Terça-feira, 28 de Abril de 2009
Assisti a pouco ao programa do Tarcísio Holanda na TV Câmara. O deputado Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) estava cobrando ações do governo na prevenção da "gripe suína". Tarcísio Holanda (que verdade seja dita, não faz questão alguma de esconder sua posição política de acordo com os demo-tucanos) chegou ao cúmulo de perguntar ao nobre deputado sobre a possibilidade de o Congresso Nacional entrar em recesso caso a "epidemia" se alastre!!! Eu não sabia que o lodaçal que tem tomado conta do Congresso havia se estendido até a TV Câmara. O que mais poderia explicar a realização de pergunta tão estapafúrdia por um jornalista pra lá de calejado? Só agora, me perdoem pela ingenuidade, notei também que chegou a hora da "gripe suína" se transformar no eco da oposição. Depois dos dólares cubanos, das fotos do falso dossiê, do Lula culpado pela tragédia (incompetência e irresponsabilidade) da TAM, da epidemia de febre amarela, da CPI da Tapioca, das algemas para ricos, da ameaça de apagão versão Lula (que nunca aconteceu), da crise mundial provocada pelo PT, de alguns palhaços alertando sobre o perigo de confisco da poupança, é a vez do governo brasileiro ser acusado de ineficiência no controle da epidemia de "gripe suína" que assola o MÉXICO. Com uma oposição dessas, Lula só tem que agradecer a Deus!!!
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 23:47
DESPESAS COM REFORMAS ESTÁDIOS PARA COPA 2014
Chegou ao meu conhecimento, e muitos devem saber igualmente, que para sediar a Copa de Futebol de 2014 o país gastou verdadeira fortuna em publicidade apelativa. Agora, um PPS recebido de amigos esclarece o montante que se irá gastar para a reconstrução - reformas em estádios já existentes - e construções de novas arenas para a prática futebolística.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
O dinheiro não virá dos clubes, pois que a maioria deles anda na "corda bamba", financeiramente falando; muitos agremiações esportivas se acham mesmo no "vermelho": salários atrasados, encargos sociais nas mesmas condições e outros problemas inerentes ao mundo de negócios do futebol. Pois pasmem: o montante dessa despesas com estádios para a Copa de 2014 atingirá, de saída, R$ 5.713 bi. É uma "bagatela", para um país que nada em dinheiro, que distribui entre os países irmãos vultosas somas, que perdoa dívidas elevadíssimas aos países africanos e ainda financia não sei que obras ou situações na Grécia. Melhor é lacrar os cofres da Previdência, a fim de se evitar futuros transtornos àquela instituição e aos seus beneficiários.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
AFFAIR MIN.JOAQUIM BARBOSAxGILMAR MENDES & OUTRAS NOTAS
Sexta-feira, 24 de Abril de 2009
PRA AJUDAR OU PRA ATRAPALHAR?
Parece inacreditável, incrível mesmo, mas o DEMO acaba de lançar nota através de sua Comissão Executiva Nacional em apoio a Gilmar “Dantas” Mendes. Bom, acho que a cada dia fica mais nítido que o presidente do Supremo Tribunal Federal pensa, gesticula e fala como porta-voz da oposição se esquecendo costumeiramente da importância do cargo que ocupa, enquanto que a oposição partidária o abraçou de vez como prócer.
Se a intenção do DEMO era ajudar, o que conseguiu de fato foi jogar mais lenha na fogueira!
E por favor, alguém me corrija se eu estiver enganado, mas não vi nenhum partido apoiando explicitamente a atitude do Ministro Joaquim Barbosa. Vi, e muito, isso sim, o povo o apoiando nas ruas e na blogosfera, deixando inclusive o Reinaldo “Boca de Esgoto” Azevedo tão assustado a ponto de rasgar o véu e mostrar, pra quem ainda duvidava, o seu pouco apreço por uma discussão de nível e democrática. O “Boca de Esgoto”, que incorpora muito bem a direitona tupiniquim, ficou em polvorosa e simplesmente barrou qualquer comentário contra Mendes ou a favor de Barbosa.
É assim que se dá o debate nesses espaços vendidos à direita e as oligarquias. Quando Barbosa transformou em réus os quarenta indiciados pelo “mensalão” o panfleto de lutas antipopulares Veja – panfleto para a qual o “Boca de Esgoto” trabalha – deu-lhe capa e o enalteceu. Todavia agora que Barbosa ousou atacar, e de forma veemente, o ídolo de onze entre dez reacionários brazucas, o jogo mudou.
A nota do DEMO se assemelha a outra, essa postada no “Cloaca News” [http://cloacanews.blogspot.com/]. Leiam as duas e depois me digam por qual vocês soltaram mais risadas.
NOTA DE APOIO DO DEM AO GILMAR MENDES
Nota da Comissão Executiva Nacional do Democratas (DEM):
A Comissão Executiva Nacional do Democratas vem a público manifestar seu apoio, sua confiança e seu respeito ao ministro Gilmar Mendes que, no exercício da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpre com rigor e responsabilidade institucional o papel de guardião da Constituição e do Estado de Direito.
Empenhado no aperfeiçoamento jurídico do país, o ministro Gilmar Mendes sabe responder aos desafios do nosso tempo e jamais deixou de iluminar e enriquecer o debate nacional com suas qualidades de pensador e estudioso da ciência jurídica.
De forma competente e objetiva, o presidente do STF dedica-se à atualização e à modernização da democracia brasileira, tarefa de grande dificuldade, que exige enorme esforço. A despeito dos obstáculos, o ministro tem sido exemplo de homem público que age com correção e profunda consciência institucional.
Brasília, 24 de abril de 2009
Rodrigo Maia
Presidente Nacional do Democratas
CAPANGAS PROTESTAM EM MATO GROSSO
Após tensa reunião, terminada com menos da metade do quórum inicial por causa da eliminação de vários participantes, o Sindicato dos Pistoleiros e Assemelhados de Diamantino emitiu nota oficial acerca dos recentes acontecimentos envolvendo sua laboriosa categoria.
Diz o documento: "Nós, cabras, cabras-de-peia, cacundeiros, curimbabas, espoletas, guarda-costas, jagunços, mumbavas, peitos-largos, pistoleiros, quatro-paus, satélites e sombras deste rincão do Brasil Central, reafirmamos a confiança e o respeito (sic) ao Senhor Nosso Chefe, lamentando o episódio ocorrido na data de ontem (22/04/2009)".
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 23:59
PRA AJUDAR OU PRA ATRAPALHAR?
Parece inacreditável, incrível mesmo, mas o DEMO acaba de lançar nota através de sua Comissão Executiva Nacional em apoio a Gilmar “Dantas” Mendes. Bom, acho que a cada dia fica mais nítido que o presidente do Supremo Tribunal Federal pensa, gesticula e fala como porta-voz da oposição se esquecendo costumeiramente da importância do cargo que ocupa, enquanto que a oposição partidária o abraçou de vez como prócer.
Se a intenção do DEMO era ajudar, o que conseguiu de fato foi jogar mais lenha na fogueira!
E por favor, alguém me corrija se eu estiver enganado, mas não vi nenhum partido apoiando explicitamente a atitude do Ministro Joaquim Barbosa. Vi, e muito, isso sim, o povo o apoiando nas ruas e na blogosfera, deixando inclusive o Reinaldo “Boca de Esgoto” Azevedo tão assustado a ponto de rasgar o véu e mostrar, pra quem ainda duvidava, o seu pouco apreço por uma discussão de nível e democrática. O “Boca de Esgoto”, que incorpora muito bem a direitona tupiniquim, ficou em polvorosa e simplesmente barrou qualquer comentário contra Mendes ou a favor de Barbosa.
É assim que se dá o debate nesses espaços vendidos à direita e as oligarquias. Quando Barbosa transformou em réus os quarenta indiciados pelo “mensalão” o panfleto de lutas antipopulares Veja – panfleto para a qual o “Boca de Esgoto” trabalha – deu-lhe capa e o enalteceu. Todavia agora que Barbosa ousou atacar, e de forma veemente, o ídolo de onze entre dez reacionários brazucas, o jogo mudou.
A nota do DEMO se assemelha a outra, essa postada no “Cloaca News” [http://cloacanews.blogspot.com/]. Leiam as duas e depois me digam por qual vocês soltaram mais risadas.
NOTA DE APOIO DO DEM AO GILMAR MENDES
Nota da Comissão Executiva Nacional do Democratas (DEM):
A Comissão Executiva Nacional do Democratas vem a público manifestar seu apoio, sua confiança e seu respeito ao ministro Gilmar Mendes que, no exercício da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpre com rigor e responsabilidade institucional o papel de guardião da Constituição e do Estado de Direito.
Empenhado no aperfeiçoamento jurídico do país, o ministro Gilmar Mendes sabe responder aos desafios do nosso tempo e jamais deixou de iluminar e enriquecer o debate nacional com suas qualidades de pensador e estudioso da ciência jurídica.
De forma competente e objetiva, o presidente do STF dedica-se à atualização e à modernização da democracia brasileira, tarefa de grande dificuldade, que exige enorme esforço. A despeito dos obstáculos, o ministro tem sido exemplo de homem público que age com correção e profunda consciência institucional.
Brasília, 24 de abril de 2009
Rodrigo Maia
Presidente Nacional do Democratas
CAPANGAS PROTESTAM EM MATO GROSSO
Após tensa reunião, terminada com menos da metade do quórum inicial por causa da eliminação de vários participantes, o Sindicato dos Pistoleiros e Assemelhados de Diamantino emitiu nota oficial acerca dos recentes acontecimentos envolvendo sua laboriosa categoria.
Diz o documento: "Nós, cabras, cabras-de-peia, cacundeiros, curimbabas, espoletas, guarda-costas, jagunços, mumbavas, peitos-largos, pistoleiros, quatro-paus, satélites e sombras deste rincão do Brasil Central, reafirmamos a confiança e o respeito (sic) ao Senhor Nosso Chefe, lamentando o episódio ocorrido na data de ontem (22/04/2009)".
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 23:59
sexta-feira, 24 de abril de 2009
DIVAGAÇÕES EM UM FINAL DE SEMANA
Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008
SONHO OU O QUÊ?
Não sei por qual razão, está tudo escuro a minha volta. Teria havido um blecaute? Foi local ou geral? Essa minha pergunta só caberá se de fato estivermos passando por um desses acontecimentos tão comuns nas vidas das cidades.
Também posso estar sonhando. Você já não teve alguma noite um desses sonhos complicados em que tudo anda em plena escuridão? Não negra, e nem que nos impossibilite enxergar alguma coisa, mas uma espécie de lusco-fusco mais acentuado.
Grande dúvida se abate sobre mim! Não lembro ter procurado a minha cama ou tomado qualquer comprimido para relaxar. E esse silêncio profundo que me envolve assim tão sem motivo algum? A minha rua é tranqüila demais, porém a quase todo momento passa um veículo. E por mais lenta que seja a sua passagem sempre faz algum barulho por menor que seja: um capô, a suspensão, uma calota, quando não todas e os elementos da parte debaixo do veículo como o cano de descarga. Por isso estranho o silêncio sepulcral e a escuridão unida para me confundirem. Se estiver a sonhar, então quero despertar. Era assim que sempre fazia quando um sonho descambava para o pesadelo; quando um iminente perigo trazia desconforto e pavor. Os meus sonos sempre foram povoados por sonhos esquisitos, intrincados, ameaçadores, como por exemplo: sonhei muitas vezes estar “escalando” uma rua tão íngreme, como uma parede lisa e abrupta, que tinha a sensação desagradável de me derrocar lá do alto! Outras vezes sonhei subindo uma montanha alta e delgada, tão delgada e de paredes tão lisas que uma vez no alto não via como descer sem me despenhar das alturas me esborrachando, sem remédio, ao chão. Nesse alto de montanha, só cabia eu; e em volta era o precipício! Eu me agarrava com força hercúlea à borda mais delgada que um lápis. Então eu despertava, para o meu alívio.
No entanto, agora sinto-me tranqüilo apesar dessa indefinição de poder avaliar onde me encontro e o que faço em meio à neblina fuliginosa que parece cobrir a cidade inteira como um “fog” londrino, só que mais sujo como pó de carvão que escapasse de alguma carvoaria gigantesca.
Como nada vejo a um passo meu, e me acho senhor de todos os meus sentidos, continuo teimando em não parar. É possível que encontre outro indivíduo que portando uma lanterna possa, dividindo sua luz comigo, caminhar ao meu lado numa parceria de objetivos. Sim, seria a única solução para o momento. Escuto sons, mas chegam aos meus ouvidos abafados como o som de um trompete em que o músico, colocando à saída do instrumento àquela parafernália, avelude as notas mais agudas da melodia. Acho muito estranho não saber de onde vêm esses barulhos; de qual lado: se de cima ou de baixo. Confundem-me, desorientam-me e me desnorteiam como uma bússola cuja agulha perdesse por instantes a atração magnética do norte. Tenho certeza de que não perdi minha visão embora a tivesse já fraca há algum tempo, mas não o bastante para obliterá-la tão contundentemente; também não posso me queixar de não ter a minha audição em perfeita condições, já que tive problemas tempos atrás causados por labirintite aguda e crônica. Aliás, tudo em mim é crônico e definitivo assim como o “ham-ham” da marreta sobre o aço em brasa, em poderosas mãos, a formar a lâmina acabada de uma adaga árabe. Dali só poderia sair mesmo uma fria e delgada lâmina. Pois é: assim são as coisas, quando me acontecem. De pronto se tornam definitivas, crônicas, sem remédio. Fazer o quê? Se dependesse de minha vontade nem os pesadelos teriam vez em minha existência onírica e que os males de meu coração e dos meus rins, se sublevando, se tornassem sadios outra vez. Bem, não esqueço que ando tateando na penumbra como um cego sem remissão cuja cegueira fosse definitiva. Seria definitiva, fosse de nascença. Ah, uma lanterna em minhas mãos!
Tenho a impressão de que toparei a algum obstáculo, inarredável em meu caminho. Devo tomar todos os cuidados, pois as minhas unhas dos pés são delicadas demais. Nelas convivem ninhadas de fungos tornando-as sensíveis. Diz minha companheira de infortúnios que é por ter eu usado tênis por longos tempos. Mas todos, ou quase todos, usam. Por que só a mim viria essa colônia se homiziar? Se exercer forte atração às coisas impróprias, terei culpa? Tenho culpa se me vejo “premiado” pelo insólito, pelo crônico e pelo definitivo?
