parte ao Tratado de Versalhes. A figura Hitler foi gestada, sem pressa, na sopa do ódio causado nas barreiras impostas pelas nações vencedoras à Alemanha do Kaiser. E Moscou ainda não tinha outro “ídolo” – Stalin! Mais uma vez você acertou: não foi apenas a quebradeira da Bolsa de Nova York a responsável pela corrida “rumo ao fascinante fascismo de respostas rápidas”. DEMOCRACIA! Vem de há muito minha aversão pela democracia! Esse seu parágrafo vem cimentar a minha convicção de que ela sempre encobriu o totalitarismo “travestido cinicamente de democracia e liberdade de expressão”. Das duas comparações sobre “ela” preferi a segunda à primeira – uma peça do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, embora a primeira possa ser inserida como parte doentia do sistema capitalista-totalitarista – uma ópera bufa, com péssimos atores, na qual se mostra a “privatização ao lucro e a socialização às perdas”. Eis, em resumo, a DEMONOCRACIA de meu avô Bapum – filósofo doméstico de muita sapiência. Quanto ao “homem cosmopolita” de Kant, não creio ser possível tal sonho pelo egotismo dos sistemas que nos apertam quais tentáculos de aço. Somos presas fáceis, até que surjam aqueles “ídolos” dispostos a pegar em armas numa revolução final e definitiva contras as forças que nos jungem!
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