Não esqueço desse aturdimento por essa situação jamais sentida anteriormente. Não sei se deva continuar ou parar sentando-me [nem sei onde] para esperar levantar essa cortina densa de negrume que a tudo esconde. Ah, terrível dúvida! Nada descortino à frente! É como se uma porta aberta para o abismo me esperasse logo adiante. Se eu der mais um passo, me arroja no vazio sem fim. É essa a minha sensação. Tenho sido precavido. Alguns acham doentio esse sentimento superlativo de cuidados. Não é não. Sempre me conduzi assim e não me arrependo um só instante de ter sido infenso aos perigos por causa mesmo desses cuidados exagerados. E não apenas comigo, mas com as crianças sob minha responsabilidade.
Ora, daria, se o tivesse, uma boa importância a qualquer que venha estar ao meu lado nesse mundo sombrio para me mostrar alguma saída para a claridade. À luz! À luz! Um pouco dela, para os meus olhos não se acostumarem às trevas fazendo assim crônica também essa ausência de luz. Mas, esperem... Ouço murmúrios vindos não sei de onde. Há uma coisa que intriga: os termos usados por quem fala não é os que se usam hoje. Não, não é. Parecem-me... Deixem-me ver... Sim, tenho quase certeza de que são do inicio do século XX, e são pronunciados tão escorreitamente que dão à impressão de saírem da boca de alguém muito letrado e conhecedor da dialética e da prosódia daquela época. De onde virá esse murmúrio?
Ora bem, que coisa estupenda! Vejo clarear à minha volta o ambiente antes envolto em penumbra. Nada vejo ainda, mas continuou a ouvir principalmente uma voz com o timbre de pessoa já adulta; talvez... Talvez vinda de um ancião. É, sim, é de um ancião e douto! Que bela surpresa estará reservada a mim? A névoa se espalha um pouco mais. Que vejo? Logo ali adiante lobrigo a muito custo uma passagem; é uma espécie de entrada circular. Sim, uma entrada finalmente! Pressinto me levará em direção à luz que vejo daqui, lá na outra ponta. Estranha passagem... Jamais vira coisa igual, até esse momento. É um túnel. Um túnel? Onde estive por longo tempo que nunca tenha visto um túnel dessa espécie? Aventurar-me-ei através dele porque acredito ser a única maneira de mergulhar lá onde a luz se faz presente. E eu já estou cansado de vagar a esmo nessa penumbra que parece gosma a se prender à minha pele. Então, lá vou! Ah, que ventura caminhar por aqui! A luz que lobriguei antes começa a se expandir invadindo o final do próprio túnel. Alguém me aguarda. Espero seja um meu familiar ou um amigo. Vou saber dele se o mesmo lhe aconteceu, se andou em trevas insólitas. Isto é, se eu não estiver num pesadelo e se não acordar de repente. Mas... Mas... A quem eu vejo? Deus Meu! Não, não é possível! Que emoção! Que estonteante emoção! Não é possível a menos que seja mesmo, não um pesadelo... Um sonho! Estendo a minha mão trêmula a um conhecido; não só meu, mas a muitos e muitos brasileiros. É nada menos que o meu queridíssimo nobre e personalíssimo Machado... Machado? Machado de Assis? Não seria meu parente Assis Machado? Machado de Assis? Em carne e osso? É... Agora me convenço: estou sonhando, mas ele me diz: “não em carne e osso, mas em energia”. Sorrio contrafeito, e agradeço pela explicação. Quero despertar! Quero despertar! O que há? Não despertarei? Então... Então... Ó meu Deus! Ó Jesus! Ó Vida!
Quem me socorrerá? Quem me virá despertar desse pesadelo? Quem? Por que vejo e sinto a presença de Machado de Assis, o autor do “Diário Póstumo de Braz Cuba”? Será? Será que eu... É possível? Machado me diz que sim só com os olhos por trás daqueles óculos do início do século XX. Convida-me a caminhar junto a ele. Incrédulo, vacilo; peço uma prova, não circunstancial, mas uma prova real. Ele dá de ombros e retirando os óculos de grau de pesada armação faz menção de se ir. Imploro que fique; não desejo, agora que estou em meio a fulgurante luz, à lembrança da solidão de há poucos minutos atrás, que me assusta e me põe angustiado. Ela, a "energia", repõe a pequena peça ótica e me encara. Pede educadamente que o siga. Obedeço muito contrariado. Arrisco uma pergunta: “por acaso o preclaro amigo, ou "energia", teria se insinuado sem minha permissão ao meu sonho?” Olha-me e sorri. Neste exato instante consigo vê-lo não como morreu: idoso e de barba hirsuta e esbranquiçada, porém por volta de seus trinta anos. O fenômeno de sua transfiguração leva-me à dúvida. Teimo por mais provas. Então, como passe de magia, ele se senta a uma cadeira que não existia por ali; puxa para si à mesa, que também não estava no local; começa a escrever uma página de seu livro sobre a personagem Braz Cuba, também sobre um caderno que não existia antes. “Mas isso é fácil acontecer em sonhos”. Pensei comigo, sem nada dizer. Por teimosia, não quis aceitar a prova. Como se fora chamado por mim, apareceu-me, do nada, uma criatura angelical. Essa criatura despachou o escritor que sumiu diante de meus olhos. Estávamos, eu e o anjo, sós. Sem articular palavras, me disse: “É assim mesmo. Compreendemos os recém-chegados, a suas dúvidas e as suas angústias. Vim apenas para servi-lo, mas se tudo o que viu não foi o bastante continue só. Há muito que ver e aprender. Você debuta o Paraíso. Ele é todo seu.” Afirmou e sumiu como aparecera. E, até hoje, espero despertar desse sonho, ou pesadelo. Será...?
SONHO OU O QUÊ?
Não sei por qual razão, está tudo escuro a minha volta. Teria havido um blecaute? Foi local ou geral? Essa minha pergunta só caberá se de fato estivermos passando por um desses acontecimentos tão comuns nas vidas das cidades.
Também posso estar sonhando. Você já não teve alguma noite um desses sonhos complicados em que tudo anda em plena escuridão? Não negra, e nem que nos impossibilite enxergar alguma coisa, mas uma espécie de lusco-fusco mais acentuado.
Grande dúvida se abate sobre mim! Não lembro ter procurado a minha cama ou tomado qualquer comprimido para relaxar. E esse silêncio profundo que me envolve assim tão sem motivo algum? A minha rua é tranqüila demais, porém a quase todo momento passa um veículo. E por mais lenta que seja a sua passagem sempre faz algum barulho por menor que seja: um capô, a suspensão, uma calota, quando não todas e os elementos da parte debaixo do veículo como o cano de descarga. Por isso estranho o silêncio sepulcral e a escuridão unida para me confundirem. Se estiver a sonhar, então quero despertar. Era assim que sempre fazia quando um sonho descambava para o pesadelo; quando um iminente perigo trazia desconforto e pavor. Os meus sonos sempre foram povoados por sonhos esquisitos, intrincados, ameaçadores, como por exemplo: sonhei muitas vezes estar “escalando” uma rua tão íngreme, como uma parede lisa e abrupta, que tinha a sensação desagradável de me derrocar lá do alto! Outras vezes sonhei subindo uma montanha alta e delgada, tão delgada e de paredes tão lisas que uma vez no alto não via como descer sem me despenhar das alturas me esborrachando, sem remédio, ao chão. Nesse alto de montanha, só cabia eu; e em volta era o precipício! Eu me agarrava com força hercúlea à borda mais delgada que um lápis. Então eu despertava, para o meu alívio.
No entanto, agora sinto-me tranqüilo apesar dessa indefinição de poder avaliar onde me encontro e o que faço em meio à neblina fuliginosa que parece cobrir a cidade inteira como um “fog” londrino, só que mais sujo como pó de carvão que escapasse de alguma carvoaria gigantesca.
Como nada vejo a um passo meu, e me acho senhor de todos os meus sentidos, continuo teimando em não parar. É possível que encontre outro indivíduo que portando uma lanterna possa, dividindo sua luz comigo, caminhar ao meu lado numa parceria de objetivos. Sim, seria a única solução para o momento. Escuto sons, mas chegam aos meus ouvidos abafados como o som de um trompete em que o músico, colocando à saída do instrumento àquela parafernália, avelude as notas mais agudas da melodia. Acho muito estranho não saber de onde vêm esses barulhos; de qual lado: se de cima ou de baixo. Confundem-me, desorientam-me e me desnorteiam como uma bússola cuja agulha perdesse por instantes a atração magnética do norte. Tenho certeza de que não perdi minha visão embora a tivesse já fraca há algum tempo, mas não o bastante para obliterá-la tão contundentemente; também não posso me queixar de não ter a minha audição em perfeita condições, já que tive problemas tempos atrás causados por labirintite aguda e crônica. Aliás, tudo em mim é crônico e definitivo assim como o “ham-ham” da marreta sobre o aço em brasa, em poderosas mãos, a formar a lâmina acabada de uma adaga árabe. Dali só poderia sair mesmo uma fria e delgada lâmina. Pois é: assim são as coisas, quando me acontecem. De pronto se tornam definitivas, crônicas, sem remédio. Fazer o quê? Se dependesse de minha vontade nem os pesadelos teriam vez em minha existência onírica e que os males de meu coração e dos meus rins, se sublevando, se tornassem sadios outra vez. Bem, não esqueço que ando tateando na penumbra como um cego sem remissão cuja cegueira fosse definitiva. Seria definitiva, fosse de nascença. Ah, uma lanterna em minhas mãos!
Tenho a impressão de que toparei a algum obstáculo, inarredável em meu caminho. Devo tomar todos os cuidados, pois as minhas unhas dos pés são delicadas demais. Nelas convivem ninhadas de fungos tornando-as sensíveis. Diz minha companheira de infortúnios que é por ter eu usado tênis por longos tempos. Mas todos, ou quase todos, usam. Por que só a mim viria essa colônia se homiziar? Se exercer forte atração às coisas impróprias, terei culpa? Tenho culpa se me vejo “premiado” pelo insólito, pelo crônico e pelo definitivo?
Não esqueço desse aturdimento por essa situação jamais sentida anteriormente. Não sei se deva continuar ou parar sentando-me [nem sei onde] para esperar levantar essa cortina densa de negrume que a tudo esconde. Ah, terrível dúvida! Nada descortino à frente! É como se uma porta aberta para o abismo me esperasse logo adiante. Se eu der mais um passo, me arroja no vazio sem fim. É essa a minha sensação. Tenho sido precavido. Alguns acham doentio esse sentimento superlativo de cuidados. Não é não. Sempre me conduzi assim e não me arrependo um só instante de ter sido infenso aos perigos por causa mesmo desses cuidados exagerados. E não apenas comigo, mas com as crianças sob minha responsabilidade.
Ora, daria, se o tivesse, uma boa importância a qualquer que venha estar ao meu lado nesse mundo sombrio para me mostrar alguma saída para a claridade. À luz! À luz! Um pouco dela, para os meus olhos não se acostumarem às trevas fazendo assim crônica também essa ausência de luz. Mas, esperem... Ouço murmúrios vindos não sei de onde. Há uma coisa que intriga: os termos usados por quem fala não é os que se usam hoje. Não, não é. Parecem-me... Deixem-me ver... Sim, tenho quase certeza de que são do inicio do século XX, e são pronunciados tão escorreitamente que dão à impressão de saírem da boca de alguém muito letrado e conhecedor da dialética e da prosódia daquela época. De onde virá esse murmúrio?
Ora bem, que coisa estupenda! Vejo clarear à minha volta o ambiente antes envolto em penumbra. Nada vejo ainda, mas continuou a ouvir principalmente uma voz com o timbre de pessoa já adulta; talvez... Talvez vinda de um ancião. É, sim, é de um ancião e douto! Que bela surpresa estará reservada a mim? A névoa se espalha um pouco mais. Que vejo? Logo ali adiante lobrigo a muito custo uma passagem; é uma espécie de entrada circular. Sim, uma entrada finalmente! Pressinto me levará em direção à luz que vejo daqui, lá na outra ponta. Estranha passagem... Jamais vira coisa igual, até esse momento. É um túnel. Um túnel? Onde estive por longo tempo que nunca tenha visto um túnel dessa espécie? Aventurar-me-ei através dele porque acredito ser a única maneira de mergulhar lá onde a luz se faz presente. E eu já estou cansado de vagar a esmo nessa penumbra que parece gosma a se prender à minha pele. Então, lá vou! Ah, que ventura caminhar por aqui! A luz que lobriguei antes começa a se expandir invadindo o final do próprio túnel. Alguém me aguarda. Espero seja um meu familiar ou um amigo. Vou saber dele se o mesmo lhe aconteceu, se andou em trevas insólitas. Isto é, se eu não estiver num pesadelo e se não acordar de repente. Mas... Mas... A quem eu vejo? Deus Meu! Não, não é possível! Que emoção! Que estonteante emoção! Não é possível a menos que seja mesmo, não um pesadelo... Um sonho! Estendo a minha mão trêmula a um conhecido; não só meu, mas a muitos e muitos brasileiros. É nada menos que o meu queridíssimo nobre e personalíssimo Machado... Machado? Machado de Assis? Não seria meu parente Assis Machado? Machado de Assis? Em carne e osso? É... Agora me convenço: estou sonhando, mas ele me diz: “não em carne e osso, mas em energia”. Sorrio contrafeito, e agradeço pela explicação. Quero despertar! Quero despertar! O que há? Não despertarei? Então... Então... Ó meu Deus! Ó Jesus! Ó Vida!
Quem me socorrerá? Quem me virá despertar desse pesadelo? Quem? Por que vejo e sinto a presença de Machado de Assis, o autor do “Diário Póstumo de Braz Cuba”? Será? Será que eu... É possível? Machado me diz que sim só com os olhos por trás daqueles óculos do início do século XX. Convida-me a caminhar junto a ele. Incrédulo, vacilo; peço uma prova, não circunstancial, mas uma prova real. Ele dá de ombros e retirando os óculos de grau de pesada armação faz menção de se ir. Imploro que fique; não desejo, agora que estou em meio a fulgurante luz, à lembrança da solidão de há poucos minutos atrás, que me assusta e me põe angustiado. Ela, a "energia", repõe a pequena peça ótica e me encara. Pede educadamente que o siga. Obedeço muito contrariado. Arrisco uma pergunta: “por acaso o preclaro amigo, ou "energia", teria se insinuado sem minha permissão ao meu sonho?” Olha-me e sorri. Neste exato instante consigo vê-lo não como morreu: idoso e de barba hirsuta e esbranquiçada, porém por volta de seus trinta anos. O fenômeno de sua transfiguração leva-me à dúvida. Teimo por mais provas. Então, como passe de magia, ele se senta a uma cadeira que não existia por ali; puxa para si à mesa, que também não estava no local; começa a escrever uma página de seu livro sobre a personagem Braz Cuba, também sobre um caderno que não existia antes. “Mas isso é fácil acontecer em sonhos”. Pensei comigo, sem nada dizer. Por teimosia, não quis aceitar a prova. Como se fora chamado por mim, apareceu-me, do nada, uma criatura angelical. Essa criatura despachou o escritor que sumiu diante de meus olhos. Estávamos, eu e o anjo, sós. Sem articular palavras, me disse: “É assim mesmo. Compreendemos os recém-chegados, a suas dúvidas e as suas angústias. Vim apenas para servi-lo, mas se tudo o que viu não foi o bastante continue só. Há muito que ver e aprender. Você debuta o Paraíso. Ele é todo seu.” Afirmou e sumiu como aparecera. E, até hoje, espero despertar desse sonho, ou pesadelo. Será...?
sexta-feira, 17 de abril de 2009
"NOSSA" CASA NO PERISSÊ
Perissê é o bairro em que vivo há dez anos. O endereço é: Rua Campos Salles, 55 sobrado. Das janelas da sala e do meu quarto tenho uma deslumbrante e única vista de parte da cidade e do bairro. À minha frente, duas montanhas rochosas gêmeas nomeadas Duas Pedras, tendo ao topo o antigo Colégio Fundação Getulio Vargas, para filhos de ricos e, mais abaixo, aos seus pés, outro colégio - esse centenário Colégio Anchieta onde estudou Euclides da Cunha e deu aulas Ruy Barbosa! Daqui vislumbro sua vetusta fachada e as muitas palmeiras que nos dão boas vindas. Porém, estou aqui para falar de “nossa” casa querida. Aos 23 de março de 1997 entramos pela segunda vez por sua porta, definitivamente. Ela era o que vínhamos procurando com todo empenho. Nós cabíamos nela, com folga, e ela cabia em nosso orçamento familiar, ou seja: o aluguel não ultrapassava os 30% dos nossos salários, aconselhado por técnicos em economia. Ela nos oferece sala espaçosa com candelabro de cinco pontas; uma das paredes é guarnecida por pedras, esverdeada e acinzentada, de matizes variados. Duas grandes janelas trazem-nos luz soalheira intensamente. À frente - como disse - uma janela a guisa de moldura nos mostra campos distantes. Há paisagens dignas a um Monet; a outra, à parede lateral, leva nossas vistas para um bosque onde um condomínio excelente predomina, adormecendo sob sombras uma população da classe média. A “nossa” casa nos oferece ainda dois quartos e hall de entrada espaçoso; copa-cozinha de ótimo tamanho, banhada de muita luz; banheiro igualmente espaçoso; varanda à ré da casa e uma laje totalmente nossa. Laje imensa que nos serve como "mirante" nos dando deslumbrante vista da nossa cidade centenária e montanhosa e outras paisagens ricas em verdes. Mas foi morando nela que me descobri com sérios problemas de saúde. Em compensação, foi nela que usei a visão privilegiada para pintar paisagens magníficas dali descortinadas. Aqui, nesta casa que nos faz felizes, passei os piores e melhores momentos da atual quadra de minha vida. Não descarto a possibilidade de permanecer nela por mais dez anos, se Deus permitir. Sempre fui muito apegado aos lugares escolhidos para moradia. Não vivi pulando de casa a casa, de bairro a bairro, mas tão somente de cidade a cidade. Valeu a pena escolher essa nova residência para moradia. Demoramos encontrá-la. Esta casa em bairro tranqüilo - bem iluminada espaçosa e acolhedora - era o nosso sonho. Boa vizinhança nos rodeia e sem comércio indesejável perto. Para completar, acredito termos o mais humano e compreensível senhorio de toda a nossa vida. Um nonagenário incomparável como pessoa, mesmo solitário - pela metade - como é. Viúvo faz-lhe companhia excelente criatura até às dezessete horas. Nelcy é o seu nome. Mulher no gênero, mas um "anjo caído do céu" para dissociar a viuvez do meu senhorio, Sr. Cizinio, à sua solidão. Espero seja longa a vida do nosso senhorio, mais do que tem sido. Assim me sentirei duplamente atendido, e a continuidade ou não de nossa presença neste amado sobrado talvez dependa da boa vontade de terceiros, mas, se depender de nós me morrerá, e Léia também, ali, entre as suas paredes, debruçados sobre as paisagens descobertas e amadas desde 1997.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
EVO VITORIOSO
Terça-feira, 14 de Abril de 20
A oposição golpista-separatista-segregacionista da Bolívia acaba de sofrer mais uma derrota. Já se tornou de praxe na América Latina a oposição – atualmente composta pelos antigos “dono do poder”, descendentes direto de Pizarro e Cabral – não saber respeitar os parâmetros democráticos, tampouco a vontade popular. Usa dos mais variados subterfúgios golpistas. Dá a luz a crises institucionais, como o locaute na Venezuela em 2001 e depois o golpe de estado perpetrado contra Chávez; inventa no Brasil o “mensalão”, que até hoje carece de provas; sabota a base da economia, a agropecuária no caso da Argentina; ou fomenta o separatismo como temos visto recentemente na Bolívia. Todavia está tornando-se mestre-doutor em dar com os burros n’água. Agora, numa arriscada atitude política, Evo Morales entrou em greve de fome e assim se manteve por seis dias, até que o Congresso Nacional Boliviano aprovasse a nova lei eleitoral daquele país. Mais uma derrota para a aliança burguesa reacionária, mais uma vitória das forças populares latino-americanas. A História das lutas populares no século XXI começou a ser escrita na América Latina e, lutaremos para que assim continue.
Do site português Esquerda.net
http://www.esquerda.net
Evo Morales chega a acordo com a oposição sobre a lei eleitoral
O Congresso Nacional da Bolívia aprovou esta terça feira a lei do regime eleitoral transitório que chegou a levar Evo Morales a iniciar uma greve de fome. Com o acordo hoje conseguido com a oposição, o presidente da Bolívia terminou o seu jejum, que se prolongou durante seis dias. Com esta alteração, Evo Morales poderá voltar a candidatar-se à presidência.
Após nove horas de debate, o Congresso boliviano ratificou a lei de regime eleitoral transitório que já havia sido acordada por uma comissão de legisladores ligados ao governo e à oposição.
Com esta ratificação, Evo Morales põe fim a uma greve de fome que se prolongou por seis dias. O presidente boliviano adoptou esta forma de luta como forma de exigir a aprovação desta lei, tendo sido acompanhado por milhares de apoiantes. Hugo Chavez e Fidel Castro também se solidarizaram com o protesto de Morales.
A nova lei, que será enviada para promulgação pelo governo ainda esta tarde, cumpre a obrigação constitucional de fixar as regras para o processo eleitoral que se realiza a 6 de Dezembro deste ano.
De acordo com esta lei, será realizado um novo censo, serão definidas novas regras para a votação dos bolivianos residentes no estrangeiro e foi definida uma quota parlamentar reservada às minorais indígenas. Evo Morales, por seu lado, poderá candidatar-se a um novo mandato.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 17:04
A oposição golpista-separatista-segregacionista da Bolívia acaba de sofrer mais uma derrota. Já se tornou de praxe na América Latina a oposição – atualmente composta pelos antigos “dono do poder”, descendentes direto de Pizarro e Cabral – não saber respeitar os parâmetros democráticos, tampouco a vontade popular. Usa dos mais variados subterfúgios golpistas. Dá a luz a crises institucionais, como o locaute na Venezuela em 2001 e depois o golpe de estado perpetrado contra Chávez; inventa no Brasil o “mensalão”, que até hoje carece de provas; sabota a base da economia, a agropecuária no caso da Argentina; ou fomenta o separatismo como temos visto recentemente na Bolívia. Todavia está tornando-se mestre-doutor em dar com os burros n’água. Agora, numa arriscada atitude política, Evo Morales entrou em greve de fome e assim se manteve por seis dias, até que o Congresso Nacional Boliviano aprovasse a nova lei eleitoral daquele país. Mais uma derrota para a aliança burguesa reacionária, mais uma vitória das forças populares latino-americanas. A História das lutas populares no século XXI começou a ser escrita na América Latina e, lutaremos para que assim continue.
Do site português Esquerda.net
http://www.esquerda.net
Evo Morales chega a acordo com a oposição sobre a lei eleitoral
O Congresso Nacional da Bolívia aprovou esta terça feira a lei do regime eleitoral transitório que chegou a levar Evo Morales a iniciar uma greve de fome. Com o acordo hoje conseguido com a oposição, o presidente da Bolívia terminou o seu jejum, que se prolongou durante seis dias. Com esta alteração, Evo Morales poderá voltar a candidatar-se à presidência.
Após nove horas de debate, o Congresso boliviano ratificou a lei de regime eleitoral transitório que já havia sido acordada por uma comissão de legisladores ligados ao governo e à oposição.
Com esta ratificação, Evo Morales põe fim a uma greve de fome que se prolongou por seis dias. O presidente boliviano adoptou esta forma de luta como forma de exigir a aprovação desta lei, tendo sido acompanhado por milhares de apoiantes. Hugo Chavez e Fidel Castro também se solidarizaram com o protesto de Morales.
A nova lei, que será enviada para promulgação pelo governo ainda esta tarde, cumpre a obrigação constitucional de fixar as regras para o processo eleitoral que se realiza a 6 de Dezembro deste ano.
De acordo com esta lei, será realizado um novo censo, serão definidas novas regras para a votação dos bolivianos residentes no estrangeiro e foi definida uma quota parlamentar reservada às minorais indígenas. Evo Morales, por seu lado, poderá candidatar-se a um novo mandato.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 17:04
GRANDE EVO MORALES!
15 de Abril de 2009 00:14
Blog do Morani disse...
Grande Evo Morales! Esse é o verdadeiro estadista, homem de coragem, cidadão boliviano determinado! A sua atenção e cuidados com a maioria indígena (disse-o muito bem RLocatelli Digital)devia suscitar em LULA iguais cuidados a grandes parcelas de brasileiros alienados por ele - pretenso e falso estadista! Sou, como sabem, parte de uma dessas muitas parcelas largadas aos pântanos das preocupações e das ansiedades, pois já não tem a maioria, que se acha mergulhada no oceano da indiferença, condições de entrar no mercado de trabalho restrito, exigente e fechado como é o nosso, atualmente - fruto maldito do neoliberalismo! Que existe uma Mídia Golpista, disto não duvido,contudo, acontece à Direita e à Esquerda, e os escândalos só não foram comprovados devido à blindagem em tôrno. Podemos afirmar: "Grande vitória de Evo Morales e do povo boliviano", mas longe estamos de aplicar a mesma afirmação ao presidente e ao povo brasileiros.
Abraços.
Blog do Morani disse...
Grande Evo Morales! Esse é o verdadeiro estadista, homem de coragem, cidadão boliviano determinado! A sua atenção e cuidados com a maioria indígena (disse-o muito bem RLocatelli Digital)devia suscitar em LULA iguais cuidados a grandes parcelas de brasileiros alienados por ele - pretenso e falso estadista! Sou, como sabem, parte de uma dessas muitas parcelas largadas aos pântanos das preocupações e das ansiedades, pois já não tem a maioria, que se acha mergulhada no oceano da indiferença, condições de entrar no mercado de trabalho restrito, exigente e fechado como é o nosso, atualmente - fruto maldito do neoliberalismo! Que existe uma Mídia Golpista, disto não duvido,contudo, acontece à Direita e à Esquerda, e os escândalos só não foram comprovados devido à blindagem em tôrno. Podemos afirmar: "Grande vitória de Evo Morales e do povo boliviano", mas longe estamos de aplicar a mesma afirmação ao presidente e ao povo brasileiros.
Abraços.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
UM VIZINHO CHAMADO CLEMÉRIO
Em minha existência fui itinerante por necessidade. Morei desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, com passagens por Itu, São Paulo, Juiz de Fora, Recife e Rio de Janeiro – minha terra natal, e todas ao rastro de meu pai.
Vivo em Nova Friburgo, atualmente; sou, pois, montanhês com muita honra e prazer por estarmos mais perto do céu. Minha rua é a Campos Salles. Rua Campos Salles no aprazível bairro Perissê. Lugar alto. Daqui diviso com os meus olhares atentos toda a cadeia de montanhas que cerca a cidade incluindo as pedras gêmas conhecidas por Duas Pedras: dois baluartes rochosos se elevando para um céu límpido. Já falei delas em minha crônica “ASSIM SOMOS TODOS”, anteriormente inserida em meu blog.
Mas fz-se necessário falar de gente; falar de pessoas que respeitamos e com as quais guardamos uma amizade sincera; pessoas que se revestem de grande importância e que sendo humildes como somos tenham papel relevante no contexto de nossas vidas.
Compreendo que os tempos atuais não facilitem em nada as amizades sinceras.
Manter uma, por largo período de tempo, reveste-se de um esforço hercúleo a que nem todos se permitem. Tenho muitos bons vizinhos, contudo entre nós não vamos além de uns “bons dias”, “boas tardes, tudo bem?” As “boas noites” são raras, porque raros são os encontros noturnos. Fica tudo à luz dos dias e das tardes.
Contudo, há um vizinho que considero especial. Fomos companheiros de trabalho na Usabra S/A – firma norte-americana que existia em Friburgo às décadas de 60 e 70.
Esse senhor – está hoje com 75 anos –, bondoso e querido por muitos, tem um pouco de “irracionalidade”. Fácil é a explicação. Tenho a admitir que esse vizinho que eu considero “amigo do peito” fez em sua mocidade uma péssima escolha: torce, desde a mais tenra idade, pelo Fluminense – o tricolor das Laranjeiras. É um doente. Um fanático. É um desses torcedores que apenas ouvem e vem o que querem. Não acompanha as transmissões de um Fla x Flu, por exemplo, na mesma emissora de preferência geral nem assiste pelo mesmo canal de TV quando o jogo aludido tem transmissão ao vivo. Não! Descobri que é manha, para rebater os incidentes do jogo e inventar situações diferentes em determinados lances cruciais. Coisas de sujeito ranzinza, de torcedor doente e esperto. É pena, por que nos obriga a ficar discutindo sem que cheguemos a uma conclusão amigável. Não diz Flamengo; diz “menguinho”; Felipe, craque da seleção é “pisador de ovos”, com joanete maior que o próprio pé. Então lhe digo que o jogador precisa de uma chuteira só para o seu joanete, e que por isso joga o que joga. A outro craque – Dimba –, chama “dentuço”. E por ai vai. Mas no fundo, ele deve mesmo é torcer pelo Flamengo, e talvez mais do que eu, pois só fala no meu clube. Disse-lhe:
–Você é um torcedor rubro-negro enrustido, assim como há “gays” enrustidos. O homem quase virou uma fera. E Clemério, o meu vizinho, não dá o braço a torcer. Já o convidei passar para o nosso lado - que lugar de rubro-negro é o de cá - junto à torcida flamenguista que a ela pertence sem saber, e junto a mim, que me sei rubro-negro.
Vivo em Nova Friburgo, atualmente; sou, pois, montanhês com muita honra e prazer por estarmos mais perto do céu. Minha rua é a Campos Salles. Rua Campos Salles no aprazível bairro Perissê. Lugar alto. Daqui diviso com os meus olhares atentos toda a cadeia de montanhas que cerca a cidade incluindo as pedras gêmas conhecidas por Duas Pedras: dois baluartes rochosos se elevando para um céu límpido. Já falei delas em minha crônica “ASSIM SOMOS TODOS”, anteriormente inserida em meu blog.
Mas fz-se necessário falar de gente; falar de pessoas que respeitamos e com as quais guardamos uma amizade sincera; pessoas que se revestem de grande importância e que sendo humildes como somos tenham papel relevante no contexto de nossas vidas.
Compreendo que os tempos atuais não facilitem em nada as amizades sinceras.
Manter uma, por largo período de tempo, reveste-se de um esforço hercúleo a que nem todos se permitem. Tenho muitos bons vizinhos, contudo entre nós não vamos além de uns “bons dias”, “boas tardes, tudo bem?” As “boas noites” são raras, porque raros são os encontros noturnos. Fica tudo à luz dos dias e das tardes.
Contudo, há um vizinho que considero especial. Fomos companheiros de trabalho na Usabra S/A – firma norte-americana que existia em Friburgo às décadas de 60 e 70.
Esse senhor – está hoje com 75 anos –, bondoso e querido por muitos, tem um pouco de “irracionalidade”. Fácil é a explicação. Tenho a admitir que esse vizinho que eu considero “amigo do peito” fez em sua mocidade uma péssima escolha: torce, desde a mais tenra idade, pelo Fluminense – o tricolor das Laranjeiras. É um doente. Um fanático. É um desses torcedores que apenas ouvem e vem o que querem. Não acompanha as transmissões de um Fla x Flu, por exemplo, na mesma emissora de preferência geral nem assiste pelo mesmo canal de TV quando o jogo aludido tem transmissão ao vivo. Não! Descobri que é manha, para rebater os incidentes do jogo e inventar situações diferentes em determinados lances cruciais. Coisas de sujeito ranzinza, de torcedor doente e esperto. É pena, por que nos obriga a ficar discutindo sem que cheguemos a uma conclusão amigável. Não diz Flamengo; diz “menguinho”; Felipe, craque da seleção é “pisador de ovos”, com joanete maior que o próprio pé. Então lhe digo que o jogador precisa de uma chuteira só para o seu joanete, e que por isso joga o que joga. A outro craque – Dimba –, chama “dentuço”. E por ai vai. Mas no fundo, ele deve mesmo é torcer pelo Flamengo, e talvez mais do que eu, pois só fala no meu clube. Disse-lhe:
–Você é um torcedor rubro-negro enrustido, assim como há “gays” enrustidos. O homem quase virou uma fera. E Clemério, o meu vizinho, não dá o braço a torcer. Já o convidei passar para o nosso lado - que lugar de rubro-negro é o de cá - junto à torcida flamenguista que a ela pertence sem saber, e junto a mim, que me sei rubro-negro.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Terça-feira, 7 de Abril de 2009
A Imprensa que chafurda
“a imprensa brasileira é conhecida internacionalmente por trazer regularmente notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas”
Neue Zürcher Zeitung, Suíça, fevereiro de 2009
A Folhona faz mais uma das suas. Depois do infausto editorial da “ditabranda”, agora o jornalão do Otavinho Frias resolveu chamar a ”resistência armada” contra a ditadura militar de “terrorista”. Era exatamente esse o termo (terrorista) empregado pelos ditadores de plantão e seus lacaios durante o regime militar. E, é sempre bom lembrar, a Folhona ajudou de todas as formas possíveis àquele estado de exceção, seja através de editoriais ou então dando apoio logístico, como as peruas C-14 do grupo transportando presos políticos para o Doi-Codi. A Folhona que tanto ajudou os milicos golpistas, agora tornou-se panfleto de campanha de José Serra. Numa matéria nitidamente encomendada, tentou por todas as maneiras atingir a antiga “guerrilheira”, atual ministra-chefe da Casa Civil e provável candidata do Partido dos Trabalhadores à presidência da República, Dilma Rousseff.
Domingo (05/04) a Folhona publicou matéria sobre suposto plano para seqüestrar o então czar da economia, Delfim Netto, nos idos de 1969, onde a figura de Dilma Rousseuff aparece em destaque. A manchete já diz tudo: "Grupo de Dilma planejava seqüestrar Delfim". Acontece que com o PIG (Partido da Imprensa Golpista) as matérias não se sustentam nem por 24 horas. No mesmo dia o jornalista Antonio Roberto Espinosa, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), autor de "Abraços que sufocam – E outros ensaios sobre a liberdade e editor da Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe”, uma das fontes usadas, senão a principal, para a matéria em questão, encaminhou a Folhona uma carta solicitando imediata retratação, alegando a distorção entre o que ele havia dito em entrevista por telefone e o que foi publicado.
Claro que a Folhona não publicou o pedido do professor Antonio Roberto Espinosa e tampouco reconheceu qualquer equivoco na matéria. Atestando assim a parcialidade como foi dirigida desde o começo.
Como declarou recentemente o diário suíço Neue Zürcher Zeitung: “a imprensa brasileira é conhecida internacionalmente por trazer regularmente notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas”.
Reafirmando, quem declarou essa frase foi o Neue Zürcher Zeitung, da Suíça, e não a Carta Maior, a Agência Brasil de Fato, a Caros Amigos ou o Correio da Cidadania.
Segue a íntegra da correspondência:
Prezados senhores,
Chocado com a matéria publicada na edição de hoje (domingo, 5), páginas A8 a A10 deste jornal, a partir da chamada de capa “Grupo de Dilma planejou seqüestro de Delfim Neto”, e da repercussão da mesma nos blogs de vários de seus articulistas e no jornal Agora, do mesmo grupo, solicito a publicação desta carta na íntegra, sem edições ou cortes, na edição de amanhã, segunda-feira, 6 de abril, no “Painel do Leitor” (ou em espaço equivalente e com chamada de capa), para o restabelecimento da verdade, e sem prejuízo de outras medidas que vier a tomar. Esclareço preliminarmente que:
1) Não conheço pessoalmente a repórter Fernanda Odilla, pois fui entrevistado por ela somente por telefone. A propósito, estranho que um jornal do porte da Folha publique matérias dessa relevância com base somente em “investigações” telefônicas;
2) Nossa primeira conversa durou cerca de 3 horas e espero que tenha sido gravada. Desafio o jornal a publicar a entrevista na íntegra, para que o leitor a compare com o conteúdo da matéria editada. Esclareço que concedi a entrevista porque defendo a transparência e a clareza histórica, inclusive com a abertura dos arquivos da ditadura. Já concedi dezenas de entrevistas semelhantes a historiadores, jornalistas, estudantes e simples curiosos, e estou sempre disponível a todos os interessados;
3) Quem informou à Folha que o Superior Tribunal Militar (STM) guarda um precioso arquivo dos tempos da ditadura fui eu. A repórter, porém, não conseguiu acessar o arquivo, recorrendo novamente a mim, para que lhe fornecesse autorização pessoal por escrito, para investigar fatos relativos à minha participação na luta armada, não da ministra Dilma Rousseff. Posteriormente, por e-mail, fui novamente procurado pela repórter, que me enviou o croquis do trajeto para o sítio Gramadão, em Jundiaí, supostamente apreendido no aparelho em que eu residia, no bairro do Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro. Ela indagou se eu reconhecia o desenho como parte do levantamento para o seqüestro do então ministro da Fazenda Delfim Neto. Na oportunidade disse-lhe que era a primeira vez que via o croquis e, como jornalista que também sou, lhe sugeri que mostrasse o desenho ao próprio Delfim (co-signatário do Ato Institucional número 5, principal quadro civil do governo ditatorial e cúmplice das ilegalidades, assassinatos e torturas).
Afirmo publicamente que os editores da Folha transformaram um não-fato de 40 anos atrás (o seqüestro que não houve de Delfim) num factóide do presente (iniciando uma forma sórdida de anticampanha contra a Ministra). A direção do jornal (ou a sua repórter, pouco importa) tomou como provas conclusivas somente o suposto croquis e a distorção grosseria de uma longa entrevista que concedi sobre a história da VAR-Palmares. Ou seja, praticou o pior tipo de jornalismo sensacionalista, algo que envergonha a profissão que também exerço há mais de 35 anos, entre os quais por dois meses na Última Hora, sob a direção de Samuel Wayner (demitido que fui pela intolerância do falecido Octávio Frias a pessoas com um passado político de lutas democráticas). A respeito da natureza tendenciosa da edição da referida matéria faço questão de esclarecer:
1) A VAR-Palmares não era o “grupo da Dilma”, mas uma organização política de resistência à infame ditadura que se alastrava sobre nosso país, que só era branda para os que se beneficiavam dela. Em virtude de sua defesa da democracia, da igualdade social e do socialismo, teve dezenas de seus militantes covardemente assassinados nos porões do regime, como Chael Charles Shreier, Yara Iavelberg, Carlos Roberto Zanirato, João Domingues da Silva, Fernando Ruivo e Carlos Alberto Soares de Freitas. O mais importante, hoje, não é saber se a estratégia e as táticas da organização estavam corretas ou não, mas que ela integrava a ampla resistência contra um regime ilegítimo, instaurado pela força bruta de um golpe militar;
2) Dilma Rousseff era militante da VAR-Palmares, sim, como é de conhecimento público, mas sempre teve uma militância somente política, ou seja, jamais participou de ações ou do planejamento de ações militares. O responsável nacional pelo setor militar da organização naquele período era eu, Antonio Roberto Espinosa. E assumo a responsabilidade moral e política por nossas iniciativas, denunciando como sórdidas as insinuações contra Dilma;
3) Dilma sequer teria como conhecer a idéia da ação, a menos que fosse informada por mim, o que, se ocorreu, foi para o conjunto do Comando Nacional e em termos rápidos e vagos. Isto porque a VAR-Palmares era uma organização clandestina e se preocupava com a segurança de seus quadros e planos, sem contar que “informação política” é algo completamente distinto de “informação factual”. Jamais eu diria a qualquer pessoa, mesmo do comando nacional, algo tão ingênuo, inútil e contraproducente como “vamos seqüestrar o Delfim, você concorda?”. O que disse à repórter é que informei politicamente ao nacional, que ficava no Rio de Janeiro, que o Regional de São Paulo estava fazendo um levantamento de um quadro importante do governo, talvez para seqüestro e resgate de companheiros então em precárias condições de saúde e em risco de morte pelas torturados sofridas. A esse propósito, convém lembrar que o próprio companheiro Carlos Marighela, comandante nacional da ALN, não ficou sabendo do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Por que, então, a Dilma deveria ser informada da ação contra o Delfim? É perfeitamente compreensível que ela não tivesse essa informação e totalmente crível que o próprio Carlos Araújo, seu então companheiro, diga hoje não se lembrar de nada;
4) A Folha, que errou a grafia de meu nome e uma de minhas ocupações atuais (não sou “doutorando em Relações Internacionais”, mas em Ciência Política), também informou na capa que havia um plano detalhado e que “a ação chegou a ter data e local definidos”. Se foi assim, qual era o local definido, o dia e a hora? Desafio que os editores mostrem a gravação em que eu teria informado isso à repórter;
5) Uma coisa elementar para quem viveu a época: qualquer plano de ação envolvia aspectos técnicos (ou seja, mais de caráter militar) e políticos. O levantamento (que é efetivamente o que estava sendo feito, não nego) seria apenas o começo do começo. Essa parte poderia ficar pronta em mais duas ou três semanas. Reiterando: o Comando Regional de São Paulo ainda não sabia com certeza sequer a freqüência e regularidade das visitas de Delfim a seu amigo no sítio. Depois disso seria preciso fazer o plano militar, ou seja, como a ação poderia ocorrer tecnicamente: planejamento logístico, armas, locais de esconderijo etc. Somente após o plano militar seria elaborado o plano político, a parte mais complicada e delicada de uma operação dessa natureza, que envolveria a estratégia de negociações, a definição das exigências para troca, a lista de companheiros a serem libertados, o manifesto ou declaração pública à nação etc. O comando nacional só participaria do planejamento , portanto, mais tarde, na sua fase política. Até pode ser que, no momento oportuno, viesse a delegar essa função a seus quadros mais experientes, possivelmente eu, o Carlos Araújo ou o Carlos Alberto, dificilmente a Dilma ou Mariano José da Silva, o Loiola, que haviam acabado de ser eleitos para a direção; no caso dela, sequer tinha vivência militar;
6) Chocou-me, portanto, a seleção arbitrária e edição de má-fé da entrevista, pois, em alguns dias e sem recursos sequer para uma entrevista pessoal – apelando para telefonemas e e-mails, e dependendo das orientações de um jornalista mais experiente, no caso o próprio entrevistado -, a repórter chegou a conclusões mais peremptórias do que a própria polícia da ditadura, amparada em torturas e num absurdo poder discricionário. Prova disso é que nenhum de nós foi incriminado por isso na época pelos oficiais militares e delegados dos famigerados Doi-Codi e Deops e eu não fui denunciado por qualquer um dos três promotores militares das auditorias onde respondi a processos, a Primeira e a Segunda auditorias de Guerra, de São Paulo, e a Segunda Auditoria da Marinha, do Rio de Janeiro.
Osasco, 5 de abril de 2009
Antonio Roberto Espinosa
Jornalista, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela USP, autor de Abraços que sufocam – E outros ensaios sobre a liberdade e editor da Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:50 1 comentários
Domingo, 5 de Abril de 2009
Kurt Cobain
Por Alencar Vilas Boas
O começo é onde se mostra que pode ser uma grande banda. Passando por Bleach podemos ouvir uns gritos, uns berros, uma arte diferente. Algo belo de se escutar, algo que te liberta. Tudo aquilo que te dá vontade de pegar uma guitarra e bater em umas cordas pra ver se muda uma geração. Aquela vontade louca de berrar, gritar, exaltar, uma explosão de sonhos, vontades e desejos. “Mil orgasmos passando pelo corpo”, e todos aqueles hormônios querendo sair pela suas entranhas. Um “cara” junto à mais dois “caras” conseguem firmemente fazer o que se era esperado.
Uma alma pura que explode em palavras, querendo estar onde não pode, mostrar o que a sociedade esconde, ir atrás de tudo aquilo indesejado. O lixo do som na verdade é apenas uma forma de expressar seus sentimentos, desejos e vontades, através de berros, gestos e batidas de bateria.
Mas eu me odeio e quero morrer. Quem sabe tentando achar uma saída, a morte seria a melhor solução. Ou seria apenas a vontade de sentir um “orgasmo” pleno da droga e de todo o desejo, amargamente doce que passa pelo sangue? A química que se mistura com seu coração e te torna mecânico. Isto sim deve ser um desejo e uma vontade de mostrar tudo de bom que passa em sua alma, se é que você ainda tem uma. Depois de algum tempo tudo vai se acabando e parece que chega o momento em que todos te odeiam.
Um alívio imediato, que se trata com ervas matinais, uma caneta pode ser a “bola” da vez. Muitas coisas não se resumem somente em estudo ou em coisas “certinhas”, pode ser que pra mostrar o que se pensa, seja necessário um toque de algo que te alucina e que te eleva aos céus.
Uma batida que destrói e me alegra. Tudo que se passa dentro de mim são fatos e histórias, vividas e entristecidas. Mas estou feliz agora, e nesta sala fechada me enxergo e sou o único que diz algo que pode mudar toda essa circunstâncias e histórias. Poderia você imaginar o que se passa em minha cabeça? Não, claro que não, apenas lhes direi o que penso e tirem suas conclusões.
Um hino, algo que cheira como minha juventude, mas, que aos poucos fui odiando. Aqueles momentos em que gritei e me exaltei sem saber por que, mas depois encontrei meu verdadeiro “álibi” e vivendo minha fama, comecei a decair, e vendo que tudo na vida passa, quis me acabar pouco a pouco, tentando me encontrar, e aos poucos minha alma jovem foi se apagando.
Vejo tudo florescer. Enquanto estou longe muitas coisas passam, tudo gira, tudo se rebate em compassos, e sei que amanhã todos se lembraram de mim. Muitos sons são bons, mas, certas musicas são mais do que um simples grito. São sim o sentimento enrustido na alma de seu criador.
Tudo vai perdendo sentido quando envelhece. Contudo, não para alguém como Kurt Cobain, que quanto mais velho ficava, parecia que tudo ia se tornando igual. E, parecia que aquilo não fazia mais sentido e a única coisa que importava era algo químico em seu peito.
Citar algo, sobre a sexualidade de Deus, seria como matar seu próprio pai, para um cristão, mas não para alguém tão puro quanto Cobain, ele sim, sabia que o sentido daquela frase “Deus é gay”, era mais pelo fato de que não devemos julgar ninguém, nem mesmo alguém tão poderoso para muitos.
Um chá que me encaminha e aliviava as dores sentidas em cada momento de sufoco. Ninguém entende o que se passa em minha cabeça, mas a expressão de minha voz já mostra que meu “sacrifício” está no fim. Mesmo assim não me aceito como sou, e quero que todo o sentido desta porra passe. E quanto a vocês, enxerguem quem fui e, quem sou.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 12:04 0 comentários
Sexta-feira, 3 de Abril de 2009
A Imprensa que chafurda
“a imprensa brasileira é conhecida internacionalmente por trazer regularmente notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas”
Neue Zürcher Zeitung, Suíça, fevereiro de 2009
A Folhona faz mais uma das suas. Depois do infausto editorial da “ditabranda”, agora o jornalão do Otavinho Frias resolveu chamar a ”resistência armada” contra a ditadura militar de “terrorista”. Era exatamente esse o termo (terrorista) empregado pelos ditadores de plantão e seus lacaios durante o regime militar. E, é sempre bom lembrar, a Folhona ajudou de todas as formas possíveis àquele estado de exceção, seja através de editoriais ou então dando apoio logístico, como as peruas C-14 do grupo transportando presos políticos para o Doi-Codi. A Folhona que tanto ajudou os milicos golpistas, agora tornou-se panfleto de campanha de José Serra. Numa matéria nitidamente encomendada, tentou por todas as maneiras atingir a antiga “guerrilheira”, atual ministra-chefe da Casa Civil e provável candidata do Partido dos Trabalhadores à presidência da República, Dilma Rousseff.
Domingo (05/04) a Folhona publicou matéria sobre suposto plano para seqüestrar o então czar da economia, Delfim Netto, nos idos de 1969, onde a figura de Dilma Rousseuff aparece em destaque. A manchete já diz tudo: "Grupo de Dilma planejava seqüestrar Delfim". Acontece que com o PIG (Partido da Imprensa Golpista) as matérias não se sustentam nem por 24 horas. No mesmo dia o jornalista Antonio Roberto Espinosa, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), autor de "Abraços que sufocam – E outros ensaios sobre a liberdade e editor da Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe”, uma das fontes usadas, senão a principal, para a matéria em questão, encaminhou a Folhona uma carta solicitando imediata retratação, alegando a distorção entre o que ele havia dito em entrevista por telefone e o que foi publicado.
Claro que a Folhona não publicou o pedido do professor Antonio Roberto Espinosa e tampouco reconheceu qualquer equivoco na matéria. Atestando assim a parcialidade como foi dirigida desde o começo.
Como declarou recentemente o diário suíço Neue Zürcher Zeitung: “a imprensa brasileira é conhecida internacionalmente por trazer regularmente notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas”.
Reafirmando, quem declarou essa frase foi o Neue Zürcher Zeitung, da Suíça, e não a Carta Maior, a Agência Brasil de Fato, a Caros Amigos ou o Correio da Cidadania.
Segue a íntegra da correspondência:
Prezados senhores,
Chocado com a matéria publicada na edição de hoje (domingo, 5), páginas A8 a A10 deste jornal, a partir da chamada de capa “Grupo de Dilma planejou seqüestro de Delfim Neto”, e da repercussão da mesma nos blogs de vários de seus articulistas e no jornal Agora, do mesmo grupo, solicito a publicação desta carta na íntegra, sem edições ou cortes, na edição de amanhã, segunda-feira, 6 de abril, no “Painel do Leitor” (ou em espaço equivalente e com chamada de capa), para o restabelecimento da verdade, e sem prejuízo de outras medidas que vier a tomar. Esclareço preliminarmente que:
1) Não conheço pessoalmente a repórter Fernanda Odilla, pois fui entrevistado por ela somente por telefone. A propósito, estranho que um jornal do porte da Folha publique matérias dessa relevância com base somente em “investigações” telefônicas;
2) Nossa primeira conversa durou cerca de 3 horas e espero que tenha sido gravada. Desafio o jornal a publicar a entrevista na íntegra, para que o leitor a compare com o conteúdo da matéria editada. Esclareço que concedi a entrevista porque defendo a transparência e a clareza histórica, inclusive com a abertura dos arquivos da ditadura. Já concedi dezenas de entrevistas semelhantes a historiadores, jornalistas, estudantes e simples curiosos, e estou sempre disponível a todos os interessados;
3) Quem informou à Folha que o Superior Tribunal Militar (STM) guarda um precioso arquivo dos tempos da ditadura fui eu. A repórter, porém, não conseguiu acessar o arquivo, recorrendo novamente a mim, para que lhe fornecesse autorização pessoal por escrito, para investigar fatos relativos à minha participação na luta armada, não da ministra Dilma Rousseff. Posteriormente, por e-mail, fui novamente procurado pela repórter, que me enviou o croquis do trajeto para o sítio Gramadão, em Jundiaí, supostamente apreendido no aparelho em que eu residia, no bairro do Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro. Ela indagou se eu reconhecia o desenho como parte do levantamento para o seqüestro do então ministro da Fazenda Delfim Neto. Na oportunidade disse-lhe que era a primeira vez que via o croquis e, como jornalista que também sou, lhe sugeri que mostrasse o desenho ao próprio Delfim (co-signatário do Ato Institucional número 5, principal quadro civil do governo ditatorial e cúmplice das ilegalidades, assassinatos e torturas).
Afirmo publicamente que os editores da Folha transformaram um não-fato de 40 anos atrás (o seqüestro que não houve de Delfim) num factóide do presente (iniciando uma forma sórdida de anticampanha contra a Ministra). A direção do jornal (ou a sua repórter, pouco importa) tomou como provas conclusivas somente o suposto croquis e a distorção grosseria de uma longa entrevista que concedi sobre a história da VAR-Palmares. Ou seja, praticou o pior tipo de jornalismo sensacionalista, algo que envergonha a profissão que também exerço há mais de 35 anos, entre os quais por dois meses na Última Hora, sob a direção de Samuel Wayner (demitido que fui pela intolerância do falecido Octávio Frias a pessoas com um passado político de lutas democráticas). A respeito da natureza tendenciosa da edição da referida matéria faço questão de esclarecer:
1) A VAR-Palmares não era o “grupo da Dilma”, mas uma organização política de resistência à infame ditadura que se alastrava sobre nosso país, que só era branda para os que se beneficiavam dela. Em virtude de sua defesa da democracia, da igualdade social e do socialismo, teve dezenas de seus militantes covardemente assassinados nos porões do regime, como Chael Charles Shreier, Yara Iavelberg, Carlos Roberto Zanirato, João Domingues da Silva, Fernando Ruivo e Carlos Alberto Soares de Freitas. O mais importante, hoje, não é saber se a estratégia e as táticas da organização estavam corretas ou não, mas que ela integrava a ampla resistência contra um regime ilegítimo, instaurado pela força bruta de um golpe militar;
2) Dilma Rousseff era militante da VAR-Palmares, sim, como é de conhecimento público, mas sempre teve uma militância somente política, ou seja, jamais participou de ações ou do planejamento de ações militares. O responsável nacional pelo setor militar da organização naquele período era eu, Antonio Roberto Espinosa. E assumo a responsabilidade moral e política por nossas iniciativas, denunciando como sórdidas as insinuações contra Dilma;
3) Dilma sequer teria como conhecer a idéia da ação, a menos que fosse informada por mim, o que, se ocorreu, foi para o conjunto do Comando Nacional e em termos rápidos e vagos. Isto porque a VAR-Palmares era uma organização clandestina e se preocupava com a segurança de seus quadros e planos, sem contar que “informação política” é algo completamente distinto de “informação factual”. Jamais eu diria a qualquer pessoa, mesmo do comando nacional, algo tão ingênuo, inútil e contraproducente como “vamos seqüestrar o Delfim, você concorda?”. O que disse à repórter é que informei politicamente ao nacional, que ficava no Rio de Janeiro, que o Regional de São Paulo estava fazendo um levantamento de um quadro importante do governo, talvez para seqüestro e resgate de companheiros então em precárias condições de saúde e em risco de morte pelas torturados sofridas. A esse propósito, convém lembrar que o próprio companheiro Carlos Marighela, comandante nacional da ALN, não ficou sabendo do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Por que, então, a Dilma deveria ser informada da ação contra o Delfim? É perfeitamente compreensível que ela não tivesse essa informação e totalmente crível que o próprio Carlos Araújo, seu então companheiro, diga hoje não se lembrar de nada;
4) A Folha, que errou a grafia de meu nome e uma de minhas ocupações atuais (não sou “doutorando em Relações Internacionais”, mas em Ciência Política), também informou na capa que havia um plano detalhado e que “a ação chegou a ter data e local definidos”. Se foi assim, qual era o local definido, o dia e a hora? Desafio que os editores mostrem a gravação em que eu teria informado isso à repórter;
5) Uma coisa elementar para quem viveu a época: qualquer plano de ação envolvia aspectos técnicos (ou seja, mais de caráter militar) e políticos. O levantamento (que é efetivamente o que estava sendo feito, não nego) seria apenas o começo do começo. Essa parte poderia ficar pronta em mais duas ou três semanas. Reiterando: o Comando Regional de São Paulo ainda não sabia com certeza sequer a freqüência e regularidade das visitas de Delfim a seu amigo no sítio. Depois disso seria preciso fazer o plano militar, ou seja, como a ação poderia ocorrer tecnicamente: planejamento logístico, armas, locais de esconderijo etc. Somente após o plano militar seria elaborado o plano político, a parte mais complicada e delicada de uma operação dessa natureza, que envolveria a estratégia de negociações, a definição das exigências para troca, a lista de companheiros a serem libertados, o manifesto ou declaração pública à nação etc. O comando nacional só participaria do planejamento , portanto, mais tarde, na sua fase política. Até pode ser que, no momento oportuno, viesse a delegar essa função a seus quadros mais experientes, possivelmente eu, o Carlos Araújo ou o Carlos Alberto, dificilmente a Dilma ou Mariano José da Silva, o Loiola, que haviam acabado de ser eleitos para a direção; no caso dela, sequer tinha vivência militar;
6) Chocou-me, portanto, a seleção arbitrária e edição de má-fé da entrevista, pois, em alguns dias e sem recursos sequer para uma entrevista pessoal – apelando para telefonemas e e-mails, e dependendo das orientações de um jornalista mais experiente, no caso o próprio entrevistado -, a repórter chegou a conclusões mais peremptórias do que a própria polícia da ditadura, amparada em torturas e num absurdo poder discricionário. Prova disso é que nenhum de nós foi incriminado por isso na época pelos oficiais militares e delegados dos famigerados Doi-Codi e Deops e eu não fui denunciado por qualquer um dos três promotores militares das auditorias onde respondi a processos, a Primeira e a Segunda auditorias de Guerra, de São Paulo, e a Segunda Auditoria da Marinha, do Rio de Janeiro.
Osasco, 5 de abril de 2009
Antonio Roberto Espinosa
Jornalista, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela USP, autor de Abraços que sufocam – E outros ensaios sobre a liberdade e editor da Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:50 1 comentários
Domingo, 5 de Abril de 2009
Kurt Cobain
Por Alencar Vilas Boas
O começo é onde se mostra que pode ser uma grande banda. Passando por Bleach podemos ouvir uns gritos, uns berros, uma arte diferente. Algo belo de se escutar, algo que te liberta. Tudo aquilo que te dá vontade de pegar uma guitarra e bater em umas cordas pra ver se muda uma geração. Aquela vontade louca de berrar, gritar, exaltar, uma explosão de sonhos, vontades e desejos. “Mil orgasmos passando pelo corpo”, e todos aqueles hormônios querendo sair pela suas entranhas. Um “cara” junto à mais dois “caras” conseguem firmemente fazer o que se era esperado.
Uma alma pura que explode em palavras, querendo estar onde não pode, mostrar o que a sociedade esconde, ir atrás de tudo aquilo indesejado. O lixo do som na verdade é apenas uma forma de expressar seus sentimentos, desejos e vontades, através de berros, gestos e batidas de bateria.
Mas eu me odeio e quero morrer. Quem sabe tentando achar uma saída, a morte seria a melhor solução. Ou seria apenas a vontade de sentir um “orgasmo” pleno da droga e de todo o desejo, amargamente doce que passa pelo sangue? A química que se mistura com seu coração e te torna mecânico. Isto sim deve ser um desejo e uma vontade de mostrar tudo de bom que passa em sua alma, se é que você ainda tem uma. Depois de algum tempo tudo vai se acabando e parece que chega o momento em que todos te odeiam.
Um alívio imediato, que se trata com ervas matinais, uma caneta pode ser a “bola” da vez. Muitas coisas não se resumem somente em estudo ou em coisas “certinhas”, pode ser que pra mostrar o que se pensa, seja necessário um toque de algo que te alucina e que te eleva aos céus.
Uma batida que destrói e me alegra. Tudo que se passa dentro de mim são fatos e histórias, vividas e entristecidas. Mas estou feliz agora, e nesta sala fechada me enxergo e sou o único que diz algo que pode mudar toda essa circunstâncias e histórias. Poderia você imaginar o que se passa em minha cabeça? Não, claro que não, apenas lhes direi o que penso e tirem suas conclusões.
Um hino, algo que cheira como minha juventude, mas, que aos poucos fui odiando. Aqueles momentos em que gritei e me exaltei sem saber por que, mas depois encontrei meu verdadeiro “álibi” e vivendo minha fama, comecei a decair, e vendo que tudo na vida passa, quis me acabar pouco a pouco, tentando me encontrar, e aos poucos minha alma jovem foi se apagando.
Vejo tudo florescer. Enquanto estou longe muitas coisas passam, tudo gira, tudo se rebate em compassos, e sei que amanhã todos se lembraram de mim. Muitos sons são bons, mas, certas musicas são mais do que um simples grito. São sim o sentimento enrustido na alma de seu criador.
Tudo vai perdendo sentido quando envelhece. Contudo, não para alguém como Kurt Cobain, que quanto mais velho ficava, parecia que tudo ia se tornando igual. E, parecia que aquilo não fazia mais sentido e a única coisa que importava era algo químico em seu peito.
Citar algo, sobre a sexualidade de Deus, seria como matar seu próprio pai, para um cristão, mas não para alguém tão puro quanto Cobain, ele sim, sabia que o sentido daquela frase “Deus é gay”, era mais pelo fato de que não devemos julgar ninguém, nem mesmo alguém tão poderoso para muitos.
Um chá que me encaminha e aliviava as dores sentidas em cada momento de sufoco. Ninguém entende o que se passa em minha cabeça, mas a expressão de minha voz já mostra que meu “sacrifício” está no fim. Mesmo assim não me aceito como sou, e quero que todo o sentido desta porra passe. E quanto a vocês, enxerguem quem fui e, quem sou.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 12:04 0 comentários
Sexta-feira, 3 de Abril de 2009
sábado, 4 de abril de 2009
"ECCE HOMO"
04/04/09
Eis como eu apresentaria Lula ao mundo: da mesma maneira como Pilatos entregou o Homem Jesus às mãos da turba - "Ecce Homo"! Do pátio do Sinédrio, levaram-No diretamente ao Gólgota para a crucificção sem a justa razão que O pusesse no papel de um criminoso comum. E ainda declarou mais o governante romano: "Não vejo culpa alguma nesse homem". Para o incauto judeu da época, aquilo soava como uma espécie de "salvo conduto", ou seja: dava ao Homem Jesus "status" de inocência, contrariando a turba ululante.
Barack Obama foi o Pilatos da Era Moderna, e em vez de levar o objeto de seu "elogio" para lugar igual conduziu-o docilmente para onde seus olhos se voltam: ao pré-sal - a imensa reserva petrolífera em águas brasileiras que está lá há milhões de anos e que servirá mais aos interesses estrangeiros do que propriamente ao Brasil.
"Luiz Inácio Lula da Silva - Ecce Homo!
Eis como eu apresentaria Lula ao mundo: da mesma maneira como Pilatos entregou o Homem Jesus às mãos da turba - "Ecce Homo"! Do pátio do Sinédrio, levaram-No diretamente ao Gólgota para a crucificção sem a justa razão que O pusesse no papel de um criminoso comum. E ainda declarou mais o governante romano: "Não vejo culpa alguma nesse homem". Para o incauto judeu da época, aquilo soava como uma espécie de "salvo conduto", ou seja: dava ao Homem Jesus "status" de inocência, contrariando a turba ululante.
Barack Obama foi o Pilatos da Era Moderna, e em vez de levar o objeto de seu "elogio" para lugar igual conduziu-o docilmente para onde seus olhos se voltam: ao pré-sal - a imensa reserva petrolífera em águas brasileiras que está lá há milhões de anos e que servirá mais aos interesses estrangeiros do que propriamente ao Brasil.
"Luiz Inácio Lula da Silva - Ecce Homo!
"HE´S THE GUY"
Sexta-feira, 3 de Abril de 2009
Mês passado participei da convenção duma empresa para a qual trabalho. Durante dias, ao meio de inúmeras palestras motivacionais, a figura do presidente estadunidense Barack Obama foi recorrentemente lembrada como sinônimo de perseverança. Vez ou outra, o jogador Ronaldo também foi lembrado. Confabulei com um amigo e companheiro de trabalho que Lula, gostemos ou não, representa perseverança bem mais que Obama – sobre o futebolista então, nem preciso falar nada. Tive a impressão que lembrar o nome de Lula ali seria um sacrilégio. Como se estivesse proibido fazer qualquer analogia entre Lula e a marca da empresa em questão.
Não vou gastar meu tempo digitando a trajetória do retirante que fugiu da fome, trabalhou como metalúrgico, depois virou líder sindical, peitou a Ditadura Militar, fundou e ainda está à frente do maior partido de esquerda do Hemisfério Sul e, finalmente, tornou-se presidente da República. Todos a conhecem.
O mote desse texto será outro. O prestígio internacional que o ex-metalúrgico goza. Ontem, Obama, o presidente estadunidense para quem mídia e elite tupiniquim abanam o rabinho como um cãozinho a espera dum afago, disse que “Lula é o cara”. E em seguida emendou, “Eu adoro esse cara” e ainda engatou “Ele é o político mais popular do planeta”, ao que o primeiro- ministro australiano acrescentou, “O mais popular político de longo mandato.”
Aqui em Minas tem um ditado: "Santo de casa não faz milagre"... Acho que a origem desse ditado popular está ligada a uma passagem bíblica mais ou menos assim: "o profeta não é bem-vindo em sua terra". Pois é, enquanto o PIG, a oposição farisaica e a elite burguesa chamam Lula de apedeuta, ignorante, burro, analfabeto, vulgar, idiota, xucro, vagabundo, malandro, pingaiada e "nordestino" – acho que não preciso discorrer sobre a conotação preconceituosa como usam o último adjetivo –, o mundo trata-o como verdadeiro líder. E o pior pra eles (os detratores do presidente brasileiro), o “analfabeto” é bem quisto e admirado pelo mesmo presidente de quem ridiculamente cobriram a posse como se fosse a chegada triunfal do novo César ao poder, e a quem elegeram como o Messias capaz de salvar o capitalismo da débâcle. Obama, pra eles, significa justamente isso, uma mescla entre o César romano e o Messias cristão. E agora, esse César - Messias, cabeça do maior Império da Terra, lhes prega essa peça.
O blogueiro globista Ricardo Noblat, um dos porta-vozes da oposição farisaica e do PIG, não perdeu tempo e decretou que a frase de Obama não passou de "deboche". Vejam só: “Faz tempo que não implico com Lula. Dirão que voltei a implicar. Mas desconfio que debocharam com classe dele em Londres, ontem e hoje”. Dá até pra desconfiar se o Noblat não havia tomado “umas a mais” para escrever artigo de teor tão imbecil. É que pra essas viúvas doutras tempos, fica complicado reconhecer que Lula é respeitado, enquanto FFHH ou era saudado como presidente do México, ou então embasbacado consigo mesmo, discursava em francês na Assembléia Nacional em Paris (e éramos nós a ser chamados jocosamente de caipiras por aquele cavalheiro!!!).
Concordo com o governo Lula em vários pontos e o crítico (de forma construtiva) em outros inúmeros pontos. Não estamos vivendo em “Pasárgada” e algumas medidas do governo Lula têm claro viés neoliberal. Todavia, é inegável o avanço pelo qual o país, e o mais importante, o povo brasileiro, vem passando nesses últimos 75 meses. Ademais, é insofismável que o Brasil tem hoje, de fato, um estadista, e não um “pavão cafona”, um mero politiqueiro, ou algum representante das oligarquias como presidente da República.
A seguir listo alguns dos motivos pelos quais Lula é admirado no exterior e conta com enorme popularidade em sua terra, ainda que o PIG, a oposição farisaica e a elite entreguista e mazombeira, teimem em afirmar o contrário. Lula, em boa parte, contraria até aquele ditado mineiro citado acima.
Salário mínimo acima dos 200 dólares; política externa independente; Bolsa família; Luz para Todos; ProUni; auto-suficiência em Petróleo (e descoberta dos enormes campos do Pré-Sal); fomentação do mercado interno; sucessivos saldos positivos,e crescentes, na balança comercial; solução para a questão do gás natural proveniente da Bolívia (quando da justa reclamação do país vizinho, sem que com isso o Brasil ficasse um único dia sem fornecimento de gás e tampouco tivesse aumento no preço deste para os brasileiros); agilidade para o financiamento da casa própria (nunca antes tantos brasileiros adquiriram casa própria); quebra constante de recordes na indústria automobilística; apoio à programas de energia sustentável ; reservas de 200 bilhões de dólares; governo com credibilidade para lançar programa de 1 milhão de casas populares; divida externa zerada; Brasil em condições de propor uma reforma bilateral do FMI ( e emprestando dinheiro a instituição); seis milhões de empregos gerados só nos primeiros quatro anos; surgimento do Brasil como promotor e principal agente da integração latino-americana; operações eficientes da republicana Policia Federal; diminuição gradativa da desigualdade social; perdão da dívida dos países mais pobres para conosco;retomada do estado como parceiro da iniciativa privada; Brasil com cacife para pleitear uma reforma da ONU e um assento permanente num novo Conselho de Segurança; melhoria do IDH, aproximando-nos dos níveis de países desenvolvidos; diversificação dos parceiros no comércio exterior, saindo assim da dependência do mercado estadunidense.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:34
Mês passado participei da convenção duma empresa para a qual trabalho. Durante dias, ao meio de inúmeras palestras motivacionais, a figura do presidente estadunidense Barack Obama foi recorrentemente lembrada como sinônimo de perseverança. Vez ou outra, o jogador Ronaldo também foi lembrado. Confabulei com um amigo e companheiro de trabalho que Lula, gostemos ou não, representa perseverança bem mais que Obama – sobre o futebolista então, nem preciso falar nada. Tive a impressão que lembrar o nome de Lula ali seria um sacrilégio. Como se estivesse proibido fazer qualquer analogia entre Lula e a marca da empresa em questão.
Não vou gastar meu tempo digitando a trajetória do retirante que fugiu da fome, trabalhou como metalúrgico, depois virou líder sindical, peitou a Ditadura Militar, fundou e ainda está à frente do maior partido de esquerda do Hemisfério Sul e, finalmente, tornou-se presidente da República. Todos a conhecem.
O mote desse texto será outro. O prestígio internacional que o ex-metalúrgico goza. Ontem, Obama, o presidente estadunidense para quem mídia e elite tupiniquim abanam o rabinho como um cãozinho a espera dum afago, disse que “Lula é o cara”. E em seguida emendou, “Eu adoro esse cara” e ainda engatou “Ele é o político mais popular do planeta”, ao que o primeiro- ministro australiano acrescentou, “O mais popular político de longo mandato.”
Aqui em Minas tem um ditado: "Santo de casa não faz milagre"... Acho que a origem desse ditado popular está ligada a uma passagem bíblica mais ou menos assim: "o profeta não é bem-vindo em sua terra". Pois é, enquanto o PIG, a oposição farisaica e a elite burguesa chamam Lula de apedeuta, ignorante, burro, analfabeto, vulgar, idiota, xucro, vagabundo, malandro, pingaiada e "nordestino" – acho que não preciso discorrer sobre a conotação preconceituosa como usam o último adjetivo –, o mundo trata-o como verdadeiro líder. E o pior pra eles (os detratores do presidente brasileiro), o “analfabeto” é bem quisto e admirado pelo mesmo presidente de quem ridiculamente cobriram a posse como se fosse a chegada triunfal do novo César ao poder, e a quem elegeram como o Messias capaz de salvar o capitalismo da débâcle. Obama, pra eles, significa justamente isso, uma mescla entre o César romano e o Messias cristão. E agora, esse César - Messias, cabeça do maior Império da Terra, lhes prega essa peça.
O blogueiro globista Ricardo Noblat, um dos porta-vozes da oposição farisaica e do PIG, não perdeu tempo e decretou que a frase de Obama não passou de "deboche". Vejam só: “Faz tempo que não implico com Lula. Dirão que voltei a implicar. Mas desconfio que debocharam com classe dele em Londres, ontem e hoje”. Dá até pra desconfiar se o Noblat não havia tomado “umas a mais” para escrever artigo de teor tão imbecil. É que pra essas viúvas doutras tempos, fica complicado reconhecer que Lula é respeitado, enquanto FFHH ou era saudado como presidente do México, ou então embasbacado consigo mesmo, discursava em francês na Assembléia Nacional em Paris (e éramos nós a ser chamados jocosamente de caipiras por aquele cavalheiro!!!).
Concordo com o governo Lula em vários pontos e o crítico (de forma construtiva) em outros inúmeros pontos. Não estamos vivendo em “Pasárgada” e algumas medidas do governo Lula têm claro viés neoliberal. Todavia, é inegável o avanço pelo qual o país, e o mais importante, o povo brasileiro, vem passando nesses últimos 75 meses. Ademais, é insofismável que o Brasil tem hoje, de fato, um estadista, e não um “pavão cafona”, um mero politiqueiro, ou algum representante das oligarquias como presidente da República.
A seguir listo alguns dos motivos pelos quais Lula é admirado no exterior e conta com enorme popularidade em sua terra, ainda que o PIG, a oposição farisaica e a elite entreguista e mazombeira, teimem em afirmar o contrário. Lula, em boa parte, contraria até aquele ditado mineiro citado acima.
Salário mínimo acima dos 200 dólares; política externa independente; Bolsa família; Luz para Todos; ProUni; auto-suficiência em Petróleo (e descoberta dos enormes campos do Pré-Sal); fomentação do mercado interno; sucessivos saldos positivos,e crescentes, na balança comercial; solução para a questão do gás natural proveniente da Bolívia (quando da justa reclamação do país vizinho, sem que com isso o Brasil ficasse um único dia sem fornecimento de gás e tampouco tivesse aumento no preço deste para os brasileiros); agilidade para o financiamento da casa própria (nunca antes tantos brasileiros adquiriram casa própria); quebra constante de recordes na indústria automobilística; apoio à programas de energia sustentável ; reservas de 200 bilhões de dólares; governo com credibilidade para lançar programa de 1 milhão de casas populares; divida externa zerada; Brasil em condições de propor uma reforma bilateral do FMI ( e emprestando dinheiro a instituição); seis milhões de empregos gerados só nos primeiros quatro anos; surgimento do Brasil como promotor e principal agente da integração latino-americana; operações eficientes da republicana Policia Federal; diminuição gradativa da desigualdade social; perdão da dívida dos países mais pobres para conosco;retomada do estado como parceiro da iniciativa privada; Brasil com cacife para pleitear uma reforma da ONU e um assento permanente num novo Conselho de Segurança; melhoria do IDH, aproximando-nos dos níveis de países desenvolvidos; diversificação dos parceiros no comércio exterior, saindo assim da dependência do mercado estadunidense.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 18:34
sexta-feira, 3 de abril de 2009
ASSIM SOMOS TODOS
Encontrava-me em meio a uma tarde de sol sobre a laje de minha residência no bairro Perissê, em Friburgo, de olhos voltados à cadeia de montanhas que se descortina muito claramente lá de cima.
Friburgo adormece mergulhada em um vale extenso cercada de muito verde e de uma cadeia montanhosa que faz parte da Serra dos Órgãos; pois eram justamente para uma parte, dessa construção milenar de rochas, que eu tinha fixos os meus deslumbrados olhos – as Duas Pedras, imponentes e majestosas a refletirem a luz soalheira.
Pelos anos que eu convivo com suas presenças imponentes, já deveria estar mais do que acostumado vê-las à distância sob essa luz límpida – sem poluição – que temos em nosso burgo.
Mas não é assim. Às vezes, envolvidas pela refração da luz, as monolíticas pedras gêmeas – símbolos da cidade, juntamente à Pedra do Cão – ficam obnubiladas por atmosfera que se assemelha a uma imensa cortina gasosa. Vemo-las como um simples recorte, sem detalhes, contra o azul do céu; outras vezes, mostram-se em todos os seus detalhes e perfis suavizados pelo trabalho de escultor das chuvas e dos ventos durante milênios. Suas rachaduras são esculpidas como cascatas petrificadas, desde o alto ao sopé, onde mergulham em densa mata exuberante.
Essas Duas Pedras milenares olham-nos, de suas cavaleiras altitudes, com altivez.
Têm a cidade inteira aos seus pés, lembrando antigas muralhas construídas em torno de cidadelas como baluartes de defesa.
Confesso que ambas têm o dom de despertarem em mim fascínio incontrolável, com suas conformações pétreas. Elas ainda estarão lá com a mesma altivez e grandiosidade, lembrando-nos, a todos, que seremos tão somente lembranças insignificantes na economia da Vida, quando outros séculos sobre ambas se debruçarem. Diante dessa verdade nua e crua, quedo-me acabrunhado sentindo-me o menor dos seres.
Realmente, esta é toda a expressão da verdade: nada somos, ou antes, assim somos todos perante essas duas esfinges naturais. Isso dói demais.
Invejo, sim, essas Duas Pedras formidáveis que nos olham de lá muito serenas, como testemunhas implacáveis de nossa fragilidade de seres humanos.
Olhadas por outros olhos e tão amadas como são agora por todos, elas continuarão lá para sempre.
Friburgo adormece mergulhada em um vale extenso cercada de muito verde e de uma cadeia montanhosa que faz parte da Serra dos Órgãos; pois eram justamente para uma parte, dessa construção milenar de rochas, que eu tinha fixos os meus deslumbrados olhos – as Duas Pedras, imponentes e majestosas a refletirem a luz soalheira.
Pelos anos que eu convivo com suas presenças imponentes, já deveria estar mais do que acostumado vê-las à distância sob essa luz límpida – sem poluição – que temos em nosso burgo.
Mas não é assim. Às vezes, envolvidas pela refração da luz, as monolíticas pedras gêmeas – símbolos da cidade, juntamente à Pedra do Cão – ficam obnubiladas por atmosfera que se assemelha a uma imensa cortina gasosa. Vemo-las como um simples recorte, sem detalhes, contra o azul do céu; outras vezes, mostram-se em todos os seus detalhes e perfis suavizados pelo trabalho de escultor das chuvas e dos ventos durante milênios. Suas rachaduras são esculpidas como cascatas petrificadas, desde o alto ao sopé, onde mergulham em densa mata exuberante.
Essas Duas Pedras milenares olham-nos, de suas cavaleiras altitudes, com altivez.
Têm a cidade inteira aos seus pés, lembrando antigas muralhas construídas em torno de cidadelas como baluartes de defesa.
Confesso que ambas têm o dom de despertarem em mim fascínio incontrolável, com suas conformações pétreas. Elas ainda estarão lá com a mesma altivez e grandiosidade, lembrando-nos, a todos, que seremos tão somente lembranças insignificantes na economia da Vida, quando outros séculos sobre ambas se debruçarem. Diante dessa verdade nua e crua, quedo-me acabrunhado sentindo-me o menor dos seres.
Realmente, esta é toda a expressão da verdade: nada somos, ou antes, assim somos todos perante essas duas esfinges naturais. Isso dói demais.
Invejo, sim, essas Duas Pedras formidáveis que nos olham de lá muito serenas, como testemunhas implacáveis de nossa fragilidade de seres humanos.
Olhadas por outros olhos e tão amadas como são agora por todos, elas continuarão lá para sempre.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
RESPOSTA A DANIEL PEARL BEZERRA DE OLIVEIRA
02/04/09
Bem-vindo ao meu blog!
Foi com prazer que encontrei um seu comentário inserido em meu blog tratando da defesa à Ministra Dilma Roussef (im)provável postulante à Presidência da República (de que república não sei), cujo perfil completo é mencionado em seu referido comentário. Suponho que o senhor seja mais um dos quantos foram vacinados com o virus "Lula". Quem declarou que a Ministra da Casa Civil é a candidata do povo brasileiro? Pode ser desse Zé Povinho - levado ao cabresto da Bolsa Família, essa famigerada "esmola" tapa consciência - que não raciocina ou enxerga aquém da ponta do nariz. E Brasil de quem? De quais "Todos"? Os daqui, infelizes, lamentam o estado da saúde, dos hospitais, das estradas principais, do ensino, do emprego e dos salários. Os aposentados, então, são as maiores vítimas desse governo que pautou por "obedecer" cegamente os preceitos do neoliberalismo numa continuidade do governo anterior. Lula é presidente-sócio dos governos alienígenas. Agora, na famosa reunião do G-20, declara-se disposto a "contribuir" com polpuda soma em benefício do FMI - famigerado órgão internacional - poderosíssimo controlador das economias de países em desenvolvimento que nada mais fez que explorar a juros exorbitantes as dívidas desses países como o Brasil. E o Lula, lembro, sempre pedindo uma "AUDITORIA EM NOSSAS DÍVIDAS IMPAGÁVEIS", por ser um descalabro a referida dívida crescer a olhos
vistos! Uma vez "montado" na sela do poder, o homem esqueceu tudo o que disse anteriormente. Quiz dar uma de General Figueiredo ou de Fernando H. Cardoso, de péssima lembrança aos brasileiros.
Quer dizer que 23,5 mi de brasileiros passaram do estado de pobreza à classe média (quer dizer: mé..dica!?. Desde quando? Em meu bolso, eu não sinto a diferença; sinto, sim, todas as taxas sendo reajustadas acima da inflação anual e acima dos reajustes salariais, assim como os remédios, já com os preços elevados, e muito! O PAC, cuja gerenciadora é a Sra. Dilma Roussef, deveria ser renomeado para: PACOTE ANTI-CORRUPÇÃO. Ficaria mais bem posto, mais adequado à situação atual.
Agora, dou aqui uuma sugestão ao governo Lula: Quando um trabalhador brasileiro - falo dos trabalhadores de verdade, nos 365 dias do ano - for requerer sua aposentadoria à Previdência (a referida está necessitada de séria PROVIDÊNCIA em seus cofres), o órgão (que pertence aos trabalhadores e empregadores e mais ninguém), faria uma "oferta", no balcão da Agência, de uma forte dose de CIANURETO para o postulante à aposentadoria beber em casa, sob a promessa de que o GOVERNO FEDERAL trataria de todo o procedimento ao funeral. Pronto! Não haveria mais no país essa classe "odiosa" que é o "Calcanhar de Aquiles" a todos os governos que só pensam e raciocinam "NÚMEROS", em vez de SERES HUMANOS! Que Tal?
Assim, quando a Dilma Rouchefe fosse eleita(?)ela estaria livre dos idosos - trambolhos da Nação brasileira - e da obrigatoriedade de matar, aos poucos, todos os idosos que durante uma vida inteira se "corromperam", "roubaram" e "desviaram" verbas aos cofres públicos. Hum? Que me diz, Senhor Daniel (que acredito não seja o Dantas)? É só o que tinha a comentar, mas fica sempre o meu convite a sua visita ao meu blog, porém sem essas "manchas" maquiavélicas do engodo. Obrigado, e até uma próxima oportunidade. MORANI
Bem-vindo ao meu blog!
Foi com prazer que encontrei um seu comentário inserido em meu blog tratando da defesa à Ministra Dilma Roussef (im)provável postulante à Presidência da República (de que república não sei), cujo perfil completo é mencionado em seu referido comentário. Suponho que o senhor seja mais um dos quantos foram vacinados com o virus "Lula". Quem declarou que a Ministra da Casa Civil é a candidata do povo brasileiro? Pode ser desse Zé Povinho - levado ao cabresto da Bolsa Família, essa famigerada "esmola" tapa consciência - que não raciocina ou enxerga aquém da ponta do nariz. E Brasil de quem? De quais "Todos"? Os daqui, infelizes, lamentam o estado da saúde, dos hospitais, das estradas principais, do ensino, do emprego e dos salários. Os aposentados, então, são as maiores vítimas desse governo que pautou por "obedecer" cegamente os preceitos do neoliberalismo numa continuidade do governo anterior. Lula é presidente-sócio dos governos alienígenas. Agora, na famosa reunião do G-20, declara-se disposto a "contribuir" com polpuda soma em benefício do FMI - famigerado órgão internacional - poderosíssimo controlador das economias de países em desenvolvimento que nada mais fez que explorar a juros exorbitantes as dívidas desses países como o Brasil. E o Lula, lembro, sempre pedindo uma "AUDITORIA EM NOSSAS DÍVIDAS IMPAGÁVEIS", por ser um descalabro a referida dívida crescer a olhos
vistos! Uma vez "montado" na sela do poder, o homem esqueceu tudo o que disse anteriormente. Quiz dar uma de General Figueiredo ou de Fernando H. Cardoso, de péssima lembrança aos brasileiros.
Quer dizer que 23,5 mi de brasileiros passaram do estado de pobreza à classe média (quer dizer: mé..dica!?. Desde quando? Em meu bolso, eu não sinto a diferença; sinto, sim, todas as taxas sendo reajustadas acima da inflação anual e acima dos reajustes salariais, assim como os remédios, já com os preços elevados, e muito! O PAC, cuja gerenciadora é a Sra. Dilma Roussef, deveria ser renomeado para: PACOTE ANTI-CORRUPÇÃO. Ficaria mais bem posto, mais adequado à situação atual.
Agora, dou aqui uuma sugestão ao governo Lula: Quando um trabalhador brasileiro - falo dos trabalhadores de verdade, nos 365 dias do ano - for requerer sua aposentadoria à Previdência (a referida está necessitada de séria PROVIDÊNCIA em seus cofres), o órgão (que pertence aos trabalhadores e empregadores e mais ninguém), faria uma "oferta", no balcão da Agência, de uma forte dose de CIANURETO para o postulante à aposentadoria beber em casa, sob a promessa de que o GOVERNO FEDERAL trataria de todo o procedimento ao funeral. Pronto! Não haveria mais no país essa classe "odiosa" que é o "Calcanhar de Aquiles" a todos os governos que só pensam e raciocinam "NÚMEROS", em vez de SERES HUMANOS! Que Tal?
Assim, quando a Dilma Rouchefe fosse eleita(?)ela estaria livre dos idosos - trambolhos da Nação brasileira - e da obrigatoriedade de matar, aos poucos, todos os idosos que durante uma vida inteira se "corromperam", "roubaram" e "desviaram" verbas aos cofres públicos. Hum? Que me diz, Senhor Daniel (que acredito não seja o Dantas)? É só o que tinha a comentar, mas fica sempre o meu convite a sua visita ao meu blog, porém sem essas "manchas" maquiavélicas do engodo. Obrigado, e até uma próxima oportunidade. MORANI
1º DE ABRIL
Quarta-feira, 1 de Abril de 2009
1º de Abril
Há muitas explicações para o 1º de abril ter se transformado no Dia da Mentira. Uma delas diz que a brincadeira surgiu na França. Desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado no dia 25 de março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1º de abril.
Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX de França determinou que o ano novo fosse comemorado no dia 1º de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1º de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los, a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.
Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool’s Day ou Dia dos Tolos, na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d’aprile e poisson d’avril, o que significa literalmente “peixe de abril”.
No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Pernambuco, onde circulou “A Mentira”, um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. “A Mentira” saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.
Lembro-me que, quando criança, costumava pregar peças em meus amigos, irmãos e outros parentes, muito por conta da influência de meu pai, que também gostava, e ainda gosta, de pregar trotes pueris nessa data.
Todavia, na História brasileira, um acontecimento ocorrido num 1º de abril, justamente por ter se passado no “dia da mentira”, acabou entrando para a História como tendo ocorrido em 31 de março. Isso aconteceu em 1964, quando os militares puderam, enfim, pôr em prática o que já articulavam desde a fundação da Escola Superior de Guerra em 1949. Depuseram um governo legítimo e usurparam o poder para manterem-se nele por mais de vinte anos.
Antes, em agosto de 1954, o suicídio de Getúlio Vargas adiou os planos da extrema-direita das Forças Armadas para dali dez anos. Contudo, o golpe teria de se sustentar em mentiras. Eu ousaria dizer inclusive, que, o golpe de 1964 foi um golpe mitomaníaco, tanto na origem quanto no desenrolar ou no desfecho. Uma mentira contada em cima doutra.
Isso aconteceu, como já adiantei acima, com a data que entrou para os livros de História. Substituíram o 1º de abril, dia da mentira, para o neutro 31 de março. Depois, passaram a contar, sem rubor algum, a mentira que o golpe tratava-se duma “revolução democrática”. Durante a preparação para o golpe, os militares golpistas e as forças conservadoras fundiram na cabeça de seus compatriotas, principalmente da classe média, que o então presidente João Goulart era, na verdade, um perigoso agente comunista a serviço de Havana e Moscou. Hoje sabemos – e já naquela época muitos sabiam – que eram eles (os golpistas) que trabalhavam em conluio com forças estrangeiras – fato verídico, confirmado por documentos do Departamento de Estado ianque. Eu mesmo cresci estudando nos livros de História que, “em 31 de março de 1964 as Forças Armadas deflagraram uma revolução democrática no Brasil e afastaram o perigo comunista”.
Esses militares mentirosos, apoiados pela elite igualmente mentirosa, ao usurparem o poder declararam respeito à Constituição vigente (de 1946) e ao calendário eleitoral, que por sua vez, previa eleições diretas para a presidência da República para o ano seguinte. Não demorou muito para o nariz de Pinocchio crescer. Suspenderam a eleição em questão e, mais tarde, com o advento da AI-5, a chamada linha dura do Exército patrocinou outro golpe dentro do golpe, postergando a ditadura por mais 17 anos.
No desenrolar se afundaram ainda mais em outras mentiras. Sofismaram que, o estado de exceção trazido por eles tratava-se dum estado de direito. Para tanto, deixaram, na maior parte do tempo, que se realizassem eleições periódicas, mantiveram o Congresso aberto e o STF funcionando. Dessa forma davam argumentos àqueles que se encontravam em prol do regime e tentavam ocultar os efeitos desse sobre a sociedade civil. No entanto, com a perseguição e cassação sistemática de líderes populares, dos políticos oposicionistas mais aguerridos, da maior parcela da classe intelectual, dos artistas que se opunham ao regime e a censura imposta, e, sobretudo, pelas torturas e assassinatos cometidos a mando da hierarquia militar, consumava-se, inegavelmente, o autoritarismo como marca daqueles tempos. Além de tudo isso, os militares souberam impor a partir de 1965, a proibição de eleições diretas para prefeito em capitais e mais algumas cidades estratégicas, para governador em todos os estados da federação e para presidente da República. Para facilitar o controle do regime sobre a classe política, extinguiram, na base da truculência obviamente, os partidos existentes e implantaram um bi-partidarismo onde os partidos remanescentes se dividiam em: Arena, partido do “sim senhor general”; e MDB, partido do “sim senhor”.
No sentido econômico venderam a mentira do Brasil grande, preparado para o futuro, gigante da economia mundial, quando na verdade mostravam uma inépcia diante das crises cíclicas do capitalismo – vide a atitude dos militares frente à crise do petróleo na década de 1970, por exemplo. Levaram o país a uma generalizada onda estatizante, cuja idéia principal era aumentar o controle sobre a sociedade. No período inicial da ditadura puseram em prática uma série de projetos de crescimento, mais tarde conhecido como “milagre econômico”. Este “milagre”, entretanto, culminou numa forte concentração de riquezas, contribuindo de forma enfática para aprofundar ainda mais o fosso da desigualdade social no país. Ao final da ditadura militar, já no governo do ditador João Baptista Figueiredo, assistimos atônitos a explosão da enorme dívida externa acumulada e ao avanço do processo inflacionário.
O desfecho da ditadura não poderia ter sido nada mais além de outra mentira colossal. A eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral – uma invenção dos militares a fim de manterem o poder a afastar as forças populares da decisão – em janeiro de 1985. Qual o significado dessa eleição? A eleição dum político conservador, retrógrado, matreiro, de métodos tradicionais, abençoado pelos militares e tendo como companheiro de chapa um político semelhante, José Sarney, que havia sido presidente da antiga Arena, ambos compromissados em assumir um governo tutelado pelos milicos. Portanto, esses cavalheiros conspurcavam qualquer tentativa de construção duma sociedade democrática.
Como o golpe nasceu de mentiras e triunfou no dia da mentira, nada mais adequado que ainda hoje continuem seus defensores mentindo. A Folhona não esperou o 1º de abril e criou o neologismo “ditabranda” para designar a ditadura militar brasileira. Outros dos principais meios de comunicação do país pousam como vestais da democracia e liberdade, contudo, devem aos cidadãos brasileiros, explicações sobre sua participação naquele nefasto golpe. Afinal, saíram às ruas clamando pela intervenção militar e tiveram participação incisiva na desconstrução dum governo constitucional e na mobilização da classe média. Organizações Globo, Estadão, Folha – e outros veículos que a própria ditadura, por ironia do destino, acabou dando cabo – clamaram para que a caserna golpista pusesse um “basta” ao governo Goulart. É bom lembrar também que a classe política de então, em peso, apoiou o golpe. Os governadores de Minas Gerais (Magalhães Pinto), do Rio de Janeiro (Carlos Lacerda) e de São Paulo (Ademar de Barros) eram a linha de frente dessa classe, que ainda contou com o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Resta aos brasileiros que ainda sonham com uma sociedade mais justa e democrática lutarem para colocar o regime militar em seu devido lugar, ou seja, o de um regime baseado em mentiras, perpetrado e sustentado através de violações dos direitos cívicos e humanos, utilizador de métodos autoritários. A única verdade que há sobre esse momento funesto de nossa História está no sangue vertido por vários heróis que tiveram a coragem de lutar contra um estado de exceção. Ou então, jaz com muitos desses heróis.
P.S. Esse artigo é em memória ao Deputado Federal Carlos Marighela, ao Capitão Carlos Lamarca, aos bravos combatentes revolucionários do Araguaia, e a todos mais que tombaram lutando pelos verdadeiros ideais democráticos.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 00:13
1º de Abril
Há muitas explicações para o 1º de abril ter se transformado no Dia da Mentira. Uma delas diz que a brincadeira surgiu na França. Desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado no dia 25 de março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1º de abril.
Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX de França determinou que o ano novo fosse comemorado no dia 1º de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1º de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los, a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.
Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool’s Day ou Dia dos Tolos, na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d’aprile e poisson d’avril, o que significa literalmente “peixe de abril”.
No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Pernambuco, onde circulou “A Mentira”, um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. “A Mentira” saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.
Lembro-me que, quando criança, costumava pregar peças em meus amigos, irmãos e outros parentes, muito por conta da influência de meu pai, que também gostava, e ainda gosta, de pregar trotes pueris nessa data.
Todavia, na História brasileira, um acontecimento ocorrido num 1º de abril, justamente por ter se passado no “dia da mentira”, acabou entrando para a História como tendo ocorrido em 31 de março. Isso aconteceu em 1964, quando os militares puderam, enfim, pôr em prática o que já articulavam desde a fundação da Escola Superior de Guerra em 1949. Depuseram um governo legítimo e usurparam o poder para manterem-se nele por mais de vinte anos.
Antes, em agosto de 1954, o suicídio de Getúlio Vargas adiou os planos da extrema-direita das Forças Armadas para dali dez anos. Contudo, o golpe teria de se sustentar em mentiras. Eu ousaria dizer inclusive, que, o golpe de 1964 foi um golpe mitomaníaco, tanto na origem quanto no desenrolar ou no desfecho. Uma mentira contada em cima doutra.
Isso aconteceu, como já adiantei acima, com a data que entrou para os livros de História. Substituíram o 1º de abril, dia da mentira, para o neutro 31 de março. Depois, passaram a contar, sem rubor algum, a mentira que o golpe tratava-se duma “revolução democrática”. Durante a preparação para o golpe, os militares golpistas e as forças conservadoras fundiram na cabeça de seus compatriotas, principalmente da classe média, que o então presidente João Goulart era, na verdade, um perigoso agente comunista a serviço de Havana e Moscou. Hoje sabemos – e já naquela época muitos sabiam – que eram eles (os golpistas) que trabalhavam em conluio com forças estrangeiras – fato verídico, confirmado por documentos do Departamento de Estado ianque. Eu mesmo cresci estudando nos livros de História que, “em 31 de março de 1964 as Forças Armadas deflagraram uma revolução democrática no Brasil e afastaram o perigo comunista”.
Esses militares mentirosos, apoiados pela elite igualmente mentirosa, ao usurparem o poder declararam respeito à Constituição vigente (de 1946) e ao calendário eleitoral, que por sua vez, previa eleições diretas para a presidência da República para o ano seguinte. Não demorou muito para o nariz de Pinocchio crescer. Suspenderam a eleição em questão e, mais tarde, com o advento da AI-5, a chamada linha dura do Exército patrocinou outro golpe dentro do golpe, postergando a ditadura por mais 17 anos.
No desenrolar se afundaram ainda mais em outras mentiras. Sofismaram que, o estado de exceção trazido por eles tratava-se dum estado de direito. Para tanto, deixaram, na maior parte do tempo, que se realizassem eleições periódicas, mantiveram o Congresso aberto e o STF funcionando. Dessa forma davam argumentos àqueles que se encontravam em prol do regime e tentavam ocultar os efeitos desse sobre a sociedade civil. No entanto, com a perseguição e cassação sistemática de líderes populares, dos políticos oposicionistas mais aguerridos, da maior parcela da classe intelectual, dos artistas que se opunham ao regime e a censura imposta, e, sobretudo, pelas torturas e assassinatos cometidos a mando da hierarquia militar, consumava-se, inegavelmente, o autoritarismo como marca daqueles tempos. Além de tudo isso, os militares souberam impor a partir de 1965, a proibição de eleições diretas para prefeito em capitais e mais algumas cidades estratégicas, para governador em todos os estados da federação e para presidente da República. Para facilitar o controle do regime sobre a classe política, extinguiram, na base da truculência obviamente, os partidos existentes e implantaram um bi-partidarismo onde os partidos remanescentes se dividiam em: Arena, partido do “sim senhor general”; e MDB, partido do “sim senhor”.
No sentido econômico venderam a mentira do Brasil grande, preparado para o futuro, gigante da economia mundial, quando na verdade mostravam uma inépcia diante das crises cíclicas do capitalismo – vide a atitude dos militares frente à crise do petróleo na década de 1970, por exemplo. Levaram o país a uma generalizada onda estatizante, cuja idéia principal era aumentar o controle sobre a sociedade. No período inicial da ditadura puseram em prática uma série de projetos de crescimento, mais tarde conhecido como “milagre econômico”. Este “milagre”, entretanto, culminou numa forte concentração de riquezas, contribuindo de forma enfática para aprofundar ainda mais o fosso da desigualdade social no país. Ao final da ditadura militar, já no governo do ditador João Baptista Figueiredo, assistimos atônitos a explosão da enorme dívida externa acumulada e ao avanço do processo inflacionário.
O desfecho da ditadura não poderia ter sido nada mais além de outra mentira colossal. A eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral – uma invenção dos militares a fim de manterem o poder a afastar as forças populares da decisão – em janeiro de 1985. Qual o significado dessa eleição? A eleição dum político conservador, retrógrado, matreiro, de métodos tradicionais, abençoado pelos militares e tendo como companheiro de chapa um político semelhante, José Sarney, que havia sido presidente da antiga Arena, ambos compromissados em assumir um governo tutelado pelos milicos. Portanto, esses cavalheiros conspurcavam qualquer tentativa de construção duma sociedade democrática.
Como o golpe nasceu de mentiras e triunfou no dia da mentira, nada mais adequado que ainda hoje continuem seus defensores mentindo. A Folhona não esperou o 1º de abril e criou o neologismo “ditabranda” para designar a ditadura militar brasileira. Outros dos principais meios de comunicação do país pousam como vestais da democracia e liberdade, contudo, devem aos cidadãos brasileiros, explicações sobre sua participação naquele nefasto golpe. Afinal, saíram às ruas clamando pela intervenção militar e tiveram participação incisiva na desconstrução dum governo constitucional e na mobilização da classe média. Organizações Globo, Estadão, Folha – e outros veículos que a própria ditadura, por ironia do destino, acabou dando cabo – clamaram para que a caserna golpista pusesse um “basta” ao governo Goulart. É bom lembrar também que a classe política de então, em peso, apoiou o golpe. Os governadores de Minas Gerais (Magalhães Pinto), do Rio de Janeiro (Carlos Lacerda) e de São Paulo (Ademar de Barros) eram a linha de frente dessa classe, que ainda contou com o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Resta aos brasileiros que ainda sonham com uma sociedade mais justa e democrática lutarem para colocar o regime militar em seu devido lugar, ou seja, o de um regime baseado em mentiras, perpetrado e sustentado através de violações dos direitos cívicos e humanos, utilizador de métodos autoritários. A única verdade que há sobre esse momento funesto de nossa História está no sangue vertido por vários heróis que tiveram a coragem de lutar contra um estado de exceção. Ou então, jaz com muitos desses heróis.
P.S. Esse artigo é em memória ao Deputado Federal Carlos Marighela, ao Capitão Carlos Lamarca, aos bravos combatentes revolucionários do Araguaia, e a todos mais que tombaram lutando pelos verdadeiros ideais democráticos.
Postado por Hudson Luiz Vilas Boas às 00:13
Assinar:
Postagens (Atom)